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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Fev24

O Carnaval de Chaves chama-se Entroido


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Entrudo ou carnaval? Quando era puto, falava-se mais em entrudo, hoje em dia, o carnaval é mais popular, mas, ao fim e ao cabo, a coisa é a mesma, refere-se ao 47º dia antes da Páscoa que calha sempre numa terça-feira, e quanto ao significado de cada um, temos que regressar à origem da palavra, ao latim no caso do Entrudo, a derivar da palavra latina introitus que significa entrada, neste caso – entrada na quaresma. Já quanto à origem do Carnaval como evento carnavalesco de festas profanas não é muito clara, embora também com origem no latim, carne vale, que significa “adeus carne”, certo é que para ambos as palavras, o dia marcado é o de terça-feira gorda como fim do pagão e das festas profanas, para no dia seguinte, quarta-feira de cinzas, se entrar no costume cristão do jejum, sem festas até ao dia de Páscoa.

 

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Seja como for, Entrudo ou Carnaval, em Chaves se quisermos festa temos que lhe chamar entroido, e de ir até Verin, lá sim, há festa e é grande, prolongando-se a longo dos dias (semanas) que antecedem a terça-feira gorda, em várias etapas, entre as quais a noite dos compadres, a noite das comadres, o domingo corredoiro e o remate final com o grande desfile de terça-feira, com os cigarróns a encherem a avenida  principal com o seu colorido e chocalhar, para além de outras e diversas alegorias, folias e copas. Bem vistas as coisas, é a Eurocidade Chaves-Verin a funcionar, onde Verin fica com o lado da festa pagã, e Chaves fica com o período cristão do jejum. Tá bem, e com esta me bou...

 

Até amanhã sem chicha!

 

 

 

13
Fev18

O Entroido da Eurocidade Chaves-Verín


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Como hoje é dia de Carnaval, ninguém leva a mal – diz o povo – e se o povo o diz, então é porque é mesmo assim. É  uma espécie de dia 1 de abril, dia das mentiras, só que aqui, no carnaval,  é a verdade que se disfarça com a mentira, quer com máscaras, quer vestindo-se a verdade de careto, de matrafona, de peliqueiro ou cigarón, estes últimos os mais próximos de nós, pois são da nossa Eurocidade Chaves-Verín. Assim sendo, as imagens de hoje são dos nossos cigarróns de Verín, e entendam esta última frase também como uma frase carnavalesca, ou seja, uma verdade também ela vestida com uma mentira.

 

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Em tempos achei piada a uma frase que tentava explicar o que era a Eurocidade Chaves-Verín em que dizia “aqui somos todos galegos que vivem na mesma cidade mas em dois bairros, uns vivem no bairro do Norte e outros no bairro do Sul.”. Eu próprio acho que adotei algumas vezes, isso aconteceu quando achei também piada à ideia de Verín e Chaves serem uma só cidade, com um mesmo povo que culturalmente somos, e que cheguei a acreditar que essa cidade seria possível, tanto mais que até os senhores da Europa, que são assim uma espécie de senhores de Lisboa mas à escala europeia, numa das suas páginas oficiais da WEB diziam o seguinte: “O projeto Eurocidades procurou encontrar formas de promover os serviços e as políticas comuns em áreas como a cultura, turismo, comércio, educação, investigação e política social. Este projeto pretendeu fomentar uma colaboração territorial mais profunda e edificar uma coesão social entre as duas comunidades, ao mesmo tempo que procurou melhorar a qualidade de vida em geral das pessoas.” (in: http://ec.europa.eu/regional_policy/pt/projects/spain/eurocity-bringing-cultures-together-to-forge-lasting-bonds )

Palavras encantadoras “ políticas comuns em áreas como a cultura, turismo, comércio, educação…” . Fiquei convencido, mas tudo isto foi antes de cair em mim.

 

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Com o tempo essa dos “galegos do Norte e dos galegos do Sul” fez-me lembrar aquela anedota que pretendia demonstrar a xenofobia e racismo do apartheid  na África do Sul,  quando a professora branca que entrou pela primeira vez numa turma mista, disse: aqui não há brancos nem pretos, somos todos azuis. Uma vez que assim é, o azuis-claros sentam-se à frente e os azuis-escuros sentam-se atrás.

