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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

04
Jan13

Discursos Sobre a Cidade - Por António de Souza e Silva


 


Considerações à volta de uma homenagem



I


Já se passou a quadra do Natal.


O ano de 2013 já está em andamento.


Estamos todos expectantes, face aos tempos que atravessamos, o que 2013 nos reserva. Possivelmente muitas coisas boas não teremos, com certeza.


No final do ano que passou um dos esteios daquele que foi chamado o Movimento das Forças Armadas, o MFA e o 25 de Abril privou-nos do convívio quotidiano. Foi-se um homem impoluto, honesto, que quis que seus restos mortais repousassem na terra que o viu nascer – o seu querido Trás-os-Montes.




Há que distinguir o trigo do joio: não há só políticos maus. Marques Júnior, um dos «capitães» de Abril, era, efectivamente, um dos bons e dos melhores. Que nunca precisou de alardear para que, de todos os quadrantes, o reconhecessem como tal. Marques Júnior foi um exemplo de cidadão. Que todos devemos recordar e não esquecer.


 

II


Ao chegar a casa, no passado dia 19 de Dezembro, depois de uma «aventura» a pé por terras das Astúrias e da Galiza, em direcção a Santiago, entre a vária correspondência acumulada, deparo com dois convites: um, do Grupo Cultural Aquae Flaviae, a convidar-me para a sessão de homenagem ao ilustre flaviense Dr. Júlio Montalvão Machado, a realizar dia 13, às 17:30 na Biblioteca Municipal de Chaves, onde seria apresentada a sua última obra intitulada «História Moderna e Contemporânea da Vila de Chaves, através das Actas da Câmara e dos Jornais da Época»; um outro, com o título «Recordar Júlio Montalvão Machado» para dia 15 de Dezembro, com o seguinte programa: 14:30 – Atribuição do nome de Júlio Montalvão Machado à sede do Partido Socialista de Chaves; 16:00 – Percurso pedonal histórico (Largo General Silveira); 18:00 – Sarau cultural no Auditório do Forte de São Francisco Hotel).




Tive imensa pena não poder estar cá para participar, essencialmente, no evento do primeiro convite.

Exemplificando.


Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado, nascido numa das freguesias da cidade de Vila Real, era um apaixonado por Chaves.


 Na sua aguerrida juventude lutou pelos ideais da liberdade, da democracia e do socialismo democrático. Razão pela qual – e com todo o mérito – seu nome figura, juntamente com outros, em letras «garrafais», como um dos fundadores do Partido Socialista Português, na sede do Partido Socialista, a nível nacional. É, pois, ali que gosto que seu nome tenha a honra de brilhar!


Mas Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado não foi apenas um lutador pela liberdade, pela democracia e pelo socialismo democrático. Era também um verdadeiro, autêntico republicano. Para quem democracia não é só o exercício de direitos mas também a consciência cívica e a obrigação prática, da prestação efectiva de deveres.


Enquanto, muito esporadicamente, e após o 25 de Abril, exerceu actividade política, quer como deputado, quer como governador-civil, o lema republicano esteve-lhe sempre presente.


Como apaixonado flaviense que era, e não querendo ausentar-se da sua terra por longos períodos de tempo, foi, lentamente, abandonando a vida político-partidária activa que, obviamente, o chamava para a capital.


Dizia, frequentemente, aos camaradas que o ouviam, que fazer uma vida político-partidária em Lisboa, sem se desligar do seu terrunho, que tanto amava, para além de extenuante, era um empreendimento pessoal demasiado caro.


Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado, como muitos, - agora infelizmente já tão poucos -, era um democrata e republicano impoluto. No seu horizonte de realização pessoal, em termos políticos, estava fora de questão o exercício da política para subir na vida. A política, ou melhor, o seu exercício, apresentava-se-lhe como um efectivo serviço público, como um autêntico dever de um cidadão para com a sua polis.


Por isso, fez a sua opção: ficou pela sua terra flaviense, que tanto aprendeu a amar e amou. E, aqui, fez toda a sua vida. Como profissional de um dos ramos da saúde e, na linha já de um dos seus familiares, de curioso e investigador da história, em particular da história flaviense.


