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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

01
Out18

De regresso à cidade com uma exposição


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Lembram-se de eu ter andado pr´aqui durante 100 dias com uma coisa chamada “Cem Brincadeira ComSiso”, pois 20 delas passaram a papel e estão em exposição, a partir de hoje, na Adega do Faustino, em Chaves, e irão estar por lá durante os próximos dois meses.

 

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Tal como desvendei na última publicação, o que até nem era necessário, todas essas “brincadeiras”, sem exceção tiveram como base uma ou mais fotografias tomadas no MACNA – Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso ao longo destes últimos dois anos, e mais que uma  “brincadeira”, foi o meu tributo à casa da arte contemporânea de Chaves, reunindo fotografias que só por si não eram nada, mas que por qualquer motivo despertaram o clique, quer pelas sombras, quer pelas formas ou por outra qualquer coisa…, longe de terem sido pensadas para a finalidade que tiveram. Deu-me gozo fazer essas brincadeiras, deu-me gozo partilhá-las durante 100 dias,  e agora penso que é tempo de uma seleção sair do mundo virtual dos computadores, do blog, do facebook, da internet, para em papel poderem estar penduradas numa parede durante uns tempos outubro e novembro), à disposição de quem as queira ver.

 

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E por nós só nos resta agradecer aos nossos parceiros por tornarem possíveis mais uma exposição de fotografia, esta com arte digital à mistura. Assim agradecemos à Adega do Faustino, à Sinal TV e à Associação de Fotografia LUMBUDUS pelo apoio,  e a nós próprios (Blog Chaves) pela organização.

 

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Para quem não acompanhou a publicação das 100 brincadeiras, fica um vídeo com todas, das quais estão agora vinte em papel em exposição.

 

 

 

É tudo. Acabou-se a brincadeira. Toca a trabalhar!

 

 

 

10
Set18

O Barroso aqui tão perto - Viade de Baixo


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Vamos lá a mais uma voltinha pelo Barroso, que fica aqui tão perto e que é sempre um encanto andar por ele em constante descoberta. Hoje vamos até uma das 3 aldeias que têm como topónimo Viade, neste caso, Viade de Baixo.

 

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Isto de o topónimo principal se repetir em aldeias vizinhas é muito comum em Portugal, aliás no concelho de Montalegre não é caso único, pois nas Penedas (de Baixo, do Meio e de Cima) repete-se o mesmo, também no concelho de Chaves acontece nas Assureiras (de Baixo, do Meio e de Cima).

 

Mas neste caso de Viade, embora exista o Viade de Baixo e o Viade de Cima, a outra aldeia dá pelo topónimo de Antigo de Viade. Quanto ao significado do topónimo, mais à frente abordaremos o tema.

 

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Para já vamos às nossas impressões primeiras tomadas na nossa primeira visita a Viade de Baixo. E digo primeira, porque há aldeias em que ir por lá uma única vez não é suficiente. Aconteceu em Viade de Baixo onde fomos uma segunda vez, mas também uma terceira vez, e agora que comecei a entrar na sua intimidade e história, ou seja, a bisbilhotar nos documentos e publicações, penso que com tempo, uma quarta vez irá ser uma realidade, pois já me dei conta que me escaparam algumas coisas por lá. E confesso a minha culpa, pois poderia não ter acontecido assim.

 

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Pois a primeira vez em que fomos por Viade de Baixo, foi há dois anos, mais precisamente no dia 21 de maio de 2016 a partir das 16H30. Agora que já vou tendo um bocadinho de experiência nesta coisa de recolher imagens mas também conteúdos das aldeias, sei que a partir da hora do almoço é má hora para a fotografia, não só pela luz que é traiçoeira, mas também pelo calor que aperta mais (em tempo quente como foi o caso) e ainda pelos almoços do Barroso que são sempre bons e fartos, o que castra a inspiração, recomendado mais as assossegas.

 

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No trabalho de casa de organização e arquivo das imagens de Viade de Baixo do dia 21.05.16, logo me dei conta que a inspiração não tinha sido muita e que a recolha tinha ficado muito curta, principalmente depois de ter descoberto um lugar no facebook dedicado à aldeia e nele ter visto as imagens que Artur Pastor (https://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_Pastor) por lá tinha recolhido nos anos 50/60. Nesse dia ficou decidida uma nova visita a Viade para uma recolha mais aprofundada.

 

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No dia 14 de junho de 2017, às 15 horas. De novo numa hora não muito própria, mas desta já íamos mais informados pelo que nos resguardámos um pouco no almoço e aproveitámos aquela hora em que eles (almoços) ainda não começaram a fazer efeito. Quanto ao calor e à luz daquela hora, lá teria que ser, nesta nova ida a Viade de Baixo. Desta vez sim, saímos de lá com espírito de missão cumprida, embora como já disse atrás, ainda com algumas falhas.

