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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

14
Abr16

Vivências - Adamastor


vivenvias

 

Recordando os “Adamastor”

 

Estamos em Chaves, nos finais dos anos 80. O mundo é muito diferente – não existe Internet, leitores de MP3 ou Youtube, nem sequer existem telemóveis – e a forma como ouvimos e partilhamos a música não é em nada comparável aos dias de hoje. Ouve-se música portuguesa, música inglesa e alguma música espanhola, consequência da proximidade com Espanha. Para aqueles que, como eu, integraram grupos de jovens ligados à Igreja as músicas de mensagem (muitas delas inspiradas nos movimentos Gen Verde e Gen Rosso) são também uma referência.

 

Frente LP.jpg

 É neste contexto que, em 1988, surge o grupo musical “Adamastor”, inicialmente sob a forma de trio, sendo a sua formação posteriormente alargada até seis elementos. O grupo atua numa sonoridade rock conservadora e as suas músicas chegam ao conhecimento da editora Espacial, que lhes propõe a gravação de um disco (um LP, abreviatura do Inglês “Long Play”) que viria a ser lançado em 1992. Os anos seguintes confirmam os “Adamastor” como uma referência na música flaviense.

 

Verso LP.jpg

Em 2010, numa fase em que o grupo já tinha deixado de atuar, o seu guitarrista Alberto Paulo (mais conhecido por Beto) faleceu com apenas 39 anos, vítima de doença oncológica. Dois anos depois, em 2012, foi constituída a Associação Alberto Paulo – Adamastor, que tem como principal objetivo a angariação de fundos para apoiar doentes oncológicos no concelho de Chaves. Entre outras atividades, esta associação promove todos os anos, no verão, um espetáculo com a presença do grupo “Adamastor” e de outros grupos de música rock, cuja receita reverte para a Liga Portuguesa Contra o Cancro - uma iniciativa louvável que demonstra que a música também pode (e deve) servir para mobilizar pessoas e apoiar causas.

 

Muitos anos se passaram já, mas para aqueles que viveram a sua juventude em Chaves nos anos 80 e 90, o nome “Adamastor” será sempre relembrado como uma das melhores bandas flavienses.

 

Luís dos Anjos

 

 

02
Fev16

4 - Chaves, era uma vez um comboio…


800-texas

 

O Texas do Corgo

 

Este texto deveria ser um poema, pois é na poesia que costumo chorar a dor, o amor, as paixões, as perdas, as saudades… mas sob revolta, nunca os consegui escrever.

 

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 CP0012 – Locomotiva: CP E205, Data: Não datado, Local: Chaves, Portugal, Slide 35mm

 

Desde sempre pensei que a Linha do Corgo se deveria chamar Linha do Tâmega, coisas minhas mas também da lógica das linhas ferroviárias estarem associadas à proximidade dos rios e de “correrem” ao longo da sua corrente, e daí, se o Rio Tâmega que nasce nas proximidades de Chaves desagua no Rio Douro, também a nossa linha que nascia junto ao Rio Tâmega, deveria assumir o seu nome ao desaguar na linha do Douro. Mas, repito, isso eram coisas minhas mas nunca lhe dei grande importância, pois a linha adotou o nome de outro rio ao qual também estou sentimentalmente ligado, quase desde que nasci - o Corgo - mais propriamente a Parada do Corgo, ali mesmo juntinho à nascente do rio, terra dos meus avós paternos e do meu pai e, é graças a essa aldeia que,

 

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  CP0138 – Locomotiva: Não identificada, Data: 1977, Local: Veiga de Vila Pouca de Aguiar, Portugal, Slide 35mm

 

também desde que nasci, comecei a ser um passageiro frequente do nosso comboio, o “Texas”, como carinhosamente o alcunhávamos. No entanto a minha primeira recordação do comboio remontará aí para os meus cinco anos de idade, precisamente quando no apeadeiro de Parada do Corgo comecei a ver ao fundo da reta de Zimão uma barulhenta bola de fumo negro e que, ainda por cima, apitava, e quanto mais se aproximava, o fumo aumentava, os barulhos tornavam-se mais intensos, os apitos mais fortes e estridentes até que uma montanha andante de ferro, com um nariz vermelho, estava ali, mesmo em cima de nós. Escusado será dizer, que lá no fundo nos meus cinco anitos, fiquei borradinho de medo, agarrado à saia da minha mãe.

 

1600-parada (215).jpg

 Apeadeiro de Parada do Corgo (ou Aguiar)

 

Com o tempo fui-me habituando àquele monstro amigo que me levava a visitar os meus avós e me trazia de regresso à casa de Chaves. Depois também foi através dele que vi pela primeira vez o mar e fui pela primeira vez à nossa praia (Póvoa de Varzim), tudo de comboio, depois paras as piscinas de Vidago e das Pedras Salgadas. Fui e vim da tropa de comboio, e já nos anos oitenta, quase até ao dia da sua morte, fazia viagens frequentes a Lisboa e se para lá ia de autocarro direto, o regresso fazia-o quase sempre na comodidade do comboio, e quer fosse de verão ou inverno, a Linha do Corgo, da Régua a Chaves, depois da regueifa e dos rebuçados de açúcar torrado, era feita na varanda do comboio, mas há uma viagem, a última, que nunca mais esquecerei, não por saber que era a última, pois não sabia então que passado pouco tempo, traiçoeira e irrefletidamente a linha iria ser encerrada, mas porque nessa viagem tive uma companhia inesperada à varanda, uma companhia que a família (mulher e filhos) tinha deixado na estação da Régua para apanhar o comboio para Chaves, uma companhia que eu há anos já admirava e da qual tinha saudades, sobretudo da sua sabedoria, do seu amor à poesia e do seu conversar. Era o meu antigo professor de português do Liceu, o Dr. José Henriques, que ainda antes do 25 de abril de 74, através da poesia e dentro das quatro paredes da sala de aulas nos falava da liberdade. Foi a minha última viagem na Linha do Corgo e a última conversa com o meu antigo professor, espaçada de silêncios, explicados pelo êxtase da apreciação da paisagem ou pela apanha e descarga de passageiros nas estações e apeadeiros.

