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Como habitualmente aos fins-de-semana, as aldeias de Chaves marcam presença aqui no blog. Mas hoje também é dia de reflexão para as eleições que vão acontecer amanhã. Não quero aqui reflectir, porque isso vou-o fazendo todos os dias e não é uma campanha eleitoral, nem um dia de reflexão, que me fazem mudar de opinião. Tenho a minha bem formada há muito tempo não sendo assim um dos indecisos que faz pender balanças para um ou outro lado. A psicologia diz que os adultos se formam na adolescência (entenda-se esta formação como sendo a da personalidade), pois na minha adolescência, bem a meio dela, aconteceu o 25 de Abril de 1974.
Fui formado com os ideais da democracia, da liberdade, do 25 de Abril e, passados todos estes anos, continuo a ver Abril por cumprir em liberdade, democracia e ideais. Peço desde já que não interpretem mal as minhas palavras, pois eu sei perfeitamente que vivemos em liberdade e democracia e a prova, está nas eleições de amanhã, pois penso que democraticamente hoje já se vota em liberdade, e também sou adepto daqueles que pensam que mesmo com os defeitos que a democracia tem, ainda é o melhor sistema que temos. Mas, o 25 de Abril convenceu-me de que tudo que trazia com ele, era para todos. E eu acreditei que a democracia era para todos, a Liberdade era para todos, a justiça era para todos, a “paz, pão, habitação, saúde” – como se dizia então – era para todos. É aqui que falta cumprir Abril, pois todos sabemos que a igualdade do todos, continua a não ser para todos igual. Como se costuma dizer, há sempre uns, que são mais iguais que outros, e em tempos de crise (como os tempos actuais) todos estamos à beira do tal abismo, como alguém ousou dizer durante a campanha que terminou, só que uns, ainda estão a meia dúzia de passos dele, outros mesmo a beirinha de cair, conseguem tentear-se, mas há muitos que, como sempre estiveram à beira do abismo, não têm força para resistir contra toda a multidão que se juntou e os empurra para o passo final.
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Longe de mim de, com este discurso, insinuar sequer que devem votar num ou noutro partido, votem em quem quiserem que a mim tanto me faz. Reparem que eu disse em quem quiserem, pois isto hoje já não é coisa de partidos, mas de pessoas, e não é só cá em Portugal, pois em todo o mundo democrático é assim. Se lhes perguntar quem ganhou as ultimas eleições nos Estados Unidos, todos me responderão que foi o Obama, mas se vos perguntar qual é o partido dele, a grande maioria não me sabe responder… por cá é igual, os partidos passaram a máquinas, empresas de eleger homens para o poder, depois logo se verá que tal ele é (o homem), de resto, é como na bola, o que interessa é a cor do equipamento, o clube, pois os jogadores, treinadores e presidentes, só valem e servem enquanto lá estão, e sem eles, continuará tudo sem eles… o que interessa é marcar golos e ganhar, dá-lhes a felicidade da vitória, mesmo que em casa o pão continue a faltar…
Mas votem, não deixem de votar, todos, para verdadeiramente se saber aquilo que o povo português quer e se não tiverem clube, assistam ao jogo…
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Por mim, se acompanha este blog, não será necessário dizer o que quero. Desde há 6 anos para cá que o vou dizendo. Queria ver aldeias com gente, com crianças na rua, com escolas abertas e as casas com gente dentro. Queria que tivessem o seu trabalho e a sua dignidade na terra onde nasceram. Queriam que deixa-se-mos de ser um povo que é obrigado a ser emigrante só com bilhete de ida porque a sua terra já não tem futuro pela tal ausência “ da paz, do pão, habitação, saúde” que hoje tem outros nomes como dignidade, educação, trabalho, oportunidades, justiça, futuro para os filhos… já lá vai o tempo em que as necessidades das nossas aldeias eram a electricidade, as comunicações, a água canalizada e o saneamento – os homens do poder demoraram tempo a mais em disponibilizar essas necessidades básicas e esqueceram que há muitas mais necessidades, bem mais importantes, que as necessidades básicas, porque essas, como o próprio nome indica – são básicas – mas há muitas outras que são necessárias para que com elas, as populações fiquem nas suas terras porque querem ficar – são essas que nos poderão levar a um desenvolvimento sustentado – está nos livros, só que a gente do poder ou depressa esquece aquilo que aprende ou então não anda a ler os livros certos.
E com esta me vou. Amanhã não deixem de ir votar, mesmo que não tenham em quem!
Hoje ainda vamos ter por aqui os “Pecados e Picardias” de Isabel Seixas e “A missa do 7º dia” de Luís Fernandes.