O Barroso aqui tão perto - Campos
Freguesia de Ruivães e Campos - Vieira do Minho
Depois de uma longa ausência desta rúbrica das aldeias do Barroso neste blog, cá estamos de novo a retomar a nossa longa caminhada pelas aldeias barrosãs. Certo que já por aqui ficaram todas as aldeias do concelho de Montalegre e do concelho de Boticas, mas para o Barroso ficar completo, temos ainda que concluir as freguesias do concelho de Vieira do Minho e de Ribeira de Pena que também pertencem ao Barroso, mais propriamente as freguesias de Ruivães e Campos de Vieira do Minho, e a de Canedo de Ribeira de Pena.
Do concelho de Vieira do Minho, freguesia de Ruivães e Campos, já aqui abordámos as aldeias de Botica, Espindo, Frades, Lamalonga, Paredinha, Soutelos e Santa Leocádia. Para concluirmos o “Barroso de Vieira do Minho” só está em falta a aldeia de Ruivães e Campos, sendo que esta última vai ser hoje aqui abordada.
Seguindo a metodologia das anteriores abordagens às aldeias de Barroso, deixar-vos-emos aqui uma seleção das imagens que recolhemos na aldeia, um vídeo resumo, localização da aldeia, como chegar até lá a partir da cidade de Chaves, as nossas impressões pessoais sobre o nosso sentir da aldeia e a história, possível, com base na documentação escrita a que tivemos acesso, que é sempre rara e/ou alguma existente na internet, nas páginas oficiais dos municípios, turismo, etc.
Vamos lá então partir da cidade de Chaves em direção à aldeia de Campos, pelo nosso itinerário preferido, que julgamos ser mais interessante, que por acaso também coincide com o itinerário mais curto em pelo menos 10Km em relação ao itinerário alternativo, que também deixaremos aqui a referência para quem o queira utilizar.
Então a estrada principal a tomar par chegarmos até Campos é a Nacional 103, também por nós conhecida como estrada de Braga, mas só até Sapiãos, onde devemos saír em direção a Boticas, onde devemos apanhar a R311 em direção a Salto. Na entrada de Salto (sem entrar), deverá deixar a R311 e seguir pelo CM1025-2 em direção à Borralha (Minas) onde também lhe deverá passar ao lado (sem necessidade de entra na aldeia) e seguir aa partir de aí pela M623 em direção a Linharelhos, e logo a seguir terá a Lamalonga e de seguida o nosso destino – Campos. A todo são 66,5km, 1H20 se for cumpridor do itinerário, das regras de transito e sem paragens. Mas fica a carta com o itinerário marcado.
A alternativa ao itinerário anterior é seguir sempre pela EN103 até passar a Barragem da Venda Nova, pouco mais à frente existe uma saída à esquerda em direção a Lamalonga e logo a seguir é Campos. Por este itinerário são mais 12Km, num total de 75.7km.
As nossas deslocações a estas aldeias de Vieira do Minho iniciaram-se pouco antes da pandemia, tivemos que interromper por causa da mesma e só depois é que conseguimos concluir. Fizemos as nossas deslocações às aldeias sempre de Verão, mas calhou-nos na sorte apanharmos dias de inverno, embora com temperatura agradável, mas sempre com chuva, às vezes intensa, e nevoeiro. Exceção para um dia, de conclusão, maioritariamente dedicado à Serra da Cabreira, em pleno Inverno de Dezembro, com um dia de sol radiante.
Gente nas ruas não havia, talvez pela chuva mas também pelo despovoamento que tem sido uma constante nas últimas dezenas de anos. exceção de uma ou outra que eram obrigados a andar nas lides diárias de levar o gado aos pastos que me pareceu ser a principal atividade da aldeia. Quanto ao casario é tipicamente barrosão, mais parecido ao do alto-barroso de rua estreitas e empedradas, com casas de granito a vista, incluindo a igreja e os canastros que abundam na aldeia, sendo uma aldeia ainda bem interessante no que respeita ao casario e ao seu aglomerado, com todos os seus pertences e sem grandes atentados de construções modernas. Os realces do que vimos, vão para a igreja, os canastros, o cruzeiro, o forno do povo e o casario privado em geral. Soubemos, entretanto, da existência de uma ponte romana que pelo que vi até bem interessante, mas não tivemos a oportunidade de ir até ela. Mas fica a referência. Em suma, mesmo com chuva e nevoeiro, gostámos do que vimos e recomendamos uma visita.
