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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Fev24

O Carnaval de Chaves chama-se Entroido


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Entrudo ou carnaval? Quando era puto, falava-se mais em entrudo, hoje em dia, o carnaval é mais popular, mas, ao fim e ao cabo, a coisa é a mesma, refere-se ao 47º dia antes da Páscoa que calha sempre numa terça-feira, e quanto ao significado de cada um, temos que regressar à origem da palavra, ao latim no caso do Entrudo, a derivar da palavra latina introitus que significa entrada, neste caso – entrada na quaresma. Já quanto à origem do Carnaval como evento carnavalesco de festas profanas não é muito clara, embora também com origem no latim, carne vale, que significa “adeus carne”, certo é que para ambos as palavras, o dia marcado é o de terça-feira gorda como fim do pagão e das festas profanas, para no dia seguinte, quarta-feira de cinzas, se entrar no costume cristão do jejum, sem festas até ao dia de Páscoa.

 

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Seja como for, Entrudo ou Carnaval, em Chaves se quisermos festa temos que lhe chamar entroido, e de ir até Verin, lá sim, há festa e é grande, prolongando-se a longo dos dias (semanas) que antecedem a terça-feira gorda, em várias etapas, entre as quais a noite dos compadres, a noite das comadres, o domingo corredoiro e o remate final com o grande desfile de terça-feira, com os cigarróns a encherem a avenida  principal com o seu colorido e chocalhar, para além de outras e diversas alegorias, folias e copas. Bem vistas as coisas, é a Eurocidade Chaves-Verin a funcionar, onde Verin fica com o lado da festa pagã, e Chaves fica com o período cristão do jejum. Tá bem, e com esta me bou...

 

Até amanhã sem chicha!

 

 

 

16
Fev21

Entróido, Entrudo e Carnavais

Entróido de Verin e Entrudo de Podence


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Já sabemos que este ano não tivemos carnaval, e não me venham com o virtual, porque esse não vale, pois, o carnaval ou no nosso caso o entrudo, só se faz com as malandrices que traz associadas, embora nós, flavienses, até nem nos podemos queixar por perdemos o dia de entrudo, pois por cá não há tradição, embora até seja uma contradição, pois se tivermos em conta a Euro Cidade de Chaves-Verin, aí sim, temos um dos maiores, senão o maior entrudo da península ibérica, mas como todos sabemos, esse carnaval, só em Verin é que acontece. Independentemente da Euro Cidade, sem qualquer dúvida que o Entróido dos Cigarróns de Verin, é o nosso entrudo.

 

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Assim, mesmo sem carnaval/entrudo nas ruas, o seu dia maior aconteceria hoje, não o tivemos nas ruas, mas temos imagens dos outros anos, e recordar também faz partes das nossas vidas. Ficam então duas imagens dos cigarróns de Verin, do outro lado da raia, mas na Galiza e já sabemos que a Galiza, culturalmente falando, incluindo na língua, é muito próxima de nós, e uma das provas, está precisamente na tradição do entrudo/entróido, incluindo nos disfarces e malandrices, tradições a ele associados, com base num entrudo de malandrices, sujo, bem longe do samba nas ruas.

 

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Como tal trazemos também duas imagens de um entrudo que nos é também próximo, não tão próximo como o de Verin (estamos a falar de distâncias no terreno), mas é em Trás-os-Montes, e que se repete um pouco por algumas localidades do distrito de Bragança, no caso das imagens, é o entrudo de Podence.

 

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E é tudo, só falta mesmo localizar no tempo as imagens que aqui deixamos, as dos cigarróns de Verin são do entróido de 2015 e a dos caretos de Podence são do entrudo de 2018.

 

 

