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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

20
Out21

Um regresso à Feira dos Santos de 2016

Cidade de Chaves


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Hoje vamos dar uma volta pela Feira dos Santos de 2016, que calhou bem, bom tempo com a feira a começar a sério um dia antes do habitual, mais precisamente dia 29 de outubro, por ser sábado, ou seja, 4 dias de festa grande em Chaves. As fotos de hoje são todas desse dia 29 de outubro de 2016, já no meu regresso a casa.

 

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Antecipada em um dia, a nossa habitual volta pela feira inicia-se em geral pelo Largo do Anjo, onde antigamente se fazia a feira da lã no dia 30 de outubro. Descemos a rua 1º de Dezembro, subimos o Bacalhau até ao Monumento, enfiamos pela rua do Estádio e enquanto houver barracas vamos indo, isto com início a meio da tarde, que por essa altura é lá por volta das 15 horas. O escurecer, dita-nos a hora de voltar a casa, mas há todo um caminho a fazer, mas os Santos ajudam, a partir do Monumento, é sempre a descer, mas nem por isso despachamos mais caminho. Há sempre um amigo que não víamos há muito que aparece, uma curiosidade numa barraca, apreciamos como ninguém o teatro de rua, e outras curiosidades que fazem com que o regresso seja tão longo ou mais que o do caminho de ida.

 

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Mas finalmente estamos no troço final da feira – a rua de Stº António. Com exceção dos anos em que a feira peregrinou até a beira rio, entre pontes, sempre me lembro de a rua de Stº António ser rua de feira, vire ela para onde virar, mas agora só até as Freiras. Encerrado que foi o antigo palco de festas da cidade, o largo do Arrabalde, agora sem poiso certo, nos Santos tem-se ficado pelas Freiras, mas no final do dia, alguns já desesperam para chegar a casa enquanto que o pessoal das barracas, lá vai fazendo as suas últimas vendas da tarde que já é noite, alguns ou algumas, já não resistem mais e as meias de lã branca, e agora também às cores, deixaram de ser passeadas à cabeça, rua acima rua abaixo, cansa, eu sei, por isso o repouso na soleira da porta é mais que merecido, e as meias lá estão, agora no chão, para quem quiser, é só escolher, pagar e levar e só para o próximo ano é que há mais. Os que agora já estão no regresso a casa, mais ou menos ligeiros e cada qual como pode, já passam indiferentes à vida nas Freiras, que nestes dias até, quase, parecem as Freiras de antigamente, sempre cheias de gente.

 

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Nas Freiras, no palco montado para o efeito, prepara-se o espetáculo musical da noite, testa-se o som, as luzes, fazem-se as últimas afinações para a festa que irá iniciar dentro de algumas horas, já no silêncio dos bombos e concertinas que conjuntamente com os cabeçudos já descansam para o dia seguinte. A noite das freiras é mais de debitar decibéis, altos decibéis que a música eletrificada e voz ampliada permitem, mas no entretanto algumas teenagers  fazem uma desmonstração de exercícios físicos, às vezes dança, com toda a elegância e exuberância que a idade permite, para inveja das mais cotas, que às vezes, nem com cortes de ração e o saltar de refeições lhes chegam por perto… já lá vai o tempo da felicidade em que gordura era formosura e os aromas que emanavam das panelas eram fragrâncias para deliciar à mesa. E é assim a vida das Freiras em dias e noites de Santos, onde até os Flavienses (bombeiros) regressam ao lugar do seu velho e pela certa, também, saudoso poiso, com o seu velho carro aposentado e que agora serve de carro de cerimónias e exposição, mas também para as crianças poderem no seu imaginário, serem bombeiros por uns minutos, ou até para umas fotografias de recordação ou selfies que os mais graúdos gostam de tirar paras as redes sociais. Por nós, que apreciamos tudo, também poisamos por ali um pouco, depois, já cansados e a pensar no sofá que em casa espera por nós, resta-nos a penosa subida da ladeira da Trindade, que em tempos fazia em dois tempos e a brincar, mas que agora já custa a subir, mas lá terá que ser…depois compensamos no sofá.