Pois por aqui também é tudo galego, mas cada um no seu cantinho e cada um brinca com os seus brinquedos, festas, culturas, educações, etc.  incluindo no Carnaval.

Vejamos por exemplo uma sondagem que está na página da Eurocidade Chaves-Verín:

 

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Não seria mais correto o texto dizer assim:

 

Concorda com um único hospital na Eurocidade Chaves-Verín com todas as valências médicas e especialidades?

Com apenas duas respostas: sim ou não

 

Mas para evitar guerrilhices até deveria ser assim:

Concorda com um único hospital na Eurocidade Chaves-Verín a construir na antiga fronteira, com todas as valências médicas e especialidades?

 

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Os mais atentos dirão que não, que as coisas não são assim, que até já existe um cartão de eurocidadão para mostrar aos amigos, e uma agenda cultural comum onde cada um (galegos do Norte e galegos do Sul) deixam as suas atividades individuais (que não são comuns porque não existem).

 

Tudo isto porque, ao contrário de Verín,  Chaves não tem tradição de festejar o Carnaval, e quando apareceu essa coisa da Eurocidade Chaves-Verín, cheguei a sonhar que seria possível fazer qualquer coisa em conjunto, onde Chaves também passasse a ter alguma da festa do Entroido de Verín.

 

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Eurocidade Chaves- Verín que agora também já se autointitula “Eurocidade da Água”. Para esta e para quem conhece o nosso Rio Tâmega entre Chaves e Verín,  deixo aqui um texto que há dias se cruzou comigo na internet, num grupo do Facebook “Tâmega Internacional – Natureza e Mundo Rural”  de autoria de Marco António Fachada:

 

"Durante anos sonhamos: com uma área protegida, com bosques ribeirinhos onde pudéssemos ensinar como se sabe, pelas árvores e líquenes, onde está o Norte, com moinhos reconstruídos e transformados em centro de interpretação da natureza, com o silêncio do canto das aves e o ruído das águas a bater nas pedras.


Um espaço onde pudéssemos mostrar que uma árvore morta é ainda uma fonte para a vida.


Vieram estudantes e turistas, nacionais e estrangeiros. Fomos à televisão e a congressos, cá dentro e lá fora.

Acreditámos.


Houve uma petição, assinada por (quase) todos nós. O tempo foi passando, desacreditando.


Hoje os caminhos onde víamos o sardão ou a cobra-de-escada a aquecer no cascalho, são estradas movimentadas em alcatrão.


Vieram outros, puseram novos observatórios e sinalética, mas a vegetação continua a ser destruída, a extração de areias voltou, à luz do dia, encoberta pela neblina, à luz do sol depois do nevoeiro levantar...


Parece que resta um sofá...largado, à beira da tal estrada de alcatrão, de frente para uma lagoa, sem árvores, sem aves...


Chamam-lhe desenvolvimento, eu acho que é apenas desilusão. 


Eu assumo a minha."

 

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E eu a minha!

 

 

Claro que tudo isto vem porque hoje é Carnaval e ninguém leva a mal… E com esta me bou!

 

Desculpem lá, mas gosto mais da versão barrosã de “me bou” do que da flaviense “bou-me”. Continua a ser Carnaval…. ou Entroido na Eurocidade.

 

 

 

01
Mar17

E venha a Páscoa que o Carnaval já lá vai


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Venha então a Páscoa que o Carnaval já lá vai. Aliás cá na terrinha se não fosse tradição gastronómica associada ao Carnaval, nem dávamos por ele, isto se nos referirmos só à cidade de Chaves. Agora se quisermos presumir e dizer que somos da eurocidade Chaves-Verin, aí a cantiga já é diferente, pois ali ao lado os nosos irmáns galegos, não brincam com o carnaval  ou entroido, levam-no a sério, ou seja, brincam muito e divertem-se ainda mais com ele, e não é coisa para um dia, mas praí uns 15 dias de loucura.

