Pedra de Toque - Por António Roque
MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO
Ouvia-a algumas vezes a intervir na Assembleia da República. Tive oportunidade de a escutar ao vivo em tempos, numa visita que fiz as galarias do hemiciclo.
Li-lhe entrevistas e frequentemente apreciei os artigos que periodicamente publicava no Diário de Noticias.
Posições que defendia, a ideologia que perfilhava, as causas em que se envolvia, não mereciam, no essencial, a minha aprovação.
Sempre naveguei, ideologicamente, em águas muito distintas.
Contudo, lia-a, escutava-a porque admirava a sua convicção, a sua frontalidade na defesa dos princípios que entendia correctos.
Era uma mulher de causas, inteligente, culta, astuta, brilhante na luta política que travava.
Depois, e realço, era uma mulher profundamente coerente.
Nunca titubeou nas ideias que defendia com frontalidade e com carácter.
Na última crónica, que já muito doente publicou, mulher fervorosamente crente escreveu:
“Como o Senhor é meu pastor, nada me faltará”.
Apesar de agnóstico, a minha admiração por esta senhora redobrou ao ler esta bela frase, impressionante e digna de enorme profissão de fé na hora da morte.
António Roque