Devaneios fotográficos
Geometrias do MACNA
Arte sob arte.
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Arte sob arte.
Hoje prometemos andar pela Feira dos Santos e ainda queremos lá ir, mas para isso, primeiro, tem de começar, isto é, na hora em que publicámos este post a ainda não havia feira, mas quisemos dar aqui conta da exposição que ontem se inaugurou às 17H30 no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, intitulada Olhares Modernos – Modern Gazes, Retrato em pintura, escultura, desenho – 1910/1950, resultante da parceria entre a CMC/MACNA e o Ministério da Cultura/ MNAC – Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado.
Sem mais palavras, ficam algumas imagens tomadas durante a inauguração.
Até mais logo com a Feira dos Santos 2022.
Hoje fazemos um regresso à cidade de uma forma diferente, fazemo-lo com eventos culturais que aconteceram na última semana, o primeiro na noite de 21 de julho, no auditório do Centro Cultural de Chaves, com um concerto da Orquestra de Sopros da Academia de Artes de Chaves, concerto que nos levou numa viagem pela EN2. Orquestra que está de partida para a Holanda para mais uma competição internacional.
O segundo momento cultural aconteceu ontem, dia 24, com a inauguração e reabertura do MACNA – Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, com a inauguração da exposição “Um certo não sei quê” onde estão expostas 100 obras de pintura e escultura de 44 autores, entre os quais Nadir Afonso e João Vieira (autores flavienses), obras da coleção particular de Rui Victorino. Gostei do que vi e recomendo.
Este “Um certo não sei quê” estará patente ao público até 16 de outubro de 2022.
Chaves de ontem e Chaves de hoje, mas com um ontem não muito distante e surge aqui, apenas, para recordar como era o espaço da canelha e hortas antes da construção do MACNA-Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, contudo, também pode servir para marcar o fim do uso comum da fotografia analógica e os primeiros anos da fotografia digital, esta, bem mais acessível e ao alcance de todos.
Abriu ontem ao público a exposição itinerante de obras da Coleção Serralves — “Linhas de Vento – Percursos Artísticos na Natureza. Na abertura estiveram presentes o Presidente da Câmara Municipal de Chaves, Nuno Vaz, a Presidente do Concelho de Administração da Fundação Serralves Ana Pinho e a, Coordenadora do Programa de Itinerância da Coleção Serralves e Curadora desta exposição “Linhas de Vento” do MACNA, Joana Valsassina.
Quanto à exposição que foi concebida propositadamente para o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, proveniente de um importante núcleo de obras da Coleção Serralves que se inserem na tendência artística do final dos anos 60 do século passado, conhecida como Land Art, ou Earthworks, ou ainda Earth Art. Embora na prática este tipo de arte procure na natureza o lugar e matéria para o desenvolvimento de projetos artísticos, ou seja a arte a acontecer fora dos salões de exposições, neste caso, poder-se-á dizer que acontece o inverso, ou seja, é a “arte da natureza” que entra no salão de exposições. Sem dúvida uma exposição diferente, onde em vez das convencionais pinturas e óleo sobre tela, temos elementos naturais como rochas, troncos de madeira, sons, imagens de vídeo, etc. Para quem gosta de arte, é uma exposição a não perder e que até poderá esclarecer o abrangente que é a arte contemporânea.
A exposição abriu ontem e manter-se-á patente ao público até 17 de abril de 2022, no horário de funcionamento do MACNA. No Salão Principal do MACNA e galeria, mantém-se a exposição permanente de Nadir Afonso com "Entre o Local e o Global".
Para esta pequena volta à volta da névoa que pelas manhãs invade o vale de chaves, pedimos emprestado o título da exposição que inaugura hoje no MACNA, e no nosso percurso fomos desde o global até ao pormenor de ponte em ponte e de jardim em jardim, bastando dois de cada. É isso que vos deixo para já, não para hoje, pois ainda teremos, quase pela certa, mais duas publicações, uma à volta dos verdadeiros “Percursos artísticos pela natureza” e outra com mais um vídeo de uma aldeia do Barroso, mas para já fica um pouco da manhã de névoa de ontem.
