"Buraco do Arrabalde" o início do fim!
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“Buraco do Arrabalde” o início do fim…
Sinceramente há decisões, de gente iluminada, que não entendo… mas, para se entender melhor aquilo que eu não entendo, vamos a uma breve história do “Buraco do Arrabalde”.
Pois tudo começou no Jardim das Freiras, quando num belo dia alguém se lembrou de, por lá, desfazer um jardim para fazer um parque de estacionamento subterrâneo, independentemente de haver consenso ou aprovação por parte da população. Consenso que até nem interessa para quem põe e dispõe dos nossos espaços públicos a seu bel-prazer, e assim o jardim foi desfeito para as necessárias escavações arqueológicas. Como nada de interessante por lá encontraram, deixou de haver impedimento para que o tal parque por lá se construísse e, assim teria acontecido se entre demoras de início da obra, os inquilinos da Santa Casa do Poder Local não tivessem mudado. Mudaram os inquilinos e mudou a decisão quanto ao parque de estacionamento das Freiras. Não há parque nem jardim para ninguém, construa-se uma eira e a eira foi construída. Em suma, mudaram os inquilinos da casa grande, mas as decisões continuaram a ser tomadas sem o consenso e aprovação da população, consenso que até nem interessa para quem põe e dispõe dos nossos espaços públicos a seu bel prazer… e por aí fora. Interessante que mudaram os inquilinos, mas manteve-se o discurso, a letra e a música de por e dispor ao bel-prazer de espaços públicos.
Falhado o parque das freiras, os morteiros apontam-se para o Largo do Arrabalde e, de novo, as necessárias escavações arqueológicas, só que aqui, logo cedo, começou-se por encontrar restos da muralha seiscentista para mais abaixo se dar de caras com um antigo e importante balneário termal romano. Eia lá, grande achado! E lá se foi (de novo) o parque subterrâneo para o maneta, pois os achados são mesmo importantes para, por lá, se fazer uma garagem pra popós! E é aqui que começa a segunda parte desta história.
Pois dada a importância dos achados, logo desde o inicio se pôs a hipótese de vir a fazer a museolização do local. Mas aqui a história sobe um patamar e, a decisão do interesse da museolização do local não cabe à Câmara Municipal, mas sim ao Ministério da Cultura através do IGESPAR ou seja, ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológica e que, após as demoras do protocolo, tornou há dias pública a sua decisão e, diga-se, que é no mínimo uma decisão surpreendente, pois o IGESPAR pôs as batatas ao lume e depois, a queimar, passou-as para as mãos da Câmara Municipal, ou seja, o IGESPAR diz a respeito que o valor arqueológico e histórico do que foi posto a descoberto nas escavações é de valor inquestionável, no entanto só se poderá pronunciar a favor da museolização do local se as escavações forem concluídas e deixarem a descoberto todo o complexo termal, com as piscinas e o templo que sempre existia nos balneários romanos, caso contrário, terá que se pronunciar contra a museolização do local, exigindo que de imediato se proceda ao fecho das escavações e se retome a anterior praça, de modo a não deteriorar os achados a descoberto e a por em causa uma museolização futura, em tempo indeterminado.
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Aplausos para quem tão bem decide, pois mais uma vez vamos ficar sem estacionamentos subterrâneos, sem balneários romanos e sem museu, pois adivinhava-se a decisão da Câmara Municipal, e a loucura que seria demolir todo o casario do Arrabalde confrontante com a Praça de táxis, parte do casario da Rua do Olival e ainda coragem para demolir o Palácio da Justiça e o edifício da antiga Estalagem Santiago, ou seja, todas as construções que foram construídas em cima do complexo termal e templo romano, e tudo com custos por conta da Câmara Municipal, incluindo indemnizações a privados e a construção de um novo Palácio da Justiça em local a determinar. Mais uma vez estava a preparar-me para ficar sentadinho no sofá a aguardar o desenrolar dos acontecimentos e, claro, a rir baixinho… só que desta vez enganei-me, pois com uma rapidez surpreendente (ou talvez não) a Câmara Municipal acatou de imediato as recomendações do IGESPAR, e decidida que logo ficou por não avançar para o museu, mandou de imediato tapar o buraco e mais dia, menos dia, temos o antigo Largo do Arrabalde de volta.