 

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Mas no entretanto e na recolha de informações para novos roteiros e itinerários, dei-me conta da existência de uma capela no meio do monte. Pela proximidade só poderia pertencer a Viade e como no passado dia 1 deste mês de setembro andávamos por ali nas proximidades, resolvemos partir à sua descoberta, e diga-se, que foi uma descoberta interessante e agradável, não só pelo conjunto da capela, fonte, cruzeiro e cruz, mas também pelas vistas que desde lá se alcançam. Ah! E desta vez chegámos lá ainda antes de almoçar, aliás até estivemos por lá a fazer horas (ou minutos) para chegarmos à mesa à hora certa. Não sei se já deram conta da importância que a mesa barrosã tem nesta coisa das recolhas fotográficas e documentais… aliás há por aqui quem diga que nós vamos para o Barroso mais pela mesa barrosã do que pelas fotografias, o que não é verdade, mas também não é mentira. Digamos antes que é ouro sobre azul…  

 

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Mas entremos na intimidade de Viade de Baixo, mas antes, como de costume, vamos saber onde se localiza e como chegamos lá, sempre a partir da cidade de Chaves. Para melhor localizarmos Viade nem há como dizer que confronta com a Barragem dos Pisões, na sua margem direita, ali por onde a EN 103 vai contornando as curvas da barragem, um pouco antes de se chegar ao paredão da barragem e da aldeia dos Pisões.  Onde atrás se diz que confronta com a barragem, quer dizer-se o território de Viade, pois a aldeia propriamente dita, fica a 800 metros da barragem e entre ambas, mais ou menos a meio, passa a EN103.

 

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Já entenderam que a EN103 pode ser um caminho para lá chegar, no entanto vou recomendar outro itinerário mais interessante, pois parto do princípio que quando vamos para uma destas aldeias, não vamos lá passar o dia todo e pelo caminho podemos ir deitando um olho a outras aldeias, outras paisagens e até fazer umas paragens em locais agradáveis para se estar um bocadinho em maré de apreciação.

 

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Pois desta vez para o nosso itinerário de ida, vou recomendar-vos a estrada do S. Caetano ou de Soutelinho da Raia, se preferirem. Quando deixarem Soutelinho para trás e imediatamente ante de aparecer a placa a anunciar o concelho de Montalegre, há um enorme rochedo junto à estrada, que é de paragem obrigatória, pois é desde aí que se vê todo o planalto do Larouco a rematar na serra. É desde este ponto que a Serra do Larouco mostra todo o seu endeusamento. Eu não fiz promessa de lá parar, mas a grande maioria das vezes paro por lá para tomar a minha dose de contemplação.  

 

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Logo a seguir temos Meixide onde no final da aldeia a estrada se bifurca, com ambos os destinos dirigidos a Montalegre. Devemos optar pelo da esquerda em direção a Pedrário e Sarraquinhos, nesta, logo na entrada devemos entrar dentro da aldeia, atravessá-la e sair em direção a Zebral. Todas esta aldeias são interessantes, assim, se algum motivo o convidar a parar, pare, pois temos tempo para chegar a Viade de Baixo.

 

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Depois de deixarmos Zebral de lado sem entrar nela, seguimos em direção a Vidoeiro, uma das aldeias dos colonos de Salazar, deve ignorar as placas para o Cortiço, mas se passar por lá também fica a caminho, e a pouco mais de 1 km está na “estação de serviço” do Barracão, já na EN103 (estrada Chaves-Braga).    

 

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Aqui começa a segunda parte do nosso itinerário que servirá para ir e mais tarde regressar. Estando no Barracão é só seguir pela EN103 em direção a Braga. Vai passar pela Aldeia Nova do Barroso (outra das aldeias dos colonos de Salazar), por S. Vicente da Chã, por Travassos da Chã (a lado), por Penedones e Parafita e logo a seguir aparecem as placas a indicar a entrada para Antigo de Viade, mas não é este o Viade do nosso destino de hoje, assim, continue pela EN103 e oitocentos metros mais à frente, aí sim, terá a indicação da entrada em Viade de Baixo e de Cima, à direita. Estamos no nosso destino. Fica o mapa por via das dúvidas.

 

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Estamos finalmente em Viade de Baixo. Não se esqueça, que para regressar a Chaves, depois da visita, deve retomar EN103 mas em direção contrária àquela que tomou para chegar a Viade . Não saia da estrada e estará de regresso a casa. Mas entremos então em Viade e nas nossas recomendações.

 

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Iremos já aos pontos de interesse que vêm nos documentos e livros, mas só um apontamento, não deixe de apreciar com olhos de ver a igreja, as capelas, alminhas e cruzeiros que vai encontrar ao longo da aldeia. O seu casario tipicamente barrosão que ainda vai resistindo, os canastros e tudo o mais que lhe despertar interesse. Na Igreja vi lá um pormenor que me encheu as medidas e que fica na foto seguinte. Trata-se das escadas de acesso à torre sineira, são de uma mestria suprema, nem que fosse só por este pormenor, já valia a pena uma visita a Viade. Mas há muito mais…

 

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Vamos aos documentos, iniciando pelo livro Montalegre, onde se diz:

 

Área: 43 Km²

Densidade Populacional: 18.1 hab/km²

 População Presente: 750

Orago: Santa Maria

Pontos Turísticos: Albufeira de Pisões; Solar dos Queridos; Marco Miliário e Igreja (Viade de Baixo);

Lugares da freguesia: (10) Antigo, Brandim, Friães, Parafita, Pisões, Telhado, Viade de Baixo e Viade de Cima, Lama da Missa e Castelo.

 

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Os dados do parágrafo anterior referem-se à antiga freguesia de Viade de Baixo, ou seja, Viade foi também uma das freguesias rifadas para se unir a outra freguesia vizinha, a de Fervidelas, ou seja, atualmente chama-se União de Freguesias de Viade de Baixo e Fervidelas, pelo que, às aldeias da freguesia atrás mencionadas, acrescem agora a aldeia de Fervidelas e Lamas.