E se pensais que só vós é que apreciais a natureza, como diria Álvaro de Campos — “Ó sombra fútil chamada gente! — há outras vidas para além das nossas que também a apreciam, se calha até com mais atenção e a sentir o mesmo frio nos ossos…
Por último faço meu o convite da Câmara Municipal de Chaves para assistir hoje, às 17 horas, a um concerto do Quarteto Euterpe — Desvendando um Norte Erudito” — seguido da abertura ao público da exposição “LINHAS DE VENTO – Percursos Artísticos pela Natureza”, que a Casa de Serralves traz até ao MACNA-Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.
Atenção que as estradas no MACNA, vão estar limitadas à lotação do auditório e, embora a entrada seja gratuita, vai ser necessário bilhete de entrada, que poderá levantar previamente na Biblioteca Municipal de Chaves, nos postos de Turismo de Chaves e do Alto Tâmega e no MACNA.
Até mais logo.
P.S. - E mais uma vez, um obrigado à SAPOBLOGS pelo destaque do nosso blog.
EMA BERTA (13 de fevereiro de 1944 – 8 de julho de 2021)
Ema Berta nasceu em Sintra, destacando-se na pintura a partir da década de 1980, depois de se licenciar em Pintura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
As suas obras, caracterizadas por um neo-figurativismo de traço personalizado e surpreendente, traduzem uma profunda convicção de capacidade pictórica e da arte da pintura, como Fernando de Azevedo observou – “Não se trata de sinceridade ou não do artista, mas de convicção, daquele mesmo convencimento com que se pintava outrora a história Santa ou a vida dos príncipes. Não está em questão um plano, uma cor, um signo, uma caligrafia, coisas que, evidentemente, chegam e sobram para se fazer magnífica pintura. Está em jogo, sim, uma intuição narrativa a tal ponto convicta e segura de si, que não precisa de ser exacta, nem deixar de o ser. Esta ambiguidade é fundamental em Ema Berta, porque é nela, ou a partir dela, ou chegando a ela, que o poder transfigurador atinge altura e se significa.”
Este seu neo-figurativismo, marcado por uma ousada combinação cromática e pelo recurso ao empastamento do óleo como matéria geradora de brilhos, luzes e sombras, desenvolve-se num universo simultaneamente onírico e encantatório, que não prescinde de um certo traço expressionista ou da estranheza narrativa para nos inquietar.
Depois de viver em Sintra, Cascais e Lisboa, adquiriu, já na última década do século XX, casa em Paris, onde também instalou o seu atelier e viveu até ao final da década seguinte. Durante esse período desenvolveu uma relação de proximidade com várias personalidades e artistas de renome, entre os quais Gérard Garouste, Gilles Lipovetsky e Pierre Lévy-Soussan.
Comentaram e analisaram a sua pintura diversas personalidades das artes e das letras, como Cristina de Azevedo Tavares, Eurico Gonçalves, Fernando de Azevedo, Jaime Silva, Liberto Cruz, Sílvia Chicó, Vasco Graça Moura ou Vítor Serrão.
A obra desta pintora encontra-se representada em diversas colecções de instituições públicas e privadas, como o Banco de Portugal, a Caixa Geral de Depósitos, a antiga Colecção Banco Pinto & Sotto Mayor, a antiga Colecção Crédito Predial Português, a antiga Colecção do ICEP, o Museu da Água, em Lisboa, o Museu Carlos Machado, em Ponta Delgada, o Museu do Desenho, em Estremoz, o Museu Municipal da Figueira da Foz, o Museu Municipal de Sintra ou a Pousada de S. Francisco, em Beja.
A sua última grande exposição decorreu entre 2018 e 2019 no Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, em Chaves, cujo acervo inclui um significativo núcleo da série Índios. Marcada pela consciência do multiculturalismo e das diferentes realidades humanas, esta derradeira série não abdica dos arquétipos e símbolos que sempre pontuaram a sua obra.
