Os dois apenas, entre o céu e a terra
Em teu macio olhar repousa o meu.
E na face polida assim formada
se reflete e recria o próprio céu.
Daniel Filipe
É, a vida é assim. Ainda há dias dizia por aqui – “que se lixe a poesia” — e hoje dei comigo com um pequeno livrinho de poemas nas mãos, um livrinho já antigo de Daniel Filipe, aquele onde mora a “A invenção do Amor”, mas foi a “Balada para a Trégua Possível” que me despertou o interesse, talvez pela pequena introdução de Carlos Drummond de Andrade – “ Os dois apenas, entre o céu e a terra/sentimos o espectáculo do mundo.”
É, a vida é assim! Às vezes também sou piegas e basta uma imagem para despertar a pieguice e com ela comungar a poesia. A poesia dos olhares e dos momentos que ao longo dos anos se vão repetindo e cruzando no mesmo olhar de muitos momentos em que fomos e somos felizes, mesmo sem então ou agora o sabermos.
São estes cantinhos da cidade e os momentos que neles vivemos o que nos faz gostar de viver perto deles.