 

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  CP0012 – Locomotiva: CP E209, Data: Não datado, Local: Não identificado, Portugal, Slide 35mm

 

Tenho saudades da Linha do Corgo, do comboio, de viajar à varanda e, só lamento, revoltado, que os de Lisboa nos o tivessem roubado, ou pior ainda, assassinado, sem o mínimo respeito pela sua história e pelas populações que servia.  

 

Fernando DC Ribeiro

 

 

In “Memórias de uma Linha – Linha do Corgo – Chaves”, Agosto de 2014

Edição Lumbudus – Associação de Fotografia e Gravura

 

Fotografias – Propriedade e direitos de autor de Humberto Ferreira (http:outeiroseco-aqi.blogs.sapo.pt)

Gentilmente cedidas para publicação neste post.

 

 

 

13
Ago13

Apenas a realidade


 

Parti à procura

De imagens da memória

Como se não soubesse

Que o tempo é implacável

não perdoa abandonos

Oh que inocência a minha

A cada passo um ferrolho

Em cada olhar uma ausência



Calcorreei caminhos

Proibidos no passado

E de tão oferecidos

Deram nada

sem sabores

sem aromas



apenas a realidade

inconformada

e triste por sinal.



27
Set07

Chaves, Relíquias, recordações e memória


 

.

Não é todos os dias que num centro que é histórico se encontram duas relíquias juntas que também já começam a fazer parte da história. Gostei de as ver juntas e arrancaram-me da memória tempos passados em que estas duas relíquias, de diferentes maneiras, deram longos momentos de prazer a quem as utilizava, mas que os cigarros Kart.
 
A histórica Famel Zündapp, a par da Casal, ambas de fabrico português, fizeram as delícias da estrada em duas rodas nos anos 60, 70 e 80, começando a partir de aí a sua agonia, resultante de várias conjunturas adversas, começando pela também histórica Zündapp que “dava” os motores à Famel e à Casal. A Famel acabou por não resistir e em 2002 dá-se a sua falência, aliás fenómeno que não é estranho a grande maioria das fábricas portuguesas. O mesmo já tinha acontecido com a Zündapp alemã, cujo início da sua história remonta ao ano de 1921, ano em que  lança no Outono a 1ª motocicleta Zündapp, o modelo Z 22 com suspensão dianteira Druid com amortecimento, três canais na admissão 2 tempos, monocilíndrica e pistão com nariz para evitar saída de gases de admissão pelo escape. Nessas condições ela fornecia 2,25 hp. Tinha transmissão traseira de correia de cunhas (pequenos pedaços de correia entrelaçados elo a elo) em um aro com canal em "V" na roda traseira. Freio tipo de bicicleta na roda dianteira travando contra o pneu (Felgenbrense), e freio traseiro contra o aro (Klotzbrense). Não tinha caixa de marchas nem pedal de partida . O tanque tinha 2 reservatórios, um para óleo com 1,5 litros com bomba de lubrificação manual e outro para 6 litros de gasolina. Tinha um consumo (módico) de 40km/l. Enfim, pormenores para quem gosta de motores e mecânica.
 
É de recordar ainda, que até meados dos anos 70 a “motorizada” era um meio de transporte popular e até familiar que não estava ao alcance de todos. De salientar também, que estes “brinquedos” (para quem gosta de velocidades), já em anos 70 e 80 chegavam a ultrapassar os 100km/h.
 
Ainda vão existindo por aí alguns exemplares destas autênticas relíquias às quais só as vespas, lhe fizeram alguma sombra quando estiveram na moda.
 
Modas, relíquias e passado que inevitavelmente provocam em nós sempre alguma saudade, como saudades há também do tempo em que por estes marcos de correio, passavam as cartas com selo “lambido” no tempo em que eram o principal meio de comunicação entre pessoas distantes e não só. Através delas se davam noticias, se participavam casamentos, nascimentos, baptizados e a inevitável morte dos entes queridos. Namorava-se por carta, trocavam-se ideias e poesia (ficaram famosas as cartas trocadas entre Fernando Pessoa e Mário de Sá Carneiro – um exemplo) e esperava-se por elas todos os dias, no tempo em que os carteiros ainda eram como os de Pablo Neruda em que faziam parte das vidas da pessoas como mais um familiar ou um amigo.
 
Ao ver a imagem de hoje, deu-me para a saudade de anos passados, mesmo sendo uma imagem ainda real e possível, como possível foi tomar esta foto há dois dias atrás, em pleno Largo do Anjo, em Chaves, Portugal.
 
E por hoje já chega de saudades (coisas da PDI pela certa) que certamente vocês desculparão ou então, recordarão comigo.
 
Até amanhã, de novo na nossa cidade, de Chaves, claro!

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