 

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E continua o livro Montalegre:

 

A freguesia de Santa Maria de Viade orgulha-se do seu passado glorioso, de que restam vestígios notórios, às vezes, de muito difícil estudo por ausência total de documentos. Referimo-nos ao bonito solar dos Queridos no qual sobressai uma impressionante pedra de armas, dos Barrosos e Mouras, e a extinta capela de Santa Rita. A dificuldade de retirar da obscura poeira dos tempos a verdadeira história destes e doutros monumentos conduz à propagação do rosário de lendas que a tal respeito se contam.

 

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E continua:

 

O vale do Regavão, que bordeja a freguesia pelo sul e nascente, dá passagem à via prima, aqui assinalada por um miliário gigante que depois se transformou na cruz de Leiranque. Não longe desse local houve um pisão – que passou a topónimo da barragem e mais acima a antiquíssima Vila de Mel, provavelmente a primeira “statio” (São Vicente da Chã seria a segunda ) entre as cidades de “Praesidium” e “Caladunum” – “mansiones” da dita via imperial. Aí, ainda se pode ver a necrópole cujas sepulturas abertas num granitoide muito mole e areento se vão esboroando com a erosão eólica e aquática. Urge acudir-lhes. Doutras eras mais recentes temos imensas notícias que dariam para grossos volumes.

 

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E ainda:

Apesar de tudo ainda temos mais de mil fontes por esses recantos e algumas, que abasteceram as povoações, merecem uma visita! São as fontes de mergulho ou de chafurdo: em Mourilhe, Arcos, Vila da Ponte, Meixedo, Telhado, Viade de Baixo… Quase todas as povoações tinham a sua.

 

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E ainda a Lenda de Montalegre com uma referência a Viade:

 

Lenda de Montalegre

 

Diz-se que andavam por aí uns fidalgotes, com avantajadas comitivas de escudeiros, pagens e criadagem os quais entravam nas aldeias, comiam, bebiam do bom e do melhor, acomodavam e alimentavam cavalos e mulas, dormiam nas melhores casas e não prestavam  contas. Traziam os barrosões de nervos alterados e incapazes de lhes dar resposta condigna visto que partiam como chegavam, fora de horas e sem avisarem.

 

Mas num belo dia uma grande comitiva subia do Minho  por Salto, Vila da Ponte, Viade, comendo os melhores leitões, vitelas e cabrito, bebendo á tripa fora, despejando dispensas e fumeiros e sem abrirem os cordões à bolsa.

 

Juntou-se o povinho com grande alarido e ameaças ao alcaide cerca dos cubelos do Castelo. Ameaçado e vaiado o alcaide ordenou ao Capitão-mor que organizasse as forças necessárias para emboscar os agressores e obrigá-los a pagarem os prejuízos causados. 

 

Foi acorrentado para o cárcere do Castelo o Fidalgo que superintendia e comandava os assaltantes sendo dada ordem aos seus criados de regressarem às suas terras. Que voltassem com as quantias que o Povo exigia pelos gastos e roubos e então seria dada liberdade ao fidalgo encarcerado.

 

Uns tempos depois chegaram os familiares do preso e pagaram as suas dívidas. De seguida foi entregue o cavalo ao prisioneiro. Que partisse e não voltasse… 

 

O homem ao montar o seu cavalo a caminho da liberdade, despediu-se com duas palavras que são muito queridas a todos os Barrosões.

 

- Monto  alegre!!!

 

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E mais:

 

As Igrejas, Capelas, Alminhas e Cruzeiros - Vestígios de estilo românico nas Igrejas de S. Vicente da Chã, Viade e Tourém.

 

E ainda:

 

Contudo, a maior riqueza das nossas igrejas encontra-se no interior: tanto em muitos dos seus santos que escaparam à usura de sacristães, padres e “homens-bons”, como na talha que as orna, sendo que uma boa parte dela se deve a ignorados artistas autóctones. Merecem algum realce certos exemplares como Salto, Santa Marinha, Covelo, Vila da Ponte, Viade, S. Vicente, e sobretudo, pelo ruralíssimo e humílimo conjunto de talha de S. Miguel de Vilaça.

 

E também:

 

Há várias povoações com núcleos de construções tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de ajuda para a melhor preservação do património construído.

 

Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e Sirvoselo. Em todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende.

 

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Continuando no livro “Montalegre”

 

No castelo de São Romão gravaram uma cabeça de boi, há milhares de anos, em sinal do culto que lhe devotavam; no século passado, os de Travaços do Rio, terra de memórias firmes e longas, gravaram a cabeça do boi campeão numa torre que lhe dedicaram. Não há muitas décadas, dezenas e dezenas de bovinos faziam novenas à roda da Capelinha do Santo António de Viade que os protegera de doenças e desastres.

 

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Capela de Stº António

 

Quanto a festas:

 

As Festas

 

Por falarmos em festas, algumas ocorrem cada ano por toda a região. As de mais nomeada e tradição são as festas concelhias ao Senhor da Piedade, que se realizam na capital, durante a primeira quinzena de Agosto; a de Salto, à Senhora do Pranto, em 15 de Agosto; a de Vilar de Perdizes, à Senhora da Saúde, a meados de Junho; as das sete Senhoras, todas elas Nossa Senhora dos Remédios, em sete localidades diferentes de Barroso, no dia 8 de Setembro, etc.