Exposição de Ema Berta no MACNA, em Chaves, 2018-2019
Como Pierre Lévy-Soussan afirmou – “Graças à sua arte, Ema Berta permite-nos re-encantar o mundo, o nosso mundo, que depois disso, por toda a eternidade, jamais será o mesmo.”
Ema Berta faleceu no Hospital de Cascais, no seguimento de doença prolongada, e o seu velório e funeral decorrerão em local a divulgar ainda pela família.
Temos vindo a dedicar a terceira terça-feira de cada mês à arte, em geral à arte da fotografia e arte digital, mas hoje além dessas, vamos também acrescentar a arte das artes plásticas de nosso Mestre Nadir Afonso, com a sua exposição de pintura mais recente, que abriu no MACNA – Museu de Arte Contemporânea, em Chaves, no passado dia 4 de dezembro, dia do 100º aniversário de Nadir Afonso. Infelizmente, dadas as circunstâncias da pandemia, sem inauguração, mas houve uma cerimónia de abertura sem público e limitada à presença do Presidente e Vice-Presidente da Câmara Municipal, com a Viúva e filhos de Nadir Afonso, com a imprensa, a Curadora do MACNA e funcionários do museu.
A exposição que irá ter algumas mutações e eventos alusivos à vida e obra de Nadir ao longo do ano de 2021, sendo esta a sua primeira fase, e estará patente ao público até ao dia 6 de dezembro de 2021, no salão principal de exposições do Museu, ficando a galeria envidraçada virada para o rio Tâmega destinada à cronologia da vida e obra do Mestre Nadir Afonso, desde o dia do seu nascimento até ao presente ano de 2020.
Para saber mais sobre esta exposição fica o press release distribuído à comunicação social:
E por hoje é tudo e não deixe de ver esta exposição no MACNA, onde poderá também ver a exposição temporária " O Pequeno Mundo" da Coleção da Caixa Geral de Depósitos, a temporária do Novo Bando e uma escultura de Cutileiro. Muita arte para vêr com alguns dos melhores pintores portugueses do Sec.XX a marcar presença nestas temporárias.
Ontem trouxemos aqui um pouco de história do 8 de julho e do ilustre flaviense António Granjo, mas ontem, também foi um dia importante para a cultura flaviense, pois não é todos os dias que se inaugura uma exposição de uma das mais conceituadas pintoras portuguesas da atualidade, tal como ontem aconteceu no MACNA – Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso.
Inauguração que por força das medidas de segurança relacionadas com o Covid-19, foi fechada ao público e restrita à presença de 20 pessoas, tendo para o ato sido convidados apenas a imprensa, o executivo municipal, representantes de eleitos locais e representantes da Casa de Serralves, entre os quais a Presidente do Conselho de Administração Ana Pinho, o Diretor do Museu de Serralves Philippe Vergne, a Diretora Adjunta do Museu e curadora desta exposição em Chaves Marta Almeida, que fez uma visita guiada à exposição para todos os presentes.
Uma inauguração diferente daquilo que vem sendo habitual, principalmente pela ausência de público em geral. Assim, ao público, a exposição só hoje é que abre portas com visitas guiadas e não guiadas, uma maratona de visitas que se vai prolongar desde a abertura ao encerramento do museu, que mais uma vez por força das regras de segurança do Covid-19, vão ser visitas limitadas a grupos de 10 pessoas que se inscreveram previamente, tendo as inscrições terminado ontem.
Assim se não se inscreveu, e quiser ser dos primeiros a visitar esta exposição, vai ter de esperar pelo dia de amanhã, dia 10 de julho, aí, só com as restrições habituais tomadas desde a reabertura do museu em que a capacidade máxima está limitada a 40 pessoas dentro do museu, não podendo nas salas de exposições estarem em simultâneo mais de 5 pessoas nas salas de menor dimensão e 10 pessoas nas salas de maior dimensão. Claro que escusado será dizer com uso de máscara obrigatório, desinfeção de mãos, distanciamento, etc.