 

01
Nov16

A Feira dos Santos e o Concurso de Gado


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Até há uns trinta e tal anos atrás nos três dias tradicionais de feira, no dia 30 de outubro realizava-se a feira da lã, no dia 31 a feira do gado e no 1 de novembro aquela que nós apelidávamos de feira dos espanhóis. Feira da lã onde era costume negociar a roupa de inverno com destaque especial para as mantas de lá, onde eram famosas as mantas de Soutelo. No dia 31 negociava-se todo o tipo de gado e animais (bois, ovelhas, cabras, cavalos, burros, porcos, coelhos, aves de galinheiro e até cães e furões, entre outros). O dia 1 de novembro era conhecido como sendo a feira dos espanhóis pela quantidade de espanhóis que nesse dia vinham à feira, aproveitando o facto de nesse dia ser também feriado em Espanha.

 

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Hoje em dia a feira da lã já não se realiza, mas mantém-se a feira do gado e mais recentemente também o concurso de bovinos no dia 31 de outubro, continuando também o dia 1 de novembro a receber um elevado número de espanhóis, ou melhor, de galegos das proximidades de Chaves. 

 

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No post de hoje vamos abordar apenas o dia 31 de outubro e o concurso de gado, ficando de fora a feira do gado, isto porque desde que a feira e o concurso se realizam em locais diferentes, apenas podemos estar num dos locais, pelo que temos optado pelo concurso do gado. Separação que segundo dizem se deve à Lei vigente, mas penso que não será bem assim, pois se o concurso se pode realizar  no fosso do Forte de S.Neutel, creio que a feira também se poderia realizar nas proximidades onde antigamente se realizava, e mesmo que a Lei a tal obrigue, penso que a título exceção e evocando a força da tradição, poderia ser realizada junto ao concurso.

 

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Quanto ao concurso entram nele as raças autóctones do Norte de Portugal localizadas a Norte do Rio Douro e que são apenas três, a Raça Barrosa, a Raça Maronesa e a Raça Mirandesa, que pelo próprio nome conseguimos localizar o solar de cada raça, ou seja o Barroso, o Marão e Miranda do Douro, isto teoricamente, pois na realidade não é bem assim, por exemplo a Raça Barrosa está mais instalada no Minho que propriamente no Barroso, onde neste só começa a aparecer na metade Poente do Barroso como na freguesia de Salto, Serra do Geres e parte da Serra do Barroso, mas nem há como consultar o mapa que fica a seguir para ver o seu território.

 

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Confesso-me leigo nesta matéria das raças, mas alguma coisa fui aprendendo ao longo da vida.

 

Em miúdo quando ia para aldeia do meu pai, Parada do Corgo (ou Aguiar) no concelho de Vila Pouca de Aguiar, onde os tratores ainda não existiam e o trabalho da terra era feito com vacas. Desde o remover a terra, lavrar e arar mas também o transporte de mercadorias em carros de bois. Recordo que as vacas eram todas mais ou menos iguais e apenas diferiam na cor. Aliás, em geral eram conhecidas e tratadas por “amarela”, “preta” ou “Castanha”. Com esta coisa de ao longo dos anos ir ao concurso do gado fui aprendendo que a cor também tem a ver com a raça e, pelo menos no concurso da Feira dos Santos já sei distinguir as três raças em concurso. A raça Barrosã, a mais fácil de identificar, reconheço-a pelos grandes cornos (cujas pontas chegam a distar em 2 metros uma da outra) e a cor é um amarelo avermelhado). A Mirandesa é maioritariamente amarela a fugir para o café com leite, com partes que têm mais café que leite. A Maronesa é de cor preta, ou quase, pois são de um castanho muito escuro e brilhante. Mas esta é a minha identificação. Assim, nem há como deixar aqui as características de cada raça, dadas por quem sabe ou estudou o assunto, pelo que lanço mão de uma tese de mestrado que encontrei na NET, de Isabel Maria de Bessa Soares Monteiro de Carvalho, intitulada “CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA DE RAÇAS BOVINAS AUTÓCTONES PORTUGUESAS - Estudo de polimorfismos proteicos e microssatélites” apresentada  à Faculdade de Ciências da Universidade do Porto no ano 2000, que passo a citar:

 

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RAÇA BARROSÃ

 

