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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

23
Jan11

Imagens de Resistentes


 

 

 

Depois da minha passagem por todas as aldeias do concelho de Chaves, nas conclusões, disse que o capítulo das aldeias ainda não estava encerrado aqui no blog, e não está. Uma nova ronda aproxima-se, assim os dias e o tempo o permita, partirei de novo mas desta vez (tal como prometi) à procura de estórias e gente que tem vindo a fazer a história do nosso mundo rural.

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São as estórias e história dos resistentes, de gente que foi criada com valores, com respeito, que viveu grande parte das suas vidas na sua aldeia, à volta dos seus, que passou por guerras e pelos seus tempos difíceis, que viveu de perto ou ao lado da fome, que desconfia da fartura, que é temente, sobretudo a Deus ao qual agradece todas as graças, que vive a sua sina e acredita no destino, que conheceu ditadores e senhores com poder, assistiu a revoluções, passou a pulo a fronteira e sempre voltou, assistiu a nascimentos, mortes e romances iguais aos dos livros que não lia mas que passou a ouvir na rádio depois da candeia ficar esquecida num canto da casa…

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Logo que o tempo o permita será esse nosso mundo rural humano que vou tentar trazer por aqui, de gente com rosto e muitas estórias para ou por contar, de gente quase sempre anónima mas que tem nome, teve pais e tem filhos, mas sobretudo um passado rico de experiências de vida.

 

Depois das casas, das janelas, portas e varandas, das ruas dos lugares, das igrejas, das fontes e nascentes, é tempo de conhecer um pouco da gente que ainda resiste, que habita as casas, abre as janelas, vem à varanda, espera pela missa de Domingo e sempre por alguém…

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Para já ficam alguns rostos e resistentes que se cruzaram no registo da objectiva, olhares roubados da rotina dos dias, apenas registos de imagens, sem palavras, sem nomes mas que fazem a vida dos lugares. Pode ser que na próxima ronda os encontre de novo, nas suas aldeias, à porta de casa, no usufruto da merecida sombra de verão e então cheguemos à palavra e à sua estória e estórias se connosco as quiser partilhar. Para já, apenas as imagens de quem vai fazendo a vida dos lugares e das nossas aldeias, imagens de resistentes.

 

 

 

 

 

09
Jan08

Chaves, Termas, Torga e uma homenagem que tarda.


 

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Quando se fala das termas ou caldas de Chaves temos que falar obrigatoriamente em dois nomes e duas pessoas que estão ligados a elas, por sinal ambos médicos, mas um como director clínico e outro como aquista. Claro que me refiro ao Dr. Mário Carneiro (ou Dr. Carneirinho se preferirem) e ao Dr. Adolfo Rocha ( ou Miguel Torga se preferirem também).
 
Quanto ao primeiro médico, a cidade já lhe prestou algumas homenagens justas, mas nunca são demais, e este blog, oportunamente, também lhe prestará a devida homenagem, não só como médico, mas também como um flaviense exemplar.
 
Mas hoje quero mesmo é falar da homenagem que devemos ao poeta e escritor Miguel Torga, à sua fidelidade às termas de Chaves e à cidade e concelho, ao médico e homem simples que mais que a cura, procurava a paz das caldas e da cidade de Chaves. Ao poeta e escritor que repetidamente leva a cidade de Chaves ao mundo na sua obra.
 
Uma justa homenagem é devida a Miguel Torga e, Chaves (entidades responsáveis), deveriam entender essa homenagem como uma honra para a cidade, pois é um nome maior da literatura do século passado, que sempre escolheu as termas e Chaves para recobro da sua paz e forças, quase até aos últimos dias da sua vida e sempre o reconheceu na sua basta obra publicada.
 
Da minha parte,  já fiz duas tentativas de uma justa homenagem a Miguel Torga, apresentando um projecto interessante (de pessoa idónea na matéria) em tempos diferentes, à mesma entidade (responsável) mas a pessoas diferentes, com políticas diferentes, e a resposta de ambos, foi a mesma, ou seja: nada!
 
Da minha parte, mais uma vez, vou-lhe fazendo a minha humilde homenagem, falando do grande homem que foi Torga e também trazendo aqui um pouquinho, muito pouco, do seu ser e da sua obra.
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 Fiquemos então mais uma vez com Miguel Torga, o médico Adolfo Rocha, fiel “cliente” das termas e fiel amigo de Chaves, além de flaviense sem nunca o ter sido.
 
Chaves, 28 de Agosto de 1992
 
Sem forças para cumprir o costumado ritual de banhos e massagens, espero pelos companheiros, que o levam a cabo compenetradamente, entretido a ver-me espelhado nos ímpetos e desânimos dum repuxo no jardinzinho envidraçado do balneário. Entretanto, o formigueiro de aquistas movimenta-se afanosamente. É uma procissão infinda de doentes frenéticos, alguns já meus conhecidos doutros anos, que caminham curvados, a mancar, de bengala, de muletas, obesos, esqueléticos, ictéricos, cirróticos, tolhidos de reumatismo, apostados em viver, como eu, que os observo em silêncio, a perguntar porquê e para quê semelhante freima, tão obcecada e inútil repetição de curas sem cura, tanta vontade de continuar no mundo contra os ditames da natureza, quando todos sabemos que nada vale a pena, que apenas nos espera a boca aberta da sepultura. Mas somos incorrigíveis. E persistimos no absurdo, mesmo a verificar que descoramos as flores ao passar, que ridicularizamos o amor a imaginá-lo, que estreitamos de cada mirante a largueza dos panoramas.
 
