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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

01
Nov23

Feira dos Santos - Cidade de Chaves

A Feira do dia 31 de outubro


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Já não recordo o que escrevi no ano passado, nem nos anos anteriores,  sobre a Feira dos Santos do dia 31 de outubro, mas fosse o que fosse que aqui deixei escrito, podê-lo-ia reescrever hoje e continuaria atual, isto porque a Feira dos Santos de Chaves já há umas centenas de anos que faz parte da tradição da região e em particular da tradição flaviense, fazendo assim, também, parte da cultura do povo flaviense, ou seja, é quase como dizer que corre no sangue do ser flaviense e daí, o nosso comportamento e os nossos costumes em relação à feira se irem repetindo todos os anos.

 

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Claro que isto da Tradição da Feira dos Santos não pode ser considerado como um todo, igual para todos, pois a feira é feita de um conjunto de tradições que funcionam como elementos da tradição da feira, quase poderemos dizer que é uma tradição feita de um conjunto de outras tradições, onde ao longo de tempo algumas se perdem e outras se ganham, daí a memória e até algumas lendas ou estórias, também fazerem parte da tradição da Feira dos Santos, e depois, há também a nossa tradição pessoal que em geral é partilhada com a família e alguns amigos ao longo da feira, que vai variando de dia para dia da feira e mesmo ao longo da feira. Confuso, mas eu vou explicar melhor.

 

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Então é assim, quando era puto/adolescente, os meus interesses, costumes e comportamentos da feira eram bem diferentes daquilo que são hoje. A Feira para nós putos/adolescente eram os carrosséis, os matraquilhos, os videojogos e flippers, comprar umas bolas de serrim para andarmos à bolada uns aos outros, roubar um pretinho de barro para dar sorte e na adolescência mais tardia entravam também os bailes dos santos nos salões dos bombeiros entre outros costumes da época. Tudo isto faz parte da minha tradição dos Santos e um pouco da tradição da minha geração, com alguns elementos que hoje fazem parte da memória dos nossos Santos, mas também dos Santos com coisas que já desapareceram da vida da feira e da vida das diversões. Já não há bolas de serrim nem flippers, já não se roubam os pretinhos da sorte, já não há bailes de Santos e até os salões dos Bombeiros desapareceram, bem como o poço da morte, o comboio fantasma e outras diversões fazem parte das nossas memórias, que hoje recordamos com uma saudade acrescida, porque à diversão desses tempos acrescemos, mesmo que não consciente, a saudade do ser jovem.

 

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Há depois uma segunda fase em que a Feira já não é vivida a título individual mas em família, e que as voltas da feira se alteram,  onde se inclui um regresso ao recinto das diversões, não para usufruir delas, mas para levar os nossos filhos aos “carrosséis”, às guloseimas, onde eles queriam e/ou nós deixávamos, uma fase passageira só até ao tempo em que os nossos filhos começam a fazer a sua tradição pessoal dos Santos, em que partem para eles por sua conta e com os seus amigos, onde também nós mudamos os nossos hábitos de feirar.

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Feira e Concurso do Gado

Estamos agora no nosso feirar atual, que com já disse ontem, na prática, só o fazemos em pleno no dia 31 de outubro, onde invariavelmente nos últimos anos, repetimos os nossos passos, começando a meio da manhã no fosso do Forte de São Neutel com o concurso do gado, por onde vão desfilando as várias raças da região, como os suínos de raça bísara, o cão de gado transmontano,  mas com principal destaque para o concurso nacional de gado bovino das raças barrosã, mirandesa e maronesa nas categorias de touros, vacas, novilhos, novilhas, juntas de vacas e juntas de bois.

 

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Pode-se dizer que é um momento do mundo rural com o seu melhor gado a descer à cidade, gado que trazem com orgulho até ao fosso do forte e que durante duas horas vão desfilando para apreciação do júri, mas também do público que marca sempre presença em grande número, onde pela certa assistem e passam, alguns milhares de pessoas (penso eu, pois nunca os contei, mas que são muitos, são.)

 

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São momentos de apreciação, mas também de alguma tensão e espetáculo. Tensão natural entre os touros e algum espetáculo proporcionado principalmente pelos novilhos e novilhas, cuja juventude e falta de hábito de participação nestas lides e stress das viagens, mostram o seu nervosismo e irreverência.

 

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Com o final do concurso do gado, o fosso do forte fica vazio e está chegada a hora do almoço, que muitos fazem na redondeza dos fortes nas tascas improvisadas onde é tradição servir-se o pulpo (polvo) à galega, tradição do polvo que agora também já é servido em alguns restaurantes da cidade e outras tascas improvisadas ao longo da feira, polvo entre outros pratos habituais em feiras e romarias.

