Finalmente, a descoberta...
Finalmente, desta vez cheguei lá, desci mesmo até ao mundo dos alfaiates… mais logo deixo por aqui o resto da descoberta. Até lá.
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Finalmente, desta vez cheguei lá, desci mesmo até ao mundo dos alfaiates… mais logo deixo por aqui o resto da descoberta. Até lá.
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É aqui o verdadeiro reino maravilhoso, não aquele que está atrás dos montes, mas na sua conjugação plena de estar entre os montes, num ondulado de montanhas em que o verde da intimidade se perde no azul distante salpicado pela espuma da agitação do oceano servido em suaves raios de luz.
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Aqui a maré sobre um pouco de tom, mas abriga por detrás dela a calmaria de uma despedida de verão, uma despedida ainda quente, onde o calor faz confundir os sentidos e a metamorfose das cores mostra a verdadeira resistência de quem, insiste e teima na verdura perdida no amarelecer avermelhado do tempo em que é tempo cair por terra…mas ainda hão-de vir os ventos fortes que o(a)s façam cair.
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Carregal - Chaves - Portugal
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Bem lá no cimo, onde o mar de montanhas, por tão alto - se acalma, reina a calmaria. Talvez pela proximidade do céu, não há quem perturbe a paz do reino, que continua a ser maravilhoso, onde até, os guerreiros descansam as suas andanças.
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Ontem estivemos
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Ventuzelos é mais uma daquelas aldeias que não costuma ficar na passagem dos nossos itinerários principais e assim, suponho, que será desconhecida da maioria dos flavienses. Pois não sabem o que perdem. A aldeia é interessante, com um núcleo bem definido de casario tradicional em granito e as inevitáveis construções (poucas) mais recentes na periferia, mas sobretudo, Ventuzelos goza de uma localização privilegiada em termos de vistas.
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Da própria aldeia avista-se todo o vale de Chaves até às montanhas de Barroso e Galiza, mas se subirmos ao monte de Santa Bárbara, onde se ergue uma capelinha em honra da santa, além do vale de Chaves e das montanhas barrosas e galegas, avista-se toda a encosta até terras de Vidago e Vila Pouca de Aguiar e Boticas.
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Eu tenho a mania que conheço todo o concelho, becos e caminhos, mas só há umas semanas atrás é que conheci o monte de Santa Bárbara e as suas vistas, e como flaviense é imperdoável não se conhecer aquele lugar, não só pelas vistas que se perdem, mas também por ser um lugar histórico para os flavienses e desde onde se ditou muita da história da cidade de Chaves, pois foi nas encostas deste monte que em 1809 esteve acampado o General Silveira durante as Invasões Francesas, de onde depois partiu com as suas tropas para reconquistar Chaves.
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Ao que parece e estando no monte de Santa Bárbara compreende-se o porque, era um local privilegiado também para as estadias de militares e outras lutas. Em Março de 1823, foi palco das lutas entre miguelistas e liberais onde o 2° Conde de Amarante, depois Marquês de Chaves, combateu a divisão liberal comandada pelo general Luís do Rego, tendo esta divisão sido obrigada a abandonar o campo de batalha como vencida.
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Surpreende-me ou talvez nem tanto, que em vez da capelinha de Santa Bárbara não tivessem construído por lá um castelo. Mas consta, embora praticamente não haja vestígios, que existiu um castro.
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Mas dizia eu que talvez não me surpreendesse muito que no monte estivesse a Capelinha de Santa Bárbara, pois segundo a minha vivência dos episódios de trovoadas em Chaves, muitas delas atravessam precisamente o Monte de Santa Bárbara em direcção a Chaves. É um fenómeno que até tem explicação científica e os homens das electricidades até já mo explicaram, mas lamento, não aprendi muito bem a lição. Sou testemunha que muitas trovoadas vêm daqueles lados, por isso a capelinha de Santa Bárbara está lá muito bem e com as suas boas vistas que alcança desde os
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O Orago da aldeia é no entanto o Santo Amaro cuja adoração é feita na capela da aldeia. Quanto à festa, bem, esqueci-me de perguntar, mas consultando alguma documentação dispersa dos meus arquivos das festas e romarias aparece-me o 4 de Dezembro com festa em honra a Santa Bárbara e o 15 de Janeiro como festa em honra de Santo Amaro. Estou em crer que nem uma nem outra se festejam nos tempos actuais, pois a verdadeira festa da aldeia é em Agosto, quando as ruas se enchem de gente e reúnem os filhos de Ventuzelos dispersos por esse mundo fora, pois Ventuzelos não foge à regra da emigração, de caminhar para a desertificação, do envelhecimento da população e da baixa taxa de natividade.
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Pese embora aquilo que disse atrás, sempre que fui a Ventuzelos encontrei crianças a brincar na rua, o que hoje em dia já é raro. Segundo apurei a aldeia tem 9 crianças em idade escolar, número insuficiente para ter escola e por isso são transportadas diariamente para a Escola do Caneiro em Chaves.
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Mas vamos aos números e ao oficial da aldeia de Ventuzelos.
Ventuzelos fica a
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Quanto à actividade das pessoas da aldeia, tirando as que estudam, estão reformadas ou empregadas fora de Ventuzelos, há os resistentes que vivem da agricultura (centeio e batata), do gado (principalmente ovelhas) e da floresta, mas tudo a escala pequena, pois os braços mais jovens para o trabalho, já há muito que partiram à procura de melhor vida.