 

Muitas delas apresentam um programa de carácter etnográfico e recreativo e realizam-se em locais de impressionante envolvência paisagística. Entre estas destacam-se: a Senhora da Vila de Abril, na freguesia de Contim; a Senhora das Neves, na freguesia de Cabril; São João da Fraga, em Pitões; a Senhora de Galegos, na freguesia de Cervos (Cortiço); o São Domingos, em Morgade e o Santo António, em Viade.

 

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E arte sacra:

 

É ver e conhecer a tríade dos Pintos de Donões que tantas obras nos legaram e pedem meças a qualquer artista; são verdadeiras obras-primas que ornam ainda os altares de dezenas de igrejas, desde Montalegre a Chaves, Boticas e Valpaços. Foram exímios escultores, com algumas peças perfeitamente inéditas no nosso meio; foram pintores, douradores de altares e imagens, ensambladores e entalhadores. De todos estes exercícios guardamos espécimes de altíssima qualidade no nosso Concelho. O primeiro, Bento Pinto Júnior (1837-1922) tem obras em Donões, Fírvidas, Peirezes, Sapelos, Pedrário, Montalegre, Travaços, Cambeses e Viade; Domingos José Pinto (1874-1950) deixou obras na Vila da Ponte – a primeira imagem da Senhora de Fátima em Barroso- em Montalegre, Donões, Padroso, Nogueira (Boticas) e Bustelo, Vilarelho e Chaves (todas do concelho de Chaves); António Teixeira Pinto está bem representado nos quatro concelhos acima referidos, sobretudo na pintura e douramento de altares conquanto tenha executado diversas imagens.

 

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E agora é a vez da “Toponímia de Barroso” fazer a sua entrada:

 

VIADE

Desde 2013 – União de Freguesias de Viade de Baixo e Fervidelas

 

É o genitivo do nome pessoal Beatus; “villa” BEATI>BIADE>VIADE.

Podia ser escrito Biade pois o topónimo já em:

-1258 «Sancte Marie Biadi» INQ 1514 estava sedimentado. De igual modo a forma encontrada em

-1288 « de Sancta Maria de Biady» (Com o y dos ditos amigos sdo pedantesco arcaísmo) INQ N.A. – 492. Nas inquirições de

- 1282 «…isto he en termyo de Biadi». Aqui voltamos à forma final/inicial – onde apenas faltava o e mudo terminal cujo i já assim devia soar.

 

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 Os cornos da Serra de Barroso, vista desde Viade

 

No Portal do Arqueólogo encontrámos o seguinte:

 

Via Romana XVII

 

Troço de caminho, parte integrante da via XVII do Itinerário de Antonino. Nesta freguesia tem início alguns metros para Sul da ponte da Cambela, nas imediações da qual foi encontrada uma estela funerária, de época romana. Efetivamente na descida para a ponte conserva-se um belo troço lajeado, cujos marca dos rodados é notória. A via entrava no concelho de Montalegre junto à ponte do Arco (ponte romana), milha 35 desde Bracara Augusta ou 43 desde Aquae Flaviae, continuava pela aldeia de Vilarinho dos Padrões, Venda Nova e Castro de Codeçoso. Neste troço que contempla a freguesia da Venda Nova encontra-se submersa pela albufeira da Venda Nova. Nos Pisões, segundo Lereno Barradas atravessaria a antiga EN ao Km. 116, onde conservava um agradável troço de calçada. Desde os Pisões encontra-se submersa pela albufeira do Alto Rabagão até Villa de Mel, a Sul do Alto do Pedrouço. Na Cruz de Leiranque, local inundado pela albufeira foi encontrado um miliário, posteriormente transferido para Viade de Baixo - CNS 19818. Segundo informação anterior ao levantamento efetuado pela CM Montalegre, os restantes miliários provenientes deste troço encontram-se no Museu da Região Flaviense. É um dos troços mais conhecido da Via XVII do Itinerário de Antonino, onde foram registados miliários in situ e principalmente onde se encontraram miliários com marcação desde Chaves e desde Braga, na mesma milha, facto que não se volta a constatar no decurso desta via. Há ainda referencia de que neste percurso de três milhas romanas (cerca de 4,5 km) existiam 10 miliários, de entre os quais dois são anepígafos, um apenas se conservam as milhas, dois são da dinastia Júlio-Claudiana (Cláudio e Tibério) e quatro da dinastia dos Antoninos (Trajano e Adriano). Para obtermos uma descrição deste troço tivemos que nos limitar aos registos mais antigos (anteriores à construção da albufeira), uma vez que só é possível reconhecer este caminho quando o nível da albufeira desce consideravelmente. Na ponte do Arco, segundo Argote a via cruzava a antiga estrada nacional, continuava por Padrões, Venda Nova, correspondente ao lugar antigamente conhecido por Venda dos Padrões, Codeçoso do Arco, encosta do castro de Codeçoso, milha 38, deste ponto a via descia pela encosta Ocidental até ao rio Rabagão, que cruzava no lugar de Porto de Carros, onde existia a ponte dos Três Olhais, sobre o Rabagão, referida por Argote, e destruída pelas cheias.

