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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

26
Mar09

Coleccionismo de Temática Flaviense - Postal Alusivo à Reconquista de Chaves pelo General Silveira


 

Inteiro postal emitido pelos CTT em 25 de Março de 2009, para celebrar os 200 anos da reconquista de Chaves às tropas francesas, pelo general Silveira (Francisco da Silveira Pinto da Fonseca Teixeira, 1763-1821).

 

Desconhece-se a tiragem, mas conhece-se um número, também indeterminado, de exemplares autografados pelo presidente da República e pelo presidente da Câmara Municipal de Chaves.

 

Este é o exemplo infeliz de um postal com iconografia e obliteração completamente desajustadas, traduzindo  ausência de pesquisa séria e consentânea com o acontecimento evocado.

 

Com efeito, a praça forte de Chaves foi cercada a 10 de Março de 1809 e conquistada a 12 do mesmo mês pelas forças do general Soult (Nicolas Jean de Dieu Soult, 1769-1851), na sequência da retirada, estratégica ou não, de Silveira.

 

Silveira regressou a 21 de Março, reocupando a vila de Chaves e reconquistando o forte de S. Francisco a 25 do mesmo mês.

 

Silveira, no entanto, celebrizou-se pela defesa da ponte de Amarante, entre 18 de Abril e 2 de Maio desse ano, contra as forças do general Loison (Louis Henri Loison, 1771-1816), o famoso general "maneta" que deu origem à conhecida expressão em Português.

 

Ora, 200 anos depois, com esta opção iconográfica, é que "foi tudo para o maneta!..." – a ilustração do inteiro postal reproduz uma imagem de Silveira, do acervo do Museu Militar do Porto, sobreposta à ponte de Amarante e a obliteração reproduz uma secção de três arcos que poderia pertencer a qualquer ponte, mas recorda particularmente a ponte de Amarante...

 

É pena, para não dizer mais, pois este é o primeiro inteiro postal dedicado a Chaves em muitas décadas, e o segundo em toda a história dos CTT.

 

26
Mar09

Os 200 anos do Cerco e Tomada de Chaves - Portugal


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O PR falou e falou bem, devagar, toda a gente o entendeu, mas para quem o ouviu com atenção, e/ou para quem era dirigido o recado, que não siga textualmente a sua recomendação,  aquela de “termos de estar à  altura dos nossos antepassados e de hoje como há 200 anos, ter a capacidade para vencer as lutas que Portugal tem pela frente” pelo menos, não devemos seguir o exemplo do General Silveira, ou seja, fugir às lutas como aconteceu em Chaves, porque, a seguir o seu exemplo, bem tramados estamos, pois não é fugindo da crise, que uma crise se resolve… e não me venham com estratégias!

 

Mas enfim, festa é festa e o Silveira continua a ser o maior… razão tinha Torga quando dizia que por Chaves não há raças, há castas … começo agora a entender o que ele queria dizer com estas palavras e, acrescentaria eu agora: há castas sim senhor, e algumas são dominantes…

 

Mas vamos lá à festa.

 

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O dia começou com o nascer do sol que também se quis juntar à festa mostrando-se em pleno céu azul, como que recordando as cores da época em celebração. Dia até,  quente demais para a época, mas, para mais um dia muito nebuloso para o esclarecer da história flaviense, principalmente dos feitos dos homenageados, mas ao que parece também pouca gente se preocupou ou preocupa com as verdades dos acontecimentos, o que interessa mesmo é festejar e celebrar, mesmo que não ou nem se saiba o quê! Mas já vamos estando habituados a desprezar os nossos para enaltecer os de fora e basta dar uma olhadela a quem dá nome a algumas das nossas ruas para ficarem a saber do que estou a falar… mas enfim, isso até são contas de outro rosário.

 

A festa, como festa, valeu pela diferença dos restantes dias, pois não é todos os dias que temos por cá o Presidente da República, ministros, entidades civis, engravatados e todas as altas patentes militares, que aliás, foram eles que fizeram a festa (os militares, não as patentes), que além dos desfiles, da música, do aparato com “tanques”, “canhões” e desportos radicais, deram movimento salutar à cidade e à monotonia da eira das Freiras.

