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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

30
Mar19

Santa Leocádia - Chaves - Portugal


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Hoje é a vez de irmos até outra aldeia “santa” do concelho de Chaves, a Santa Leocádia, no limite do concelho de Chaves, ali já para os lados de terras de Montenegro, não as de São Julião mas as de Carrazedo do concelho de Valpaços.

 

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Para chegarmos até Santa Leocádia temos de tomar uma das nossas estradas de montanha que a mais aldeias do concelho nos conduz, a única estrada do concelho que num sentido é sempre a subir e no outro, sempre a descer (claro!). É a estrada que nos leva até ao planalto do Brunheiro e um dos acessos para o concelho de Valpaços, refiro-me à EN314, com título de estrada nacional embora tivesse sido desclassificada para estrada municipal.

 

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Bem, mas para chegarmos até à nossa aldeia de hoje temos que, antes de lá chegar,  abandonar a EN314 e entrar para o interior. Temos duas opções, uma abandonamos a estrada no Carregal, entramos em Adâes, atravessamos esta e logo a seguir vemos lá no cimo Santa Leocádia. A outra opção é continuarmos até Fornelos, abandonar aí a estrada para o interior e logo a seguir é Santa Leocádia. Pessoalmente prefiro a primeira opção, via Adães, isto porque começo a avistar a aldeia ao longe, pois pela segunda opção, só damos pela aldeia só, ou quase, quando estamos em cima dela, mas há outra razão, que explico já a seguir.

 

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Quando as vistas se estendem pelo horizonte adentro até a terra começa a ficar azul e quase se confunde com o céu, temos tendência a apreciar essa maravilha que a natureza nos proporciona e esquecemos os pormenores que temos ali mesmo ao pé de nós. Esta será a vista que nós iremos ver se tomarmos Santa Leocádia via Fornelos e é por essa razão que eu prefiro a outra entrada na aldeia, via Adães, pois aí esta maravilha distante da natureza ficará nas nossas costas, sem a vermos, mas ganhamos as vistas de outras maravilhas que se começam a avistar desde Adães, uma delas são as vistas sobre as duas Santas Leocádias (a seguir já explico isto…) e a outra é sobre uma construção que lá no cimo sobressai e que dá pelo nome de Igreja Românica de Santa Leocádia, para mim a mais bonita e interessante das igrejas românicas que temos no nosso concelho, por várias razões, e uma delas tem a ver precisamente com a sua vistosidade[i] , outra com a própria igreja, outra com os preciosos frescos que se podem apreciar no seu interior, outra com o pormenor do cruzeiro se desviar e inclinar para deixar ver a torre sineira e por último porque é desde a igreja que a outra vista maravilhosa que se perde no horizonte melhor se vê.

 

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Quanto às duas Santas Leocádias não são mais que os dois pequenos núcleos de concentração de casario que a aldeia tem, quase parece a Santa Leocádia de cima, composto pelo núcleo que se desenvolve à volta da igreja onde está também a residência paroquial, o cemitério e um pequeno conjunto de casas. E a Santa Leocádia de baixo onde penso estar o núcleo mais antigo da aldeia, mas isto sou eu a supor que no passado a aldeia seria este pequeno núcleo e lá em cima seria apenas a Igreja e a residência paroquial, o cemitério e o restante casario teriam aparecido depois, suponho. Quanto ao cemitério tenho a certeza, pois antigamente a igreja também tinha a função de ser cemitério, aliás nesta igreja de Santa Leocádia ainda há sepulturas no seu interior.

 

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Quanto ao casario da aldeia, são mesmo dois pequenos núcleos de construções maioritariamente antigas, pois ao que parece a aldeia não se mostrou muito convidativa a receber as novas construções que no último quartel do século passado  popularam um pouco por todo o lado, o que aqui até é mais ou menos compreensível tendo em conta a maleita do despovoamento rural que nas pequenas aldeias é mais fácil de acontecer, Assim, o casario não atinge a grandiosidade das vistas e da Igreja Românica mas é igualmente grande ao manter a sua integridade com aldeia transmontana, não digo típica, porque esta, com os seus dois núcleos, até é atípica.