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Fotografia de Artur Pastor

 

 

Agradecimentos:

 

Em tempo, umas fotografias antigas do Barroso chamaram-me a atenção. Segui a pista de uma delas e fui parar a um grupo do facebook que tinha como título “Viade de Baixo”. Por lá encontrei outras fotos antigas, igualmente interessantes, tal como a que me fez chegar a este grupo. A curiosidade da autoria levou-me entrar em contacto com uma administradora do grupo (Ana Paço), que prontamente me informou serem fotos dos anos 50/60 de autoria de Artur Pastor. A partir de aí recorri mais algumas vezes às ajudas da Ana a pedir informações sobre Viade, a última vez, há poucos dias, a respeito de uma  Capela nas proximidades de Viade e que graças à Ana ficámos a saber ser “ a capela de São António e de São Salvador do Mundo” com festa a realizar-se “no terceiro fim de semana de agosto” e que no passado “ os andores saiam da igreja de Viade e a procissão seguia pelo caminho de terra” até à capela de Stº António, com missa “ e a seguir faziam-se grandes merendeiros nos campos em volta. Da parte da tarde os lavradores que tinham gado, levavam o gado a dar umas voltinhas a capela, para que ficassem protegidos. Hoje em dia, já não se faz a procissão a partir da aldeia, já não há merendeiros e a festa e o arraial são feitos no largo da seara”.

 

Pois só nos resta agradecer à Ana Paços e ao seu grupo no facebook “Viade de Baixo” pela sua disponibilidade e informações que nos facultou, que em muito contribuíram para a feitura deste post. Já agora fica o endereço do grupo ao qual recomendamos uma visita: https://www.facebook.com/groups/viadebaixo/

 

Ficam algumas imagens de Artur Pastor e uma nossa, atual, quase do mesmo ângulo em que A.Pastor tomou uma das suas. Apenas uma coincidência, pois a minha foto foi tomada antes de conhecer a  de A.Pastor, mas deixo ambas pela curiosidade de se poder comparar o atual com a imagem de há quase 70 anos atrás.

 

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E pela certa que haveria muito mais que dizer sobre Viade de Baixo, mas para já fica isto mas pela certa que teremos por aqui esta aldeia outra vez.  Para terminar e ainda antes de passarmos ao habitual  encerramento do post. Fica uma imagem da cruz colocada no recinto da Capela de Stº. António, que também deve visitar. Sem tempo para a poder localizar, se perguntarem na aldeia onde fica, pela certa que chegarão até ela.

 

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E ficamos por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que a SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso à vossa identidade e mail.

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

WEBGRAFIA

 

https://digitarq.advrl.arquivos.pt/details?id=1067634

https://www.facebook.com/groups/viadebaixo/

http://arqueologia.patrimoniocultural.pt/?sid=sitios.resultados&subsid=2349128

https://pt.wikipedia.org/wiki/Artur_Pastor

https://www.cm-montalegre.pt/

 

 

 

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02
Dez17

Festival Galego Outono Fotográfico em Chaves


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Inaugura hoje a terceira exposição, na cidade de Chaves, do Festival Galego de Fotografia -  Outono Fotográfico. A Edição deste ano em Chaves contou com os fotógrafos flavienses Humberto Ferreira no mês de outubro, António de Souza e Silva no mês de novembro e inaugura hoje a de Fernando DC Ribeiro, que estará patente ao público todo o mês de dezembro e extra Outono Fotográfico durante o mês de janeiro de 2018, na Galeria da Adega do Faustino, uma das galerias que nos últimos anos tem estado associada a este festival galego.

 

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A temática do Outono Fotográfico deste ano é: descrenza/disbelief /descrença – e é dentro deste temática que Fernando DC Ribeiro apresenta a exposição intitulada “Resistentes”, abordando em geral a ruralidade, envelhecimento e despovoamento da nossa região.

 

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Resistentes

Perdem-se na névoa dos dias, a mesma que lhes humedece o olhos e turva o olhar. Sabem que são os resistentes, os últimos. Saudades já não têm, perderam-nas em esperas inúteis, vestem de escuro, de preto, é nele que conjugam as juras eternas, nunca cantaram o fado, o triste fado,  mas de terem andado abraçados a ele toda uma vida, conhecem-no tão bem como a palma das suas mãos e há muito sabem que quem se perde no nevoeiro, jamais regressará. Restam-lhes as horas de um relógio com ponteiros que teimam após cada volta dar outra volta, mas sabem que um dia, quando não tiverem quem lhes dê corda, os ponteiros pararão.

 