Pobres humanos! Nem sequer temos a justificação dos bichos, que existem sem o saber e sofrem sem consciência. Dantes, ainda nos valia a convicção de que éramos criaturas de Deus, cumpríamos na terra os seus altos desígnios, e havia um Paraíso para os mais bem-comportados. Desgraçadamente, até essa ilusão se nos foi. Agora, é por nossa própria conta que respiramos o ar empestado do ambiente, que exibimos as mazelas, a decadência e a covardia de nos escravizarmos resignadamente ao desespero.
 
Miguel Torga, In « Diário XVI»
 
E para terminar, mais palavras de Torga que, com todo o gosto subscreveria se tivesse a sua grandeza.
 
Chaves, 4 de Setembro de 1988
 
Dava tudo para que me compreendessem. Mas já me contento quando me respeitam.
 
Miguel Torga, In « Diário XV»
 
 
Até amanhã, como sempre nesta nobre cidade de Chaves.
05
Abr07

Espacillimité - O blog de Nadir Afonso


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É sempre com gosto que anuncio um novo blog da nossa terra,  ou da sua gente, mas quando esse blog é dedicado a um nome maior, além do gosto, sentimos orgulho e sentimo-nos honrados no anúncio e, em ter flavienses assim.

 

Refiro-me claro ao blog dedicado ao Mestre Nadir Afonso e à sua arte, o Mestre, o Arquitecto e o Pintor que com a sua mestria e arte, tão longe tem levado e elevado a alma e o ser flaviense.

 

Aqui fica o link  para o blog que dá pelo nome de espacillimité, com certeza que nos iremos deliciar com o que por lá vai ser publicado. 

 

E quanto ao que há a dizer sobre o Mestre (pintor), aqui fica também link  para a sua autobiografia.

 

Quanto ao Arquitecto, são conhecidas as colaborações com Le Corbusier e com Óscar Niemeyer, tendo desenvolvido também em Chaves alguns projectos nos anos 50 e 60, como um plano de urbanização da cidade de Chaves, o projecto inicial do Cine Teatro de Chaves e ainda alguns projectos que foram executados, como uma moradia na Estrada de Outeiro Seco, outra na Madalena e o mais emblemático, o da Panificadora de Chaves, recentemente considerado de Interesse Público e que no

 

 

 

 

passado ano foi considerada uma das 10 mais significativas obras da Arquitectura Portuguesa do Século XX.

 

 

 

 

E quanto ao mestre Nadir Afonso, só falta mesmo a construção da Fundação Nadir Afonso, previsto para o antigo espaço das hortas das longras, aberta para o rio, na margem direita, entre a ponte de S.Roque e a ponte Romana e cujo projecto é ou será de autoria de outro nome maior da Arquitectura Portuguesa – Sisa Vieira. Será um espaço que tanto o Mestre Nadir como a cidade de Chaves merecem. Vamos acreditar na sua construção para breve.

 

31
Jan07

Um Adeus desde os Jardins do Castelo


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Pela obra que nos deixa, pelos estudos da nossa terra e pela dedicação a Chaves e às suas aldeias, já há muito que é um flaviense ilustre. Morreu ontem e vai hoje a enterrar Firmino Aires.

 

Apresento as minhas condolências à família e à cidade, pois também esta perde um filho que tanto tempo lhe dedicou e estudou.

 

O post de hoje é-lhe inteiramente dedicado, certo de que o Homem morreu, mas certo também que Firmino Aires continuará vivo em obra, a mesma a que este blog tantas vezes recorreu e pela certa recorrerá para levar Chaves a todos os flavienses.

 

FIRMINO AIRES

 

Nasceu na freguesia de Mairos, em Chaves, em 12 de Outubro de 1920.

 

Frequentou o 6º ano dos Seminários.

 

Em 1942 foi mobilizado para os Açores, acabando por seguir a carreira militar.

 

Em 1975 passou à situação de reserva. Liberto das obrigações militares, tomou parte de algumas escavações arqueológicas e iniciou a sua colaboração na imprensa local.

 

Nos finais de 1985 foi convidado para o exercício de Vereador do Pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Chaves, cargo que ocupou no quadriénio de 1986/1989.

 

A sua memória será para sempre perpetuada nas obras que deixou publicadas:

- Sant’Iago do Meiral;

- Toponímia Flaviense;

- Incursões Autárquicas.

 

Participou e colaborou ainda na Revista de Outeiro Seco, em grande parte dos números da Revista Aqaue Fláviae e nos Roteiros de Chaves, também publicados pelo grupo Aquae Fláviae.

 

E por hoje é tudo, dizemos um adeus a Firmino Aires, mas também um até já, pois pela certa que este blog continuará a beber alguma inspiração nos seus trabalhos publicados e pela certa que continuará a ser um companheiro nesta arte de navegar na cidade de Chaves.

 

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