 

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Quanto à feira do gado que antigamente se fazia ao ar livre nas redondezas do forte de São Neutel, agora tem poiso em instalações próprias, cobertas, junto ao loteamento industrial. Feira essa que decorre durante a manhã de dia 31. Feira á qual antigamente assistíamos, mas que deixámos de assistir por uma questão de opção, concurso ou feira do gado. Temos optado pelo concurso, mas pode ser que numa das próximas edições da feira a nossa opção recai na feira do gado.

 


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A Feira de Rua

Após o almoço começa a nossa digressão pela feira. Dura a tarde toda com regresso a casa já bem de noite, mas ainda a tempo de jantar em casa. A digressão começa no Largo do Anjo e depois é só ir por ai fora, sempre em ambiente de feira, com os mais variados produtos, onde aqui sim, há de tudo e mais não sei quê… com passagem pelo Jardim do Bacalhau até ao Monumento, depois a Avenida do Estádio, na rotunda do mercado viragem à esquerda até ao Regimento de Infantaria, regresso à rotunda do mercado, descida até ao Estádio Municipal, de novo subida até à Rotunda do Mercado e viragem à esquerda até às farturas junto ao Pavilhão Municipal onde se faz uma pausa para uma fartura e um copo, Depois o voltar para trás, com o regresso pelo mesmo caminho (Avenida do Estádio, Monumento Bacalhau).

 

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No entretanto, já entramos na noite, fazemos uma subida até à Lapa, com descida pela Rua Dr. Júlio Martins e de novo no Bacalhau, depois a descida da Rua de Santo António até às Freiras, com a habitual prova de licores e ginjinhas pelo caminho e volta atrás até ao Bacalhau, onde se faz nova pausa para um café. Depois subida da Rua 1º de Dezembro de novo no Largo do Anjo, um olhar e uma foto para a Rua Direita com o qual fizemos a despedida da feira, depois foi só pegar no popó que ficou no estacionamento e ala pra casa que se faz tarde, escusado será dizer que depois de estas andanças durante todo o dia se chega à noite todo roto.

 

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Para terminar, só um apontamento ou reparo a respeito da animação de rua, ou falta dela, ou então fui eu que não tive a sorte de a ver, embora estivesse programada para todo o dia. Com exceção para um pastel de Chaves andante, extraprograma, dos Prazeres da Terra, simpático que até me acenou e era acompanhado por uma menina simpática que sorria. Fora isso, nicles, nem cabeçudos, nem concertinas, nem palhaços, nem macacadas, nem coisa alguma. Suponho que tivesse andado nas ruas, mas não me cruzei com ela nem uma única vez, e andei na rua todo o dia ó pra lá e ó pra cá…

 

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E é tudo sobre a Feira dos Santos da edição de 2023, ficando aqui um apontamento só do dia 31 de outubro. Para o ano, cá, ou melhor, lá estaremos outra vez.

 

 

20
Out23

Cidade de Chaves - Feira dos Santos

Feira dos Santos de 2014


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Continuamos na Feira dos Santos de edições passadas, hoje vamos para alguns momentos da Feira dos Santos de 2014, mais precisamente do concurso do gado bovino, onde desfilam três raças da região, a Barrosã, a Mirandesa e Maronesa que, para quem não as conhece, fica uma dica para as identificar, onde as barrosãs são dos cornos grandes de cor amarelada, a mirandesa de cor castanha amarelada e a maronesa de cor castanha bem escura, quase preta, cores que aqui não poderão identificar pelo preto e branco da fotografia.

Os momentos que hoje vão ficar, sem mais comentários, são alguns momentos de relaxe, outros de agitação, alguns de espera e em quase todos, com homens, mas também mulheres da vara, ou se preferirem, homens e mulheres da aguilhada, pois é assim que a vara se chama. Sem mais demoras vamos às imagens, a identificação dos momentos, fica por vossa conta…

 

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01
Nov13

Discursos Sobre a Cidade - Por José Carlos Barros


 

As feiras pertencem às aldeias

 

José Carlos Barros

 