 

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Qua mais dizer sobre a aldeia!? Pois mais nada, se quiser saber o resto vá até lá e descubra por si, e com esta não estou a ser mauzinho, nada disso, antes pelo contrário, é um convite, tipo conselho para que não deixe de visitar esta aldeia de visita obrigatória, e vá por cima ou por baixo, o que interessa mesmo é ir. Não deixe de visitar um dos mais belos exemplares que temos de arquitetura religiosa do românico, principalmente após o restaura a que esta igreja foi sujeita e que deixou a descoberto os frescos do seu interior. Na deixe de visitar o interior. Por sorte, na maioria das vezes que lá fui apanhei quase sempre a igreja aberta, mas se estiver fechada, pergunte na aldeia que tem a chave, pois pela certa que terão todo o gosto em abri-la e mostrar o seu interior.

 

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E fico-me por aqui, as imagens hoje ficam aos molhos pois embora ainda houvesse mais para dizer, e palavras para intercalar entre imagens, já fui dizendo o que havia a dizer sobre a aldeia em posts anteriores a ela dedicados e depois hoje quero mesmo realçar as três preciosidades da aldeia, ou sejam, os seus núcleos, a Igreja Românica e as maravilhosas vistas que desde ela se alcançam.

 

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Um bom fim de semana e não esqueça que na próxima noite muda a hora, ou seja na próxima noite não vamos ter a 1 da manhã, da meia-noite passamos para as 2 da manhã,  o que faz com que este domingo tenha apenas 23 horas e menos 1 hora de sono, é desta parte que não gosto…

 

 

 

[i] Pelos vistos este termo não existe em português, e temos pena, mas fui buscá-lo aqui ao lado, aos nossos irmãos galegos que ainda falam parte do nosso português antigo, e aí sim, a vistosidade existe e tem o significado que tem de ter, pois tem o significado de: “ qualidade de ser vistoso”

 

26
Set10

Quando a esmola é grande...


 

 

 

 

O Restauro das Igrejas Românicas do Douro e Tâmega

ou

Um Presente Envenenado?

 


 

 

Granjinha

 

 

.

 

Alertado pelo  Blog da Granjinha recebi, com satisfação, a notícia que a Capela da Românica da Granjinha ia ser recuperada, pois há muito que a capela pedia obras, algumas até urgentes. Mas no pacote dos arranjos estão também incluídas a Igreja de São Julião em São Julião de Montenegro, a Igreja de São João Baptista em Cimo da Vila de Castanheira, a Igreja de Santa Leocádia em Santa Leocádia e Igreja de Nossa Senhora da Azinheira em Outeiro Seco. Satisfação ainda maior, pois se a Igreja de Santa Leocádia até teve obras de restauro há poucos anos atrás, uns arranjos extras ou a conclusão dos arranjos são com certeza bem-vindos, mas quem agradece mesmo é a Igreja de S,Julião e a de São João Batista em Cimo de Vila da Castanheira e, também a Srª da Azinheira deve ter razões para agradecer, pois obras de restauro são sempre de agradecer.

 

.

S.Julião de Montenegro

.

 

Recebi a notícia com tanta de satisfação como de admiração, ou surpreendido mesmo, pois a Grajinha e S.Julião há anos que pedem obras mas sem resposta e, Cimo de Vila, desde sempre as pediu, mesmo depois dos arranjos do telhado e a reconstrução possível que a Câmara Municipal fez há anos.

 

Surpreendido por assim de atacado, se restaurarem 5 igrejas românicas do concelho, e, quando a esmola é grande, o pobre desconfia, pois traz sempre água no bico.

 

Mas vamos esmiuçar a notícia, que foi notícia há dois dias na televisão e está publicada no site do Ministério da Cultura:

 

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Cimo de Vila da Castanheira

 

.

 

( A azul a notícia, a sépia e itálico os meus considerandos, os sublinhados também são meus).

 


Ministério da Cultura


Ministério da Cultura de Portugal, a Junta de Castelo e Leão e a Fundação Iberdrola apresentam o projecto de restauro mais ambicioso da Arte Românica do Douro.


Fundação Iberdola!? Quem são eles!? Por mero acaso são os mesmos que vão construir as Barragens no Rio Tâmega.


O Ministério da Cultura de Portugal, a Junta de Castela e Leão e a Fundação Iberdrola subscreveram um acordo com base no qual as três instituições levarão a cabo o mais ambicioso projecto de restauro e manutenção de arte românica em ambos os países, que abrangerá 33 edificações religiosas deste estilo situadas nas imediações dos rios Douro e Tâmega.


Rio Tâmega para onde a Iberdola projecta o seu negócio com as Barragens do Tâmega!


.

Stª Leocádia

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(…)

Das 33 igrejas que vão beneficiar do projecto, nove localizam-se na província de Zamora, sete no distrito português de Vila Real, seis no distrito do Porto, seis na província de Salamanca e cinco no distrito de Bragança. No desenho e execução técnica dos trabalhos participará a Fundação Santa Maria La Real, instituição de referência no âmbito do restauro de arte românica.