Campos foi sede de freguesia até à última reorganização administrativa das freguesias de 2013, à qual pertencia a própria aldeia de Campos e os lugares de Lamalonga e Cambedo. A freguesia foi extinta e passou a pertencer à União de Freguesias e Ruivães e Campos. A aldeia da Lamalonga já foi aqui abordada em tempo. Quanto ao lugar do Cambedo, pelo que nos apercebemos não se trata propiamente de uma aldeia com aglomerado tradicional, mas antes um lugar com algumas casas dispersas junto à EN103 e barragem da Venda Nova, mesmo em cima da fronteira com o concelho de Montalegre.
E quanto ao nosso olhar pessoal sobre a aldeia, ficamo-nos por aqui, o restante que virá a seguir é de alguma informação que recolhemos na internet, sobretudo em dois portais, um do turismo e outro das aldeias de Portugal, que transcrevemos a seguir, e onde a aldeia é tratada como sendo ainda sede de freguesia, daí às vezes haver referências à própria freguesia e seus lugares.
Do Portal de Turismo de Vieira do Minho temos o seguinte:
“Freguesia de Campos
A freguesia de Campos situa-se a cerca de 32 Km ENE da sede do concelho de Vieira do Minho, ocupando uma área de 1313 hectares. O rio Rabagão e a freguesia de Ferral do Concelho de Montalegre constituem o seu limite geográfico a Norte. Ruivães apresenta-se a Poente e Agra (Rossas) a Sul, enquanto a Nascente é a Barragem da Venda Nova e Salto(Montalegre) que delimitam a sua fronteira. Os aglomerados rurais concentrados de Campos e Lamalonga têm uma tipologia já marcadamente transmontana e a sua localização nas cotas 820 e 860 respectivamente condiciona naturalmente o tipo de actividades agrícolas aqui desenvolvidas. O nome desta freguesia adequa-se à grande quantidade de prados virados a sul, onde predomina a cultura do milho e centeio, sendo a pecuária (sobretudo do gado de raça barrosã) preponderante na subsistência de quem ainda se dedica ao sector primário. Os paúis existentes na encosta sul até à ribeira da Lage produzem pastos naturais de elevada qualidade.
Terra de transição entre o Minho e Trás-os-Montes, a aldeia de Campos conserva um núcleo concentrado de habitações tradicionais, assim como um património valioso e uma paisagem natural excepcional. Com uma localização privilegiada por entre montes e campos, a aldeia oferece excelentes condições a quem procura um contacto directo com amplos espaços e conviver com o mais puro que a vida rural pode oferecer. Aqui, os pontos que merecem ser visitados são os Fornos Comunitários, local onde antigamente se refugiavam os pobres que passavam por Campos, a Igreja de S. Vicente de Campos, os vários espigueiros, as Alminhas e algumas casas de granito que datam do século XVIII.
O carvalhal do Esporão, já próximo do limite com Linharelhos, é uma relíquia verde e um espaço aprazível de que esta freguesia se orgulha e tem procurado salvaguardar. Aqui fica o campo de Jogos e o parque de merendas, apetrechado com pontos de fogo, água e mesas adequadas, constituindo um espaço de lazer muito procurado nos períodos estivais.
Dadas essas características, a aldeia de Campos foi classificada como “Aldeia de Portugal”, em 2005, pela Associação de Turismo de Aldeia (ATA).
Origem histórica:
Primitivo povoamento pré-histórico (restos de crastos). Nos começos da nacionalidade estava incluída no julgado de Borba de Barroso, depois concelho de Ruivães, onde ainda permanecia conforme registos nas memórias paroquiais de 1758. Nessa altura, era povoada por trezentos e cinquenta habitantes distribuídos por sessenta e sete habitações. Em 1925, há referências que indicam a existência de quatrocentos e quarenta e três almas distribuídas por cento e quatro fogos.
