Ilumina-me, poesia de António Roque
Hoje em vez da Pedra de Toque de António Roque, vamos falar um pouco do poeta António José Roque da Costa e do seu livro de poesia “Ilumina-me”, apresentado no passado dia 9, na Biblioteca Municipal de Chaves.
Mas antes regressemos um pouco no tempo, mais precisamente (isto se a memória não me atraiçoa) ao dia 6 de janeiro de 1977, quando um pequeno grupo de estudantes do Liceu de Chaves, com duas violas, uma flauta, ferrinhos e pandeireta, resolveu cumprir a tradição do cantar dos reis aos vizinhos, iniciando precisamente na casa de António Roque. Como mandava tradição, escolheu-se uma música e letra do reportório tradicional dos cantares dos reis, deu-se os vivas aos senhores da casa e no final a porta abriu-se com o convite para entrar e cantar umas canções da época, ainda canções de abril, de Zeca Afonso, Adriano, Fausto , Sérgio Godinho, Manuel Freire, Janita e Vitorino Salomé…, à mistura com poemas de Manuel Alegre, entre outros. Aquilo que se programou ser uma noite de cantar dos reis pelos vizinhos, acabou por ser uma noite na casa de um vizinho a cantar canções de Abril com muita poesia à mistura. António Roque já tinha nome na praça com advogado, mas nessa noite ficámos a conhecer o António Roque amante de poesia e das canções de Abril, mas também o António Roque declamador de poesia e de poetas. Uma noite inesquecível, daquelas que não se repetem e que revelava já o António Roque poeta.
Este livro de poemas já há muito que se esperava e é até ele que agora vamos, iniciando pela biografia, apresentada pelo autor na primeira pessoa:
“Nasci em Chaves, bem no “caroço” desta cidade milenária.
Corria o longínquo ano de 1943.
Por aqui frequentei a escola primária e o Liceu Fernão de Magalhães.
Durante dois anos fui aluno do Liceu Castelo Branco, em Vila Real, e aí concluí o sexto e o sétimo ano, alínea de Direito.
Em 1961 rumei a Coimbra, onde cursei a Faculdade de Direito da vetusta universidade.
Vivi intensamente Coimbra da saudosa década de 60, participando com empenho nos movimentos académicos e em alguns organismos da Associação, como Coro Misto e CITAC.
Na Lusa Atenas, concluí meu curso mas, entretanto, apaixonei-me pela cidade, pelo teatro, pela poesia e pela política.
Depois de uma ida “à Guerra, de onde voltei, à triste paz destes rios”, dei aulas durante poucos anos e em cerca de quarenta anos, exerci advocacia, com escritório na minha amada cidade.
Por aqui me mantenho , usufruindo o vale e as serras que me rodeiam, abraçando os amigos que me estimam e escrevendo uns pequenos textos e alguns poemas para meu gáudio pessoal e dos que, simpaticamente, me vão lendo.
Por aqui quero ficar.”
E nós também vamos ficar por aqui, mas antes, fica ainda o poema que, com a caricatura de autoria do Mestre Nadir Afonso, consta na contracapa do livro.
A DANÇA
A dança é o sorriso do corpo!...
E a boca
Para onde grito calado,
É o princípio de ti.