Feira dos Santos 2022 - Terceiro dia (1ª Parte)
O Concurso do gado - dia 31 de outubro
Com o tempo acabamos sempre por dar razão aos mais velhos, eles são autênticas enciclopédias ambulantes feitos de sabedoria e saberes que por experiência e vivências foram acumuladas ao longo da vida. A minha mãe sempre que me via acordar já em hora de almoçar ou mesmo depois disso, dizia-me sempre – “pois é, quem dá a noite não pode dar ao dia!” . Já então eu lhe deva alguma razão, hoje dava-lha toda!
A introdução foi só para justificar estas imagens que só agora vos deixo e que estavam prometidas para ontem, nas quais deveriam constar maioritariamente as várias raças de gado bovino (barrosãs, maronesas e mirandesas) que todos os anos descem ao vale para o concurso da Feira dos Santos , mas acontece que tinha dado a noite e bem me esforcei para dar o dia completo, mas não consegui, e quando cheguei ai fosso do forte de S. Neutel onde o concurso se realiza, já o gado tinha desfilado e os prémios atribuídos, mas mesmo assim, fui ficado por lá para alguns registos, a assistir à recolha do gado para o regresso a casa e ainda havia a entrega dos prémios, que embora sejam os touros e vacas que são premiados, os donos é que os arrecadam.
Mesmo com as adversidades da chuva que atrapalha sempre e o meu atraso, ainda deu para recolher umas imagens, pois tal como diz a sabedoria do povo “Até ao lavar dos cestos é vindima” e nem foi preciso ir ao galelo, ainda havia muitos motivos para registar e alguns negócios para fazer, como a venda das famosas varas, o único utensílio (ou quase) que os tratadores deste gado usam para os manobrar e guiar, para além de outros fins. Imprescindível para quem cuida deste tipo de gado.
Hoje estou numa de citações de provérbios populares, e aí vai outro: “ é de pequenino que se torce o pepino”:
Claro que depois de “arrumado” o gado nos respetivos transportes era tempo de esperar por receber os prémios ganhos, e muitos que eles são, para touros, vacas paralelas, vitelas, vacas que ainda não pariram, vacas que pariram, eu sei lá, e ainda havia os porcos, penso eu, pois não deitei muito sentido, estava mais preocupado com o registo dos momentos e proteger a câmara fotográfica da chuva.
Entretanto a assistência, o público que gosta destas coisas, foi abalando aos poucos para as suas vidas, para feirar mais um pouco, ou para ir ao “pulpo” tratar da barriguinha, isto se é que tinham a carteira abonada, pois ao preço que está aquilo, já é para ricos, ou gulosos que perdem a cabeça. Não é por nada, mas ao preço que está um prato dos grandes, dá para eu almoçar durante duas semanas no restaurante onde costumo almoçar… mas isso para aqui pouco interessam, ou até talvez interesse, pois faz parte do programa da feira…mas esse, o programa, será abordado segunda parte deste post, a ser publicado ainda hoje, com as imagens do resto da feira. E com isto tudo ia-me perdendo na conversa, pois o que eu queria dizer, é que há sempre alguém que resiste e fica até ao fim da festa, e nem chuva, nem vento, nem nada os faz arredar pé até ao fim da festa…~
Resistentes e bem, pois o espetáculo só acaba mesmo no fim, e ainda faltavam sair as camionetas com o gado, o que não foi coisa fácil. Já é sabido que chuva e terra convivem bem, uma absorve a outra, misturam-se, e se ninguém mexer nelas, não há novidade, mas se são pateadas, temos uma sopa de papas de lama, um escorregadouro que pode ser uma armadilha autêntica para que cai nele, e foi um regalo para o espetáculo ver as camioneta a ficarem atoladas, ou seja, a ficarem tolas na lama, quase parecia que dançavam, movimentavam-se para os lados mas nada de sair em frente, coisas a que os homens das varas já estão habituados nas suas lides com a terra, e ficou a prova de que a união faz a força, e uma a uma, lá acabaram por sair quase todas…
Depois de recebidos os prémios, o fosso do forte de S. Neutel não oferecia mais nada, a não ser a partida, estava na hora de embalar a trouxa e zarpar, sozinhos, abraçados ou em grupos, todos se iam…
Ou quase todos, faltavam ainda sair as camionetas mais complicadas, onde nem a união nem a força dela tinham força suficiente para lhes dar andamento, e nestes casos lá estão os bombeiros para as situações mais difíceis, são sempre eles os que nos acodem nas situações mais complicadas. Bem hajam!
E quase poderia rematar aqui, pois também eu despois desta cena dei corda aos pezinhos, já molhadinhos, e dei o fora, mas pelo caminho encontrei duas maronesas e parei para lhes tirar um retrato, de costas, não as quis incomodar mais que aquilo que já deviam estar, pois ali solitárias, amarradas, à chuva, em terra alheia e à espera que as tirassem dali, já tinham incómodos de sobra.
Finalmente também eu me fui, não ao pulpo, mas ao meu restaurante do costume, e comi bem, obrigado!
Logo que possível teremos aqui a segunda parte com as últimas fotos da feira.