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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

11
Ago19

Torre de Ervededo - Chaves - Portugal


1600-torre (112)

 

Depois de terem passado por aqui todas as aldeias de Chaves com início na letra S, passamos à letra T, sendo a primeira com esta inicial a Torre de Ervededo, e aqui o apelido, que é da freguesia, faz todo sentido, pois existe uma outra aldeia no concelho de Chaves com o mesmo topónimo, a Torre de Moreiras. Mas hoje vamos ficar apenas pela Torre de Ervededo, a de Moreiras fica para a próxima semana.

 

1600-torre (120)

 

Torre de Ervededo em que Ervededo é o nome da freguesia sem, contudo, ser uma aldeia, ou seja, à freguesia de Ervededo, pertencem as aldeias do Couto, da Agrela e da Torre.

 

1600-torre (291)

 

Torre de Ervededo que às vezes também é grafada com o topónimo de Torre do Couto, porque de facto Ervededo também foi um Couto, Vila e Sede de Concelho, reivindicando a aldeia da Torre essa mesma sede de Concelho, apontando mesmo como sede um edifício existente, com torre sineira, no largo da fonte, belíssima por sinal.

 

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No Aquivo Distrital de Vila Real tivemos acesso à seguinte informação:

HISTÓRIA ADMINISTRATIVA/BIOGRÁFICA/FAMILIAR

Ervededo foi reitoria da apresentação da mitra de Braga, a cuja arquidiocese pertenceu até à criação da diocese de Vila Real. 

Ervededo foi vila e couto, recebendo foral do arcebispo de Braga, D. Silvestre Godinho, a 11 de Janeiro 1233. 

Foi sede de concelho próprio até 31 de Dezembro de 1853, data em que passou a pertencer ao concelho de Chaves. 

A freguesia é composta pelos lugares de Agrela, Couto de Ervededo e Torre do Couto. 

A paróquia de Ervededo pertence ao arciprestado de Chaves e à diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922. O seu orago é São Martinho.

 

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Sabemos que alguns historiadores e autores locais se têm debruçado sobre este tema do Concelho de Ervededo, mas sinceramente, da nossa parte, ainda não arranjamos tempo para estudar este tema..

 

1600-torre (213)

 

 

No entanto, a respeito de uma obra recente sobre o tema, intitulada “A Vila da Torre e o Concelho de Ervededo, de autoria de Alípio Martins Afonso, o Diário Atual, na notícia de lançamento desta obra referia:

 

“Lembra-se que o Concelho de Ervededo de 1836 a 1854 englobou as freguesias de Ervededo, Bustelo, Calvão, Seara Velha, Vilarelho da Raia, Vilela Seca e Soutelinho da Raia."

 

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Talvez um dia voltemos a este assunto da “Vila da Torre” do “Concelho de Ervededo” que da minha parte incluo também em território do Barroso, isto a acreditar em ditos populares dos da margem esquerda do Rio Tâmega. Mas isso é também outro assunto e hoje o que interessa é a atual aldeia da Torre de Ervededo ou Torre do Couto.

 

1600-torre (170)

 

Pois quanto a aldeia, é uma aldeia de dimensões considerável, desenvolvendo-se ao longo de uma rua principal com cerca de 1,2 km, mas onde se distinguem notoriamente dois núcleos principais aos quais está associado também um largo.

 

1600-torre (276)

 

Referia-me atrás aos largos da Igreja e Cruzeiro e um segundo largo onde está o tal edifício com torre sineira, apontado como desse do antigo concelho, que tem também a já mencionada fonte. No largo da igreja, também existe uma fonte de mergulho, com data inscrita de 1838, seguindo as características que lhes são habituais na região, de construção totalmente em pedra, uma espécie de cubo de granito tendo numa das faces uma abertura que remata num arco perfeito, e a fonte (água) propriamente dita abaixo do nível do pavimento.

 

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É uma aldeia com um misto de casario, algum mais nobre, outro nem tanto, mas sem nenhum atingir o casario senhorial ou solarengo. Contudo é interessante, ,mantendo a sua integridade inicial de aldeia tipicamente transmontana, onde a pedra (granito de pedra solta, com junta seca e algum perpianho), o ferro e a madeira dominam.