Foi com muito gosto, sendo responsável pelo sector da cultura na autarquia flaviense, que assisti ao lançamento do seu livro «Crónica da Vila Velha de Chaves»; foi com imensa satisfação que o vi trabalhar na Revista Aquae Flaviae, escrevendo nos seus números, temas relacionados com Chaves; seria, igualmente com grande entusiasmo que estaria presente no lançamento póstumo da sua última obra.


Positivamente, a sua paixão era por tudo que se relacionasse com a sua «Vila de Chaves»!


Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado era um homem de palavra. Estive numa das últimas reuniões da Assembleia Geral da Revista Aquae Flaviae. A sua Presidente, D.ra Isabel Viçoso, quando apresentava o Plano de Actividades para 2012, apontava estava obra como uma das prioridades do programa da Revista. A Revista cumpriu. Porque também o seu responsável, embora tenha partido mais cedo do que todos nós pensávamos, deixou tudo pronto para que se pudesse editar. Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado deu-nos, efectivamente, um exemplo: o saber cumprir com a palavra dada!


Esteve, pois, de parabéns a Revista Aquae Flavia em editar e lançar a última obra de Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado. Porque, muito justamente, é a melhor homenagem que se poderia ter feito ao homem que tão apaixonado era por Chaves.


III

 

Já, por outro lado, não concordo com o programa «Recordar Júlio Montalvão Machado», especificadamente quanto à atribuição do seu nome à sede do Partido Socialista de Chaves.

Não sei nem tão pouco interessa aqui escalpelizar, os desígnios ou intuitos que presidiram a esta decisão e posterior iniciativa.



Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado, estou certo, não apoiaria esta iniciativa: pelo seu sentido certo de justiça que tinha perante as coisas.


O Partido Socialista de Chaves não deve a sua existência só a Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado. Todos os seus feitos e realizações foram (e são) obra de todos os seus militantes. Muitos deles militantes, cidadãos anónimos.


Embora saibamos que Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado tenha sido Presidente da Assembleia Municipal de Chaves, nos consulados socialistas na Câmara, bem assim Presidente Honorário do Partido, a nível da Federação do Partido Socialista de Vila Real, tais cargos ou designações possuem apenas a simples e honrosa distinção que se tem para com uma pessoa, a quem pelo seu exemplo e pela sua vida, nos merece o maior respeito. Mas o PS de Chaves não se esgota (ou esgotou) apenas em Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado.


Desta feita, dar o nome de Júlio Montalvão Machado à sede do Partido Socialista parece-me não só despropositado como até abusivo, ofendendo o sentido de rectidão e justeza que, estou certo, Júlio Augusto de Morais Montalvão Machado tinha. Repito: o Partido Socialista de Chaves é obra de todos. E sublinho: de todos os militantes da sua Secção. E não me refiro apenas aos que pelo seu mérito e trabalho ganharam e ajudaram a ganhar eleições mas, fundamentalmente, aqueles, muito deles anónimos, que, com dedicação e perseverança, todos os dias (ou quase todos os dias) a souberam organizar e mantiveram, ao longo de anos, a sede aberta, mantendo bem vivo e de pé o nome do Partido Socialista no concelho de Chaves.


E, a este propósito, pedindo perdão àqueles que aqui, porventura injustamente, não refiro – e que foram tantos! – queria nomear  três militantes, muitas vezes tão injustamente esquecidos e/ou criticados:


Um deles – e que, infelizmente, há muito tempo nos deixou – António Chaves Medeiros. Tendo sido deputado e desempenhado mais vida político-partidária a nível nacional (e, com certa predominância em Valpaços), não nos devemos esquecer do trabalho de bastidores e de «sapa», junto do mundo rural. Em particular quando o Partido Socialista sobe, pela primeira vez, ao poder na Câmara de Chaves, após o 25 de Abril.


De lá até agora algum de nós se lembrou de António Medeiros? De o associar ao mundo rural e aos lavradores da nossa região? E de se instituir ou criar seja o que fosse para preservar e continuar a sua memória e obra?


Um outro – que também infelizmente há muito tempo nos deixou – José Augusto Fillol Guimarães.


Alguém duvida da sua militância como também do seu compromisso para com o Partido Socialista?