 

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Talvez seja por esta falta de tradição do carnaval em Chaves que é uma das festas que a mim, pessoalmente, pouco ou nada me diz, a não ser pelas iguarias que vão à mesa e seria um dia como outro qualquer.

 

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Venha pois a Páscoa que, verdade se diga,  é outra das festas que também nada me diz, isto se é que podemos considerar a Páscoa uma festa. Claro que há as iguarias ligadas à Páscoa, como o folar e mais recentemente por força da publicidade comercial os chocolates. Também aqui como não sou lá grande amante do folar nem dos chicolates, a festa da mesa também me passa ao lado, ainda pra mais que hoje em dia, folar,  há-o  todos os dias nas padarias da cidade e ainda por cima é caro comó coiso! Mas o que chateia mesmo é que agora começa aquela cena do jejum, uma chatice. Está claro que ninguém me obriga a jejuar, mas que remédio eu tenho, pois como não cozinho as minhas refeições, tenho que me render àquilo que põem  à mesa ou está disponível na ementa, mas com um bocadinho de sorte temos uma bacalhoada e a coisa fica mais composta.

 

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E tudo se comporia se a seguir à Páscoa tivéssemos por cá uma grande festa, mas nada, desde o Natal (festa que eu gosto) até à Feira dos Santos, cá na terrinha em termos de festas é como é um grande deserto que temos de atravessar, quando muito há umas sardinhas acompanhadas de uns copos e umas modinhas musicais populares lá para o S.João e S.Martinho, mas em pequenas festas de amigos ou familiares, e mais nada. Se não fosse pela abundância de grandes superfícies comerciais e armazéns dos chineses, Chaves seria uma tristeza ou como diz o meu amigo escritor, seriamos uma “Crónica triste de névoa”, cheia de macambúzios deprimidos.

 

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Ah!, ainda ao respeito do parágrafo anterior e dos nossos sítios de diversão, temos a vantagem de estarem abertos aos sábados e domingos, senão o que seria de nós aos fins-de-semana, desejosos e ansiosos pelas segundas-feiras para irmos trabalhar, pois enquanto estamos ocupados não pensamos nessas coisas que só acontecem nos tempos livres ou tempo de lazer, como o pessoal das ciências humanas gosta de chamar. Um direito, dizem!

 

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Já quase pareço um queixinhas. Agora a sério, a verdade é que não necessitamos nada dessas coisas de festas de rua onde se mistura de tudo, com gente a tresandar a suor, bêbados, os casas de cinema com gente a comer pipocas e fazer barulho que nem deixam ver um filme, ou teatros para nos armarmos em intelectuais quando toda a gente gosta de cinema, ou concertos musicais onde só vão putos bêbados e drogados com música de furar os tímpanos, foguetes no ar que só poluem a atmosfera e assustam os passarinhos…

 

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Para quê querer isso tudo se agora temos tudo em casa, o que quisermos, sentados comodamente no nosso sofá. Basta ter um televisor, um computador e uma ligação à internet et voilá, ora estamos a ver um bom filme, a assistir a um bom concerto musical ao vivo com a vantagem de podermos ir comentando com os mais de mil amigos que temos no facebook, além de muita mais coisa que se pode fazer, que eu bem sei. Convém é ter umas bejecas no frigorifico, não vá dar-nos sede a meio da noite… Ah! ainda com a vantagem de que em casa, onde houver mais gente além de nós, não somos obrigados a assistirmos todos ao mesmo, pois cada um no seu sítio, com  a sua televisão, o seu portátil, tablet ou até telemóvel, desde que haja Wi-fi, e está tudo resolvido e se tivermos filhos daqueles que ainda nos obedecem, de vez em quando podemos mandar-lhes uma mensagem para o telemóvel do género: “ Vai ao frigorífico e traz-me uma cerveja que não quero interromper o filme”, ou então se formos mais responsáveis, uma do género: “ vê se te deitas que amanhã tens de te pôr a pé cedo”. Uma vez mandei esta à minha filha e ela respondeu-me: “ Ó pai, acordaste-me, já estava a dormir!”…

 

E com esta me vou!