 

1600-torre (229)

 

Curiosamente em algumas construções,  ainda se mantêm as cores que fizeram tradição durante muitos anos do século passado, em caixilharias e gradeamentos de ferro ou madeira, refiro-me ao verde garrafa e vermelho sangue de boi da tinta de esmalte.

 

1600-torre (223)

 

Há no entanto uma característica nesta aldeia que não costuma ser habitual nas aldeias transmontanas, a de serem implantadas em terras inclinadas das faldas da montanha para deixarem os terrenos planos livres para cultivo. Aqui, a aldeia está implantada numa espécie de vale, rodeada de montanhas. Uma pequena exceção, entre os tais dois núcleos já mencionados, onde aí sim, o terreno é levemente inclinado com pendentes para uma linha de água que separa os dois núcleos.

 

1600-torre (269)

 

De resto, sem dúvidas algumas que a Torre é uma aldeia de visita obrigatória, ainda com muita gente na rua e espirito associativo que deu origem a uma banda de música, que é hábito vê-la a atuar quer na cidade de Chaves quer a abrilhantar arraiais em aldeias da região.

 

1600-torre (222)

 

De visita obrigatória onde para além de se poder apreciar todo o conjunto e pormenores de casario, se podem destacar os dois largos principais, o da Igreja e Cruzeiro, mais amplo, logo à entrada da aldeia, e o outro largo, mais intimista por ser mais pequeno onde se destacam a casa com torre sineira (apontada como sede do antigo concelho) e a fonte/tanque.

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Que mais há a dizer sobre aldeia!? Pois haveria muito mais a dizer, mas algumas coisas já as fomos dizendo em posts anteriores e outras ficaram para uma próxima oportunidade. Para hoje ficam algumas imagens que não couberam nas anteriores seleções.

 

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E para finalizar fica também um vídeo com todas as imagens, ou quase todas, que foram publicadas no blog até à presente data. E digo quase todas, porque sendo todas elas já da era digital, algumas dou-as como perdidas por terem sido vítimas de acidentes informáticos, que embora já tivesse o cuidado de ter uma cópia, foram vítimas de quase em simultâneo um disco ter avariado e outro perdido. Dentro do azar do acontecimento, alguma sorte por ter conseguido recuperar grande parte das fotos do disco avariado, mas não todas.

 

1600-torre (141)

 

Mas como se costuma dizer, há males que vêm por bem, e a partir desse acidente/incidente, passei a ter mais uma cópia, para além de dar graças aio Flickr por nele ter armazenadas a maioria das fotos publicadas. Já agora, se quiser ver outras fotos do concelho de Chaves entre outras, passe pelo flickr onde já estão, neste momento,  14.013 fotos alojadas. Basta seguir este link: https://www.flickr.com/photos/fer-ribeiro/ ou na barra superior do blog carregar no menu “Fotografias”.

 

1600-torre (145)-1

 

E agora é mesmo tudo, só resta mesmo deixar o vídeo com todas as fotos e o link direto para o youTube que serve também para link de partilha, caso as queram partilhar.

 

https://youtu.be/FdzFlM6Vz_I

 

 

Webgrafia consultada:

 

https://digitarq.advrl.arquivos.pt/details?id=1043199 - em 10/08/19

https://diarioatual.com/apresentacao-do-livro-a-vila-da-torre-e-o-concelho-de-ervededo-na-biblioteca-de-chaves/ - em 10/08/19

 

19
Set10

Mosaico da Freguesia de Ervedeo


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Mosaico da Freguesia de Ervededo

 

 

 

Localização:


A 15 km da cidade de Chaves, a Noroeste da cidade de Chaves, no limite do concelho já a confrontar com a Galiza – Espanha.

 

Confrontações:


Confronta com as freguesias de Vilarelho da Raia, Vilela Seca, Bustelo, Sanjurge (num único ponto), Calvão e Soutelinho da Raia. Todo o Noroeste da freguesia confronta ainda com a vizinha Galiza - Espanha

 

Coordenadas: (Adro da Igreja do Couto)


41º 48’ 50.07”N

7º 30’ 41.01”W

 

Altitude:


Variável – acima dos 450m e Abaixo dos 700m

 

Orago da freguesia:


S.Martinho

 

Área:


21.63 km2.

