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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

25
Jan17

Cartas ao Comendador


cartas-comenda

 

Meu caro Comendador (9)

 

 

Concordo, bastante em parte, consigo!

 

Saiba desde já, se acaso não o entendeu ainda, que aprecio a sua atitude, qualquer que ela seja, mesmo que em opinião seja oposta à minha! Entendo o silêncio, à semelhança de Miguel Torga, como “um mar sem ondas”! Nada pior! É contra a natureza!

 

Tudo o que obrigue no ser humano à tomada de posição, é por mim considerado sempre como superior, pois que o nada, o não nos manifestarmos ou o resguardarmo-nos ao silêncio é sempre tomado por mim como um acto de cobardia! Defender um ponto de vista, seja ele minoritário ou de maioria, implica para mim um saber estar ou um saber ser, ambos igualmente nobres e difíceis de manifestar e de assumir! Estamos numa sociedade de brandos costumes que me enerva a ponto de considerar o consentimento sem argumentos, sejam eles válidos ou não para mim, como uma estaca zero, um sem ponto de partida, sinónimo de não-evolução.

 

Agradeço, por isso, toda a sua manifestação de valor e carácter, pois que só assim me é permitido evoluir em direcção a um fim, nem sempre em vista, mas sempre superior ao ponto onde me encontro.

 

Posto isto, sem qualquer reserva pois que me assumo até no mais ridículo, queria falar-lhe hoje, por nenhuma razão objectiva, mas pertinente, da maldita zona de conforto! Perceberá rapidamente porque assim falo.

 

A cama, o ninho, o que lhe quiser chamar, o lugar ao qual nos habituamos, o qual conhecemos e a que de alguma forma estamos presos em termos comportamentais, é um estado do qual ficamos reféns, por ser o único que controlamos ou dominamos.

 

Parece-me, quando me encontro em estado de lucidez, que isso limita a nossa evolução em termos sociais, humanos e até de carácter. Ou seja, habituados que estamos a “ser assim”, tendo construído dessa forma as barreiras, os limites ou os muros de defesa, estagnamos no tempo!

 

Não lhe parece que o recorrermos a atitudes nossas cujas reacções nos outros nós conhecemos, sinónimo aqui de controlamos, nos limita o entendimento das coisas? Não lhe parece isso uma atitude primária, castradora, redutora do conhecimento, da evolução, da sabedoria?! Digo de outra forma: o agirmos subjugados por protótipos estudados e de consequências previsíveis traz-nos algum esclarecimento ou deixa-nos na estagnação? Porque carga de água, perdoe-me a ligeireza dos termos, preferimos manter o status quo? Temos medo? De quê ou de quem? Se a resposta for: dos outros, podemos até achar pacífico, mas se a resposta for: de nós, já é preocupante!

 

Há dias em que acordamos com uma vontade enorme de mudar o mundo, mas não conseguimos sequer mudar o nosso comportamento face a ele! Pensamos o quê, dele e dos seres que o habitam?

 

Somos superiores, está aí a nossa arrogância! Superiores em quê e a quem? Começa então aqui um problema de linguagem, talvez melhor de gramática, o grau dos adjectivos, a comparação, terrível, difícil e de alguma forma injusta: o que temos por referência?

 

Bem sei, não são perguntas fáceis! Por isso lhas coloco a si! O senhor é para mim, de alguma forma, a referência que muitos procuram! Porquê? Ora, alguma coisa eu tenho de inventar! Havendo falta de uma biblioteca de imagens ou de pareceres válidos, cada um de nós tem de escolher, definir ou estabelecer para si, um padrão. O senhor, é-o para mim!

 

E digo isto com tranquilidade, seriedade e rigor. Pode-se construir uma ponte sem alicerces, sem pilares, sem base de sustentação?

 

Como é que se constrói um edifício? É fundamental um projecto de execução, mas, à falta dele, fica por erguer? Não competirá à nossa inteligência descobrir, arranjar, encontrar, seja o que for, mecanismos alternativos? Poderei eu limitar-me a desistir por ter começado mal ou com falhas estruturais? É determinante a forma de início para atingir o fim pretendido? A resposta pode ser sim, mas não é absolutamente necessário que assim seja ou não deveria ser! Quantas vezes mudamos de ideia a meio do percurso? Não será mais importante arranjar uma forma de adaptar os nossos planos aos fins que se vão alterando? Não é a vida um processo dinâmico, imparável, versátil e extemporâneo?

 

O senhor sabe-o e eu também, é só por isso que lhe coloco a questão!

 

Do, sempre seu,

 

José Francisco

 

 

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