 

Engraçado como sem querer se vai fazendo justiça, pois por mais que oficialmente insistam em chamar de Silveira ao agora largo do Liceu, é como Freiras que toda a gente o conhece, tal como num ou noutro escrito se vai dizendo que são as celebrações dos 200 anos do cerco e tomada de Chaves… é preciso coragem, virem os franceses, cercarem e tomarem a cidade, e EIA!... celebramos o acontecimento. Enfim!

 

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Bom gosto também se precisa por cá, não só para os acontecimentos a celebrar, como para os motivos com que se celebram e também os locais que se escolhem para os celebrar, além dos efeitos secundários que os mesmos provocam. Claro que estou a falar do muro, do pónei e do Silveira de crista levantada, ou seja uma infeliz reprodução tridimensional de uma gravura da época em que, SEM NINGUÉM DAR CONTA, ou assim parece, se reproduzem os feitos junto à ponte de Amarante como sendo os feitos de Chaves em que se toma um forte cheio de doentes e feridos de guerra… e viva a glória, glórias destas são fáceis de amar, aliás no local de todos os acontecimentos, foi este o escrito que mais deu nas vistas… o amor pela glória! Seja ela que for, também teve o seu momento de glória e, por um momento, todos te amamos, Glória.

 

 

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Festa é festa, mas não é para toda a gente, e se até a Glória teve quem lhe escrevesse e demonstrasse amor no muro do liceu (sortuda), nem todos tiveram direito à glória que mereciam neste dia, que o digam os TAMAGNI, artistas flavienses que pintaram um painel alusivo à data, 16 artistas ao todo pintaram para o evento, e não tiveram a glória de ser mencionados em programa ou sequer falados e, indignados, contentaram-se com a presença do PR numa olhadela, como se duma actividade à margem se tratasse…indignados e com razão, que lá vem dar razão ao baixarmos as calcinhas prós de fora e desprezar os da terra, excepção para o Mestre Nadir Afonso, que também com mestria, partiu mundo fora, onde depois de reconhecida a sua arte, Chaves lha reconhecesse também, mesmo assim, parece custar em aceitar os brindes que o mestre nos quer dar…claro que falo da sua Fundação. Enfim, nem todos têm estatura para ver além de simples barreiras…curiosamente para ultrapassar o muro e ver aquilo que todos ouvem e tudo cai na emoção da geometria do mestre Nadir, nos seus sentidos e na quadratura do circulo que os quer juntos, como no ver e ouvir onde não basta dizê-lo  para o ser, mas há também que o ver…. Coitados dos que não têm estatura para ver além de….

 

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E resta irmos de encontro do, finalmente,  ponto alto, em que (infelizmente) se supõe que lá terá que ficar para sempre, mesmo que alguns (coitados) até mostrem a sua cara resignada  e despromovida à triste condição de parecerem aquilo que não são, em que para levantarem a crista a uns, amocham a condição a outros. Coitado do cavalo que passou a um gordo pónei desajeitado para outros mais facilmente o montem… ó prá cara dele de um simpático infeliz:

 

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E voltando à emoção das geometrias do Mestre,  que a bem de Chaves,  talvez devesse ser consultado quando de geometrias, alinhamentos e enquadramentos se trata, pelo menos quando parece ninguém entender patavina da matéria, pelo menos a julgar pelas posições dos planos e dos layers, bem como do backgroud…pois é, a globalização dá-lhe para pôr as coisas em língua estrangeira e depois ninguém percebe nada…mas há que admiti-lo e não presumir que se percebe de tudo… enfim, há vezes em que o ditado tem mesmo razão de ser e em que a imagem vale mesmo mais que mil palavras!

 

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Mas estamos contentes e felizes, foi festa em dia de feira e embora se possam apontar falhas e algum amadorismo nas poses e esquecimentos de organização, só faltou mesmo o arraial e o foguete no ar e quanto ao PR, agradecemos-lhe o cumprimento e as festas às criancinhas e o repórter de serviço, agradece-lhe em especial aquele gesto de mão, que diz tudo… Obrigado PR pela visita a Chaves.

