De regresso à cidade, pela Ilha do Cavaleiro
Como ontem foi feriado, hoje regressamos de novo à cidade, pela Ilha do Cavaleiro, como se isso fosse possível…, mas não é. Podemos lá entrar e sair, passar é que não, mas diz a lenda que já houve quem tentasse, aliás lenda que está associada ao topónimo adotado. Pois bem, vamos ao topónimo, e este sim, fica-lhe bem, por várias razões. Primeiro porque se trata (ou tratava) de uma verdadeira ilha, ou seja, um conjunto de habitações dispostas à volta de um pátio comum. Foi assim até há coisa de 15 anos onde de facto havia várias habitações com gente dentro. Ilha do Cavaleiro, pois quanto à ilha estamos conversados, quanto ao cavaleiro, é aqui que entra a lenda, pois conta a mesma que em tempos muito recuados, um cavaleiro apaixonado, fazia ali correrias, na mira da conquista de algumas moças, que ali iam encher a sua bilha no poço que lhe ficava junto. Certo dia, diz-se que o ânimo foi tanto e a precipitação igual, que fez com que o cavalo, na fogosidade, tentou saltar o muro sobre a muralha, ficando tem-te não caias, isolado ou islado. Só depois de muito trabalho e risadas do mulherio é que o cavaleiro saiu da sua ilha, meio envergonhado.
Pois lenda é lenda e é assim que ela consta na Toponímia Flaviense. Facto é que esta ilha dá acesso ao interior do Baluarte do Cavaleiro da muralha seiscentista, que hoje faz parte da nova ilha que passou, e bem, a um restaurante bar e penso que também com uma cozinha regional de fabrico de fumeiro, passando o baluarte a ser um espaço de estar e esplanada do restaurante bar, em vez de horta de apoio, como o era para as antigas habitações. É também um facto que para os tempos atuais as antigas habitações não tinham condições de habitabilidade, nomeadamente quanto a dimensões. Quando muito e para fazer face à novas exigências de habitabilidade, toda a ilha poderia dar lugar a uma única habitação. Mas por mim está bem assim.
Ilha do Cavaleiro em 2008
Fica também a imagem de há 10 anos, ainda antes da intervenção que se fez em todo o espaço (ilha e baluarte, aliás, reconstrução do baluarte que tinha ruido em 2001). Nesta altura já não estava habitado e já tinha sido adquirida pela Câmara Municipal de Chaves. Repara-se no pormenor do portão de entrada na ilha o que a transformava também num “condomínio fechado” ou quase, embora a ilha na prática já o fosse. O quase é pelo luxo ou ausência dele, pois em geral um condomínio fechado é sinónimo de construções mais luxuosas, coisa que as ilhas, em geral, não são.