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O OUTONO FOTOGRÁFICO é um festival galego de fotografia, o decano da península ibérica, que atinge este ano de 2017 a sua 35ª edição e celebra-se nos meses de outubro, novembro e dezembro, em várias cidades galegas e portuguesas do Norte de Portugal, entre as quais a cidade de Chaves, na galeria da Adega do Faustino. Este ano o festival é subordinado ao tema descrenza/disbelief /descrença. «Entre o val e a crista da vaga vivimos: dende a crista avistamos apenas horizontes ou «aforas» imprecisas, e de volta ao val, coa memoria e os sentimentos armamos «adentros» e identidades cos que afrontar de novo o ascenso á crista. O documentar e inventar sobre o «fóra» e o «dentro», sucédense na história da fotografía de vaga en vagas nun entramado fecundo autointerferido proteico. Documentar e inventar: entre a acción de Francesc Boix, fotógrafo que cos negativos expropiados en Mauthausen e a súa testemuña en Nürnberg combateu o terror nazi, e as docufábulas de Jeff Wall ou Cindy Sherman cohabitan multitude de formalizacións fotográficas comprometidas coa contemporaneidade humanista, mais o terreo no que operar é infindo: para alterar o método, aventurarse na refutación do evidente e descrer a evidencia; dilucidar e raer os camiños da reflexión que nos reconecten co medio natural e o ser humano, que conduzan neste a respectar a complexidade magnífica da sua «diversidade» identitaria e naquel a rescatar o seu carácter radical de «ser vivo» e descrer así os modelos decretados, descrer para avanzar. Característica esencial da evolución, da ética e do coñecemento: a descrenza. Eis o tema da XXXV edición do OF.»

 

P.S.

Só me resta mesmo agradecer ao Humberto Ferreira a montagem desta exposição, sem a ajuda do qual, a mesma, não seria possível.

 

 

 

04
Abr17

Exposição de Fotografia na Adega do Faustino


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Não é em vão que se nasce em Trás-os-Montes. Não é em vão que se calcorreiam montes e vales, estradas, caminhos e se cruzam aldeias. Não é em vão que se ama a fotografia e se preza a amizade.

 

Esta exposição é a síntese de três registos diferentes, mas complementares. Podem parecer por vezes desapaixonados. Puro engano. Resultam de três olhares afligidos pelas terras que aprendemos a amar. 

 

Dói-nos este amor? Claro que sim. Dói-nos este inexorável desaparecimento? Evidentemente.

 

Por isso decidimos juntar duas das nossas grandes paixões: a fotografia e o mundo rural.

 

Fazemos aquilo que podemos. Registamos em imagens o que ainda por cá teima em existir.

 

O resultado é esta maneira de celebrarmos a nossa identidade transmontana.

 

Esperamos que gostem.

 

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A partir de hoje e prolonga-se até ao fim fo mês de abril.

 

 

02
Dez16

Exposições do "Outono Fotográfico" em Chaves


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A partir de hoje e até ao final deste mês estarão patentes ao público duas exposições de fotografia integradas no Festival Galego de Fotografia – Outono Fotográfico, este ano com a tema “Dentro-Fora / In-Out”.

 

Uma exposição Individual de Fernando DC Ribeiro, na Adega do Faustino intitulada “Um mundo que acaba”

 

Um mundo que acaba

Por dentro e por fora do que resta de um mundo rural e de artes que acabam sem retorno possível. Um mundo de resistentes que por amor ao berço disseram não aos convites da partida.

 

Uma exposição que tenta ir de encontro à temática da 34ª edição do Festival Galego de Fotografia – Dentro/Fora, In/Out - com uma mostra de momentos captados no mais puro que há dentro do mundo rural, de um mundo de artes e saberes, de uma cultura singular, interior, telúrica, hoje feita de resistentes,  a contrastar com a provocação/sedução do glamour, dos neons, num ruído de culturas onde o multiculturalismo dos que partiram se globaliza e acultura, onde as berças ficaram para sempre sepultadas ou fazem doer a memória sobrevivendo apenas na saudade.   

 

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Cumplicidades

A outra exposição, coletiva, é da Associação de Fotografia – LUMBUDUS e depois de ter estado patente ao público durante o mês de novembro em Verin, chega agora à cidade de Chaves, onde estará patente ao público na Biblioteca Municipal até ao dia 30 de dezembro.

 

Nesta coletiva participam os fotógrafos Lumbudus António Souza e Silva, Fernando DC Ribeiro, Humberto Ferreira, João Madureira, Lamartine Dias, Paula Dias e Sergio Crespo. Intitulada “Cumplicidades” mostram o quotidiano, enquanto unidade de espaço e tempo, onde nos permite apreender as heterogeneidades do espaço vivido, concebendo novos sentidos e significados às experiências que vivenciamos, que envolvem e elaboram relações contraditórias entre o dentro e o fora, o antes e depois, mudança e permanência, espaço e tempo, apreendidas por distintos meios como os olhares dos fotógrafos.

 

 

03
Ago14

Dois flavienses e os seus olhares no Casino do Carballiño - Galiza


 

 

Fernando DC Ribeiro e João Madureira expõem em conjunto no Casino do Carballiño, cinquenta fotografias, durante todo o mês de agosto. Esta exposição intitulada “PERSPETIVAS”, surge no âmbito do intercâmbio de exposições entre a LUMBUDUS – Associação de Fotografia e Gravura, com sede em Chaves,  e O POTIÑOS – Asociación Fotográfica, com sede no Carballiño, na Galiza.

 

Fotografia de Humberto Ferreira

 

 Fotografia de Humberto Ferreira

 

 

 

16
Dez13

Chaves - Olhares Sobre a Cidade


No dia 19 de outubro deste ano o Blog Chaves comemorava os dois milhões de visitas levando a efeito uma exposição de fotografia e o lançamento do livro “ Chaves – Olhares Sobre a Cidade”. Quem passou pela exposição pôde ver a exposição ao vivo e adquirir o livro com 25 fotografias e 25 textos de autoria dos colaboradores do blog. A exposição vai ser impossível reproduzi-la aqui mas o livro pode ficar online:

 

Se estiver interessado em adquirir o livro em papel, também o pode fazer em algumas livrarias flavienses (Ana Maria – Rua Direita; Flávia D’Ouro – Rua do Olival; Galeria Antigona – Rua de Stª Maria e Tabacaria a Mina na Rua Direita).  Entretanto e até ao final do ano, vou deixando por aqui.