Alguém se lembra, nos tempos difíceis para o PS de Chaves – e áureos para o PPD, dono da Câmara flaviense – dos candidatos socialistas à Câmara? Quem, na altura em que Fillol Guimarães desempenhava as funções de deputado na Assembleia da República, os responsáveis da altura do PS de Chaves foram buscar para ser opositor ao todo poderoso Branco Teixeira? Sabem, porventura, o que este convicto socialista, e também republicano, respondeu? Como sabeis, estou de armas e bagagens em Lisboa, desempenhando as minhas funções de deputado, contudo, se não tendes candidato e achais que deva ser eu, é meu dever aceitar.


E, de lá até cá, algum dos socialistas se lembrou de José Augusto Fillol Guimarães? De associar o seu nome a qualquer iniciativa ligada ao ensino, onde, aliás, ele desenvolveu quase toda a sua vida? Como, por exemplo, a de um prémio, com o seu nome, para o melhor estudante dos membros da JS de Chaves, aliás como já a Escola onde trabalhou tantos anos – A Escola Secundária Fernão de Magalhães – faz aos alunos que se distinguem pelas suas qualidades humanas…


Finalmente, um terceiro, emigrado há longos anos em terras helvéticas – Domingos Benjamim Carneiro Ferreira, o mal-amado por alguns militantes, de memória curta. A quem recordo, melhor, desafio  que, nos arquivos da Secção do Partido Socialista de Chaves «vasculhem», nas primeiras listas à edilidade flaviense, após o 25 de Abril, e digam quem nelas figura, nomeadamente, como cabeça de lista.


Dizem que, Benjamim Ferreira, na prática, era um aliado de Branco Teixeira. Não me compete, aqui e agora, julgar cada acto ou decisão de Benjamim Ferreira enquanto vereador socialista na Câmara de Chaves. Apenas deixo aqui uma constatação e faço uma pergunta: Benjamim Ferreira comprometeu-se a aparecer na sede do Partido todas as semanas para dar conta aos responsáveis da secção do que se tinha passado nas reuniões e preparar os assuntos que o PS achasse por conveniente levar à seguinte sessão de Câmara. Salvo raras excepções, Benjamim Ferreira cumpriu escrupulosamente o seu compromisso, muitas vezes mesmo com sacrifício da sua vida familiar, numa altura tão complicada da sua vida. Estava sozinho, pelo PS, na Câmara. A pergunta: quantas pessoas apareciam a essas reuniões para o ajudar?...


Como se trata de um grande amigo meu, não peço para ele nada, apenas justiça quanto ao seu julgamento e respeito pelo seu trabalho como verdadeiro militante socialista da Secção de Chaves, enquanto permaneceu nesta terra e desempenhou funções públicas.


Não é de bom tom avaliar o trabalho de qualquer militante atendendo ao berço onde se nasce ou de se ser de «gema» flaviense. O que importa é o amor e o empenho que se dedica à terra que se aprendeu a amar ou que se escolheu para viver. Isso é que é o mais importante!


Urge, hoje em dia, que muitos militantes, sejam de que quadrantes partidários forem, revejam o verdadeiro sentido da palavra «militância», tantas e tão reiteradamente corrompida!

 

IV

 

Tenho ultimamente frequentado com mais assiduidade as terras dos nossos vizinhos espanhóis, em particular Galiza e, recentemente, Astúrias.


O que mais me impressiona, quando deambulo pelos diferentes recantos das suas cidades e vilas é o «orgulho» que eles têm pelos seus «maiores». Desde os mais humildes aos mais ilustres. E que está tão bem espelhado na respectiva estatuária urbana.



Referia ainda, aqui há dias, na minha página do Facebook, em tom de brincadeira, dirigindo-me aos associados Lumbudus, que, no Parque de São Francisco, na cidade de Oviedo, capital das Astúrias, tinha encontrado uma personagem original – a mulher do nosso fotógrafo Lombudo, que havia emigrado para aquelas paragens exercendo a profissão do ex-marido. Ali chamaram-lhe «La Torera», por usar uns sapatos iguais aos que os toureiros usam. Ao mostrar a foto desta escultura aposta naquele Parque São Francisco obviamente estava a brincar!


