Tal como demonstra a imagem com que se inicia este post, o primeiro dia da Feira dos Santos, em Chaves, foi molhado. Previa-se que o dia 31 continuasse molhado, mas previsões são previsões, e felizmente, às vezes não acertam. Tinha decidido que com chuva ficaria por casa, pois tanto eu como a minha máquina fotográfica não gostamos de chuva, mas o dia 31 resolveu acordar seco e deitando um olho ao céu, não estava para chuva, e lá fomos, como sempre, lá para os lados do Forte de S. Neutel onde se realizava o concurso do gado.
Antes da penosa, embora curta, subida para o recinto exterior do Forte de S. Neutel, tivemos de dar umas voltas para estacionar o popó. Nos dias normais já é complicado estacionar onde queremos, em dia de Feira dos Santos, as coisas complicam-se, mas com paciência, insistência e alguma espera, acaba-se por arranjar sempre um lugar.
Já sabíamos que íamos chegar um pouco tarde, mas ainda a tempo par assistir ao mais importante do concurso do gado. Quando chegámos o público já ocupava por completo o muro do fosso do Forte de S. Neutel, mas no fosso, onde habitualmente se leva a efeito o concurso, ainda decorria o desfile a caminho das áreas destinadas a cada uma das raças a concurso. Raças autóctones da região, que tratando-se de gado bovino, são três as raças que concorrem, a saber: A raça barrosã, que como o próprio indica tem origem em terras de barroso, a raça mirandesa que tem origem em terras de Miranda do Douro e a raça maronesa que vai buscar o seu nome à Serra do Marão embora a sua origem não seja clara. Seja como for são raças de terras altas e de montanha e na ausência de uma raça brunheiresa (do nosso Brunheiro) são as raças autóctones que temos mais próximas.
E se nos últimos dois anos este concurso primou por dar alguma informação sobre as raças, pelo menos em imagem com pendões na muralha do forte, com os nomes das raças e a respetiva fotografia de cada uma delas, este ano as muralhas estavam despidas de informação e até o cartaz que marcava o espaço de cada raça, era uma triste folha de papel A4 com o nome da raça escrita à mão. Ora bem, já estamos no século XXI, na era das novas tecnologias em que escrever à mão já está em desuso e em que a imagem/apresentação se exige. Disseram-me que os rapazes da direção da ACISAT são novos na coisa, que foi o primeiro ano deles e que ainda não sabem muito bem como as coisas funcionam. Pois embora não sirva de desculpas, assim seja, mas também se pode dar o caso de não terem jeito para a coisa…
E pegando em ter jeito para as coisas, onde também são precisas ideias e afins. Ora desde sempre tenho defendido que esta nossa Feira dos Santos que é a nossa principal festa que traz a Chaves milhares de pessoas, era uma boa oportunidade para promover Chaves e a região. Mas antes de ir onde quero chegar, vou contar uma breve história, real, que se passou comigo e um grupo de amigos que subiu o rio douro de barco onde estava incluído o almoço. Ora entre nós, os amigos apreciadores de bons vinhos, esfregámos as mãos e esperámos pelo almoço para nos deliciarmos com um bom vinho do Douro. Era ouro sobre azul, a subir o Rio Doro, a ver as vinhas e a beber o seu precioso “néctar”… um bom vinho da região, pelo penos assim esperávamos. Espanto o nosso quando à refeição serviram vinho do Alentejo. Borrada completa. Ainda protestámos, mas de nada valeu e não interessa de quem seja o culpado ou se o vinho do Alentejo era bom o não, ali exigia-se vinho do Douro. Então voltemos a este concurso do gado que tem duas componentes, a saber: O concurso em si e o espetáculo que atrai centenas de pessoas só para ver, após o qual acontece mesmo ao lado um festival gastronómico de Polvo à galega. Agora digo eu, depois de vermos um concurso de três raças de gado bovino autóctone não condizia ao lado haver um festival gastronómico de carne dessas três raças, com pratos como a posta mirandesa, a costeleta barrosã, um entrecosto maronês e, já agora, uma vez que o concurso é alargado aos suínos, porque não o presunto, e até deixo de fora o fumeiro, pois nesta altura ainda não é a sua época (estamos a falar de coisas genuínas). Mas não, o festival gastronómico é de polvo à galega, que até é bem bom, mas não é nosso, além de ser caro comó …
Mas deixemos estes pormenores para traz e passemos ao resto da feira. Pois da minha parte, após o concurso do gado vou ao tacho. Em forma de protesto pessoal nos últimos anos não tenho ido ao polvo e depois também não tenho dinheiro para desperdiçar em tal mordomia. Fui ao meu restaurante habitual e aí sim, comi um entrecosto assado delicioso que caiu que nem ginjas, e o dinheiro que poupei no polvo, vai dar-me para uma semana de restaurante.