 

Acessos (a partir de Chaves):


– Estrada Municipal 507 até à Lama da Campina e E.M. 507-1 no restante trajecto. Para quem vem de fora, via A24, há duas alternativas, a primeira com saída no nó de Chaves para de seguida apanhar a E.M 507 ou com saída no nó de Outeiro Seco para de seguida apanhar a EM 506 em direcção a Vilela Seca, apanhando nesta a EM 507-1. Estando na EM 507-1, não há nada a enganar, pois esta atravessa as três aldeias da freguesia de Ervededo.

 

 

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Aldeias da freguesia:


- Couto

- Agrela

- Torre

 

Comummente às três aldeias é acrescentado o topónimo (Ervededo) da freguesia –  Couto de Ervededo, Agrela de Ervededo e Torre de Ervededo

 

População Residente:


Em 1890 – 1.584 hab.

Em 1900 – 1.245 hab.

Em 1920 – 1.240 hab.

Em 1940 – 1577 hab.

Em 1960 – 1801 hab.

Em 1981 – 1096 hab.

Em 2001 – 740 hab.

 

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Desde sempre foi uma das freguesias com mais população no concelho e que durante todo o Século XX manteve a sua fasquia acima dos 1000 habitantes, tendo atingido mesmo (em 1960) os 1800 habitantes, no entanto já não é excepção quanto aos problemas do despovoamento, e os números do último Censos são a prova disso, pois em 2001 a freguesia ficou reduzida a 740 habitantes, ou seja, nos últimos 50 anos a freguesia perdeu mais de 1000 habitantes. As razões, também são mais que conhecidas e todos os fins-de-semana falo aqui delas, mas continua-se sem adoptar medidas sustentáveis (ou qualquer tipo de medidas) para contrariar o despovoamento. Talvez quando se lembrarem, já seja tarde demais (o costume).

 

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Principal actividade:


- A agricultura.

 

Particularidades e Pontos de Interesse:


Quem abordar a freguesia via Estrada Municipal 507, e imediatamente antes da Lama da Campina, lá no alto, pode-se observar quase todo o território desta freguesia, numa paisagem que se prolonga até à Galiza e se perde onde as montanhas se confundem com o céu. Sem dúvida uma paisagem que deve ser apreciada e mastigada devagarinho para dela se tirar todo o seu sabor. Sabor que fica mais intenso quando descemos às aldeias da freguesia, percorremos as suas ruas e vamos conhecendo e adivinhando a sua história, pois se há terras com história, muita e da boa, as terras de Ervededo são uma delas, mas não só, pois também no campo religioso tem um dos Santuários mais importantes de peregrinação e devoção, o S.Caetano, que anualmente é visitado por milhares de devotos.

 

Quase toda a topografia da freguesia é acidentada, não muito, mas nota-se e tudo se deve à sua localização e território estar distribuído por áreas de montanha, no caso, duas montanhas e os seus altos, a Serra do Laspedo e da Panadeira.

 

O seu território é banhado por um pequeno curso de água, afluente do Rio Tâmega – O Rio Manganhosa, que embora pequeno, brinda-nos sempre com as suas águas cristalinas, como já há poucas.

 

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Quanto à sua história mais antiga, o coronel e arqueólogo Mário Cardozo referenciava em meados do século passado um povoado castrejo no alto das Coroas. Mas riqueza arqueológica a freguesia tem muito mais, pois no S.Caetano também existe uma importante estação arqueológica com registos de ocupações da Romanização e Alta Idade Média, onde há notícias, de ter sido encontrado um tesouro com 3.800 moedas romanas datas dos Séculos II a IV, cujo achado se deveu às obras levadas a efeito na Casa das Esmolas do Santuário. Não deixa de ser curioso a casa das esmolas estar em cima de um tesouro.

 

Também no S. Caetano e na mesma área do tesouro foi posto a descoberto uma importante necrópole alti-medieval com mais de três dezenas de sepulturas.