Mas não são precisas pressas para ver a exposição de Paula Rego, pois ela irá estar patente ao público até dia 18 de outubro. Claro que a par da exposição de Paula Rego, a Exposição de Nadir Afonso – Nadir, Subjectum, continua também patente ao público.
Quanto à artista Paula Rego, dada a sua dimensão no mundo das artes plásticas, quase nem era necessário apresentá-la, mas por via das dúvidas, vamos deixar aqui alguns dados e curiosidades.
Paula Rego
Paula Rego
Pintora portuguesa radicada em Inglaterra, Paula Figueroa Rego nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa. Formou-se na Slade School of Art e, nos inícios dos anos 60 do século XX, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua primeira aparição perante o público lisboeta deu-se em 1961, na II Exposição da Gulbenkian, tendo o seu trabalho sido bem acolhido pela crítica. O surrealismo e o expressionismo influenciaram estes primeiros desenhos e colagens. Passou pelo movimento da pop art inglesa, conservando, contudo, uma temática muito pessoal. A leitura dos romances de Henry Miller marcou igualmente o seu percurso, ao abordar temas do imaginário erótico feminino. Em 1965 produziu vários trabalhos relacionados com acontecimentos chocantes da vida política ibérica - Cães de Barcelona, Gorgon, Retrato de Grimau, Manifesto por uma causa perdida, temática já anunciada em 1961 com Salazar a vomitar a Pátria. Faz uma leitura pessoal de outras obras de arte e das suas memórias, integradas em processos narrativos em que o mundo da infância aparece como um lugar lúdico de perversidade e algum humorismo. Esta "narratividade" acentua-se nos anos 80. Nos anos 90, assume a orientação figurativa de raiz temática portuguesa ou atinge ainda uma dimensão universal abordando a condição feminina (Série de mulher-cão, Marborough Gallery, 1992). Paula Rego nunca se desligou da vida artística portuguesa, expondo regularmente entre nós, mas também noutros países, como aconteceu, por exemplo, nas cidades de Amesterdão, Paris, Lima e Bruxelas. Também já representou o Reino Unido em certames como a Bienal de S. Paulo. Em maio de 1997, no Centro Cultural de Belém, foi inaugurada uma importante exposição retrospetiva da sua obra, com 136 trabalhos, cobrindo trinta e seis anos de carreira, e, em outubro de 2004, o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, acolheu uma seleção da obra de Paula Rego, produzida desde 1997. Nesta mostra, de cerca de 150 obras, a artista apresentou, pela primeira vez, os desenhos preparatórios de algumas da suas pinturas, destacando a importância do desenho no seu trabalho.
Em 2001, foi publicado, numa edição limitada, numerada e assinada, o livro As Meninas, uma obra conjunta da artista e de Agustina Bessa-Luís.
Ao longo da sua carreira tem sido distinguida com vário prémios, como: Prémio Soquil (1971); TWSA Touring Exhibition, Newlyn Arts Centre, Penzance (1984); Prémio Benetton/Amadeo de Souza-Cardoso, Casa de Serralves, Porto (1987); Prémio Turner 89, Londres (1989); Prémio Bordalo da Casa da Imprensa 1997, Lisboa (1998); Prémio AICA'97, Lisboa (1998); Prémio de Consagração Celpa/Vieira da Silva (2001).
(infopédia)
Watcher, 1944
Biografia de Paula Rego
1935
Nasce no dia 26 de Janeiro em Lisboa, Portugal.
1945-51
Frequenta a St. Julian's School, Carcavelos, Portugal.
1952-1956
Ingressa na Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido, onde conhece o (ainda estudante) artista inglês Victor Willing com quem viria a casar e teria três filhos.
1954
Recebe o 1.º prémio de Summer Composition, Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido.
1957-1963
Paula Rego e a sua família vivem na Ericeira, Portugal.
1962-1963
É bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal
1963-1975
Paula Rego e a sua família vivem no Reino Unido e em Portugal.
1976
Paula Rego e a sua família fixam residência em Londres, Reino Unido.