Gostava que as feiras, aos poucos, se fossem parecendo cada vez mais com as feiras de antigamente. Não é por nostalgia, por melancolia, por saudosismo. É só porque as feiras pertencem às aldeias, à gente das aldeias. É só porque não fazem sentido se a ruralidade não fizer sentido. E à ruralidade, hoje, tirando as preocupações ministeriais com o número de cães por apartamento e o número de peixes por metro cúbico de aquário, ninguém lhe acode: é ir às feiras de hoje, corrê-las de uma ponta a outra, e daí tira-se sem esforço como está o mundo rural e como estão as nossas aldeias: a definhar, na exacta medida em que definham as feiras. É que uma não existe sem a outra, e uma não pode andar por aí a pavonear saúde se a outra está de cama e de carantonha lívida. E quanto mais as entidades e as autoridades, bem-intencionadas, promovem acções de benchmarking e investem a assegurar animação paralela, com artistas de cartaz, com eventos, com colóquios, com exposições mais elas, as feiras, definham. Isto é como nos incêndios: quanto mais se gasta no combate aos fogos mais arde a floresta. Porque as feiras têm uma alma: a animação que tiverem, o colorido que possam ter vem do interior delas mesmas. E se é certo que a alma se pode vender (e amiudadas vezes se tem vendido), ninguém descobriu ainda a fórmula de comprá-la: já que o demo, sempre disponível para lançar uma OPA disso, não se desfaz das que tem a mais. Uma feira, portanto, só existe verdadeiramente se pertencer às aldeias, à gente das aldeias. E ainda está por descobrir como é que uma coisa que depende de outra pode funcionar na ausência dela.

 

Se as feiras, portanto, aos poucos, se fossem parecendo cada vez mais com as feiras de antigamente, isso significava que as nossas preocupações começavam a deixar de estar tão exclusivamente agarradas ao valor dos juros dos empréstimos que financiam os encargos do Estado para piscarem o olho à produção do tomate ou da beterraba e à importância da indústria transformadora da beterraba ou do tomate. Era sinal de que estávamos a regressar às aldeias a regressar de facto e a regressar em sentido figurado. Numa sociedade que galopou em direcção ao terciário o que é preciso é regressar às aldeias e regressar às feiras de antigamente. Quer dizer: regressar um pouco ao sector primário, regressar um pouco ao sector secundário e não sermos todos, quase todos, trabalhadores e desempregados dos sectores não-produtivos.

 

Não estou, este ano, mais uma vez, na Feira dos Santos. É a sina dos emigrantes não regressarem quando lhes apetece…. E não escondo que esta crónica possa ser o reflexo disso: da inveja dos que vão à Feira dos Santos a comerem pulpo, a perguntarem onde é que se vende uma manta de Soutelo, a olharem as samarras ou os tachos de ferro, a abraçarem os amigos e a discutirem quem paga a primeira rodada.

 

Enfim seja uma mistura de vingança e inveja. Mas já que não vou insisto: as feiras, hoje, são um anacronismo. E são um anacronismo a partir do momento em que deixámos de comprar porcos suínos e passámos a comprar presunto fatiado.



12
Out11

Está na moda...


 

Em Chaves há uma moda que tem vindo a ganhar terreno -  é a moda de alterar ou abandonar (e esquecer) os fins e usos para as quais as coisas são previstas ou projectadas. As causas e razões, às vezes são óbvias, outras vezes nem por isso, e neste nem por isso cabe desde a ausência de ideias (de e para…) até às pressões de minorias perfeitamente identificadas e às vezes até a teimosia, entre outras.

 

A mais recente é o espaço para os divertimentos da Feira dos Santos, que por sinal até parece simpático e (penso que pela primeira vez) atravessa o rio para se “plantar” na Madalena, mas fica agora abandonado o espaço que foi construído com condições e previsto para este tipo de eventos, que aliás já foi abandonado pela feira semanal, é a moda. Já agora que os divertimentos vão para a Madalena, também podiam dispensar para lá umas barracas nos dias da Feira dos Santos, também era simpático e sempre se seguia a tradição de a Feira dos Santos não ter poiso certo.

 

Mas este é apenas um exemplo, pois outros abundam por aí, como o auditório ao ar livre do Forte de S.Neutel (sem espectáculos), a proliferação de mini-auditórios raramente usados enquanto continuamos sem cinema, a Plataforma Logística (que nunca abriu), o MARC que nunca funcionou como tal, o Espaço Polis (que logo ganhou rampas para as bicicletas e um campo de futebol de praia para utilizar uma vez por ano), as Freiras que perderam o jardim para passar a ser não sei bem o quê, e que agora começou a ganhar construções-esplanadas. Não é pelas esplanadas me incomodarem, aliás na situação actual das Freiras até gostava de as ver cobertas de esplanadas, pelo menos sempre ganhavam vida e tornavam o espaço menos inóspito, mas lá se foi o espaço “idealizado” não sei bem para quê…

 


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