 

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Entretanto vamos aguardar que os franceses agradeçam esta homenagem e que daqui a 100 anos, alguém se lembre de falar de um Ilustre Flaviense que dá pelo nome de Francisco Pizarro e do heróico povo flaviense de então e já estejam de parte velhas quezílias de famílias e castas e politiquices, liberais, absolutistas, monárquicas ou republicanas, para não falar das cores da democracia. Não estarei cá para ver, mas a bem da verdade, espero que seja a verdade a vir ao de cima, que a não ser assim, o homenageado futuro ainda calha ao Marques de La Romana…

 

Já a seguir vem aí o coleccionismo, desta vez a condizer com as celebrações!

 

Inté!

25
Mar09

Vem aí o chefe...


 

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Não quero ser o mau da fita e deixar passar sem uma referência o dia de hoje em Chaves, porque hoje, dia 25 de Março de 2009, por cá, acontecem coisas para além do comum dia semanal de feira em que, nos restaurantes, há feijoada.

 

Pois para quem ainda não deu conta, cá pela terrinha, tem-se andado a comemorar o 2º centenário das Segundas Invasões Francesas. Comemorações que até ao dia de hoje têm passado despercebidas para a maioria da população, mas que hoje, prometem sair à rua e dar um pouco do ar da sua graça, nem que seja pelo aparato que sempre é montado em torno de uma visita oficial presidencial, porque hoje vem aí o chefe, o patrão, o nosso Presidente da República Aníbal Cavaco Silva.

 

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Independentemente da razão de ser destas comemorações e de quem se homenageia, pois já vamos estando habituados ao deturpar oficial das coisas, o que interessa mesmo é a festa e o foguete no ar, é disso que o povo gosta, a verdade dos acontecimentos, são coisas da e para a história, daquela em que nós, à nossa boa maneira, damos a volta e ficamos sempre por cima para parecermos os maiores, sendo estas comemorações um bom exemplo disso mesmo, pois se formos a ver bem, Chaves foi o ponto fraco que os Franceses encontraram para invadir Portugal pela segunda vez e o Silveira, que hoje se homenageia, foi o que deixou as portas abertas para que os franceses entrassem por  Portugal adentro. Dos flavienses e do nosso ilustre Francisco Pizarro, os únicos que tiveram coragem para se oporem aos franceses (pelo menos tentaram), não reza a história…  quanto mais homenagens!... mas está bem, este nosso povo também vai tendo o que merece, e tal como dizia Torga “Que povo este! Fazem-lhe tudo, tiram-lhe tudo, negam-lhe tudo, e continua a ajoelhar-se quando passa a procissão.”

 

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Pois hoje por cá também há procissão, que embora não seja religiosa, lá terá as suas cerimónias, quase todas concentradas no Largo da Lapa, onde estará o Presidente da República e toda aquela cambada de engravatados a que chamam entidades civis, militares e religiosas. Festinha para o povo ver e ajoelhar de novo ao passar da procissão, com batimento de palmas quando for inaugurado aquele que para mim não passa do nosso muro da vergonha.

 

Mas tá bem, pode ser, e já estou por tudo porque a mim tanto me faz, pois se os que podem fazer nada fazem, quem sou eu, simples cidadão comum vir para aqui armar-me aos cucos!?

Gostamos de ilusões, pois gostamos, então deixemos que nos iludam!

 

Bem, mas no meio disto tudo, alguma coisa de positivo ainda vai ficando e se vai fazendo de onde realço alguns pontos altos do dia:

 

- As tropas vão sair à rua, com desfile ao som da fanfarra e, embora bem longe de anteriores desfiles militares a que esta cidade já assistiu, são sempre interessantes de ver, principalmente para quem gosta de fardas a marchar!

 

- A exposição “ A Emoção da Geometria” do Mestre Nadir Afonso, na Biblioteca Municipal.

 

 

E por hoje vai sendo tudo. Talvez um dos nossos repórteres de serviço ainda traga hoje por aqui alguma imagem, mas não é garantido, pois embora hoje seja dia de festa para alguns, para o comum flaviense é um dia de trabalho como outro qualquer.