 

As fotos são do Domingo Corredoiro de Verin.

 

 

22
Fev17

Cinco imagens da época - Entroido e cigarróns


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Hoje ainda vamos ter mais uma carta para o Comendador, mas como o carteiro ainda não chegou, vai ficar para mais tarde. Para já ficamos com mais cinco imagens da época, mais propriamente do carnaval que, como vem sendo habitual, aqui por perto, se o quisermos temos de ir até Verin, aqui ao lado, do outro lado da raia, na Galiza, que por muito que se possa ansiar por uma eurocidade Chaves-Verin, em termos de festas e cultura, cada um tem as suas, aliás como sempre teve.

 

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Mas como a cidade de Chaves está zangada com festas, o carnaval em Chaves também não é exceção e se em tempos a juventude ainda ia brincando com as bombas de carnaval, as rabichas, os “estrelotes” as seringas, a farinha e o carvão, com meia dúzia de caretos, agora nem isso e se queremos folia à séria,  lá teremos que ir até às dos vizinhos, que quase do nada, ao longos das últimas dezenas de anos, conseguiram fazer festa de invejar, já tradicional, com vários momentos nesta época de carnaval, como o Domingo Corredoiro (do qual deixo imagens) mas também as grande noites dos compadres, das comadres e os grandes desfiles de domingo e terça feira de carnaval, momentos que levam a Verin milhares de forasteiros.

 

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E se os cigarróns são a imagem oficial da festa, que de ano para ano vão crescendo, sendo já centenas deles,  há lugar para todos viverem  a festa do disfarce, basta quererem, mesmo quando o dia é dos cigarróns, como o domingo corredoiro, há lugar para todos, tal como hoje fica documentado. Momentos aos quais às vezes até as mascaras dos cigarróns não ficam indiferentes.

 

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Ficam algumas imagens desses “penetras” que fazem as festa à sua maneira, contribuindo também para ela, sendo como mimo, como extra-terrestre, como palhaço, ou como lhes der na gana.

 

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Da nossa parte já há anos que somos fãs da festa de Verin,  e nos nossos sonhos gostaríamos também de ser fãs de uma festa alargada à cidade de Chaves, onde com o pretexto da eurocidade, os sonhos se poderiam tornar realidade, mas não, continua tudo como dantes…

 

Amanhã há mais!

 

 

 

 

21
Fev17

3 do Entroido galego de Verin


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  Ele aí está na rua, o entroido galego de Verin, com algumas imagens do Domingo Corredoiro em que os cigarrons saiem à rua pela primeira vez.

 

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Cigarróns e aspirantes a cigarróns, já são às centenas nas ruas de Verin.

 

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Para já ficam três imagens, mas durante a semana iremos deixar aqui mais umas tantinhas.

24
Fev09

Entroido, Carnaval ou Entrudo...


 

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Entroido, introido, Entrudo, Antroido, Entruido, Entrudio ou Carnaval, em galego e português que vem a ser a mesma coisa, pois fomos beber à mesma fonte, duas línguas ou uma só cuja origem é a mesma – o latim.

 

Mas vamos ficar pelos termos mais comuns em galego e que penso ser o Entroido ou Carnaval e os portugueses Entrudo e também Carnaval.

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Pois dizem por aí, que o Entrudo está mais associado às tradições antigas, onde por cá entram os caretos e pela Galiza, mais propriamente aqui nas terras galegas mais próximas, como Laza, Verin ou Xinzo de Limia e Manazaneda entram os Boteiros e os Cigarróns  ou Peliqueiros. O Entrudo por cá (e entenda-se por cá as terras da raia de um e outro lado da fronteira)tradicionalmente também estava associado a brincadeiras sujas com água, farinha, carvão e a própria “bosta” à mistura, existindo mesmo para os lados de Vigo os “merdeiros”, cujo nome é bem sugestivo. Embora actualmente estas tradições ainda se vão mantendo, mais acentuadas na Galiza (em Laza e Verin, por exemplo), tendem a dar espaço aos desfiles organizados e a outras festas associadas ao Entroido, como a já famosa “Noite das Comadres” em Verin, ou segundo os entendidos locais, dizem que o Entroido ou Entrudo começa a dar lugar ao Carnaval.

