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Nestes regressos às Feiras dos Santos de outros anos, daqueles que tenho registos digitais, hoje vamos até ao ano de 2009 e inicio propositadamente com uma foto do nosso centro histórico (sem feira). A Feira de 2009 pouco diferente foi da dos anos anteriores e dos anos seguintes, até ao de hoje. Mas nem sempre foi assim, aliás, nos anos 60 e 70, as mais antigas que eu conheço e de que tenho memória, eram bem diferentes daquilo que hoje são.
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A Feira dos Santos é secular e não me refiro à de Chaves, pois não é exclusiva da nossa cidade, mas a nossa, desde que há memória desta feira, sempre foi das mais importantes de Portugal, senão a mais importante, isto, entre outras razões, graças a localização geográfica da nossa cidade e à importância comercial que a nossa cidade tinha na região, e aqui a região ia muito além do Alto Tâmega e sempre atravessou a fronteira. Afinal a Feira dos Santos assim como a última feira do ano antes de se entrar no Inverno, e se hoje o Inverno é apenas mais uma estação do ano, nem sempre foi assim, principalmente em termos de facilidade de comunicações.
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Mas graças não sei bem a quem e a hoje em dia ser a única “festa” que Chaves tem, a tradição da Feira dos Santos de Chaves tem-se mantido, para os flavienses mas também e ainda para muitos que das terras vizinhas não deixam de vir a Chaves, principalmente por manter ainda a sua ruralidade com a feira do gado mas também pelo comércio de todos os artigos que se juntam à feira. Certo que bem longe dos tempos em que se fazia a feira da lã, talvez a mais importante para a economia flaviense e das aldeias flavienses e da região, pois não era só com dinheiro que se transacionava, mas com trocas de produtos, em que se trocava azeite por mantas, lã e linho por mantas e atoalhados, entre outros produtos. Era o tempo das industrias familiares dos teares, do cultivo do linho e da produção de lã, era o tempo das famosas mantas de Soutelo, mas não só.
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Pois nesses tempos menos recentes e ainda um pouco nos asnos 60 e 70 os forasteiros que vinham à feira da lã, ficavam para a feira do gado e para dia 1 de novembro e só depois regressavam a casa. Pernoitavam na cidade pelo menos duas noites, alguns nas pensões, em casa de amigos em quartos alugados mas também na rua, geralmente em grupos, bem animados por sinal, com muita música popular e alguns copos pelo caminho, e que faziam também a animação das noites da cidade que não dormia…
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Com a vulgarização dos popós e o melhoramento das vias de comunicação, hoje regressa-se a casa no próprio dia. As noites perderam a animação de outrora e apenas os bares e discotecas do costume fazem a animação da noite. Hoje nem sequer existem os famosos bailes de Santos do “meu tempo” em que ainda, pelo meio, se dançavam uns slows…mas também em que tínhamos oportunidade de ter a atuar em Chaves alguns dos melhores grupos nacionais de então.
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Pois ao longo destes anos tenho dito por aqui que a Feira dos Santos de Chaves ainda existe e tem tradição, já não é feita com a mesma gente do mundo rural, o mesmo que hoje quase não existe e que com ele morreram outros valores e produtos, como as mantas de Soutelo que já aqui mencionámos ou o Presunto de Chaves que dele, hoje, só existe a fama. A Feira dos Santos resistiu, tem sido a única festa de Chaves, mas por quanto tempo continuará assim? Afinal hoje é igual às outras feiras de outros locais. Talvez seja tempo de olhar para ela com outros olhos, com um olhar de oportunidade para promover Chaves mas também para dela se fazer a verdadeira festa de Chaves e premiar quem nos tem sido fiel, principalmente os flavienses ausentes que também vão mantendo a tradição, mas também a pensar noutro público, principalmente o mais jovem, que podemos atrair e fidelizar, mas para isso temos que lhes dar o que eles querem, pois esses não vão lá só com barracas e carrocéis.
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Tenho vindo a dizer que a Feira dos Santos é a Festa de Chaves, e assim tem sido e assim se deve manter, independentemente de, atrevo-me a dizer, que todos os flavienses continuam a sonhar com uma festa de Verão, aquela que até hoje nunca tivemos, uma festa em agosto como todas as grandes festas mas não só, pois é nessa altura, nesse mês, que mais flavienses se encontram em Chaves, contando claro com os nossos emigrantes e estudantes universitários. Uma festa como Chaves há muito anseia e merece, e uma vez que não temos tradição de festa religiosa nesse mês, porque não uma grande feira, com espaço para barracas e carrocéis, feiras temáticas dos nossos produtos e muita música, com a cidade a abarrotar de gente todos os dias.
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Quanto às imagens de hoje, todas da Feira dos Santos do ano de 2009, é um pouco do que ainda hoje temos por cá, arte e artistas que oferecer a sua arte de rua, o colorido e variedade dos expositores das barracas. Finais de dia com gente cansada de tanto cirandar de um lado para o outro da feira, com noites animadas junto aos bares da cidade e as restantes ruas do centro histórico mergulhadas no silêncio do seu despovoamento.
Até mais logo, com o habitual post de passar por aqui uma aldeia de Chaves, que pela minhas contas tocará a vez à aldeia de Curral de Vacas.