 

Fica para os devidos efeitos o programa para a manhã de hoje:

 

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Inté!

 

 

 

18
Mar09

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Os flavienses presentes, tal como os ausentes, já se devem ter apercebido pela agitação da cidade de chaves nos últimos dias, que estamos em pelas comemorações do 2º Centenário das invasões Francesas…, no entanto não é da riqueza do programa das comemorações que quero falar hoje, mas antes um bocadinho do acontecimento histórico que se comemora e do tal General Silveira a quem Chaves dá o nome de uma das praças principais e agora lhe levanta um muro em pleno jardim do Forte de S.Francisco, com cavalo e cavaleiro que se supõe ser o tal Silveira.

 

Pois esperava eu que nestas comemorações se fizesse um bocadinho de luz em prol da história de Chaves e das Segundas Invasões Francesas, mas olhando ao programa e deixando de fora o desfile de carnaval das criancinhas (o ponto mais alto das comemorações, até hoje, com alusão ao acontecimento) e o muro em construção nos jardins do Forte, nada mais há.

 

Entretanto vi por aí anunciado um colóquio “História de Chaves”, pela Academia Portuguesa de História integrado nas comemorações das Invasões Francesas, anunciado para dia 24 de Março. Disse para com os meus botões: Mais vale tarde que nunca… e ainda bem que só o disse para com os meus botões, pois do tal colóquio cheio de sessões com Professores Doutores, conhecidos e desconhecidos, de cá e de fora, vai-se falar de D.João I em 1940, da ocupação de Chaves de 1762, do “Corpus Epegraphicum”, de Chaves Medieval e da Idade do Bronze… ou seja, fala-se de tudo,  menos de Invasões Francesas e de General Silveira… boa! Ou seja, continuo sem poder dizer à minha criancinha que foi esse tal Silveira e o que foi isso da Invasão Francesa… mas esta ausência de história sobre as Invasões e sobre o Silveira, talvez não seja tão inocente assim…  ou seja comemoram-se as invasões mas não se fala delas e ao tal Silveira, levanta-se-lhe um muro, põe-se lá um “boneco” a cavalo, e prontos, “Vivam as Invasões Francesas”… ou será “Abaixo as Invasões”, é que com tanto esclarecimento estamos na mesma e talvez não convenha mexer muito na porcaria…

 

Pois se alguma coisa aprendi em história na ilustre casa do Liceu de Chaves, foi que a história tem sempre várias versões e nesta em particular da bla, bla,bla invasões francesas, fala-se das invasões francesas e do grande homem General Silveira, que estudando bem os acontecimentos e as tais versões, o tal Silveira de grande (para Chaves) até nem teve nada, antes pelo contrário, ficou muito mal na fotografia da época para o povo de Chaves, mas vamos a alguma história , resumida e relatada em acontecimentos, daquela história que também está escrita em livros, em outras versões e que vá lá saber-se porquê, ou pelas velhas questões de influências convém remeter para o esquecimento enquanto se enaltece que se devia esquecer.

 

Como esta comissão das comemorações do 2º Centenário resolveu, com manobras de diversão,  silenciar a história das invasões, fui a procura dela, e ó pró que encontrei desse herói que dá pelo nome de Silveira:

 

Vamos lá então fazer também um bocadinho de história.

 

No dia 6 de Março de 1809 as tropas francesas de Soult estava já às portas de Chaves, com o grosso das tropas em Monterrey e Verin e uma brigada de cavalaria já em Tamaguelos, ou seja a uma escassa centena de metros da nossa fronteira e de Vilarelho da Raia.

 

O General Silveira tinha sido nomeado comandante das tropas da província de Trás-os-Montes, com aquartelamento e sede em Chaves e dada a aproximação dos Franceses, destacou uma pequena força das suas tropas para um posto de observação em Outeiro Seco e outro para Vilarelho da Raia. Esta guarda avançada em Vilarelho, era composta por 2250 homens de infantaria e 4 peças de artilharia, sob o comando do Tenente Coronel de infantaria 12, Francisco Homem de Magalhães Pizarro (registem este nome).  O Tem.Coronel Pizarro não se ficaria por Vilarilho e entrou em território espanhol até 15 quilómetros além da fronteira, tanto que no dia 7 de Março estava em cima do inimigo francês, combatendo contra um regimento de infantaria e um esquadrão de dragões, causando-lhes numerosas baixas e 80 mortos, retirando de novo para Vilarelho da Raia, apenas quando Soult manda duas brigadas de infantaria para os repelir.

