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Quando era puto não havia consolas, computadores, vídeos e até a televisão só apareceu lá em casa em 68, a tempo ainda de ver o primeiro homem a pisar a lua. Tirando a televisão que passou a povoar os tempos livres dos lares onde para putos sempre ia havendo o Bonanza, as tardes de cinema de sábado e o Fugitivo nos sábados à noite, sempre antecedido dos filmes mudos acompanhados ao piano por aquele senhor que dizia “boa note”. Tirado os poucos momentos televisivos, todos os nossos jogos e divertimentos de então estavam fora de casa, com as futeboladas no meio da rua, o pião, o espeto, o trica cevada e os cromos da bola, entre outros.
Vamos ficar pelos cromos da bola, que nos meus anos de puto se compravam em qualquer taberna, principalmente naquelas que estavam próximas das escolas, enrolados numa coisa parecida a rebuçados e que mal se metiam na boca se desfaziam, mas o que importava mesmo (no caso) era o invólucro, ou seja, o cromo.
Os cromos serviam para trocas e para jogar nos intervalos da escola ou “lá no bairro” numa fugida ou escapadela aos deveres (que hoje são TPC) e que tardavam sempre a concluir (quando se concluíam). Cada jogado punha um cromo com a face virada para baixo, depois com uma palmada sobre os mesmos, criando com perícia e jeito algum vácuo, lá se iam virando de caras para cima, amealhando e somando à colecção, ou diminuindo. Mas mesmo perdendo, sempre era melhor perder nos cromos da bola do que perder nos jogo dos botões, que neste (perdendo) tínhamos direito a “prémio” acrescido quando chegávamos a casa sem os botões da camisa ou das calças.
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Lembro-me então que o cromo mais desejado e apetecido que raramente saía, era o do Eusébio. Era um daqueles cromos que tinha um valor do caraças!.
Tirando os cromos que se jogavam na rua, havia também os mais betinhos que os coleccionavam e colavam muito direitinhos em cadernetas. Hoje tenho pena de não ter sido um desses betinhos em vez de ter jogado todos os meus cromos na rua e sem nunca ter conseguido o Eusébio.
Temos o nosso tema para o coleccionismo de temática flaviense de hoje – os cromos da bola, mais precisamente os cromos da 1ª Divisão Nacional da época de 1988/89, em que o Desportivo de Chaves fazia parte desse campeonato no qual participavam dois flavienses como titulares nas suas equipas (e nos cromos), ambos da boa colheita de 60 – Diamantino no Desportivo de Chaves e o Adão no Belenenses.
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Pois hoje ficam três cromos da bola do Grupo Desportivo de Chaves. O guarda-redes Padrão, o nosso Diamantino e um terceiro que deixou nome gravado no desportivo, o Radoslav Zdravkov – Radi.
Da colecção fazem parte 260 cromos com as dimensões de 48x68mm, em papel autocolante e editados por Sorcácius, com sede em Odivelas.
Até amanhã, com mais um discurso sobre a cidade.