1983
Leciona como professora convidada de Pintura na Slade School of Fine Art, Londres, Reino Unido.
1988
Realiza a sua primeira grande exposição individual na Serpentine Gallery, Londres, Reino Unido.
Victor Willing morre de esclerose múltipla, após um longo período de doença.
1990
É convidada para integrar a 1ª edição do programa Associate Artist Scheme na National Gallery, Londres, Reino Unido.
1992
Recebe o título de Mestre honoris causa em Arte pela Winchester School of Art, Hampshire, Reino Unido.
1999
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela University of St. Andrews, Fife, Escócia, Reino Unido.
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela University of East Anglia, Norwich, Reino Unido.
2000
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Rhode Island School of Design, Rhode Island, Estados Unidos da América.
2002
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pelo The London Institute, Londres, Reino Unido.
2004
Condecorada com a Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago da Espada, concedida pelo Presidente da República, Portugal.
2005
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Oxford University, Oxford, Reino Unido.
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras pela Roehampton University, Londres, Reino Unido.
Seis litografias da série Jane Eyre (2001-2002) são usadas pela Royal Mail para edição de uma coleção de seis selos, Reino Unido.
2009
Abertura da Casa das Histórias Paula Rego, Cascais, Portugal, um museu dedicado à obra de Paula Rego e Victor Willing, com projeto arquitetónico de Eduardo Souto de Moura.
2010
Nomeada Dame Commander of the Order of the British Empire pela sua contribuição para as Artes pela Rainha do Reino Unido.
Eleita Personalidade do Ano pela Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, Portugal.
Recebe o prémio Penagos de Dibujo atribuído pela Fundación MAPFRE, Madrid, Espanha.
2011
Recebe o título de Doutora honoris causa proposto pela Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa, Portugal.
A sua obra Looking Back (1987) é arrematada pelo valor record de 866,175€/£769,250.
2013
Recebe o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (Consagração) no Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, Amarante, Portugal.
Eleita Membro Honorário do Murray Edwards College, Cambridge, Reino Unido.
Paula Rego continua a viver e a trabalhar em Londres, Reino Unido.
2015
Recebe o título de Doutora honoris causa em Letras, University of Cambridge, Reino Unido.
2016
Recebe a Medalha de Honra da cidade de Lisboa.
2017
Recebe o Prémio Maria Isabel Barreno.
2019
Recebe a Medalha de Mérito Cultural do Governo português.
Distinguida com Prémio Carreira pela revista "Harper's Bazaar"
In (Casa das Histórias Paula Rego)
Retrato do Presidente da República Jorge Sampaio
Não consta da biografia que deixámos atrás, mas a título de curiosidade, Paula Rego é também uma das artistas que consta como autora na Galeria de Retratos Oficiais dos Presidentes da República Portuguesa, com o retrato de Jorge Sampaio.
E finalmente passemos à exposição que hoje abre ao público, com os dados que constam na página do MACNA:
Esta exposição tem como ponto de partida o núcleo de obras de Paula Rego na Coleção de Serralves, realizadas entre 1975 e 2004, e que são representativas de várias fases de produção da pintora.
O percurso artístico de Paula Rego começa a definir-se a partir de 1952, quando parte para Londres e ingressa na Slade School of Fine Art. Neste período, os seus trabalhos são marcados por um estilo de certo pendor naturalista e alguma ingenuidade, denotandose já uma forte consciência social e política e uma relação próxima com a realidade.
A partir do final da década de 1950, influenciada pela descoberta da obra de Jean Dubuffet, a artista cria obras marcadas por um gesto mais enérgico, livre e intuitivo. A explosão criativa inspirada por Dubuffet e pela arte bruta manifesta-se na execução de pinturas a óleo combinadas com o recorte e colagem de imagens desenhadas ou pintadas sobre papel, técnica que permite a exploração de diferenciados efeitos rítmicos e narrativos. São exemplos desta prática as pinturas Corredor (1975) e A grande seca (1976), trabalhos marcados por uma violenta abstração surrealizante, enfatizada pela fragmentação e distorção das formas, e em que a pintura atua como um elo de ligação ou de ocultação dos elementos colados, conferindo ambiguidade às imagens representadas.
