Souto Velho - Chaves - Portugal
Hoje chegou a vez de termos por aqui Souto Velho, uma das aldeias da margem direita do Rio Tâmega que lhe está bem próximo.
Trata-se de uma pequena aldeia localizada junto à “Praia de Vidago”, mas também no limite do Concelho de Chaves, com o Concelho de Boticas a penas 700 m e a aldeia botiquense de Valdegas a cerca de 2 km, no entanto a suas vizinha mais próximas são as aldeias de Anelhe e Vilarinho das Paranheiras, esta última na outra margem do rio, mas com um pontão de lajes de granito que as liga.
Conta a lenda e a tradição que o grande senhor destas terras, de uma e outra margem do rio, foi D. Fernão Gralho, o mítico marido da não menos lendária Maria Mantela. A casa que a lenda lhes atribui é um belo casarão em granito situado na entrada do núcleo antigo da aldeia, de uma arquitetura bem interessante que se destaca ao longe, na sua altaneira posição, adornada com um elegante e também altaneiro canastro (ou espigueiro se preferirem).
Como, pelo menos, já deixei aqui a Lenda de Maria Mantela ou Lenda dos Gralhos, desta vez deixo apenas aqui o link para ela: https://chaves.blogs.sapo.pt/159092.html
Desta vez, mais que a lenda que é mais ou menos conhecida por todos os flavienses, interessei-me mais por saber quem era Fernão Gralho e meti-me na grande confusão da família Gralho.
Ora segundo a genealogia a família Gralho, ela será originária do Alentejo, no entanto os estudiosos desta família, encontram-na um pouco espalhada aqui pela região mais próxima, principalmente em Valpaços (Alhariz, Stª Maria de Émeres, Rendufe, Água Revés, Possacos, Serapicos), mas também aos do concelho de Chaves, um pouco ligados à lenda, como por exemplo no Carregal, Stª Leocádia e Souto Velho.
Nestas estórias dos Gralhos, há casamentos com muitos filhos, daí ser natural que eles (Gralhos) se fossem espalhando um pouco pela região, falta saber, pois não é muito conclusivo, qual a origem e a partir de onde é que os gralhos se começam a dispersar.
Para além destes Gralhos aqui das redondezas, há relatos de outros Gralhos ou talvez dos mesmos, terem existido na zona de Aveiro e Alentejo, no entanto estes Gralhos do Sul, parecem ser posteriores aos nossos Gralhos do Norte, pois os relatos que vi dos Gralhos do Sul, são de mil oitocentos e tal, a os do Norte, já eram relatos em lenda (dos Gralhos ou Maria Mantela) no ano de 1634 por D. Rodrigo da Cunha, Arcebispo de Braga e primaz das Espanhas que depois foi nomeado Arcebispo de Lisboa.
Ainda a respeito desta lenda da Maria Mantela, como há dias aqui relatei a respeito da aldeia de Santa Marinha, há muito semelhança com a estória da Santa Marinha, virgem e mártir. Diz a tradição que tinha oito irmãs gémeas: Basília; Eufémia; Genebra; Liberata (também conhecida como Vilgeforte); Marciana; Quitéria e Vitória. A lenda atribui-lhes a naturalidade na cidade de Braga, no ano 120. Seriam filhas de um casal de pagãos, Calcia e de um oficial romano, Lúcio Caio Atílio Severo, régulo de Braga, o qual, quando elas nasceram, estaria ausente da cidade. Entretanto, na cidade, não se acreditava que as gémeas pudessem ser filhas do mesmo pai. O acontecimento causou enorme embaraço à mãe que, teria encarregado a parteira Cita, de as afogar. Em vez disso a mulher, que era cristã, levou-as ao Arcebispo Santo Ovídio, para que as batizasse e lhes desse destino. Foram então entregues a amas cristãs, crescendo e vivendo perto umas das outras, até aos 10 anos de idade. Sobre o assunto, ver mais aqui: https://chaves.blogs.sapo.pt/santa-marinha-chaves-portugal-1846275
Entre estas duas estórias, dos Gralhos e de Santa Marinha, há pelo menos 1400 anos de distância, pois a de Santa Marinha conta-se no ano 200 DC e a dos Gralhos é dos anos 1600. Apenas uma curiosidade dadas as semelhanças das estórias de ambos.
Para terminar, tal como já é habitual, ficamos com um vídeo com todas as fotos publicadas neste blog sobre a aldeia de Souto Velho.
Link direto para ver you tube: https://youtu.be/LKRMboLEba4