 

No dia 8 de Março o General Silveira foi pessoalmente espreitar o inimigo que se encontrava acampado em Oimbra e Tamaguelos. Ao ver as tropas francesas reconheceu a impossibilidade de se opor às sua marcha sobre Chaves ou seja, na gíria diz-se “tremeram-lhe os tin-tins” e de rabo entre as pernas manda retirar as nossas tropas do posto de observação de Outeiro Seco. Entretanto o Tem. Coronel Pizarro (e já disse para fixarem este nome) continuava por Vilarelho da Raia firme e hirto.

 

E nestes entretantos o grande Silveira vai a caminho da Vila de Chaves onde quando chega, reza a história que: “ seria loucura tentar a defesa de Chaves que de antemão se via não poder ser profícua” e diz mais “ ponderando as circunstâncias e não querendo sujeitar a população da vila ao furor dos vencedores, deliberou sair da praça de Chaves com as suas tropas” o que popularmente dizendo se diz: “borrou-se todinho e fugiu”. Entretanto o Pizarro ainda está em Vilarelho e o povo de Chaves ao ver o Silveira a dar de “frosques”, acusa-o de jacobino e traidor e entre muito barulho e protestos o povo de Chaves dizia as tropas de Silveira que era possível defender Chaves, tentando assim convencer as tropas a ficar e a virá-las contra Silveira… mas com o povo de Chaves apenas ficou o regimento de milícias de Chaves, as ordenanças e alguns poucos militares de Silveira que aderiram à causa do povo flaviense.

 

No dia 9 de Março, o Ten. Coronel Pizarro não podendo suster mais a sua posição em Vilarelho, regressa a Chaves, onde adere à causa do seu povo flaviense ficando a comandar as poucas tropas que restavam para a defesa de Chaves.

 

Ao que consta, Silveira não gostou da decisão do Ten. Coronel Pizarro e dia 10 de Março, acompanhado por alguns oficiais superiores veio de novo a Chaves e reuniu um conselho militar que deveria decidir se sim ou não a praça de Chaves poderia resistir à invasão do inimigo.  A maioria do Silveira resolveu que não, ao qual o Silveira exigiu que cada vogal do conselho apresentasse por escrito o seu parecer. Reza a história, que estavam eles a escrever o seu parecer quando na praça houve rebate de que o inimigo estava a entrar em Chaves e de novo, o Silveira e os seus oficiais fugiram para a Serra de Stª Bárbara. Nesse mesmo dia o Marechal Soult enviou uma intimação ao General Silveira para que entregasse a praça de Chaves.

 

Entretanto já as tropas de Soult estavam próximas de Bustelo e no dia seguinte, 11 de Março, Chaves recebeu a intimação de Sult para que as tropas ainda em Chaves e fiéis aos flavienses (comandadas pelo Ten.Coronel Pizarro) se rendessem, a fim de evitar a efusão de sangue.

 

O Tem. Coronel Pizarro ao receber a intimação manda um cadete ao encontro do Gen.Silveira para lhe participar a intimação e saber dele a sua determinação ao respeito. O Gen. Silveira reúne de novo os seus oficiais num novo conselho militar  e delibera assim: “ que quem da defesa de Chaves se encarregara contra as sua ordens, continuasse a mesma defesa ou entregasse a praça, procedendo a seu arbítrio” - Grande Silveira.