Contudo, pergunto: onde temos nós as figuras tão autênticas da nossa cidade e que marcaram tanto uma época? Será que, para além das pessoas ditas ilustres, não vale a pena recordar o Lombudo, a tia Landainas e, porventura, tantas outras? Não vale mesmo a pena? O que deve valer mais a pena: A fidalguia;  o preconceito ou a humanidade?


A história e a identidade de uma terra constrói-se com episódios e figuras que definem e moldam uma época, mesmo que sejam simples.  Perdendo essa memória não só um pedaço da nossa identidade se perde como a nossa auto-estima se enfraquece. E, sem auto-estima, não se constrói e faz história. E, desta forma, a alma de uma terra se esvazia e tende a desaparecer.


O mesmo acontece em toda e qualquer instituição, seja ela de que cariz for!


António de Souza e Silva



15
Dez12

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

Pecados e picardias


 

Abril é em qualquer mês

 

Ao Sr. Dr. Júlio Montalvão Machado


 

Fique descansado,

Jamais deixaremos cair Abril.

 

Subimos a madrugada

Como amantes já seguros

Deixamos um luar transparente

Agora e já,

Conselheiro , nos silêncios, como uma qualquer  anuência

 Dessas democráticas já sem muros

Vamos de mãos dadas, e  já há Nós…

Todos ,mesmo todos,

 Levamos a bandeira das intenções de Abril

Jamais esquecida

Agora mais desperta em busca da Alvorada

O sol está a nascer

Num sorriso morno prestes a resplandecer

Passamos no cemitério;

Deu-nos a atmosfera de exemplos

Seguramo-los

Como braçadas de flores de aroma liberdade

E  caminhamos…Caminhamos

Cada um com seus sapatos

Já descalços de degredo

Sem medo

Muito menos do medo

E já

Ultrapassados obstáculos

Com as conquistas de Abril como a Verdade

Chegamos ao Monumento

À nossa espera, sempre a tempo

Sem nostalgia, com a mais valia do saber sentir a saudade

Gritamos, e gritamos mais alto

E prometemos

Ao Deus de toda a liberdade

Fique descansado

Que Nós

Do Um aos Mil

Jamais deixaremos cair Abril

 

Isabel Seixas



15
Dez12

Homenagem a Júlio Montalvão Machado


 

No semanários locais desta semana vem a notícia de uma homenagem póstuma marcada para o dia de hoje, à qual não poderia ficar indiferente. Trata-se de uma homenagem a Júlio Montalvão Machado, falecido em 25 de junho do presente ano.

 

Fica o texto que acompanha o convite para esta homenagem e o programa da mesma:

 

Júlio Montalvão Machado foi um dos fundadores do Partido Socialista (militante n.º 10) e, para além de médico oftalmologista, foi Governador Civil, Deputado à Assembleia da República, Comendador da Ordem da Liberdade e membro da Academia Portuguesa da História.

 

Herdou de seu pai, juiz de direito, figura destacada da 1ª República, uma vocação política democrática e republicana. Frequentou vários estabelecimentos de ensino no país, vindo a terminar o seu curso secundário no Liceu Rodrigues de Freitas, no Porto, onde fez parte ativa do MUD Juvenil.

 

Formou-se em medicina na Universidade do Porto, em 1952, e especializou-se em Oftalmologia, em 1957, nos Hospitais Civis de Lisboa. Médico desde essa data na cidade de Chaves, onde exerceu larga atividade profissional.

 

Sempre interessado nos movimentos da oposição ao regime da Ditadura, tomou parte nalgumas das lutas políticas desses anos, especialmente na campanha para Presidente da República do general Humberto Delgado em 1958, tenho sido então preso pela PIDE. Na sequência desses acontecimentos foi-lhe vedada a nomeação para o cargo de médico do Hospital de Chaves.

 

Em 1969, fez parte da lista de deputados da oposição do Distrito de Vila Real, e levou a efeito uma ação permanente de sensibilização dos ideais democráticos em toda a província. Colaborou na passagem clandestina da fronteira a vários elementos perseguidos pelo regime de Salazar. Declinou o convite que lhe foi endereçado para fazer parte da «ala liberal» na Assembleia da República. Com 45 anos, em 1973-1974, foi enviado para a Guiné como médico oftalmologista.