25
Fev20

Entrudo, Entróido e Carnaval

Verín, Laza e Podence


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Careto de Podence

Entrudo ou Carnaval está aí, nas ruas das aldeias, vilas e cidades, um pouco por todo o mundo, e é coisa muito antiga com origens para todos os gostos. Em miúdo, lá em casa falava-se no entrudo e pouco em carnaval. Embora o primeiro termo esteja mais ligado ao mundo rural e o segundo, mais globalizado. Entrudo para nós, entróido aqui para os nossos vizinhos galegos ou para a nossa Eurocidade Chaves-Verin, já que em Chaves, não há tradição do que quer que seja (entrudo ou carnaval), ou melhor, até havia, em manifestações espontâneas de pequenos grupos, não organizados,  de um entrudo porco, sujo, feio e barulhento, era mesmo assim, com farinha e carvão, rabichas e bombas a estourarem por todo o lado, “peidos chocos” e serem largados em lugares público e salas de aula, seringas de água de todas as formas e feitios, e serpentinas para os mais betinhos,  etc.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Coisas que até eram proíbas de serem utilizadas (como as bombas e petardos) mas que se compravam por aí em qualquer sítio, inclusive eram vendidas a crianças. Mas a diversão principal da cidade (Chaves) era mesmo aproveitar essa proibição na presença da polícia, fazendo rebentar as bombas nos seus pés, o que os deixava zonzos na procura dos atiradores, pois no meio da confusão era quase impossível saber quês as lançou, sendo mesmo, às vezes, lançadas a certa distância, principalmente quando a polícia abandonava o local e as bombas continuavam a rebentar-lhe junto aos pés, pois a tática da rapaziada era furar uma batata, meter-lhe a bomba dentro e lança-la a rolar para distâncias maiores. Meia dúzia de atiradores e o resto era assistência, estas, até iam tendo alguma graça, agora chegar a casa todo molhado, enfarinhado e sujo de carvão, já não tinha tanta graça. Assim, se é que isto era entrudo, era o que ia havendo nas ruas de Chaves e não era coisa de um dia, mas de vários… mas isto eram outros tempos, em que televisões poucas havia, internet nem em sonhos, té certo que tínhamos cinema, mas não era todos os dias.

 

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O Homem Líquen (Carnaval de Verín - Galiza)

Mas voltemos ao Entrudo e Carnaval, às suas origens bem antigas. Pois olhando ao seu significado e origem, o Entrudo talvez seja o termo mais correto, ou melhor, o mais correto seria mesmo entrudo carnavalesco, porque os nossos, têm as duas vertentes, isto olhando à sua origem e ao significado dos termos na sua origem, em que o entrudo tem origem no latim introitus (intróito), com o significado de introduzir, dar entrada, começo ou anunciar a aproximação da quadra quaresmal, por sua vez o Carnaval, mais antigo, remonta ao tempo dos deuses, estava ligado a vários rituais do final de inverno e início da primavera, com festividades e cerimónias aos deuses, destacando-se uma,  a de lançar ao mar uma barcaça – o carrus navalis (carro naval) – repleta de oferendas, após ter sido abençoada por um sacerdote, tendo o ritual por objectivo a purificação e a fecundidade das terras, onde a  multidão assistia mascarada à partida da barca, prosseguindo depois em procissão pelas ruas. Mas há outra versão, esta já da era cristã, a explicação etimológica para o termo «Carnaval» aponta para a palavra carnisvalerium (carnis de carne, valerium, de adeus), o que designaria o adeus à carne durante a quaresma, hoje, nos dias de jejum.

 

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Cigarrón de Verín - Galiza

Chegados aqui, continuo a pensar que o entrudo carnavalesco é mesmo o termo próprio, pois por um lado temos o Entrudo como a introdução à quaresma com o adeus à carna, é a a parte religiosa da coisa e por outro, o carnaval entra com sua parte pagã da coisa, com os desfiles, máscaras, brincadeiras, matrafonas, bailes, bombas e serpentinas.

 

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Os Peliqueiros de Laza (Galiza) - Invasão das casas

Para entrudo deste post, há a dizer que as imagens de hoje são de dois entróidos, o de Verin com os seus cigarróns e o de Laza com os seus peliqueiros e os caretos de Podence. Estres três sim, com tradição e mais qualquer coisa de significado, e embora os três tenham em comum os chocalhos nas costas dos caretos, são completamente diferentes. Os mais genuínos, sem dúvida que são o de Podence e o de Laza, o de Verin é o de maior sucesso, pois modernizou-se, adaptou-se aos novos tempos, mantém algumas tradições, mas explorou a folia no sentido da farra, da borga, dos copos, das noitadas, da festa… e tem sido um sucesso a chamar a Verin milhares de pessoas para as suas celebrações, com a noite das comadres, dos compadres, o domingo corredoiro e os desfiles de domingo e terça-feira (hoje) onde tudo termina.

