Chegou, a tempo e horas, nunca falha – o frio já faz parte dos nossos dias.
Não se guiem pelas imagens, pois são de arquivo, e o frio ainda não é tanto assim de deixar a paisagem dobrada com o seu peso, sim, o peso do frio, porque por aqui, frio, significa gelo e uns graus abaixo de zero, o que não deixa de ter piada, pois as televisões da capital, dos de Lisboa, já anunciam o frio e os alertas da Protecção Civil. Coitadinhos dos de Lisboa, e os do litoral, e os do Sul, coitadinhos, pois sopram uns arezinhos frescos e entram logo em alertas amarelas e laranja, parece que vai acontecer o fim do mundo… então e nós!?, sim, nós que mamamos com os frios rigorosos de todos os invernos, com os gelos, com os abaixo de zero, com os dedos engaranhados até doer, com as neves e geadas de deixar tudo teso… sim, e nós!? Bem, nós aproveitamos o frio para matar o reco, fazer o fumeiro e beber mais uns canecos à lareira, somos uns patuscos que estamos habituados a estas coisas do frio e ainda por cima, somos poucos e tesos, por isso, só há que ter cuidado com as lareiras e as braseiras, e chega, que ares condicionados e aquecimentos centrais, apenas são luxos para alguns.
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É por isso que gosto do frio e também da crise. Dói, eu sei que dói ou vai doer, mas também dá algum gozo, pois nós por cá, embora também tenhamos frio e crise(s), já estamos habituados e lá as vamos aguentando, pelo menos enquanto houver lenha nos montes, batatas no barraco e couves na horta – venham daí os meninos e meninas de Lisboa, que por cá a gente é hospitaleira e se com o frio ficarem tesos como bacalhaus, quem sabe se não fazemos uma punheta com eles… ou seja, como se costuma dizer em linguagem boleira – até os comemos.
Nascemos assim, somos assim, já não há nada a fazer connosco!
Até amanhã e viva o frio – há que pensar em matar o reco!
PS – As fotos são de Santiago do Monte, aldeia da freguesia de Nogueira da Montanha, ou seja, aquela freguesia que fica lá em cima, no alto do Brunheiro e domina todo o seu planalto.