Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

05
Abr15

Pedra de Toque - O Folar


pedra de toque copy

 

O Folar

 

 

                  Na altura da Páscoa era manjar em todas as moradias de Chaves e do Concelho.

                  Também penso que se fazia nas vilas vizinhas mas, sem falsa modéstia, sublinho que o folar da minha cidade era o mais apreciado.

                  A minha mãe, todos os anos, nesta época, não esquecia de confecionar os folares para nós e familiares, bem como para amigos que residiam fora.

                  A massa muito batida na velha masseira (trabalho braçal muito cansativo), ficava deveras macia e fofa.

                  O recheio compunha-se de carnes várias como presunto, entremeada e de boa linguiça e de delicioso salpicão, fumeiro caseirinho, recheio de deuses.

                  Com o decorrer dos anos e as forças a faltarem, minha mãe socorria-se da velha amiga e ainda parente Almerinda, também já falecida, natural de Loivos, terra do meu avô paterno, mas aqui moradora, igualmente exímia na feitura dos folares.

                  O meu pai adorava folar sem ovos, de que me habituei também a gostar e ainda hoje é o meu preferido.

                  Minha mãe incumbia-se sempre de ser ela a fazer essa bola, um folar igual aos outros só que sem ovos, para o marido.

                  Atafulhava-o das tradicionais carnes, a que acrescentava por vezes coelho estufado que lhe dava um sabor muito especial.

                  Juro-vos que era um petisco delicioso que ainda procuro descobrir nos tempos que correm, mas que já não encontro com a qualidade com que saía das mãos fadadas da minha saudosa e querida mãe.

                  Este dito folar sem ovos, como referíamos lá em casa, os que dele mais gostávamos, não era tão forte e, necessariamente, empanturrava um pouco menos.

                  Os homens por norma, comiam o folar acompanhado de vinho ou cerveja e as senhoras e a miudagem optavam por café ou chá onde, por vezes, o molhavam.

                  Quando os folares se faziam a azáfama nas casas era grande porque era necessário não só bater a massa, como partir cuidadosamente todas as carnes.

                  E a “canseira” só terminava quando as empregadas os levavam em tabuleiros na cabeça para os fornos que existiam cá na terra.

                  Registo com agrado que a tradição se mantém já que, em tempos de Páscoa, o folar continua a ser petisco de que não se prescinde à mesa dos Flavienses.

                  Com jubilo congratulo-me com a recente distinção de ouro, por quem de direito, para o folar de Chaves, o melhor folar salgado do nosso país.

                  Ao lembrar-me de tempos idos vou por ora deixar-vos e, enquanto como um cibo de folar, aproveito, para vos deixar votos sinceros de uma PÁSCOA FELIZ!...

 

António Roque

31
Mar13

Pecados e Picardias


 


Cheira a folar


 

Cheira a folar

E enquanto cresce a água na boca

voa um pensamento às origens

onde encontros no forno, prediziam futuros

e acordavam passados

 e Deus

(em vez de salivar)

vestido de mistério e semblante carregado

vigiava

aqueles que  tinham ideias clandestinas de adultério

 de  carne desejar…




cheira a folar

E a cabeça fica confusa de tão oca

da moral de sexta feira santa, o apetite dá vertigens

expondo-se alguns  descarados do forno e da forja aos esconjuros...

e agora sopram ventos que nem por ser Páscoa são menos atribulados

E Deus

 (em vez de cá voltar)

Vestia de jejum em espaços breves

 E Pensava

Deixar” troicas” continuar a filosofia da pobreza que nos torna mais leves

 para  subir a escada

já com a certeza de ascender a um céu que aparenta

um milagre sem véu

vedado  a alguns de  nós os hereges que sem crer

continuam a querer empreender com alma tenaz e lenta

a liberdade de poder clamar

Reciprocidades sem prisões relacionais,

mesmo que seja quaresma,  um aroma a todos e os demais

como quando no ar livre cheira a folar…

 

Boa Páscoa  a Todos

 

Isabel Seixas



07
Abr12

Vamos lá a um bocadinho de folar... Bom apetite!


 

Para ontem, prometi uma publicação com folares, mas como só os tinha com carne, só hoje é que os deixo por aqui, não fosse algum guloso pecar.

 

Ficam apenas duas fotos, pormenores por sinal, uma de um folar ainda inteiro a outra de uma fatia com uns pedacitos de carne a espreitar.

 

 

Quanto ao seu paladar nem há como comê-lo,  já quanto à sua confeção, para não me estar a repetir e escrever tudo de novo, deixo-vos o link para aquilo que escrevi em 2007, onde há mais fotos e se ensinam os segredos do folar flaviense. O post continua atual e continuará, pelo menos enquanto houver mãos que saibam amassar folares e ingredientes caseiros.

 

Fica o link:

 

http://chaves.blogs.sapo.pt/165311.html

 

 Boa Páscoa!

 

12
Abr09

Boa Páscoa


E hoje como é Domingo de Páscoa não teremos por aqui o costumeiro post dedicado a uma aldeia e apenas deixarei por aqui umas breves palavras  e duas imagens.

 

.

 

.

 

A primeira imagem, e na ausência de melhor, é da Praça do Duque de Bragança com a Igreja Matriz ou de Stª Maria Maior ao fundo, ou seja, a Igreja da freguesia com o mesmo nome (Stª Maria Maior), a freguesia urbana por excelência.

 

É esta a imagem que escolhi para vos desejar a todos uma boa Páscoa.

 

Mas quem fala de festas e celebrações religiosas, fala também de tradições, principalmente a que está ligada também na celebração à mesa, e então neste campo, a Páscoa é uma das que mais tem a dizer, desde o início dos Domingos de Quaresma até ao 1º Domingo de Páscoa, principalmente “à margem” da igreja mas ligada a ela, o povo tem as suas tradições populares, com o Domingo Gordo, as carnes de porco no carnaval e os jejuns.

 

Também o comércio se alia nestas celebrações à mesa ou da boca e vê nestas quadras religiosas uma oportunidade para vender mais um pouco e se para o natal inventou até um pai, para a Páscoa tem as amêndoas e nos últimos anos inventou o coelho e os ovos de chocolate. Por mim tudo bem, só embarca nestas invenções quem quer e da minha parte, embora dispense o chocolate, umas amêndoas até adoçam a boca, mas se não as houver, também não faz mal, poupa-se em dentes e açucares.

 

.

.

 

 Há no entanto uma iguaria ligada a esta quadra que nenhum flaviense dispensa, o folar, o nosso, o de Chaves, porque nisto, também há diferenças de terra para terra.

 

Pois, e peço desculpa aos flavienses ausentes que não tiveram acesso a ele, deixo por aqui uma imagem do folar cá da terrinha, neste caso o da casa. Claro que em imagem apenas se poderá apreciar a cor e o feitio, mas mesmo sem o sabor, fica o registo das coisas boas que a Páscoa tem.

 

Para saber mais sobre o folar de Chaves e a sua feitura tradicional, seguir este link do post de há dois anos atrás, pois a tradição repete-se ano após ano com alguns segredos que também vão passando de geração em geração: Folar de Chaves

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

20-anos(60378)

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • LUÍS HENRIQUE FERNANDES

      *Jardim das Freiras*- De regresso à cidade-Faltam ...

    • Anónimo

      Foto interessante e a preservar! Parabéns.

    • Anónimo

      Muito obrigado pela gentileza.Forte abraço.João Ma...

    • Anónimo

      O mundo que desejamos. O endereço sff.saúde!

    • Anónimo

      Um excelente texto, amigo João Madureira. Os meus ...

    FB