 

Miguel Torga, amante da nossa região e do nosso concelho e também da coisa antiga, fazia um apontamento nos seus diários de uma das suas visitas ao S.Caetano quando se referia à sua arqueologia:

 

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S.Caetano, Chaves, 10 de Setembro de 1983

 

Sempre que venho dar largas à imaginação neste recinto arqueológico, não deixo de me demorar algum tempo em meditação junto do cemitério visigótico que mãos avisadas telharam e acautelaram. Todas as campas estão abertas, sem vestígios mortais dentro. O que as torna ainda mais patéticas. O tempo, desde que tenha tempo, rói-nos tão completamente que não fica de nós cisco de humanidade. Nem os epitáfios lhe resistem. E, no entanto, o sepulcro onde um cadáver de desfez parece tocado de sacralidade. Habita-o não sei que transcendência. E é essa presença ausente que me fascina em cada túmulo vazio. É como se ele fosse registo fossilizado da eternidade.

 

Miguel Torga, in Diário XIV

 

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As origens da paróquia estão ligadas ao antigo Couto de Ervededo ainda da época pré-nacional, havendo referências em que a Condessa D.Teresa fez doação, em 1124, desta importante instituição ao arcebispado de Braga, sendo a Carta de Foral do Couto de Ervededo datada de 1232. Terras importantes que durante dois séculos (XIV e XV) levaram à disputa do senhorio deste couto com lutas judiciais e diversas sentenças e demandas reais por parte dos monarcas portugueses e leoneses bem como das autoridades eclesiásticas.

 

É também mencionado a existência de um castelo que teria sido derrubado  por alturas da Restauração, na sequência da Revolução de 1640, mencionando-se no entanto, a Torre, pelo menos até 1740. Hoje do castelo nada resta, acreditando alguns historiadores locais que com a pedra do castelo se teriam construído muitas das actuais casas da aldeia da Torre de Ervededo, referindo mesmo, J.B.Martins, que existem numerosos silhares siglados da torre do castelo encaixados nos muros e paredes de muitas das actuais casas.

 

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Do antigo concelho de Ervededo, conserva-se ainda aquele que teria sido o edifício da Câmara, na aldeia da Torre. Diz-se ainda que outras casas estariam ligadas aos afazeres do antigo concelho.

 

Sem dúvida uma freguesia cheia de rica história mas da qual, hoje, só os escritos rezam e embora, qualquer uma das aldeias da freguesia sejam interessantes no que respeita ao seu casario tradicional e algum até solarengo, sofre dos mesmos males das restantes freguesias e aldeias do concelho de Chaves, ou seja o despovoamento e, a ele associado, o abandono dos campos e das casas, mostrando muitas delas os sinais desse abandono.

 

De recomendar e que parece melhorar de ano para ano, consolidando-se e reforçando-se a tradição, só mesmo o S.Caetano e o seu santuário que embora a devoção o frequente durante todo o ano, é em Agosto que atinge o seu auge e recebe milhares de devotos. É como alguém disse há tempo atrás neste blog, o S.Caetano é o nosso Santuário de Fátima.

 

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Resumindo. Embora a rica história já não seja visível, a freguesia e as suas aldeias merecem uma visita atenta e demorada, pois não faltam motivos, principalmente rurais, de interesse. Um olho para o casario tradicional e outro para o mais nobre e solarengo também deve ser deitado. Lá do alto, aprecie-se de demore-se o olhar que se perde em Espanha e que de inverno, tem sempre as suas montanhas cobertas de neve. Tudo isto é pretexto para uma visita à freguesia e suas aldeias. Outra visita, esta independente da anterior, é ao S.Caetano que deve ser feita acompanhada de devoção mas também de uma merenda e respectivos líquidos. Água não é necessário, pois por lá há muita e da boa, até milagrosa, como a da fonte das três bricas, da qual, dizem, que para o milagre acontecer tem que se beber das três bicas.

 

Quanto a outros pormenores das três aldeias, Agrela, Couto e Torre, todas de Ervededo, nem há como passar pelos posts que lhes dediquei neste blog e para os quais a seguir deixo link.

 


Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:

 

- Agrela

- Couto

- Torre

- Heráldica – Couto

 

 

 

 

08
Ago09

São Caetano - Chaves - Portugal


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É comum dizer-se que todos os caminhos vão dar a Roma, no entanto, por cá, são conhecidos os Caminhos de Santiago, mas caminhante que se preze, tem sempre Fátima no seu objectivo, mas se for flaviense, no 2º Domingo de Agosto, todos os caminhos vão dar ao São Caetano.