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Pois por cá (discussão entre entendidos) o Carnaval é mais a festa do desfile, como se faz no Brasil, em Itália ou com as versões portuguesas de Ovar, Torres Novas …do centro e Sul deste Portugal além da velha Galaécia. Ou seja, e esta dedução é minha (tendo en conta a dedução entre entendidos) o Entrudo ou Entroido é de terras da velha Galaécia e, além Galaécia, festeja-se o Carnaval.

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Pois penso que todos têm razão (entendidos ou não) e ninguém a tem, pois uma e outra coisa é a mesma coisa e até descendo à origem dos termos, vamos cair no mesmo, e ambos nos levam e nos fazem depender da Páscoa, senão vejamos:

Entrudo ou Entroido, o termo tem origem no latim “introitu” e que significa “entrada” no período pascal em que se diz adeus à carne, ou adeus carne,  que em latim de dizia “carne, vale” que é precisamente onde tem origem o termo Carnaval.

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Pois por cá (Chaves)  tendo em conta a tradição, a bem dizer, deveríamos continuar a referirmo-nos ao Entrudo, não o dos festejos onde nunca tivemos tradição, mas ao da gastronomia, pois embora se entre em período de Carnaval, é na carne que temos alguns dos bons pratos  tradicionais de carne associados a este período, excepto as sextas-feiras do peixe.

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Quanto a festa, e agora que somos eurocidade Chaves-Verin (embora aparentemente tudo continue na mesma, mas é mesmo só aparente porque o povo anda distraído, pois eurocidade acontece todos os dias) agora temos o entrudo/entroido dividido em duas partes, com a festa maior em Verin, onde a festa é mesmo festa, de todos, com desfiles, copos, tradições e brincadeira que nalguns dias (como na noite das comadres) entra pela noite fora até ao nascer do dia e concentra em Verin milhares de pessoas em todos os seus festejos.

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A parte didáctica e intelectual do Entrudo acontece em Chaves, com o habitual desfile dos putos da escola, temático (este ano foram as “Invasões Francesas”), onde sobretudo se inventa num desfile que ora sobe ora desce a rua principal (depende do ano) e onde umas dezenas largas (centenas escassas) de crianças mais ou menos acompanhadas pelos transtornados dos pais (leia-se transtornados como transtorno que provoca nos pais), provocam algumas dores de cabeça aos professores…

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um verdadeiro sucesso para os putos (mais pequenos) por mais um dia de brincadeira sem aulas. Quanto às lições temáticas ficamos a saber que a invasão francesa era azul,

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pois o desfile é sempre tão rápido que apenas se aprendem as cores. Um sucesso! Até os grelos, os espigos e as nabiças se fizeram amarrar de fio azul (que já o conhecemos como o melhor), só faltaram mesmo os “Rapazes da Venda Nova”.

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Quem aproveitou o Entrudo foi a blogosfera flaviense para fazer mais um dos seus encontros/convívio, o 10º encontro que coincidiu com o encontro de Inverno (pois também há do de Verão). Não éramos tantos como os putos a desfilar as “Invasões Francesas”, mas éramos muitos, mais que nunca, num encontro que promete ter cada vez mais adeptos, pois o convívio à mesa sempre foi salutar. Puro convívio onde o mundo virtual da NET se comunga à mesa por umas horas e sempre termina na fonte das digestões difíceis das Caldas de Chaves.

Encontro que agora é alargado também aos fotógrafos flickr flavienses e da alta Tamagânia, tal como à blogosfera, que neste encontro contou já com um representante do concelho de Montalegre (Ourigo – fotógrafo flickr) e Valpaços (Lamadeiras (Flickr)/Blog de Pedome) e lamenta-se a ausência do Blogex de Boticas, cujo autor justificou a falta com a sua ausência em terras de sua majestade.