 

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Cigarróns de Verin - Galiza

E por hoje é tudo, com imagens dos nossos carnavais transmontanos ou galegos, bem diferentes daqueles mais afamados de Portugal.  E é tudo, da nossa parte também cumprimos esta quadra, curiosamente, este ano, se termos ido a nenhum deles, as imagens são de arquivo, mas continuam atuais.

 

 

 

14
Fev18

Um dia de Entrudo fora de casa...


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Já há muito que tínhamos decidido que este ano trocávamos o Intróido galego pelo Entrudo português, mais propriamente tínhamo-nos decidido pelo do Nordeste transmontano, com preferências a cair no de Podence. No entanto tínhamos também decidido que com frio ainda lá íamos, mas com chuva ficávamos em casa. A previsão era de chuva e frio e a decisão foi de ficar em casa.

 

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Dia de entrudo, de frio e chuva em casa, é quase o mesmo que dizer mais um dia de sofá. Claro que a gastronomia do dia faz um pouco a diferença, mas após a almoçarada, então é que de certeza estamos condenados ao sofá, e depois, para ser sincero, a ementa do domingo gordo e a do entrudo, foi acontecendo um pouco ao longo das últimas semanas e o do último domingo ainda não estava bem digerido, além do mais, à família apetecia-lhe ir laurear a pevide, e  andar de cuzinho tremido todos gostam, e sem medo a frio ou chuvas, pois o popó também é um pequeno lar com as suas comodidades. Vai dai — Vamos! Pra onde!? — Logo se vê…

 

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A ideia era sair das autoestradas e privilegiar as estradas nacionais e secundárias, de preferência por terras menos conhecidas, não muito longe, nem muito perto, que desse para não levantar muito cedo e regressar a casa ainda de dia. Comer, logo se via, onde desse mais jeito. Ficou decidido ir para terras de Vinhais, entrar um pouco no distrito de Bragança, pois este nunca nos calha nos nosso itinerários obrigatórios além em muitas das suas localidades se festejar o Entrudo com caretos. Partir um pouco à descoberta do interior mais interior, e lá fomos nós com o primeiro destino em Vinhais e aí logo se veria.

 

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Chegados a Vinhais, resolvemos deixar a EN 103 e virar para o interior. Destino Macedo de Cavaleiros e aí logo se veria. E assim foi. Curva e mais curva, sem muita velocidade, pois queríamos apreciar aquilo que ainda não conhecíamos. Céu escuro bem carregado de nuvens a ameaçar chuvada, mas não passava da ameaça, já a temperatura ia variando entre os 4 e 1º, frio de rachar, mas isso era fora do popó, dentro ia-se bem. Mesmo assim não resisti ao que ia vendo e próximo de uma aldeia que dava pelo nome de Edrosso, parei o popó e fiz duas fotos cuja composição tinha aberto o apetite à objetiva.

 

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Mais uns quilómetros e a surpresa do dia – Podence e a Barragem do Azibo aparecia nas placas, ambos lugares desconhecidos para nós, além de Podence ter feito parte dos nosso planos. Já quase na hora do almoço, seriam bons locais para comer qualquer coisa. Decidimo-nos pela barragem do Azibo, passando ao lado de Podence, ao qual deitaríamos uma olhadela após o almoço. Mas na barragem só deu mesmo para umas fotos, bem fias por sinal. Onde comer, não havia. “Bota” pra Podence.

 

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Chegados a Podence, mesmo ao lado da barragem do Azibo, demos com as ruas quase desertas, sem caretos, sem entrudo, mas pelo menos não faltava onde comer, quase porta sim porta não. Perguntámos à GNR de serviço que estava na entrada da aldeia o que era feito dos caretos e do entrudo!? – E  resposta foi pronta, que a noite anterior tinha sido de festa grande, com os “casamentos” e ainda deviam estar a descasar.

 

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Quem já não descasava nessa altura eram as nossas barriguinhas a pedir alimento. Demos uma volta pela aldeia, fomos tirando umas fotos e vendo as ementas nos restaurantes improvisados. Ementa repetida em quase todos eles, e a preços acessíveis. As queixas do frio agravado por algum vento que se fazia sentir convidou-nos a entrar num desses restaurantes improvisados, ainda quase vazio, mas que aos poucos se foi compondo e enchendo. Comemos bem, obrigado! E aquecemos um pouco.

