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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

10
Ago10

Pedra de Toque - A Maria Landainas, a Tia Maria - Por António Roque


.


 

A Maria Landainas, a Tia Maria

 

 

 

 

Viveu com sofrimento e alegrias, oitenta e nove duros Invernos, oitenta e nove radiantes Primaveras.

 

Chamava-se Maria da Anunciação. Ninguém a conhecia como tal.A cidade crismara-a de Maria Landainas, a tia Maria.


Era assim conhecida aqui e no coração dos flavienses espalhados pelo mundo, que a estimavam, que a ajudavam.


Reviam-na na visita à cidade natal, à velha Chaves, onde ela permanecia desenvolta, brejeira, ladina, mas sempre presente como a altaneira muralha, a ponte romana, a secular matriz.


Muito de lenda, um pouco de mito, sempre a Maria Landainas, a mulher generosa, a mulher que o tempo vergou pela dureza do trabalho, a mulher quase cega pelo muito uso dos seus olhos.


Dela fica a saudade da filha que não teve e que não esquece a mãe extremosa que ela foi.


Dela fica o exemplo da dádiva magnânima de sentimento, traduzida no desvelo, na ternura, na lágrima, no calor, no melhor bocado tirado da boca para a criança abandonada na roda da sua porta.


Foi a sua filha!


Gerou-a no seu coração azul e solidário. Deu-lhe amor por amor que soube merecer. Negou preço quando lho quiseram comprar.


A Maria do povo!

 

.

.


A Maria das noites de baile ritmado, mestra eximia no gingar da dança ao som melodioso e ingénuo das nossas bandas, mais bonita ainda à volta do coreto.


A Maria do povo, a mulher pelos outros.


Era vê-la, recordam os mais velhos, de cântaro à cabeça e nos braços desenvoltos, levando água em auxílio dos bombeiros, em viagens sem fim, no combate ao incêndio, na luta contra a tragédia.


Abnegadamente, sem lamentos de canseiras, sempre na primeira linha.


Durante anos, longos anos, com o seu suor, no vai-vem das suas costas derreadas, nos seus passos de silêncio abafado com chinelos, deu brilho ás pedras gastas da Matriz, floriu os altares da bela Igreja.


Mulher do povo, mulher da cidade, alguns anos após o seu decesso, aqui quero lembra-la, com simpatia, com respeito, mesmo com saudade.


E aproveito também, agora que nos surpreendem com nomes de ruas de gente que ninguém conhece, para mandar recado aos que gostam de perpetuar a memória dos flavienses, pedindo-lhes que se lembrem dela, pedido que formulo em meu nome e de muitos mais a quem já ouvi opinião idêntica.


Consta-me que o seu nome já foi ventilado, mas … De que têm medo? Qual o receio? “Quem estiver inocente que atire a primeira pedra”.


Cuidado senhores, que se pode magoar muito boa gente.


Eu insisto: pelo exemplo de vida generosa e de trabalho, esta mulher tão de Chaves como as varandas da Rua Direita ou as esquinas da Rua do Poço, merece que a sua memória seja perpetuada em qualquer recanto da cidade.

 

 

Mas, tia Maria, se este recado não resultar, não te importunes.


Continua a descansar em serenidade e em paz, porque gozarás sempre o privilégio de permanecer viva na recordação dos que amam esta terra.


Os amigos, muitos, de cá de longe, cumprimentam-te e esperam-te junto ao coreto, na próxima verbena…

 

 

 

António Roque

 

 


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