É uma raça que vive sobretudo em zonas montanhosas, na Serra do Barroso, abrangendo os actuais concelhos de Montalegre, Boticas, Vieira do Minho e Cabeceiras de Basto. Esta região não possui condições agro-alimentares que permitam grandes explorações agrícolas, pelo que uma parte da população se dedica à criação do gado (GARCIA et ai, 1981)[i]. O bovino Barrosão é utilizado essencialmente como força de trabalho e na produção de carne de excelente qualidade. Trata-se de um animal que apresenta uma estatura mediana, com 121-130 cm de altura à cernelha e pelagem de cor castanha que varia entre a cor palha até cor acerejada (LEAL, 1995)[ii]. A cabeça é curta e larga, encimada por uma cornamenta em forma de lira alta; os cornos são muito compridos e espessos, de cor branca suja, com pontas escuras; o conjunto ocular é saliente; os membros são curtos e poucos ossudos, o pescoço é curto, bem ligado à cabeça e com garrote largo (MARTINS, 1982)[iii].

 

É uma raça com caracteres sexuais secundários bem diferenciados. Os touros são sempre mais escuros, particularmente no terço anterior. Possuem uma maior corpulência

 

em relação às fêmeas, um tronco mais robusto, barbela mais desenvolvida, cabeça mais curta e mais larga, cornos mais grossos mas mais curtos (GARCIA et ai, 1981). A reprodução é efectuada, principalmente, em postos de cobrição

 

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RAÇA MARONESA

 

O bovino Maronês tem como área natural de criação as serras do Alvão, Marão e Padrela. Possui uma extraordinária rusticidade e um poder de adaptação a terrenos mais ásperos e acidentados onde a mecanização não consegue ter lugar. Este facto torna a sua presença indispensável para a realização dos diferentes trabalhos das explorações locais. É um produtor de carne de excelente qualidade e, além disso, no primeiro mês de criação, produz leite que excede quase sempre as necessidades da cria (LEITÃO, 1981b)[iv].

 

Caracteriza-se por ter uma pequena corpulência, regular conformação, linha dorso lombar direita. Possui uma pelagem de cor castanha escura. A cabeça é pequena, seca e bem expressiva, perfil côncavo, sendo este mais evidenciado devido à saliência das protuberâncias orbitarias, os cornos de inserção média, são delgados, lisos, de cor branco sujo e pontas escuras. Os membros são fortes e apresentam no conjunto aprumos relativamente correctos (LEITÃO, 1981b). O touro apresenta acentuado dimorfismo na cabeça, que é mais compacta e menos recortada, de pelagem mais escura do que nas fêmeas. A reprodução da Maronesa é efectuada por cobrição natural, existindo geralmente um touro por cada posto de cobrição. Os criadores desta raça possuem pequenas propriedades onde têm duas a cinco cabeças.

 

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RAÇA MIRANDESA

 

A região solar da raça Mirandesa situa-se no concelho de Miranda do Douro, de onde irradia para os concelhos de Vimioso, Mogadouro, Bragança, Vinhais e Macedo de Cavaleiros. Terá sido, no passado, a raça portuguesa que mais se expandiu, invadindo as Beiras e chegando mesmo a penetrar no Alentejo. No entanto, o advento da tracção mecânica e a importação de raças exóticas mais produtivas do que a Mirandesa levaram ao declínio desta raça, que subsiste, actualmente, apenas em regiões onde o manuseamento das máquinas é praticamente impossível (FERNANDES, 1996)[v]. A exploração desta raça visa a produção de carne e trabalho. Neste momento, a recria de machos está a ser orientada no sentido da produção de novilhos para abate.

 

Esta raça caracteriza-se por possuir animais de grande corpulência, compridos, largos, bem musculados, de linha dorso-lombar quase horizontal, de terço posterior desenvolvido e de membros de comprimento mediano. A pelagem é castanha, escurecendo nas extremidades. Os machos são mais escuros do que as fêmeas e as crias têm coloração castanho-claro. Possui uma boa capacidade maternal (LEITÃO et ah, 1981a).

 

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Nos últimos anos o concurso do gado também foi aberto ao Porco de Raça Bísara e às Ovelhas de Raça Churra Galega Bragançana, mas essas ficam para outra oportunidade. Hoje ficam os bois e as vacas.