 

Foi o primeiro Governador Civil do Distrito de Vila Real, depois da revolução de 1974. Tomou parte ativa na instalação do Instituto Politécnico de Vila Real, criou o Arquivo Distrital de Vila Real e dirigiu o plano de colaboração para a saúde, entre Portugal e Noruega.

 

Membro da Acão Socialista, foi depois um dos elementos fundadores do partido Socialista (1973), tomando parte na Mesa do I Congresso, em 1974 e depois sucessivamente eleito, durante vários anos, para a sua Comissão Nacional e Comissão Política. Ocupou ininterruptamente sucessivos cargos na direção partidária local e regional e era atualmente o Presidente Honorário da Federação Distrital do PS de Vila Real.

 

Foi finalmente admitido na carreira médica hospitalar como médico assistente de Oftalmologia do Hospital Distrital de Chaves, em 1982. Diretor do mesmo Hospital durante os anos de 1986-1988. Pertenceu à Assembleia Municipal do concelho de Chaves desde as primeiras eleições autárquicas, tendo sido Presidente entre 1990 e 2001.

 

Foi ainda escritor, sendo de sua autoria os livros “Crónica da Vila Velha de Chaves” (1994) e “A República em Chaves” (1998), "O Granjo" (2010) a "História Moderna e Contemporânea da Vila de Chaves" (2012).

 

Programa:

 

Sábado dia 15 de Dezembro


16:00 H Percurso Pedonal Histórico a partir do Largo das Freiras

 

18:00 H Sarau Cultural. no Auditório do Hotel Forte de S. Francisco

 

a)      Marcha de Chaves  pelo Grupo Coral Canto Alegre,

b)      Vídeo fotobiografia

c)    Intervenção dos amigos: Professor Doutor Fernando Sousa,  Alexandre Chaves, Maria Cacilda Xavier  Guerra

d)      Música de intervenção:  Zé Pires e Alfredo

e)      Primeiro momento de poesia:  Isabel Seixas, Jorge Medeiros

f)       Grupo Coral Canto Alegre

g)      Segundo momento de poesia  - Norberto Vale Cardoso,  Reis Morais

h)      Música de intervenção:  Zé Pires e Alfredo

i)       Terceiro momento de poesia  António Roque

j)       Mané Guerra

k)      Grândola, Zé Pires e Alfredo



03
Jul12

Pedra de Toque - Dr. Júlio Augusto Morais Montalvão Machado


 

 

DR. JÚLIO AUGUSTO MORAIS MONTALVÃO MACHADO

 

Já muito se escreveu, nos últimos dias sobre este cidadão notável, cujo decesso na passada semana nos provocou tristeza profunda.

 

Aqui não vos vou falar sobre os dados biográficos do Dr. Júlio Montalvão, difusamente mencionados nos meios de comunicação, nem no seu vasto e brilhante currículo por demais conhecido na nossa cidade, na nossa província, no nosso país.

 

Hoje quero sublinhar a sua estatura humana e cívica de homem de esmerada educação, exemplar marido, pai e avô extremoso, um bom amigo com quem aprendi a amar a liberdade, a defender a tolerância e a firmeza no combate de ideias.

 

Foi ele que nos fins dos anos sessenta, num jantar de amigos, na já desaparecida Estalagem Santiago, me entusiasmou para, em nome dos jovens, expressar a indignação pelo estado das coisas na época.

 

Da Esq. para a Dir. - António Roque, Figueiredo Fernandes, Júlio M.Machado, x , Fillol Guimarães, no I Congresso do Partido Socialista (1975)

 

Estive com ele em Lisboa no 1º Congresso do PS, em liberdade (1975), na companhia dos saudosos drs. Figueiredo Fernandes e Fillol Guimarães, integrando a representação da secção do partido na nossa cidade.

 

Logo aí constatei o enorme prestígio que gozava entre os seus camaradas.

 

Nos Santos daquele ano, em pleno Arrabalde, recebemos o Dr. Mário Soares num grandioso comício, bem vivo na memória dos muitos que o presenciaram, onde fui brindado com a possibilidade de intervir.