 

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Findo o comer, de novo as ruas de Podence, ainda sem grande movimento, mas notava-se que havia gente a chegar. Caretos, nem vê-los. Perguntámos de novo por eles e disseram-nos que ainda era cedo que deveriam estar a comer…  o frio continuava mas algumas fogueiras estrategicamente colocadas nos largos iam aquecendo um pouco, embora o vento fizesse com que o fumo não nos largasse. Por vontade das mulheres podíamos pensar em partir. Que não, teimei eu, sem fotografais dos caretos não abalava. E depois de mais umas voltas pelas ruas, um café e uma ginjinha, uma visita à Casa/Museu do Careto, de ouvir um pouco de música pelo grupo de serviço, de apreciar as curiosas placas que em quase todas para além da rua ou largo tinha um cometário por baixo, sempre do género “aqui existiu, ou teria existido…”  começa-se a ouvir o chocalho de um careto, depois mais outro e depois mais dois ou três.

 

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Embora poucos, já dava para umas fotos, as ruas começaram a encher, o frio continuava a apertar, e a festa iniciava-se espontaneamente onde houvesse caretos e música. Uns dançavam, outros apreciavam, outros não largavam as fogueiras, alguns ainda iam entrando nos restaurantes improvisados enquanto outros iam saindo, fotógrafos por todo o lado, televisões e a festa tinha começado.

 

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Começou para os que ficaram, nós já tínhamos a nossa dose de frio, de fumo, de caretos, de entrudo e de fotos.  Regressámos a casa, desta vez deixámos o romantismo de parte e decidimo-nos pela autoestrada em direção a Mirandela. Autoestrada  que curiosamente separa a aldeia de Podence da Barragem do Azibo.

 

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E num instante estávamos em Chaves de regresso ao lar, doce lar e que depois de um dia que até se tornou gostoso, pelo menos para mim que fiz o gosto ao dedo dos cliques. Isto das autoestradas e vias rápidas têm a desvantagem de passarmos literalmente ao lado das coisas, localidades e paisagens, sem tempo para reparar em pormenores, mas têm a vantagem de serem muito mais rápidas que as estradas nacionais e municipais.  Quanto a Podence, aguçou-nos o apetite para lá voltarmos no próximo ano, mas aí, com tempo para ficar à festa.

 

E estamos de novo de regresso à cidade!

 

 

 

21
Fev12

A Eurocidade Chaves-Verin e o Entróido


 

 

 

 

E como hoje é carnaval e em Chaves não há tradição do seu festejo,  vamos passar por Verin, onde o carnaval, ou entrudo, por lá,  já é festa grande com tradição.  Em Chaves não há tradição e também de pouco nos valeria que houvesse, pois com a adesão de Chaves (instituições públicas) à não tolerância de ponto, hoje é dia de trabalho, embora por parte do poder local, conhecendo-os como conheço, não estranhe o gesto, mas nem por isso lhes fica muito bem. Eu explico já os porquês, mas primeiro uma imagem do Entróido de Verin, ao qual fui no Domingo, quebrando a minha tradição de ir lá hoje.

 

 

 

Pois dizia eu que o gesto não lhes fica muito bem por duas razões. A primeira por falta de solidariedade com a grande maioria dos municípios que se marimbaram para as recomendações do governo e deram tolerância de ponto e, neste momento de crise a tolerância justifica-se ainda mais que nos anos de não crise, mas pelos vistos parece que além de nos quererem pobres também nos querem tristes e de castigo, como se nós fossemos os culpados da crise para a qual eles nos conduziram e continuam a enterrar, os números não mentem e, se os contabilistas do poder fizerem contas a quanto se perde com a não tolerância verão que é muito mais do que aquilo que vão ganhar e, se a intenção era castigar (mais uma vez a função pública) quem fica a perder (mais uma vez) são os privados. Penso que não será necessário explicar porquê.

 

 

Mas esta primeira razão até nem é a que fica mal ao poder local. Então a Eurocidade Chaves-Verin que tanto se apregoa no papel? Então as festas de Verin (tal como se anunciam na agenda cultural), agora, não são também as festas de Chaves? Então sabendo que grande número das gentes que enche as ruas de Verin nos desfiles de Entróido são flavienses, não os deixam ir ao desfile?