 

Claro que o povo de Chaves continuou por sua conta a defesa de Chaves e claro está também que os franceses entraram por Chaves adentro tal como o trigo limpo faz farinha amparo. A guarnição da praça de Chaves ainda argumentou com alguns tiros contra o inimigo e o Tem Coronel Pizarro ainda ia mantendo as esperanças de que o General Silveira viria em socorro de Chaves, mas tal nunca aconteceu. Na noite de 11 de Março, sem qualquer auxilio de Silveira, e contra os argumentos de uma força desigual, o Ten.Coronel Pizarro para evitar um banho de sangue dos flavienses, resolveu capitular, dado conhecimento disso ao inimigo.  Os franceses entraram em força e triunfalmente em Chaves às 8 horas da manhã de 12 de Março e prenderam toda a guarnição, no entanto e num gesto de boa vontade, viria a libertá-los pouco mais tarde, mandando-os recolher às suas casas, com o juramento de não pegarem mais em armas contra os franceses.

 

Entretanto Soult programava nesse mesmo dia o avanço em Portugal fazendo crer ao General Silveira que avançaria por Vila Real e pelo Marão, Amarante até ao Porto, mandando avançar algumas tropas de encontro à Serra de Stª Bárbara às quais o General Silveira respondeu fugindo nesse dia para Oura e no dia seguinte para Vila Pouca de Aguiar. Enganado o lorpa, Soult seguiu tranquilamente o seu destino ao Porto, mas em direcção a Braga.

E hoje ficamos por aqui, com outra versão da história que também está em livros e documentos, e agora pergunto eu – O General Silveira merece em Chaves um praça com o seu nome!?

- Pelos vistos merece, pois já a tem. E pergunto novamente – Merece o muro que estão a erguer em sua honra, onde dizem vão colocar uma estátua com ele montado a cavalo!?

 

- Pelos vistos também merece, pois já está em execução e até fere as vistas e um monumento nacional (o IGEPAR parece que disse que sim à coisa – a desculpa, embora não inocentes, cai sempre em cima deles).  Curiosamente, até na estátua, quer o fatal destino que a imagem do homem seja a fugir em direcção à serra de Santa Bárbara.

 

E para finalizar a última pergunta – Que é feito da justa homenagem aos flavienses e ao Tenente Coronel de infantaria 12, Francisco Homem de Magalhães Pizarro, que sozinhos e quase sem armas fizeram apenas com a sua valentia frente aos franceses!?

 

Começam a compreender agora porquê se comemora o Bicentenário da Segunda Invasão Francesa, mas não se fala dela!?

 

Mais adiante talvez vos conte o acto heróico do General Silveira, ou aliás, conto já, para o assunto ficar de vez arrumado.

 

Então tínhamos deixado o Gen. Silveira em Vila Pouca e, enquanto o grosso das tropas francesas se dirigiam ao Porto via Braga, um pequeno destacamento de franceses foi indo atrás do Silveira e este ia fugindo. Pelos vistos em Vila Pouca os franceses abandonam a perseguição ao Silveira. Entretanto os dias vão passando e no dia 18, o Silveira, não tendo novidades do inimigo francês, mandou fazer um reconhecimento em direcção a Chaves e como este se foi fazendo sem qualquer obstáculo, ele próprio (valentemente) com as suas tropas vai regressando a Chaves, chegando à Serra de Stª Bárbara no dia 19. No dia 20, aproxima-se de Chaves, sem qualquer oposição ou resistência da guarnição francesa e apenas na entrada da Vila encontrou alguma resistência por parte dos franceses que ficaram de guarda à Vila de Chaves. Os franceses, agora inferiores em número e uma vez que o grosso das tropas já combatia na proximidades do Porto, fugiram e fecharam-se no Forte de S.Francisco. Reza a história que o Silveira  “em rijos combates que decorreram durante os dias 21, 22, 23 e 24 de Março”  foi aguardando pela rendição dos franceses, como eles não se renderam, no dia 25 mandou ir lá buscá-los, e prontos! Assim se faz um herói.

 

É pois de todo merecido este muro da vergonha do General Silveira mostrando o momento em que ele cavalga na sua fuga de Chaves para a montanha, deixando para trás indefesa a população da Vila de Chaves, que pela certa será inaugurado com pompa e circunstância pelo Sr. Presidente da República, na presença das autoridades civis, militares e religiosas e com o povo papalvo de Chaves a assistir e a aplaudir! E bota foguete para o ar! Pum!

 

Eu não vou!

 

Visto.

publique-se!

 

Até amanhã!

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