Santa Leocádia - Chaves - Portugal
Hoje é a vez de irmos até outra aldeia “santa” do concelho de Chaves, a Santa Leocádia, no limite do concelho de Chaves, ali já para os lados de terras de Montenegro, não as de São Julião mas as de Carrazedo do concelho de Valpaços.
Para chegarmos até Santa Leocádia temos de tomar uma das nossas estradas de montanha que a mais aldeias do concelho nos conduz, a única estrada do concelho que num sentido é sempre a subir e no outro, sempre a descer (claro!). É a estrada que nos leva até ao planalto do Brunheiro e um dos acessos para o concelho de Valpaços, refiro-me à EN314, com título de estrada nacional embora tivesse sido desclassificada para estrada municipal.
Bem, mas para chegarmos até à nossa aldeia de hoje temos que, antes de lá chegar, abandonar a EN314 e entrar para o interior. Temos duas opções, uma abandonamos a estrada no Carregal, entramos em Adâes, atravessamos esta e logo a seguir vemos lá no cimo Santa Leocádia. A outra opção é continuarmos até Fornelos, abandonar aí a estrada para o interior e logo a seguir é Santa Leocádia. Pessoalmente prefiro a primeira opção, via Adães, isto porque começo a avistar a aldeia ao longe, pois pela segunda opção, só damos pela aldeia só, ou quase, quando estamos em cima dela, mas há outra razão, que explico já a seguir.
Quando as vistas se estendem pelo horizonte adentro até a terra começa a ficar azul e quase se confunde com o céu, temos tendência a apreciar essa maravilha que a natureza nos proporciona e esquecemos os pormenores que temos ali mesmo ao pé de nós. Esta será a vista que nós iremos ver se tomarmos Santa Leocádia via Fornelos e é por essa razão que eu prefiro a outra entrada na aldeia, via Adães, pois aí esta maravilha distante da natureza ficará nas nossas costas, sem a vermos, mas ganhamos as vistas de outras maravilhas que se começam a avistar desde Adães, uma delas são as vistas sobre as duas Santas Leocádias (a seguir já explico isto…) e a outra é sobre uma construção que lá no cimo sobressai e que dá pelo nome de Igreja Românica de Santa Leocádia, para mim a mais bonita e interessante das igrejas românicas que temos no nosso concelho, por várias razões, e uma delas tem a ver precisamente com a sua vistosidade[i] , outra com a própria igreja, outra com os preciosos frescos que se podem apreciar no seu interior, outra com o pormenor do cruzeiro se desviar e inclinar para deixar ver a torre sineira e por último porque é desde a igreja que a outra vista maravilhosa que se perde no horizonte melhor se vê.
Quanto às duas Santas Leocádias não são mais que os dois pequenos núcleos de concentração de casario que a aldeia tem, quase parece a Santa Leocádia de cima, composto pelo núcleo que se desenvolve à volta da igreja onde está também a residência paroquial, o cemitério e um pequeno conjunto de casas. E a Santa Leocádia de baixo onde penso estar o núcleo mais antigo da aldeia, mas isto sou eu a supor que no passado a aldeia seria este pequeno núcleo e lá em cima seria apenas a Igreja e a residência paroquial, o cemitério e o restante casario teriam aparecido depois, suponho. Quanto ao cemitério tenho a certeza, pois antigamente a igreja também tinha a função de ser cemitério, aliás nesta igreja de Santa Leocádia ainda há sepulturas no seu interior.
Quanto ao casario da aldeia, são mesmo dois pequenos núcleos de construções maioritariamente antigas, pois ao que parece a aldeia não se mostrou muito convidativa a receber as novas construções que no último quartel do século passado popularam um pouco por todo o lado, o que aqui até é mais ou menos compreensível tendo em conta a maleita do despovoamento rural que nas pequenas aldeias é mais fácil de acontecer, Assim, o casario não atinge a grandiosidade das vistas e da Igreja Românica mas é igualmente grande ao manter a sua integridade com aldeia transmontana, não digo típica, porque esta, com os seus dois núcleos, até é atípica.
Qua mais dizer sobre a aldeia!? Pois mais nada, se quiser saber o resto vá até lá e descubra por si, e com esta não estou a ser mauzinho, nada disso, antes pelo contrário, é um convite, tipo conselho para que não deixe de visitar esta aldeia de visita obrigatória, e vá por cima ou por baixo, o que interessa mesmo é ir. Não deixe de visitar um dos mais belos exemplares que temos de arquitetura religiosa do românico, principalmente após o restaura a que esta igreja foi sujeita e que deixou a descoberto os frescos do seu interior. Na deixe de visitar o interior. Por sorte, na maioria das vezes que lá fui apanhei quase sempre a igreja aberta, mas se estiver fechada, pergunte na aldeia que tem a chave, pois pela certa que terão todo o gosto em abri-la e mostrar o seu interior.
E fico-me por aqui, as imagens hoje ficam aos molhos pois embora ainda houvesse mais para dizer, e palavras para intercalar entre imagens, já fui dizendo o que havia a dizer sobre a aldeia em posts anteriores a ela dedicados e depois hoje quero mesmo realçar as três preciosidades da aldeia, ou sejam, os seus núcleos, a Igreja Românica e as maravilhosas vistas que desde ela se alcançam.
Um bom fim de semana e não esqueça que na próxima noite muda a hora, ou seja na próxima noite não vamos ter a 1 da manhã, da meia-noite passamos para as 2 da manhã, o que faz com que este domingo tenha apenas 23 horas e menos 1 hora de sono, é desta parte que não gosto…
[i] Pelos vistos este termo não existe em português, e temos pena, mas fui buscá-lo aqui ao lado, aos nossos irmãos galegos que ainda falam parte do nosso português antigo, e aí sim, a vistosidade existe e tem o significado que tem de ter, pois tem o significado de: “ qualidade de ser vistoso”