Tudo bem, o românico merece esta abrangência e não duvido que a Fundação Santa Maria La Real seja uma instituição de referência, mas não haverá mais instituições do género, também de referência, capazes de fazer o serviço!?


(…)

Na cerimónia esteve também presente o Presidente da Iberdrola que destacou que «este acontecimento intensifica o forte compromisso existente entre a nossa Empresa e Castela e Leão - onde o Grupo nasceu há 110 anos - e com Portugal, terra com a que partilhamos um futuro repleto de importantes projectos». Ignacio Galán recordou também que a «Iberdrola Portugal iniciou o seu caminho já há alguns anos com o objectivo de ajudar a satisfazer as necessidades energéticas do país e de ser uma parte activa do seu progresso económico e social». «Conseguimos que a Iberdrola Portugal seja hoje o segundo comercializador de electricidade do País,  (amor com amor se paga) contando já com uma importante carteira de clientes, aos quais a empresa presta serviços e oferece soluções à medida das suas necessidades», acrescentou.


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Outeiro Seco

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Compromisso da Iberdrola


O objectivo da Iberdrola ao participar nesta iniciativa é contribuir para o desenvolvimento económico e social das zonas onde desenvolve a sua actividade. Assim, o projecto de restauro terá lugar em Castela e Leão, uma comunidade na qual a Empresa mantém um vínculo histórico, e na zona do Tâmega, onde a Companhia desenvolve o Complexo Hidroeléctrico do Alto Tâmega, um dos últimos grandes aproveitamentos hidroeléctricos da Europa.


Areia para os olhos, pois ninguém dá nada sem receber muito mais em troca…


Esta grande instalação, que alcançará uma potência instalada de mais de 1000 megawatts (MW), constitui um dos maiores projectos com estas características levados a cabo nos últimos 25 anos em todo o continente. O complexo requererá um investimento por parte da Iberdrola de cerca de 1550 milhões de euros e deverá produzir, aproximadamente, 1800 gigawatts ao ano (GWh), valor que representa 3% do consumo eléctrico português (bastava controlar a electricidade mal gasta ou inutilmente gasta e desperdícios para a percentagem ser muito mais elevada) e que será suficiente para abastecer o consumo anual de aproximadamente um milhão de pessoas.


(areia para os olhos) – Porquê é que nestas coisas se fala sempre no esforço (investimento) das empresas e nunca se fala nos lucros que vão ter e nos prejuízos que causam (económicos, ambienteais e sociais) para obter os seus objectivos.


.

Granjinha

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Para ler a notícia completa fica aqui o link:

 

http://www.governo.gov.pt/pt/GC18/Governo/Ministerios/MC/Notas/Pages/20100922_MC_Com_Romanico_Atlantico.aspx


 

Que fique claro que nada tenho contra o restauro das Igrejas Românicas, antes pelo contrário, pois vai sendo o património mais valioso que temos, e que, constantemente deveria ser objecto de manutenção cuidada e restauros quando necessários, em vez de entregues a si próprias, esquecidas e algumas, mesmo em abandono total e ruínas durante anos (como foi o caso da Igreja de Cimo de Vila) e outras, onde as poucas obras que se iam fazendo, de boa vontade era a custos da população, que se faziam deficientemente sem qualquer apoio técnico de preservação , substituindo-se a população ao Estado, pois o Românico não é só património das populações, mas património do Estado e da Humanidade.

 

.

 

Stª Leocádia

 

.

 

Estranha-me é a promiscuidade entre o estado e os privados, principalmente quando estes (os privados) têm interesses económicos (que até são contestados pela população) nas regiões onde servem de “mecenas”. Ou seja, é um mecenato feito em nome de interesses económicos e não, em nome do património, ainda com a agravante, de tal mecenato, vir a servir de desculpa ou perdão para os males que vão ser feitos socialmente e ao ambiente.

 

Recebo com agrado todo este restauro do nosso Românico e do Românico da região, no entanto, a areia,  já não me deixa ver com bons olhos a intervenção de interesses escondidos por trás do mecenato e todo este restauro, orçado em 4,5 milhões de euros vai sair muito mais caro que estes simples números de milhões, mas enfim, vamos ter de dar graças a Deus por todas estas obras, e o contentamento de uns, vai pela certa ser a desgraça de outros, os costume, não é !?

 

 


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