 

Lembrava com o Dr. Júlio muitas vezes esse acto político e já o fiz em diversas ocasiões com o nosso ex-presidente da República.

 

Acompanhei relativamente de perto, até ao presente o seu percurso politica. E desejo realçar a sua postura vertical e sempre coerente.

 

Coerência tão rara nos tempos que vivemos, onde as pessoas cada vez mais vão mudando camaleónicamente ao sabor dos ventos do poder.

 

António Roque, Fernando Rua Alves e Júlio Montalvão Machado

 

O Júlio, nas vitórias e nas derrotas, esteve em todos os momentos firme, digno, no seu lugar de sempre.

 

O modo como exerceu medicina durante a sua vida, com grande generosidade e altruísmo, motivaram lágrimas que vi em olhos de gente pobre e simples que o acompanharam até à última morada.

 

Fazia-o com o sorriso, a simpatia e a simplicidade tão vincadas na sua personalidade.

Por fim, o destaque pela sua paixão por Chaves, pelos seus monumentos, pelas suas gentes que ele exaltava com entusiasmo, conversador apaixonado.

 

A sua obra literária, com especial enfoque na história da República e da nossa cidade, foi sempre fruto de muito trabalho, de cuidada investigação, com constantes consultas nos alfarrabistas e nas bibliotecas, onde com rigor procurava as fontes do passado.

 


António Roque e Júlio Montalvão Machado

 

No pós 25 de Abril alguns (pouquíssimos) medíocres procuraram beliscá-lo, mas ele, com elevação, saiu incólume de algumas infâmias que falsamente lhe atribuíram.

 

Esses indignos continuam para aí esquecidos, ignorados.

 

O Dr. Júlio, entretanto, prosseguiu o seu caminho, caminhando pela vida sempre inspirado na ética republicana, com sua digna postura de homem de excepção, de intelectual lúcido e brilhante, de homem probo, de HOMEM BOM.

 

António Roque e Júlio Montalvão Machado numa tomada de posse na Assembleia Municipal de Chaves

 

Sei, bom amigo, que repousas em paz.

 

Semeaste o bem na vida, quem teria coragem de perturbar o teu eterno descanso?...

 

Como já escrevi, quando alguém querido parte deixa sempre saudade, mas tu, caríssimo amigo e camarada, deixaste-me uma saudade enorme…

 

 

 

P.S: O Dr. Júlio Montalvão Machado figura de proa, consensual e marcante da nossa terra, merece que o seu nome seja atribuído a um espaço público na sua amada cidade de Chaves, como homenagem perpétua e justíssima dos seus conterrâneos.

 

Aqui deixo o repto que espero e desejo mereça total adesão dos flavienses, de todas as entidades públicas e privadas, mormente da Associação AMO CHAVES e da página CIDADE CHAVES, de tanto sucesso e profusamente visitada no Facebook.

 

António Roque.

 

30
Jun12

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

Hoje sem subtítulo escrevo desde a admiração no sentido de deslumbramento por Alguém que sempre foi Alguém por ter como linha de conduta o respeito dos direitos do Homem nos vários papéis que desempenhava.


Do contacto pessoal e do feedback obtido reunindo consensos, perfila-se um Senhor, que provocou lágrimas condensadas de genuína saudade.


Sensibilizaram-me as lágrimas  contidas pelos colegas de trabalho instaladas  desde o ensombramento na eminência da sua partida,  inconformados com a Sua finitude.


Representou Chaves em várias dimensões do saber permitindo-nos auferir por arrastamento de uma imagem de seriedade bom gosto afabilidade e disponibilidade na participação e contributo nas decisões representativas do Município.


Também eu fui bafejada com a sua anuência de Espirito democrático e resta-me render-me á sua mensagem de inclusão…


Chaves
Entre duas montanhas
Passa um rio

E a seu lado
Sobre colinas

Nasceu um dia
Uma terra simples

Qu’entre glórias e desencantos
Fez um destino se guia

Que encanto ou quimera
Se esconde neste lugar
E se apodera do sonho
De cada um de nós?

Feitiço ou engano
Entre cada pedra ou canto
Ela nos extasia
E faz razão dessa magia.