 

 

Claro que as perguntas são para ficar sem resposta e depois todos sabemos que a Eurocidade, que já existe desde 2007,  ainda não saiu das intenções do papel e da publicidade, pelo menos que seja visível e que se note,  tendo em vista a única meta a alcançar pela Eurocidade, ou seja (fica o copy-past daquilo que se diz na página oficial) :

 

 

 

 

Meta:

  • Proporcionar uma maior qualidade de vida à população dos municípios de Chaves e de Verín através da promoção do desenvolvimento sustentado.

 

Pois,  é tão fácil escrever palavras, mas analisando a frio, a eurocidade já existe há 5 anos e quanto a uma maior qualidade de vida da população, está à vista – estamos mais pobres e mais tristes e a eurocidade em nada tem contribuído para a nossa felicidade, pois continua tudo igual ou pior que antes da sua existência  e o resto é blá.blá,blá…e a crise, claro. As obras não se veem nos papéis, é no terreno. No papel apenas ficam ou projetam intenções, no terreno é que se vê a realidade e, tomemos esta tão simples como é a do Entróido, pois as festas e tradições também promovem o desenvolvimento sustentado, mas para isso, têm de se abrir à participação de todos.

 

 

A teoria da eurocidade é engraçada mas a realidade é que não tem graça nenhuma ou usando linguagem de entrudo – a cara não condiz com a careta.

 

 

Mas deixemos a tristeza de lado e já que não podemos ir ao desfile de Verin fiquemos ao menos com algumas imagens daquilo que por lá vai desfilar, num desfile que é único graças aos Cigarróns, para além das críticas sociais e políticas que este ano, como não poderia deixar de ser, andam à volta da crise e da justiça…sim, não é só por cá... mas com muito colorido, alegria e música, afinal como se diz por cá, tristezas não pagam dívidas.

 

 

Ainda hoje, ao meio dia, vamos ter por aqui a Pedra de Toque, de António Roque, com "Todos Temos Uma Cruz"

 

24
Fev09

Entroido, Carnaval ou Entrudo...


 

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Entroido, introido, Entrudo, Antroido, Entruido, Entrudio ou Carnaval, em galego e português que vem a ser a mesma coisa, pois fomos beber à mesma fonte, duas línguas ou uma só cuja origem é a mesma – o latim.

 

Mas vamos ficar pelos termos mais comuns em galego e que penso ser o Entroido ou Carnaval e os portugueses Entrudo e também Carnaval.

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Pois dizem por aí, que o Entrudo está mais associado às tradições antigas, onde por cá entram os caretos e pela Galiza, mais propriamente aqui nas terras galegas mais próximas, como Laza, Verin ou Xinzo de Limia e Manazaneda entram os Boteiros e os Cigarróns  ou Peliqueiros. O Entrudo por cá (e entenda-se por cá as terras da raia de um e outro lado da fronteira)tradicionalmente também estava associado a brincadeiras sujas com água, farinha, carvão e a própria “bosta” à mistura, existindo mesmo para os lados de Vigo os “merdeiros”, cujo nome é bem sugestivo. Embora actualmente estas tradições ainda se vão mantendo, mais acentuadas na Galiza (em Laza e Verin, por exemplo), tendem a dar espaço aos desfiles organizados e a outras festas associadas ao Entroido, como a já famosa “Noite das Comadres” em Verin, ou segundo os entendidos locais, dizem que o Entroido ou Entrudo começa a dar lugar ao Carnaval.

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Pois por cá (discussão entre entendidos) o Carnaval é mais a festa do desfile, como se faz no Brasil, em Itália ou com as versões portuguesas de Ovar, Torres Novas …do centro e Sul deste Portugal além da velha Galaécia. Ou seja, e esta dedução é minha (tendo en conta a dedução entre entendidos) o Entrudo ou Entroido é de terras da velha Galaécia e, além Galaécia, festeja-se o Carnaval.

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Pois penso que todos têm razão (entendidos ou não) e ninguém a tem, pois uma e outra coisa é a mesma coisa e até descendo à origem dos termos, vamos cair no mesmo, e ambos nos levam e nos fazem depender da Páscoa, senão vejamos:

Entrudo ou Entroido, o termo tem origem no latim “introitu” e que significa “entrada” no período pascal em que se diz adeus à carne, ou adeus carne,  que em latim de dizia “carne, vale” que é precisamente onde tem origem o termo Carnaval.