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E de volta temos também o espaço do parque de campismo da Rua 25 de Abril, pois também ficamos a saber ontem, que a Câmara Municipal com a mediação da Confraria de Chaves, finalmente entrou em acordo com o “campista” do Baluarte do Cavaleiro e pôs assim fim às negociações que já demoravam anos, ou seja, praticamente desde que o Baluarte do Cavaleiro ruiu arrastando consigo as casas a ele adossadas, e já lá vão 8 anos.
Negociações complicadas e demoradas mas das quais todos saíram a ganhar: A cidade, a Câmara Municipal, a Confraria de Chaves e o “campista”. A cidade ganha ao finalmente ver desimpedida a muralha e ao ver-se livre daquele que já se tornava num vergonhoso acampamento terceiromundista. A Câmara Municipal ganha pelas mesmas razões e pelos termos do acordo/negócio, mas os que mais têm a ganhar são a Confraria de Chaves e o “Campista”, senão vejamos os termos do acordo:
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- Já todos sabia-mos que o “campista” era residente nos Açores onde tinha uma empresa que fornecia leite e queijos para várias marcas Açorianas (entre as quais aquela da publicidade do Pauleta) mas sempre mostrou interesse em comercializar os seus produtos com marca própria e sediada no continente com vista ao mercado Ibérico. Sabendo disso, a Confraria de Chaves que se propõe negociar os produtos da região, avançou com a proposta de o nosso “campista açoriano” sediar a sua empresa em Chaves em parceria com a Confraria, criando uma nova marca de leite e queijos (Leite do Cavaleiro e Queijos Muralha), ou seja, o “açoriano traz o leite e os queijos em bruto, são embalados e rotulados cá na terrinha e a Confraria, com o carimbo de produto regional, genuíno e de qualidade, encarrega-se da comercialização e distribuição por Portugal e Espanha (para já). E onde entra a Câmara de Chaves!? – Entra com a Confraria e com a cedência de dois lotes no Parque Empresarial de Outeiro Seco, a título gratuito, tendo em troca o espaço ocupado pelo “campista” junto às muralhas e a garantia de que serão criados 70 postos de trabalho nesta nova empresa, ficando ainda co-proprietária com 10% da nova empresa, uma vez que esta percentagem será partilhada com o Ayuntamiento de Verin no âmbito da Euro-cidade, tal como já acontece na parceria com a Confraria de Chaves e a empresa que irá negociar os presuntos de Feces de Abaixo debaixo do rótulo: “Presuntos da Raia de Chaves”.
E voilá, a bem, tudo se resolve a bem de todos. Segundo apurei, ontem mesmo o Grão Mestre da Confraria de Chaves registou em seu nome as marcas “Leite do Cavaleiro” e os “Queijos Muralhas”, aliás tal como o fez com os Pasteis de Chaves, o Folar de Chaves, e o Presunto da Raia de Chaves, tudo marcas a comercializar pelas Lojas do Confrade da Confraria de Chaves, que está também a pensar engarrafar água das termas com a marca “Águas Calientes do Imperador” com embalagem para microondas. Segundo o Grão Mestre da Confraria, também mestre em ideias, diz que nesta primeira fase serão lançadas as água medicinais, realçando o termo Calientes para mais uma vez num simples termo meter a Euro-cidade, o quente das águas e um novo tratamento recentemente descoberto – o tratamento de calos. Numa segunda fase (diz ainda o G.M.) serão comercializadas “Águas Calientes do Imperador” com sabor a limão, sabor a morango e sabor a grelo da veiga, esta última, pensada para vegetarianos, também para servir a quente mas com cubos de gelo.
A nova imagem destes produtos já está a ser elaborada mas ainda está no segredo dos Deuses, mas especialista que a confraria é em publicidade, não tardará e a imagem estará disponível para ser apreciada, embora os produtos possam demorar mais um bocadinho. É questão de ficarem atentos aos respectivos sítios na net da Câmara de Chaves ou da Confraria.come
E por hoje penso que já chega de novidades, amanhã cá estaremos de novo com o coleccionismo de temática flaviense.
Até amanhã!