A igreja matriz de antiquíssima fundação tem por orago S. Vicente e aparece com vigararia de apresentação do reitor de Viade até à extinção dos coutos, passando seguidamente à Coroa e desta, por doação à Casa de Bragança.
Nos tempos da corrida ao volfrâmio, esta freguesia conheceu períodos de grande prosperidade e folgança financeira não só pela proximidade das minas da Borralha, como também pela existência de jazidas daquele minério em vários locais. Ainda são observáveis as ruínas da Lavaria e outros edifícios de apoio na zona da Quebrada, nas Cruzinhas e noutros locais.
Imóveis de interesse patrimonial:
:: Dois Fornos comunitários um no lugar de Lamalonga sendo coberto de pedra lavrada a pico e outro no lugar de Campos.
:: A Igreja Paroquial de São Vicente é um belo exemplo da arquitectura religiosa barroca e neoclássica, tem Torreão e apresenta uma interessante traça arquitectónica na sua fachada principal, destacando-se o retábulo esculturado com nicho que alberga a imagem da Nossa Sra. Da Conceição em granito.
:: Capela de Santo António em Lamalonga tem na sua frente uma escultura em granito representando um frade.
:: Cruzeiro, situa-se a poente da Igreja paroquial e foi construído a partir de um arco miliário romano da antiga Geira
Casas de interesse patrimonial:
- Casa das Fintas ou das Rendas (bom exemplar da arquitectura popular, apresentando uma janela ladeada por 2 caratonhas)
- Casa do Lopes (tem um forno todo em cantaria);
- Casa da Fonte; casa do Calado (ostenta soleiras e cornijas de boa cantaria) e casa do Tanque, todas no aglomerado rural de Campos
(…)
Outros locais de interesse turísticos:
Carvalhal do Esporão, Quebrada (ruínas de volfrâmio e praia fluvial), ribeira da Lage, Serra da Cabreira (lado nascente), Albufeira da Venda Nova (junto à barragem do Cambedo, onde existe um parque arborizado) e fornos do Povo de Lamalonga e Campos.
Esta freguesia é composta pelos seguintes lugares:
- Cambedo, Campos e Lamalonga
Festas e romarias:
- Santo António – 2º Domingo de Agosto (Lamalonga)."
No portal Portal “Aldeias de Portugal” apurámos o seguinte:
Com um vasto património para apreciar, parta à descoberta de Campos, em Vieira do Minho, uma aldeia cheia de personalidade e dotada de uma rara beleza natural! Abraçada pela Serra da Cabreira, esta aldeia bem preservada possui uma identidade rural muito própria que encanta descobrir pelas ruas e enquadramento verdejante.
Um local para percorrer sem pressas, caminhando pelas pequenas e rústicas ruas empedradas, e visitando o património acumulado ao longo do tempo. O cruzeiro, a igreja, os moinhos, a ponte romana, o forno comunitário e os espigueiros são locais a não perder. Contam-se 46 espigueiros onde são guardadas as espigas de milho que, depois de arejadas secas são malhadas para dar aos animais e para fazer pão! As casas da aldeia de Campos, bons exemplares da tradição rural minhota, mostram-se na sua faceta mais prática, com o andar de cima como habitação e o de baixo reservado aos animais e lida agrícola. Eiras, eirados, celeiros e espigueiros são outros elementos que encontra pela terra, reveladores do passado ligado à terra e à agricultura.
Mas mais do que pelo património, perca-se pelas lendas e tradições deste núcleo de vida em comunidade. Meta conversa com os habitantes locais e descubra a sua calorosa hospitalidade!
Depois, deambule pelos contornos da aldeia e respire todo o ar puro deste ambiente de serra e encontre, escondidas pela densa vegetação, as ruínas das antigas minas de volfrâmio! Não perca, também, a gastronomia local, em que sobressaem a vitela barrosã, o cabrito das terras altas do Minho, o queijo, o mel e o fumeiro.
Como é habitual nesta rubrica, fica o vídeo com todas as imagens publicadas neste post:
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Referências:
https://vieiraminhoturismo.com/freguesia-de-campos/
https://www.aldeiasdeportugal.pt/aldeia/campos/