Júlio Montalvão Machado, Médico oftalmologista, Escritor
In Chaves Musa Inspiradora

 

Isabel Seixas

26
Jun12

Dr. Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado


Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado

(27 de julho de 1928 – 25 de junho de 2012)

 


 

Desde ontem à noite nas edições online dos jornais nacionais,e hoje nas edições dos Jornais nacionais e televisões davam a conhecer a morte de Júlio Montalvão Machado e a seguinte notícia:

 

“O fundador do PS Júlio Montalvão Machado morreu hoje, aos 83 anos, informou o secretário-geral do PS, António José Seguro, que lamentou, numa nota de pesar, a morte de "um dos mais ilustres democratas".

 

Para António José Seguro, o falecimento de Júlio Montalvão Machado,  republicano e antifascista, deixa ao país "uma personalidade única, a quem  a República e a democracia muito devem". 

 

Oftalmologista de profissão, Montalvão Machado foi um dos fundadores  da Ação Socialista Portuguesa e, depois, do Partido Socialista. 

 

Fez parte da Comissão Nacional e da Comissão Diretiva do PS, tendo exercido  todas as funções partidárias em Vila Real, distrito de onde era natural.

 

Foi presidente honorário da Federação Distrital do PS de Vila Real,  governador civil de Vila Real (1974-1975), deputado (1979-1980) e presidente  da Assembleia Municipal de Chaves (1993-2001). 

 

Perseguido pelo regime do Estado Novo, Júlio Montalvão Machado só viria  a ser autorizado a exercer funções profissionais no Serviço Nacional de  Saúde após o 25 de Abril de 1974. 

 

Durante vários anos, Montalvão dedicou-se à investigação da História  política portuguesa, em especial o pós-Invasões Francesas e o período da  Implantação da República.  

 

A história dos Defensores de Chaves (1912) e a vida de António Granjo,  primeiro-ministro em 1920-1921 e seu familiar, serviram de base a muitas  das suas publicações.”

 

Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado, embora nascido em Vila Real, viveu e dedicou quase toda a sua vida à cidade de Chaves.

 

Em 1952, na Universidade do Porto,  concluiu a sua formação em Medicina vindo a especializar-se em oftalmologia em 1957, ano a partir do qual começa a exercer a sua atividade profissional na cidade de Chaves.

Embora médico de profissão, os seus amores eram repartidos pela política e pela história de Chaves e da República.

Militante da Acção Socialista Portuguesa viria a ser fundador do Partido Socialista em 19 de abril de 1973, conjuntamente com António Macedo,  Mário Soares, Tito de Morais, António Arnaut,  Jaime Gama, Francisco Salgado Zenha, Raul Rego, Teófilo dos Santos, Arons de Carvalho, Coimbra Martins e mais umas dezenas de nomes sonantes da vida política portuguesa.

 

Foi o primeiro Governador Civil do Distrito de Vila Real no pós 25 de abril de 1974, fez parte da Mesa do 1º Congresso Nacional do Partido Socialista e foi eleito sucessivamente para  a Comissão Nacional do Partido Socialista. Foi eleito deputado pelo circulo de Vila Real em 1979.

 

A nível local e distrital ocupou vários cargos na estrutura do Partido Socialista bem como no poder autárquico como Presidente da Assembleia Municipal.

 

 

Como homem político e Socialista era estimado e respeitado por todos os quadrantes políticos.

 

Era também um estudioso e investigador de história, principalmente da República e da Vila e Cidade de Chaves, temas sobre os quais publicou vários trabalhos em colaborações, entre as quais com o Grupo Cultural Aquae Flaviae do qual também é fundaor,  e em duas obras de referência para Chaves – “ A Crónica da Vila Velha de Chaves”  e a “República em Chaves”

 

 

Em 10 de Julho de 1995, Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, condecoração que é atribuida para distinguir serviços relevantes prestados em defesa dos valores da Civilização, em prol da dignificação da Pessoa Humana e à causa da Liberdade.

 

Chaves, desde ontem, está mais pobre.

 

O Funeral do Dr. Júlio Augusto Morais de Montalvão Machado realizou-se hoje, às 16 horas em Chaves.

 

 

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