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Da blogosfera da terrinha, os habituais marcaram presença (Chaves Antiga, Blogoflavia, Terçolho, Chaves, Um Olhar através da Objectiva, Arco-Iris, Espelho Mágico e  Lai-lai-lai), também os temáticos Cruzeiros e Pelourinhos, Cancelas e Chaminés marcaram presença. As aldeias também lá tiveram os seus representantes com Valdanta sempre presente (falta justificada para o amigo Pereira do qual sentimos a ausência e para o 5 de Maio), Granjinha atenta acompanhada da habitual e respectiva amarelinha (escondida da ASAE), Águas Frias com os seus profs, Outeiro Seco, Argemil da Raia, Segirei e Eiras (acompanhada da sempre boa, também amarela e doce).

E de entre outros amigos, convidados, disfarçados, sportinguistas felizes (o encontro foi sábado à noite), comentadores e seguidores tivemos ainda o Romeiro de Alcácer com as flores para as meninas e senhoras bloguistas.

 

E resta apenas publicar as conclusões do encontro de Inverno, o 10º, com um único ponto e que diz respeito à marcação do encontro de Verão, que ficou para data ainda a definir, mas com local marcado: Segirei

 

Uma palavra de apreço também para o Aprígio (restaurante) que como sempre nos soube receber e aturar.

 

E fica assim adiada para a próxima terça-feira a rubrica de “outros olhares” que deveria hoje passar por aqui. Mas penso que estou desculpado, pois por cá o carnaval ainda é Entrudo, nem que seja e só à mesa e em Verin.

05
Fev08

Do Entrudo de Chaves ao Entroido de Verin


 

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Já sabemos que a tradição do Carnaval em Chaves não existe. Bem se tenta por os miúdos das escolas primárias e infantários a desfilar pela cidade nas sextas de Carnaval, mas além da alegria das crianças, não passa de uma correria pela Rua de Stº António e muito transtorno para os pais. Vale como uma festa para as crianças, e 15 minutos de amostra de Carnaval, mas apenas isso. Se alguma tradição ainda vai havendo, essa é de Entrudo e só à mesa se nota, principalmente no Domingo de Entrudo e no próprio Entrudo, em que o melhor do reco, grelos, couve e boa batata, regada com bom azeite e tudo bem abafado com um bom tinto encorpado, fazem a diferença e um bom Entrudo ou não.
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Tenho conhecimento que numa ou outra aldeia do nosso concelho vai havendo algumas manifestações de Entrudo, que no entanto não passam de tradições caseiras para consumo próprio e cuja divulgação não chega até à cidade.
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Definitivamente, tirando a tradição das iguarias do Entrudo à mesa, Chaves não tem tradição de Entrudo, muito menos de Carnaval.
 
Mas até nem estamos muito preocupados com isso, pois bem aqui perto, mesmo à porta, temos um dos melhores Entrudos e Carnavais da Península Ibérica, o Entroido de Verin. Uma prova disso, são os milhares de pessoas que os festejos do Entroido juntam em Verin todos os anos, vindos de toda a Espanha e também com umas largas centenas de flavienses. Só a título de exemplo do valor da festa, a Televisão Galega, durante a noite das comadres que se realiza sempre na Quinta-Feira antes do Entrudo, esteve a transmitir em directo e sem interrupção durante horas desde Verin.
 