 

****************************************

 

[i] GARCIA, ML; ROSÁRIO, J.; ANTUNES, M. (1981). Bovinos em Portugal. Direcção dos Serviços Veterinários - D.G.S.V.. Lisboa. 44-78.

[ii] LEAL, C. (1995). Apreciação Fenotípica de um Núcleo de Bovinos de Raça Barrosã e Amostragem Para sua Caracterização Genética. Relatório de estágio de licenciatura em Biologia - Ramo Científico Tecnológico em Ecologia e Recursos Zoológicos. Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

[iii] MARTINS, R. (1982). Conservação e melhoramento dos bovinos de raça Barrosã. Relatório de estágio de licenciatura em Produção Animal. Instituto Universitário de Trás-os-Montes e Alto Douro.

[iv] LEITÃO (1981b). Bovinos em Portugal. Direcção dos Serviços Veterinários - D.G.S.V., Lisboa.: 101-127.

[v] FERNANDES, M.T.S. (1996). Raças de bovinos autóctones. Um importante recurso genético animal português a preservar e a defender. Veterinária Técnica. 12: 10-15.

 

30
Out16

Feira dos Santos, uma voltinha no seu primeiro dia


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Como neste fim de semana se iniciou a Feira dos Santos, é por lá que vamos andar até à próxima terça-feira, com imagens da feira e de alguns eventos, mas como os fins de semana aqui blog costuma ser das aldeias, iniciamos o post de hoje com uma foto da pequena cantora e Grupo Tradicional de Ventuzelos, ficando também como um bom exemplo daquilo que os jovens das nossas aldeias (onde ainda os há) podem fazer.

 

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Hoje apenas uma pequena voltinha pelos Santos, pois não fomos além do Jardim do Bacalhau e da Rua de Stº António, tudo porque a obrigação voluntária ligada à abertura da feira do vinho,  onde está patente ao público a exposição de fotografia ontem aqui anunciada, fez com que estivéssemos por lá.

 

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Mas com tempo para a tal voltinha com temperatura e tempo de verão  de que quase não há memória, pois ano ou Santos assim, só recordo mesmo os de (se não me engano) 1975, aquando a feira se instalou entre à beira rio, entre a ponte romana e a ponte nova, com invasão de todo o Tabolado. Infeliz ideia por sinal, pois a partir de aí o Tabolado nunca mais voltou a ser o mesmo.

 

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Aparentemente este ano os Santos têm menos barracas, mas pode ser que apenas se deva a este ano ter iniciado a 29 de outubro e durante a noite os espaços vazios acabem por ser preenchidos, como penso que serão.

 

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E para hoje, dia 30, dado ser domingo, espera-se que seja um dia em grande. Logo se verá.

 

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E na nossa voltinha de hoje terminamos com uma foto dos “Bombeiros de Baixo” a marcar presença numa praça que já foi sua.

 

 

29
Out16

A Feira dos Santos em fotografia, em exposição e agora em vídeo


 

 

Inaugura hoje a exposição de fotografia a "Feira dos Santos" com fotografias que ao longo dos anos foram passando por este blog e mais algumas inéditas. Para quem não puder vir à feira ou passar por lá , na Feira do Vinho a decorrer no Pavilhão  ExpoFlávia (junto à PSP) onde a exposição está patente ao público, ficam aqui as imagens num arranjo em vídeo.

 

Ainda hoje passaremos por aqui com mais imagens da Feira, edição 2016 e mais eventos que hoje estão previstos para a cidade de Chaves. Até logo!

28
Out16

A Feira dos Santos em duas exposições de fotografia


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Esta Feira dos Santos, de 2016, vai contar com duas exposições de fotografia. A primeira, que já está patente ao público desde o início de outubro, na Adega do Faustino, é de autoria de Humberto Ferreira e intitula-se “ Feira dos Santos – Raças Autóctones”, organizada pela Associação de Fotografia Lumbudus.

 

cartaz

 

A segunda exposição é de autoria de Fernando DC Ribeiro, intitula-se “ A Feira dos Santos” e estará patente ao público nos dias 29 a 31 de outubro e 1 de novembro, no Pavilhão ExpoFlávia – Pavilhão do Vinho e é organizada pela ACISAT/Blog Chaves.

 

 

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