A grande seca (1976)
No início da década de 1980, Paula Rego abandona a colagem e passa a dar primazia ao desenho e à pintura em acrílico e guache, criando coloridas composições vertiginosas, habitadas por figuras humanas, animais e vegetais, ora isoladas, ora em fervilhantes e estranhas interações (Girl with pig and weeping dog, 1984; Homenagem a Dubuffet, 1985, Sem título (1986)). Ao longo desta década intensifica-se também o interesse da pintora pela hibridação de diferentes universos: influenciam-na as narrativas orais, escutadas no espaço doméstico e público; interessam-lhe os contos populares e o imaginário das fábulas de Esopo, La Fontaine, Hans Christian Andersen e Lewis Carroll; cativam-na as potencialidades narrativas da banda desenhada; explora os universos trágicos das grandes óperas; atraem-na os romances literários.
Girl with pig and weeping dog, 1984
A série de pinturas “The Vivian Girls”, em que se integra The Vivian Girls on the Farm (1984- 1985), constitui um exemplo das relações que a artista estabelece com referentes culturais múltiplos e complexos. O ponto de partida é a monumental obra do autodidata norte-americano Henry Darger (1892-1973), The Story of the Vivian Girls, in What is known as the Realms of the Unreal, of the Glandeco-Angelinian War Storm, Caused by the Child Slave Rebellion, que conta a história das sete filhas do fictício imperador Robert Vivian, no contexto de uma guerra entre uma nação cristã e uma nação ateia. Porém, ao contrário das delicadas ilustrações originalmente concebidas pelo autor, as composições criadas por Paula Rego não são ilustrativas ou descritivas: o seu objetivo era captar a natureza psicológica destas perturbadoras heroínas, simultaneamente vítimas, transgressoras e agressoras.
The Vivian Girls on the Farm (1984- 1985)
A partir de meados da década de 1980, as composições de Paula Rego assumem uma nova concentração e densidade narrativa. Ao invés da dispersão, valoriza-se agora a unidade, alcançada através de uma renovada abordagem à construção do espaço tridimensional e perspético, e à representação mais naturalista do corpo humano. Esta mudança no seu trabalho encontra-se patente na série “Menina e Cão”, da qual são agora expostas as pinturas Sem título (1986) e Girl lifting her skirt to a dog (1986), obras em que as figuras ganham volume e as massas corporais adensam-se, através de modelações de tons e sombreados profundos. Em termos narrativos, mantém-se o interesse da pintora pelo caráter paradoxal e ambíguo das personagens e suas ações: símbolo de fidelidade e obediência, o cão é um ser dominável, característica a que se associa frequentemente o papel e a imagem das mulheres. Porém, este animal – tal como o ser humano – não deixa de responder aos seus impulsos mais primários. Ao retratar a ligação de uma menina com o seu cão, Paula Rego explora as tensas relações de poder estabelecidas, nas quais coexistem amor e raiva, desejo e repulsa, dedicação e ressentimento, pudor e perversão. A abordagem a estes temas verifica-se igualmente nas pinturas On the Balcony, História II e História III (todas de 1986), habitadas por personagens humanas e animais colocadas em estranhas situações, e através das quais é abordado um vasto leque de emoções e interrelações. Este território de metáforas evoca mais uma vez o universo das fábulas, narrativas fantásticas a que é atribuído um caráter instrutivo e moralizante (e, por vezes, subversivo), e que nem sempre têm um final feliz.