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Há no entanto gente cá da terra que tem alguns preconceitos em aceitar este nosso povo irmão. Não entendo muito bem este tipo de preconceitos, mas aceito-os. Da minha parte, vejo no povo Galego um povo irmão de identidade igual à nossa identidade transmontana. Aos meus olhos falar do interior galego e de Trás-os-Montes, é falar do mesmo povo e em termos de identidade, estou muito mais identificado com eles do que com o nosso Portugal Sul. Não leiam nestas palavras qualquer tendência político-independentista, ou movimento, ou outra qualquer politiquice. Falo-vos da realidade e da identidade de um povo que não há fronteiras ou nacionalidades que o separem. Digamos, e olhando à história, que é o velho espírito da Galaécia que ainda está presente, mas apenas isso, pois não luto por uma Galaécia hoje impossível, embora sinceramente tenha pena que não exista, pois dos “mouros” de Portugal, com sede em Lisboa e que nos olham de longe apenas como paisagem, já há muito que me comecei a fartar e até enjoar. Inclua-se nesses mouros, alguns infiltrados na nossa terra e outros que enviados de cá, chegados a Lisboa depressa se convertem em mouriscos. Para terminar repito em maiúsculas que este sentimento é PESSOAL e além disso, um desabafo daquilo que me vai na alma. Talvez este sentimento esteja incarnado em mim por me terem concebido na raia. “Mi cage em diós” em como isto é puro e sincero.
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Ontem avisei. O dia de hoje é o único dia em que este blog sai da fronteira do concelho de Chaves e vai até Verin. Até ao Entoido e não o troco por nenhum dos Carnavais portugueses, sejam eles os políticos, ou os da Madeira, de Torres Vedras, Ovar, ou seja ele qual for, pois seja onde for, não há cigarróns ou peliqueiros.
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E sobre o entroido de Verin, e de Laza (mais puro ainda) não digo mais, se quiserem saber mais alguma coisinha sigam este link: http://chaves.blogs.sapo.pt/tag/entroido , do post do último ano, pois lá está tudo que há para dizer.
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Quanto às fotos de hoje, são as possíveis e são de arquivo, pois o tradicional desfile de domingo este ano não se realizou por causa do mau tempo. Vamos esperar que hoje às 16 horas galegas, 15 horas portuguesas o desfile de Entroido engrandeça como de costume as ruas de Verin. Eu lá estarei.
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Até amanhã de regresso a Chaves e à feira sem gado. Anda triste o nosso povo.
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19
Fev07

Chaves e Verin do Entrudo até ao Entroido


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Do velho entrudo já pouco resta, agora é mais Carnaval à moda brasileira. No entanto em algumas aldeias transmontanas ainda vai havendo algum Entrudo.

 

Mas os de Chaves não se podem queixar. Em Chaves, é certo, que não há tradição de Entrudo nem de Carnaval, mas mesmo aqui ao lado, em Verin, na Galiza o ENTROIDO ainda é tradição e cada vez mais se recomenda.

 

Desde a Gallaécia, ou seja – desde sempre, que Trás-os-Montes e a Galiza mantêm uma relação muito estreita, principalmente os concelhos da raia, como neste caso o Concelho de Chaves e todos os Concelhos Galegos com que fazemos fronteira. Mas entre a cidade de Chaves e Verin, além da relação, sempre houve amizades e cumplicidades, que nem sequer Salazar e Franco tiveram força para as silenciar ou anular.

 

             

 

Uma das relações de sempre foi a troca de “galhardetes” nas festas. É conhecida a invasão de Galegos na nossa Feira de Santos, tal como é conhecida a nossa invasão ao Lázaro de Verin, mas nos últimos anos, cada vez mais, os flavienses também invadem todas as festividades do Entrudo (Entroido) de Verim, onde, aí sim, ainda se vai mantendo a tradição, embora os desfiles já sejam um misto de Entrudo e Carnaval.

 

Franco proibiu os festejos de Entrudo e dos mascarados, que são o principal atractivo do Entroido e que dão pelo nome de Cigarróns e Peliqueiros. Cigarróns cuja origem se pensa remontar à idade média e que em toda a Galiza só em Xinzo, Laza e Verin existem, com mais importância em Verin. Tanto assim é, que em Espanha, o Entroido de Verin e os Cigarróns são considerados de interesse turístico nacional.

 

“O elemento principal e o mais característico do ENTROIDO de Verín é "O CIGARRÓN",a máscara tradicional da vila, e protagonista absoluto da festa. A orixe do "CIGARRÓN", coma todo que se perde ó longo dos tempos, forma parte da lenda. Crese que puido ser un cobrador de impostos na época do medievo, o encargado de levanta-la caza do señor feudal ou incluso, un enviado da igrexa para facer crer a aqueles que dubidaban da súa fe”.