 

Assim tem sido todos os anos e, a julgar pela aparência, cada ano tem mais adeptos, pois se em tempos passados a caminhada se fazia por promessa, agora além das promessas religiosas, há  quem o faça pela caminhada em si ou, pelo juntar-se à festa de caminhar para o São Caetano.

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Preferencialmente ao fim da tarde, mas também durante a noite e madrugada, desde sexta-feira até à madrugada de Domingo, são umas boas centenas, ou mesmo milhares (não há números oficiais) de pessoas  ou peregrinos que se deslocam para o São Caetano, o Santo de devoção e das promessas flavienses.

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Mas continua a ser a fé e a devoção que leva milhares de pessoas ao São Caetano, caminhantes ou não, é para lá que se encaminham a maioria das promessas do povo flaviense. Promessas que cada um paga conforme dita, com maior ou menor peso, cada um “carrega a sua cruz” conforme pode ou sabe.

 

Saber bem, também sabem as merendas que estão associadas à festa, pois o São Caetano, para além da promessa e do religioso, também se festeja em festa, com uma boa merenda à transmontana, numa boa sombra, pois o calor de Agosto sempre aperta e cansa, por isso, depois de paga a promessa, das cerimónias religiosas e de bem merendado, nem há como uma boa sesta para a “assossega” e para (bem nivelado) repor os níveis da regularidade.

 

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Todos os anos é mais ou menos assim e, se há quem o faça todos os anos, um flaviense que se preze, tem que ir ao São Caetano, pelo menos uma vez na vida, a pé, com ou sem promessa, mas recomenda-se sempre a merenda e um “palhinhas” agora plastificado. Água, só para o caminho, pois no Santuário não falta água, boa, cristalina e fresquinha.

19
Jul09

Torre de Ervededo - Chaves - Portugal


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Ao entrarmos por Torre de Ervededo adentro, sentimos que estamos a entrar num pedaço da história desta região, tanto, que me sinto pequenino ao escrever o post de hoje.

 

De facto, Torre de Ervededo e a freguesia,  têm uma história rica em acontecimentos e importância que mereciam aqui um post ou vários posts alargados para a contar. Não prometo que o venha a fazer, mesmo porque por estas bandas o recorrer a documentação antiga é tarefa bem difícil ou quase impossível e,  eu da história, gosto de beber tudo, pois cheguei a uma idade em que desconfio sempre daquela que me oferecem de bandeja ou que muitas vezes me tentam impingir.

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É sabido que numa anterior divisão administrativa de Portugal, Torre de Ervededo foi sede de Concelho, sendo mesmo um dos concelhos mais antigos de Portugal e, teve a sua importância económica para os senhores que então mandavam nesse concelho. Economia, imagine-se,  ligada à seda e tanto quando se depreende pela documentação existente, seriam os senhores da Igreja, do arcebispado de Braga,  a ter esse poderio, quer sobre a administração do tal concelho, quer sobre a economia da seda, que sobre as gentes que o habitavam.

 

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Será um assunto que terei todo o gosto em estudar e aprofundar se tiver disponibilidade para… e então, se este blog ainda existir, terei também todo o gosto em trazer aqui as conclusões, entretanto, vamos até à aldeia que hoje existe, bem longe da nobreza e do poder que já teve, pois hoje, é apenas mais uma das aldeias deste concelho de Chaves. Não levem este apenas como um desprestígio para aldeia, pois a sua riqueza da história ninguém lha tira, este apenas, entra aqui, para dizer que hoje é uma aldeia das cerca de 150 aldeias que administrativamente pertence ao concelho de Chaves.

 

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Na realidade e geograficamente falando e olhando às suas características físicas, toda a freguesia de Ervededo tem características próprias, que embora a proximidade do Barroso não lhe herdou os seus ares, como acontece com (as freguesias de) Calvão, Soutelinho da Raia e Seara Velha, mas também não se integra nas características das restantes aldeias de montanha do concelho de Chaves. É mais uma aldeia de proximidade do grande vale, mas curiosamente do grande vale de Monterrei. Digamos que os ares que respira são mesmo os ares que vêm da Galiza, na fosse também a freguesia de Ervededo uma das freguesias da raia.