Para hoje fica o prefácio do livro, de autoria de José Carlos Barros:

 

"Há um território de partida e há a intervenção culta do Homem sobre o território ao longo do tempo: a Paisagem é o resultado dessa interacção. Quando essas ligações se quebram ou diluem – as dessa íntima associação entre a mão e a terra, entre o pensamento e a mão, entre o rural e o urbano – é uma cultura que começa a perder-se até ficarmos à mercê do que nos é exterior. De nada nos vale, então, socorrermo-nos da tradição – se a tradição, mais do que a procura de um regresso a nós mesmos, é já a busca festiva e folclórica das imagens do que seríamos se não tivéssemos desejado ser outra coisa.

 

De pouco, neste passo, nos valerá o lamento de estarmos à mercê dos mercados e de procurarmos nos outros a culpa de nos termos perdido: porque o contrário de construir uma Paisagem, de fazermos parte dela, é ficarmos dependentes da abstracção e da volatilidade. É sermos frágeis. E isso

 

(prosseguir um caminho ou outro)

 

é sempre o resultado de uma escolha – ainda que por alheamento ou falta de comparência.

 

As fotografias de Fernando Ribeiro devolvem-nos um território que deixámos de saber merecer. Por isso, antes de nos maravilharem, nos envergonham. Mais do que a celebração do que éramos ou da ilusão do que poderíamos ter sido – estas fotografias mostram-nos o que acabámos por ser: imagens feitas de abandono e silêncio, partidas, ausências, nuvens escuras sobre os telhados das casas vazias, portas e janelas fechadas, alpendres de madeira suspensos dos seus próprios alicerces de ruína. Fernando Ribeiro, nestas fotografias de velhos sentados à espera de lugar nenhum, ou de neblina poisada nos montes ou nas águas do rio, nas poldras, nos bancos vazios das margens, ou de caminhos onde alguém se afasta por entre as árvores altas da impossibilidade dos regressos – mostra-nos o que se esconde se soubermos ver; mostra-nos o que poderia estar por detrás: a Paisagem, ainda

 

(rural e urbana),

 

no que isso significa

 

(no que poderia significar)

 

de aproveitamento económico de recursos endógenos e enquanto exemplo maior de uma civilização e da intervenção culta de uma sociedade – assim traduzida em identidade cultural e resiliência.

 

A insistência no contraste – que a opção pelo preto-e-branco das fotografias acaba por potenciar – permite-nos ver além do olhar: a parede branca, iluminada, que se ergue contra as três figuras humanas, escuras e sem rosto, definidas apenas pelos contornos, com a copa também escura das árvores e a sombra que sai dos pés dessas imagens enigmáticas para se estender até ao primeiro plano da fotografia – define um rectângulo pela horizontal, a meio, que é simultaneamente uma linha de abertura para o que lá não está, e que uma outra figura humana, cortada pela metade, deixa em aberto. Este é apenas um exemplo de como, a partir, umas vezes, dos planos de contraste

 

(o vestido negro da mulher encostada a um muro, e a luz, por detrás, a iluminar o empedrado da rua; os cipreste negros e o cruzeiro branco contra o fundo branco da igreja e os tons escuros, subindo até ao negro, do horizonte)

 

e outras vezes a partir da ambiguidade e da expectativa

 

(um homem de costas a entrar no que pode ser um pátio mas que é também o lugar difuso, de fronteira, entre espaço público e espaço privado; o portão fechado na rua que a mulher sobe com um molho de guiços de lenha; as casas da cidade com todas as portas fechadas numa rua onde os homens se cruzam, indiferentes, de mãos nos bolsos; o homem de sachola ao ombro, chapéu na mão e roupa quase cerimonial)

 

– estas fotografias

 

(o conjunto delas e cada uma delas individualmente considerada)

 

instituem uma narrativa, insinuam histórias, deixam planos em aberto para a descoberta, a imaginação, a inquietude e o sobressalto. Para, portanto, permitirem a cada um de nós desenhar a história do que poderíamos ter sido, do que poderíamos ser.

 

Mas há sempre quem não desista. Este livro, estas imagens e os textos que as acompanham, juntando antigos e actuais colaboradores do blog "Chaves", fazem parte de um projecto celebrativo: o blog onde originalmente foram publicadas as fotografias deste livro, e outras que serão expostas no âmbito desta mesma celebração, atinge por estes dias o número impressionante de dois milhões de visitas. Repita-se: dois milhões de visitas...

 

O número é invulgar, claro – e leva-nos a perguntar por que razão tanta gente visita diariamente um blog cuja preocupação essencial são as Aldeias, a Paisagem, a História, o Património, a procura de equilíbrios entre o mundo rural e o mundo urbano. A este serviço público do Fernando Ribeiro – as pessoas, como se vê, respondem com a presença e a manifestação do seu interesse.

 

E isso é também motivo de comemoração: sabermos que, apesar de tudo – e o blog "Chaves" será apenas um exemplo e um pretexto para o afirmarmos –, um grupo numeroso e cada vez maior de pessoas assume o seu compromisso de defesa dos elementos mais centrais da nossa História e da nossa identidade cultural."