 

 

Mas quem são os cigarróns? – São naturais que vestem a rigor, vestimentas compostas de bordados, lenços e outros adereços, com muita cor. A vestimenta dos cigarróns é igual para todos, incluindo o desenho da face da máscara, a única diferença que se encontra entre cigarróns e que os diferencia, é o desenho de um animal na parte superior da máscara. Mas o rigor da vestimenta, manifesta-se também no rigor de admissão de novos cogarróns e nas regras entre eles e a população em geral:

“Os Cigarróns e Peliqueiros piden pola rúa perseguindo a xente, pero non poden falar. Non se lles pode tocar. Visten camisa, gravata, chaquetiña de seda, calzóns con volantes, carauta de madera tallada e gorro de follalata decorado con debuxos de animais e unha pelica detrás.

Os Volantes de Chantada levan campaíñas, no cinto, que fan sonar.”

 

Os Cigarróns fan a súa primeira aparición o 17 de xaneiro, festividade de San Antón, anunciando a proximidade do Entroido.

 

Se a sua primeira aparição é a 17 de Janeiro, o cigarron não para durante todo o período de Carnaval e segue rigorosamente um programa, que se vai repartindo pelos dias e que cada vez tem mais adeptos, incluído os da gente de Chaves que cada vez mais aderem e participam nas festividades.

 

XOVES DE COMPADRES

É o primeiro día do Entroido. Os mais valentes viven este día a primeira petardada. Celebrase o "Xuicio do Maragato", que sempre sae condeado e executado.

 

           

 

DOMINGO DE CORREDOIRO

Os Cigarróns esperan á saída da Misa e despois percorren toda a vila. Pola tarde, na Praza Maior, ten lugar a primeira "FARIÑADA".

 

XOVES DE COMADRES

Un dos días máis especiais do ENTROIDO. Centos de mulleres reúnense para cear, xuntándose as doce da noite á procesión "DA VELA E DAS SÁBANAS BRANCAS", que comenza baixo o CASTELO DE MONTERREI. Escoltado polos Cigarróns, chega o Entroido, que percorre as rúas do casco vello da vila ata o balcón da "Raiña do Entroido, Dona Elena". A festa comenzou, animada polos grupos de gaiteiros, charangas y fanfarrias. Una "QUEIMADA" pechará a festa.

 

                             

 

VENRES DE ENTROIDO

Día para que a imaxinación acade o poder na vila. Veciños e visitantes participan xuntos na festa, sacando a relucir ideas de todo tipo.

 

SÁBADO DE ENTROIDO

As charangas, as bombas e os petardos despertan ós veciños. A Praza Maior está tomada polos Cigarróns. A festa prolongase ata altas horas da madrugada.

 

DOMINGO DE ENTROIDO

É o día grande. Ás doce do mediodia comenza o desfile dos Cigarróns e Carrozas. Miles de curiosos e participantes fan que a poboación de Verín multipliquese para ver este espectáculo. A "rúmba" continua toda-la noite.

 

          

 

LUNS DE ENTROIDO

A guerra de fariña, é a protagonista na tarde xunto ós Cigarróns. A continuación comenza a festa na Praza Maior.

 

MARTES DE ENTROIDO

Último día. Aproveitar para adicarse ó bo xantar e gozar dos excelentes viños da zona. As catro da tarde terá lugar un novo desfile de Cigarróns, carrozas e charangas, prolongándose a festa ata ben entrada a noite.

 

Claro que a tradição não termina aqui, haveria ainda que falar da tradição gastronómica, mas como o post já vai longo, de gastronomia falo para o ano, mas mesmo melhor que falar nela, é ir lá e comê-la, que tal como nós trasmontanos, os galegos também são de bom dente e também têm bons vinhos.

 

Até amanhã de regresso a Portugal. (Para quem não sabe, Verin e todo este Entroido ficam a 20 quilómetros de Chaves).

 

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      Obrigado caro amigo. Forte abraço.

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