Hoje vamos dar uma volta pela Feira dos Santos de 2016, que calhou bem, bom tempo com a feira a começar a sério um dia antes do habitual, mais precisamente dia 29 de outubro, por ser sábado, ou seja, 4 dias de festa grande em Chaves. As fotos de hoje são todas desse dia 29 de outubro de 2016, já no meu regresso a casa.
Antecipada em um dia, a nossa habitual volta pela feira inicia-se em geral pelo Largo do Anjo, onde antigamente se fazia a feira da lã no dia 30 de outubro. Descemos a rua 1º de Dezembro, subimos o Bacalhau até ao Monumento, enfiamos pela rua do Estádio e enquanto houver barracas vamos indo, isto com início a meio da tarde, que por essa altura é lá por volta das 15 horas. O escurecer, dita-nos a hora de voltar a casa, mas há todo um caminho a fazer, mas os Santos ajudam, a partir do Monumento, é sempre a descer, mas nem por isso despachamos mais caminho. Há sempre um amigo que não víamos há muito que aparece, uma curiosidade numa barraca, apreciamos como ninguém o teatro de rua, e outras curiosidades que fazem com que o regresso seja tão longo ou mais que o do caminho de ida.
Mas finalmente estamos no troço final da feira – a rua de Stº António. Com exceção dos anos em que a feira peregrinou até a beira rio, entre pontes, sempre me lembro de a rua de Stº António ser rua de feira, vire ela para onde virar, mas agora só até as Freiras. Encerrado que foi o antigo palco de festas da cidade, o largo do Arrabalde, agora sem poiso certo, nos Santos tem-se ficado pelas Freiras, mas no final do dia, alguns já desesperam para chegar a casa enquanto que o pessoal das barracas, lá vai fazendo as suas últimas vendas da tarde que já é noite, alguns ou algumas, já não resistem mais e as meias de lã branca, e agora também às cores, deixaram de ser passeadas à cabeça, rua acima rua abaixo, cansa, eu sei, por isso o repouso na soleira da porta é mais que merecido, e as meias lá estão, agora no chão, para quem quiser, é só escolher, pagar e levar e só para o próximo ano é que há mais. Os que agora já estão no regresso a casa, mais ou menos ligeiros e cada qual como pode, já passam indiferentes à vida nas Freiras, que nestes dias até, quase, parecem as Freiras de antigamente, sempre cheias de gente.
Nas Freiras, no palco montado para o efeito, prepara-se o espetáculo musical da noite, testa-se o som, as luzes, fazem-se as últimas afinações para a festa que irá iniciar dentro de algumas horas, já no silêncio dos bombos e concertinas que conjuntamente com os cabeçudos já descansam para o dia seguinte. A noite das freiras é mais de debitar decibéis, altos decibéis que a música eletrificada e voz ampliada permitem, mas no entretanto algumas teenagers fazem uma desmonstração de exercícios físicos, às vezes dança, com toda a elegância e exuberância que a idade permite, para inveja das mais cotas, que às vezes, nem com cortes de ração e o saltar de refeições lhes chegam por perto… já lá vai o tempo da felicidade em que gordura era formosura e os aromas que emanavam das panelas eram fragrâncias para deliciar à mesa. E é assim a vida das Freiras em dias e noites de Santos, onde até os Flavienses (bombeiros) regressam ao lugar do seu velho e pela certa, também, saudoso poiso, com o seu velho carro aposentado e que agora serve de carro de cerimónias e exposição, mas também para as crianças poderem no seu imaginário, serem bombeiros por uns minutos, ou até para umas fotografias de recordação ou selfies que os mais graúdos gostam de tirar paras as redes sociais. Por nós, que apreciamos tudo, também poisamos por ali um pouco, depois, já cansados e a pensar no sofá que em casa espera por nós, resta-nos a penosa subida da ladeira da Trindade, que em tempos fazia em dois tempos e a brincar, mas que agora já custa a subir, mas lá terá que ser…depois compensamos no sofá.