Hoje há feijoada à transmontana
Neste mesmo dia (quartas-feiras) em tempos aqui no blog existia uma rubrica que ia intitulando “Hoje há feijoada”. Era uma rubrica com alguma critica em que se falava da cidade, mas que nunca foi bem aceite pelo pessoal da casa do poder, o que, confesso hoje, me chegou mesmo a valer uns “puxões de orelhas” e alguns recados. Enquanto a situação se ficava pelo puxão de orelhas e pelos recados, a coisa lá ia indo e a mensagem ia chegando ao seu destino. Atos que faziam até em que aprimorasse mais as feijoadas e as servisse com mais requinte . No entanto, como “puxões de orelhas” e recados não atingiam o seu objetivo, numa de chicos espertos, como quem sacode a água do capote, a tática mudou e começaram a apontar o dedo inquisitório a terceiros, insinuando que a feijoada estava estragada e que era destinada a eles, aos terceiros, tanto mais que eles, os do dedo inquisitório, nem sequer comiam feijoada. Esta doeu. A sério que doeu, primeiro porque a feijoada nunca esteve estragada e segundo porque as feijoadas nunca foram confecionadas para terceiros, que no entanto, inocentes, as começaram a comer, mas sempre desconfiados de se estaria estraga ou não. Posto isto, o meu bom nome de cozinheiro estava a ser posto em causa na praça e a solução era fechar o tasco, e fechou-se.
Mas hoje, com a calor infernal que tem feito, vieram-me à lembrança essas antigas feijoadas e de como se ficava a ferver e transpirar depois de as comer. Coisas do calor e de não ter sombras onde me abrigar do sol, também ele infernal, tanto mais que o meu médico proibiu-me de andar ou estar ao sol. Tudo isto, porque depois de ter sido obrigado a atravessar as Freiras, não pude deixar de comentar comigo mesmo, como quem diz praguejar com tanta estupidez que foi feita naquela praça, onde em vez de um espaço convidativo para estar fizeram deserto, e ainda por cima inutilizando com um tanque seco e umas poldras que não levam a lado nenhum …
Mas há outra coisa da qual ninguém fala, que se perdeu nas Freiras, tal como mais recentemente se perdeu no Arrabalde, dois largos e locais que estavam contemplados com um dos traços da arquitetura e da cultura portuguesa e que a cidade de Chaves deixou de ter – a calçadinha à portuguesa e os seus típicos desenhos. Nem que fosse e só por isto, a cidade já ficava a perder, agora tanto calor e sem sombras é que custa mesmo.