Após o almoço a minha sobremesa foi um bufo real e uma arara, mas em imagem. Foram as minhas primeiras imagens da tarde, e podia acabar aí, que já tinha o dia ganho. Mas foi a sobremesa e o aperitivo para ir dar uma volta à feira, para a qual uma tarde não chega. Para aqui também tenho umas ideias para a feira funcionar melhor. Pois tal como me acontece nesta visita à feira, tem-me acontecido todos os anos, ou seja, geralmente inicio no Largo do Anjo, desço a Rua Primeiro de Dezembro, subo o Jardim do Bacalhau, passo o Monumento , entro na Rua do Estádio até à rotunda do mercado, viro à esquerda e vou até à entrada do Regimento de infantaria onde um troço da feira termina. Pois aí há que voltar para trás pelo mesmo caminho até à rotunda do Mercado, mas ainda há a rua que vai até ao campo de futebol onde termina outro troço, a mesma volta atrás e até à Rua de Stº António é tudo caminho por feira já visitada onde já se chega de noite. Toda uma tarde para este percurso e já de noite a visita às barracas da Rua de Stº António, ficando para trás os acessos à lapa, e outros pequenos polos de feira. Ou seja, um autêntico calvário bem simbolizado no homem estátua que estava na rotunda do mercado municipal.
Ainda antes de ir às ideias para um melhor itinerário da feira, vamos às farturas, pois a minha caminhada foi feita em duas etapas, pois à terceira passagem pela rotunda do mercado municipal, fiz um pequeno desvio e fui temperar forças com umas farturas. Não é que aprecie o petisco, nem desaprecie, não são más, marcham, e depois há a tradição de sempre me lembrar de comer farturas na Feira dos Santos pelo menos uma vez. Eu sou pela tradição e sempre se dá um descanso às pernas e pés antes de retomar a caminhada de regresso pela feira que já foi vista.
Pois então é assim, a cidade de Chaves tem ótimas condições para, em vez de fazer uma feira em linha, fazer um circuito, sem necessidade de ter de voltar para trás pelo mesmo sítio. Por mim esse circuito era feito no centro da cidade, deixando a periferia livre para trânsito automóvel e estacionamento, e o miolo do circuito (praças e largos) destinados a polos temáticos extra feira tradicional e animação, principalmente musical (no decorrer da feira). Há espaço para tudo sem ser obrigado a fazer viagens de ida e volta pelo mesmo trajeto. Até poderia indicar aquele que seria o circuito ideal, mas basta pegarem numa planta da cidade para o verem, desde que não haja mentes complicadas a decidir, pode-se ter uma melhor solução, mas isto é apenas a minha opinião, que vale o que vale.
E foi assim um dia completo de feira, pela manhã concurso do gado, o almoço no sítio do costume e de tarde retomar a feira ao longo das ruas. Não dá para a feira toda, pois para tudo teria ainda de meter a noite, mas depois de um dia intenso de feira, o borralho de casa sabe melhor. Ficam as últimas imagens do dia (já de noite) que é também o meu último dia de feira desta edição da Feira dos Santos 2018, mas a feira ainda não terminou, pois hoje é o dia grande, em pessoal.
Mas para mim terminou ontem, pois é também minha tradição não ir à feira no dia 1 de novembro, muita confusão para o meu gosto para além de ter feirado o que queria feirar e como o parque de diversões já não me atrai já não tenho crianças para lá levar, a minha feira fica por aqui. Para o ano há mais e pela certa de regresso ao mesmo, mas ninguém nos impede de sonhar com uma Feira dos Santos ainda melhor.
Até amanhã, que por sinal é sábado e queremos retomar a normalidade do blog trazendo aqui mais uma aldeia do nosso concelho.