 

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Quem fala em raia, fala em contrabando, mas também em muitas estórias que deveriam fazer a história de uma guerra e de uma guerrilha ligada à vizinha Espanha e que todas esta aldeias da raia, viveram amargamente de perto. Amargamente é mesmo o termo a aplicar, pois embora Portugal fosse alheio à guerra civil de Espanha e à segunda guerra mundial, não esteve assim tão distante delas, e sem entrar nelas, sofreu as consequências da estupidez das guerras.

 

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Ervededo concelho, com sede em Torre de Ervededo, já é muita história para fazer livros, mas também o contrabando, a guerra civil de Espanha e principalmente a guerrilha anti-franquista, daria também muitas páginas de livro para escrever.

 

Quanto à actual aldeia da Torre de Ervededo, conserva (dizem) o antigo edifício que foi sede dos Paços do Concelho e também prisão que dá para um pequeno largo adornado com uma belíssima fonte em granito. É sem dúvida o edifício mais nobre da aldeia, pois o restante casario não sai do tradicional casario típico das nossas aldeias, que também tem a sua riqueza, precisamente por ainda manter muitas das construções típicas do granito/madeira, pois para além destas, não há casario solarengo ou que se possa atribuir a grandes senhores, pelo menos que eu tivesse visto. Parece mesmo ter sido a aldeia administrativa do tal concelho de Ervededo.

 

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Poder-se-á pensar que, como a aldeia foi sede de um antigo concelho, é uma aldeia de grandes dimensões, mas tal não é verdade, ou pelo menos não é na totalidade verdade, pois a aldeia desenvolve-se essencialmente ao longo de uma longa rua e em termos de dimensão, poder-se-á dizer que está na média das aldeias do nosso concelho. Tal tem alguma lógica, mesmo tendo sido concelho, pois pelo que sei, o tal concelho existiu pela sua riqueza em seda, mas os senhores de então (os do poder), não habitavam nenhuma das aldeias do concelho de Ervededo.

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E sem querer aprofundar a tal história da aldeia e da freguesia, teremos que passar um bocadinho pela sua história para melhor se compreender esta aldeia.

 

Na realidade a aldeia dever-se-ia chamar apenas Torre, pertencente à freguesia de Ervededo. E assim foi até à constituição da freguesia, ou seja, as aldeias do antigo concelho eram o Couto, a Torre e Bustelo. A denominação de Ervededo só aparece após a extinção concelho, que não era mais que um Couto do arcebispado de Braga e que, para passar a integrar o concelho de Chaves em 1853, dando lugar às freguesias de Ervededo e Bustelo, ficando a pertencer à primeira as povoações do Couto, da Agrela e da Torre.

 

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Mas tem toda a lógica que a Torre adopte também o topónimo de Ervededo para evitar confusões com outros topónimos iguais, inclusive no nosso concelho, que tal como esta Torre, também adopta o topónimo da freguesia, tal como acontece com Torre de Moreiras, da freguesia de Moreiras.

 

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Há quem se refira também a esta aldeia como Torre do Couto e este topónimo até tem mais lógica que o de Torre de Ervededo, pelo menos seria bem mais antigo, pois tudo leva a crer que a origem do topónimo estará precisamente aí, com origem numa torre do antigo Couto do arcebispado de Braga em que referem esta aldeia como sendo o celeiro do antigo concelho.

 

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Longe da sua história ligada ao antigo concelho, hoje é uma aldeia essencialmente agrícola que tal como a grande maioria da aldeias do concelho tem o seu velho casario em mau estado ou abandonado, também tem as suas construções recentes na periferia da aldeia e também conhece de perto o despovoamento, um fenómeno que já não nos é desconhecido e que pelos vistos ninguém faz nada para o contrariar. Restam os resistentes, que por teimosia ou amor à sua aldeia, insistem em ficar para lhe dar alguma vida. Mas diga-se também a verdade, pois esta aldeia, mesmo assim, ainda é uma aldeia com vida e com gente na rua.

 

Até amanhã.

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