 

José Carlos Barros


19
Fev11

Vamos Brincar!?


 

 

A Câmara Municipal de Chaves há uns anos atrás publicou uma postura municipal em que proibida os animais de andarem na rua à solta. Claro que num concelho rural como o nosso, essa postura era impossível de cumprir e então vai daí que, já que os animais não saiam das ruas havia que tirar deles alguma utilidade para a sociedade e entrou numa de ensino dos mesmos para tarefas diárias em prol da população. A mais conseguida foi a dos cães com o ensino ministrado para ajudar pessoas a atravessar as passadeiras em segurança, colocando-se no meio da via em frente à passadeira enquanto os peões as atravessam ou sinalizando pessoas distraídas que ficam a falar no meio da via.

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Havia outra postura do género que obrigava os cavalos, éguas, burros e mulas a usar fraldas sempre que circulassem na via pública. Nas aldeias a coisa ainda foi funcionando, embora sem fralda, mas obrigando os proprietários dos animais a andarem de carreta e enxada para apanharem os detritos de animais. Na cidade, nem por isso a postura foi levada em consideração, às vezes até alguns animais de duas patas vão desrespeitando a postura, embora até sem muita culpa …

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Claro que tenho estado ironicamente a reinar embora as posturas até existam, mas fico assim sempre que vejo os políticos a reinarem connosco, a fazerem de nós parvos. Hoje caí na asneira, talvez por cansaço, de não procurar o comando da TV para mudar de canal e ver os meus habituais Simpsons,  enquanto decorriam as notícias e, claro, lá apareceram os do costume, Sócrates e Cavaco, um num de passeio de limpeza de imagem com mais um presente envenenado de construção de uma barragem a troco do fecho da linha do Tua e sacrifício do próprio tua, com as mentiras do costume de que Portugal só tem a ganhar com estes investimentos e com a criação de um milhar de postos de trabalho (que nunca diz ser temporário) e vai esquecendo toda uma população que vive junto ao Tua e que até dependia da linha do Tua para as suas deslocações, além dos habituais problemas ambientais e paisagísticos que a barragem vai gerar.

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Em simultâneo as notícias mostravam o agravamento das contas com a construção de um luxuoso TGV, do qual não prescinde e que em nada nos vai servir, em que só no troço do Poceirão-Caia se vão gastar cerca de 1700 milhões de Euros  e que já é sabido vir a dar prejuízo. Há dinheiro para TGV’s luxos e outras mordomias dos político mas não há para pagar os abonos de família que significava algum pão para muitas bocas. Venham daí as tais reformas profundas que devem começar pela classe política e pelo sistema actual. Venha daí o voto obrigatório para ver se estes políticos são mesmo os nosso representantes, venha daí o FMI pois a grande maioria não irá sentir a sua presença.

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Logo de seguida, e ainda a respeito de comboios e TGV’s,  aparece o “angelical” Cavaco Silva a dizer que se orgulhava de tudo que fez como Primeiro Ministro e nos seus feitos, no qual eu incluo o fecho da Linha do Corgo, pois esta nóia contra os comboios e a sua modernização já não é de hoje. O lobby dos transportadores rodoviários e dos construtores de auto-estradas, sempre falou mais alto.

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Para terminar a noite, recebo as “boas” notícias do Diário @tual (publicadas no post anterior) onde se dá conta que a tal auto-estrada que serviu de pretexto para o encerramento do nosso Hospital (pois o pouco que resta dele não pode ser considerado como tal)  vai passar a ter as anunciadas portagens e o percurso entre Chaves e Vila Real custará 6.40 Euros, o que ida e volta dá 12.80 Euros, mas contando que alguns dos serviços prestados pelo Hospital de Vila Real estão entregues a clínicas privadas de Amarante e Lamego, teremos mais 3.60 Euros (no caso de Lamego) que ida e volta para Chaves custará 20 Euros só de portagens. E Viva o Sócrates e já agora também a nossa deputada flaviense que concorda com tudo que o Sócrates diz, mesmo que seja contra nós.

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Custa viver no meio de tanta mentira e hipocrisia e ainda por cima vermo-nos despojados daquilo que é nosso e dos nossos e termos de pagar a factura dos luxos e dos equipamentos centralistas e do litoral dos quais não usufruímos. Farto de ser considerado igual em deveres mas não o ser em direitos, farto de ser gozado por esta corja que olha para nós de alto como se fossemos um povo de merda, farto das palhaçadas e troca de piropos entre políticos, principalmente os que ocupam lugares para os quais foram eleitos para nos representar, como os da Assembleia da República onde se fizessem um voto de consciência nem sequer deixavam transmitir em televisão as palhaçadas que por lá se passam. Custa-me ver as aldeias abandonadas e nada fazerem por elas ou pelos resistentes que se negam a abandoná-las. Tudo isto já por si custa e dói, mas gozarem connosco recorrendo constantemente à mentira, dói e custa muito mais. Mais que razão tem a Deolinda, mas não é só ela que é parva, mas todos nós somos parvos, em calar e consentir.

 

Fica a “Parva” da Deolinda:(Para ouvir a Deolinda, por favor desligue o som do rádio na barra lateral, localizado por baixo do calendário).

 


 

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