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Pois por cá (Chaves)  tendo em conta a tradição, a bem dizer, deveríamos continuar a referirmo-nos ao Entrudo, não o dos festejos onde nunca tivemos tradição, mas ao da gastronomia, pois embora se entre em período de Carnaval, é na carne que temos alguns dos bons pratos  tradicionais de carne associados a este período, excepto as sextas-feiras do peixe.

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Quanto a festa, e agora que somos eurocidade Chaves-Verin (embora aparentemente tudo continue na mesma, mas é mesmo só aparente porque o povo anda distraído, pois eurocidade acontece todos os dias) agora temos o entrudo/entroido dividido em duas partes, com a festa maior em Verin, onde a festa é mesmo festa, de todos, com desfiles, copos, tradições e brincadeira que nalguns dias (como na noite das comadres) entra pela noite fora até ao nascer do dia e concentra em Verin milhares de pessoas em todos os seus festejos.

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A parte didáctica e intelectual do Entrudo acontece em Chaves, com o habitual desfile dos putos da escola, temático (este ano foram as “Invasões Francesas”), onde sobretudo se inventa num desfile que ora sobe ora desce a rua principal (depende do ano) e onde umas dezenas largas (centenas escassas) de crianças mais ou menos acompanhadas pelos transtornados dos pais (leia-se transtornados como transtorno que provoca nos pais), provocam algumas dores de cabeça aos professores…

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um verdadeiro sucesso para os putos (mais pequenos) por mais um dia de brincadeira sem aulas. Quanto às lições temáticas ficamos a saber que a invasão francesa era azul,

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pois o desfile é sempre tão rápido que apenas se aprendem as cores. Um sucesso! Até os grelos, os espigos e as nabiças se fizeram amarrar de fio azul (que já o conhecemos como o melhor), só faltaram mesmo os “Rapazes da Venda Nova”.

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Quem aproveitou o Entrudo foi a blogosfera flaviense para fazer mais um dos seus encontros/convívio, o 10º encontro que coincidiu com o encontro de Inverno (pois também há do de Verão). Não éramos tantos como os putos a desfilar as “Invasões Francesas”, mas éramos muitos, mais que nunca, num encontro que promete ter cada vez mais adeptos, pois o convívio à mesa sempre foi salutar. Puro convívio onde o mundo virtual da NET se comunga à mesa por umas horas e sempre termina na fonte das digestões difíceis das Caldas de Chaves.

Encontro que agora é alargado também aos fotógrafos flickr flavienses e da alta Tamagânia, tal como à blogosfera, que neste encontro contou já com um representante do concelho de Montalegre (Ourigo – fotógrafo flickr) e Valpaços (Lamadeiras (Flickr)/Blog de Pedome) e lamenta-se a ausência do Blogex de Boticas, cujo autor justificou a falta com a sua ausência em terras de sua majestade.

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Da blogosfera da terrinha, os habituais marcaram presença (Chaves Antiga, Blogoflavia, Terçolho, Chaves, Um Olhar através da Objectiva, Arco-Iris, Espelho Mágico e  Lai-lai-lai), também os temáticos Cruzeiros e Pelourinhos, Cancelas e Chaminés marcaram presença. As aldeias também lá tiveram os seus representantes com Valdanta sempre presente (falta justificada para o amigo Pereira do qual sentimos a ausência e para o 5 de Maio), Granjinha atenta acompanhada da habitual e respectiva amarelinha (escondida da ASAE), Águas Frias com os seus profs, Outeiro Seco, Argemil da Raia, Segirei e Eiras (acompanhada da sempre boa, também amarela e doce).

E de entre outros amigos, convidados, disfarçados, sportinguistas felizes (o encontro foi sábado à noite), comentadores e seguidores tivemos ainda o Romeiro de Alcácer com as flores para as meninas e senhoras bloguistas.

 

E resta apenas publicar as conclusões do encontro de Inverno, o 10º, com um único ponto e que diz respeito à marcação do encontro de Verão, que ficou para data ainda a definir, mas com local marcado: Segirei

 

Uma palavra de apreço também para o Aprígio (restaurante) que como sempre nos soube receber e aturar.

 

E fica assim adiada para a próxima terça-feira a rubrica de “outros olhares” que deveria hoje passar por aqui. Mas penso que estou desculpado, pois por cá o carnaval ainda é Entrudo, nem que seja e só à mesa e em Verin.

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