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“De vez em quando é conveniente verificar se os marcos de Portugal estão no sítio.” Estas palavras são de Miguel Torga, a respeito do Castelo de Monforte (Diário XIV), e estes “marcos” estão bem presentes naquela que foi uma importante praça militar, de Chaves, tendo igual importância na defesa do território nacional em face das vulnerabilidades defensivas do vale de Chaves, uma grande porta de entrada de acesso fácil. Daí os estrategas militares do antigo Reino de Portugal terem dotado o concelho de Chaves com 3 castelos (Monforte de Rio Livre, Santo Estêvão e Chaves) e dois fortes (S. Neutel e S. Francisco), fazendo com que a cidade de Chaves (então vila) fosse uma autêntica vila militar e uma das praças mais importantes de Portugal, mas nem mesmo assim foi suficiente para conter as invasões de Castela e Napoleónicas, deixando de parte as mais antigas (invasões bárbaras).
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Pois tal como Torga, também eu de vez em quando vou passando pelos nossos marcos para ver se estão no sítio e está tudo bem com eles, hoje já sem a preocupação militar, mas ainda com a preocupação de preservação do nosso património, que infelizmente, não fica de fora da ação das maleitas da modernidade, sobretudo a do despovoamento, envelhecimento e abandono e tal como as nossas aldeias e periferias, quanto mais distantes estão do centro da cidade, mais sofrem dessas maleitas, basta dar uma olhadela ao que acontece no Castelo de Monforte. Mesmo nos mais próximos, o estar mais perto do centro da cidade faz toda a diferença, senão comparemos os nossos dois fortes, o de S. Neutel, mais afastado e o de São Francisco, em pleno centro da cidade. O primeiro está fechado e sem vida, o segundo está aberto e com muita vida dentro. O primeiro tem uma capela no seu interior o segundo tem uma igreja. O primeiro tem um importante auditório ao ar livre onde nada acontece, o segundo tem um auditório coberto, que embora pequeno, vão acontecendo coisas. O primeiro tem pavimentos de terra, com muita erva e algum fiolho (funcho), o segundo tem jardins, relvados bem tratados, largos e passeios devidamente pavimentados e muitas árvores ornamentais, inclusivé até palmeiras tem. O primeiro para além da capela tem mais uma pequena construção, o segundo tem várias e importantes construções onde está instalado um Hotel de luxo, com piscina e campos de ténis, restaurantes, bares, etc. e por aí fora... As únicas mais valias que o primeiro forte (de São Neutel) tem em relação ao segundo (de São Francisco) são a do primeiro ter um fosso que o segundo não tem e realizar-se lá a festa anual da Senhora das Brotas, mas também aqui…coitada da festa, nem as calcanhares chega de uma festa de aldeia, por mais pequena que a aldeia seja.