On the Balcony, 1986
A década de 1990 é marcada pela exploração do pastel e o recurso a modelos vivos, que introduzem na obra de Paula Rego um imediatismo do gesto e uma nova expressividade plástica. No seu elenco de personagens, os protagonistas são agora quase sempre humanos, principalmente mulheres, representadas em ambientes domésticos, isoladas ou em grupo, dominadoras, virtuosas, subjugadas, estereotipadas, sexualizadas, ora cruéis, ora misericordiosas e inundadas pela compaixão. Em Watcher (1994) uma mulher sobre uma bacia debruça-se sobre uma varanda, com um triciclo – objeto da infância da própria artista – a seus pés. A posição da figura, de costas para o espetador, e a paisagem e o horizonte que não se veem, salientam o caráter contemplativo e misterioso desta pintura. Em A Cinta (1995), é evidenciada a submissão da mulher às convenções sociais da feminilidade, patente na expressão de desconforto da figura no momento de vestir uma cinta. Tal como nestas obras, no desenho O vestido cor de salmão (2001) Paula Rego aborda a mulher e o seu papel na sua esfera mais íntima; retomado noutros trabalhos gráficos, este tema remete para uma história de decadência: “o vestido cor de salmão feito em pedaços que serve para vestir uma boneca e depois outra mais pequena que cai a um poço” (Rego, 2001).
A Cinta (1995)
A orientação figurativa e dramática do trabalho de Paula Rego encontra-se sintetizada no políptico Possessão I-VII (2004), composto por sete pinturas de uma mulher a contorcer-se num divã. A sucessão de imagens deste corpo feminino, deitado, agitado, colocado em diversas posições, cria uma narrativa sem tempo e sem espaço, situada algures entre o erótico, a sessão de psicanálise e o exorcismo. Não é revelado o motivo do perturbador comportamento da personagem, e a sequência não permite saber o que sucedeu ou sucederá – as interpretações ficam a cargo de cada espetador.
Para além da pintura e do desenho, a gravura foi um meio muito praticado por Paula Rego. Um dos seus primeiros trabalhos significativos nesta área é o conjunto de gravuras em torno do tema “Menina e cão”, já abordado na pintura. Estas obras, executadas em 1987, destacam-se ora por uma aproximação mais terna e comovente ao referente (Menina sentada num cão), ora pelas suas qualidades humorísticas (Menina com homem pequeno e cão), não abandonando contudo a representação de uma tensão erótica latente, particularmente observável em Quatro meninas a brincar com o cão e Menina com a mãe e um cão. Ainda relacionadas com esta série, são apresentadas nesta exposição as obras Histórias de embalar, cena de violência em que o cão ataca um homem, sob as ordens da menina; e Viajantes, captação do momento de repouso de um grupo de caprichosas raparigas que vão em peregrinação a Santiago de Compostela, numa imagem onírica que evoca o sagrado e o profano.
Viajantes, 1987
Também no campo da gravura Paula Rego explorou o universo dos contos infantis. Em Children and their stories (1989) um grupo de crianças dançam de mãos dadas, numa roda oval; em primeiro plano surge uma miscelânea de personagems retiradas de lenga-lengas e histórias célebres, incluindo Alice no País das Maravilhas, Tintin, o Gato das Botas e Pinóquio.
Children and their stories (1989)
Sediado no cruzamento de memórias pessoais com múltiplas referências da tradição pictórica e literária internacionais, o trabalho de Paula Rego caracteriza-se por uma obsessiva abordagem aos aspetos mais sombrios, profundos e ambíguos das relações humanas e das articulações entre o indivíduo e o coletivo. Seja em composições mais extravagantes e repletas de humor e ironia, ou em narrativas pictóricas mais densas e cuidadosamente cenografadas, a pintora explora desassombradamente temas como o poder e a obediência, a dor física e psicológica, a vergonha e o orgulho, a violência, a solidão e a sociabilidade.
Curadoria: Marta Almeida
E é tudo por hoje, apenas falta mencionar as nossas fontes:
http://www.casadashistoriaspaularego.com/pt/paula-rego-e-victor-willing/paula-rego/biografia.aspx
Paula Rego in Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2020. [consult. 2020-07-09 02:55:33]. Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/$paula-rego
https://macna.chaves.pt/pages/562
https://www.serralves.pt/pt/fundacao/a-casa-de-serralves/
Até amanhã!
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Foto interessante e a preservar! Parabéns.