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E por hoje é tudo, amanhã abrirei esta janela de novo para a cidade e talvez com um passeio pela Ponte Romana e pelo Jardim Público, para variar, pois são os dois temas actuais em debate na cidade.
Até amanhã!
Ainda não é hoje que vamos até ao Peto de Lagarelhos!
Digo isto porque em princípio era para lá que apontava hoje o blog, mas acontece sempre o mesmo, chego ao Peto e apetece-me ir sempre mais além.
Pois hoje, e chegado ao Peto, em vez de descer em direcção a Loivos, resolvi continuar a subir a montanha, ou montanhas. Estrada 314 fora, aí vem logo a seguir Lagarelhos, depois France, uns quilómetros à frente aparece o Carregal e logo a seguir Fornelos. Aqui, ou optamos por parar, por entrar em terras de Valpaços como quem vai para Carrazedo e passa por Sarapicos, ou ainda por virar em direcção a Stª Leocádia.
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Estamos no limite do concelho de Chaves, e Fornelos é precisamente a última aldeia da 314 em terras flavienses.
Paramos então em Fornelos.
Fornelos fica a
Fornelos faz parte integrante das tais terras do planalto e sobre a aldeia pouco mais tenho a dizer, ou melhor, pouco mais sei. É uma pequena aldeia, daquelas aldeias de estrada, muito movimentada por sinal, mas na qual raramente se para ou repara. A sobressair nos “reparos”, há uma belíssima capela cujo “reparo” também é incomodado por uma curva de estrada entre muros e casas.
Eu pouco mais sei, mas sei quem sabe de todas as estórias do planalto e que até as conta
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Pois na estória de hoje embora o velhinho “Texas” (comboio) seja o “actor principal” apenas serve de pretexto para mais uma estória do planalto que tem origem precisamente em Fornelos, a nossa aldeia de hoje
O Camboio
A linha de caminho-de-ferro do Corgo/Tâmega ligava a cidade de Trajano - Chaves - à cidade do Peso da Régua. Em 25 de Maio de 1905 foi inaugurado o troço entre a Régua e Vila Real. Em 15 de Julho de 1907, o comboio já chegava a Pedras Salgadas. Em 20 de Março de 1910 chegou a Vidago, havendo depois um compasso de espera devido à indecisão quanto à margem do Tâmega a utilizar e ao período difícil da primeira Guerra Mundial. Em 20 de Junho de 1919 chegou ao Tâmega - Curalha - e em 21 de Agosto do 1921 o comboio chegou finalmente a Chaves.
Desta forma, ficava facilitada a ligação de pessoas e mercadorias à "mui nobre e invicta" cidade do Porto. Num tempo em que não havia estradas e os veículos automóveis estavam na alvorada, o comboio era um progresso extraordinário que rasgava o país de lés a lés. Trás-os-Montes parecia, desta forma, livrar-se das peias do ostracismo a que esteve votada, quer pelo isolamento a que as montanhas do Marão, Alvão, Barroso e Gerês a submetiam, quer ainda pelo desprezo dos políticos de Lisboa que, mesmo hoje, continuam a riscá-la do mapa. Por isso, a linha do comboio era motivo de grande orgulho e admiração. Ninguém das redondezas se deslocava à feira de Chaves que não fizesse uma visita à estação dos caminhos-de-ferro.
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O comboio era rapidíssimo para o tempo! Tanto assim que não chegava a gastar quatro horas para percorrer os noventa quilómetros que separam Chaves da Régua. Fumegante, galgava encostas e vales como nada! Quem viajasse em primeira classe, tinha mais conforto do que quem escolhesse a segunda. Na terceira seguia a gente pobre, misturada com os coelhos, as galinhas e as hortaliças que se vendiam nas feiras. O comboio andava sempre cheio, era uma alegria! Eu próprio cheguei a viajar muitas vezes no Texas, como se lhe chamava nos anos setenta. As viagens que recordo com mais saudade são as que fazia nas tardes de Verão para a piscina do Palace Hotel de Vidago. No regresso, quando o comboio contornava uma colina antes do apeadeiro do Tâmega, apeávamo-nos, íamos às uvas e apanhávamo-lo mais à frente. O pior destas viagens era o facto de não se poder usar roupa clara que, com a fuligem, nos transformava em autênticos caretas. O fumo do carvão de pedra da fornalha era tão espesso, que mesmo com as janelas fechadas penetrava até aos ossos. Então quando tinha que se atravessar um túnel!...
Corriam os anos trinta e o Ti Morgado de Fomelos, homem de muitos teres e de grande lavoura - meu avô matermo - tinha por parte da esposa - senhora minha avó - muita família no Porto por daí ser ela natural.
Ora o comboio, mesmo a cerca de dezassete quilómetros da aldeia, era um regalo quer para mandar o fumeiro e as batatas quer para receber na volta os encantos da grande cidade. Além do mais, permitia encontros mais amiudados entre os membros da famí1ia. Aos criados da casa estava incumbida a tarefa de fazer a ponte entre a estação de Chaves e a casa de Fornelos. Estavam sempre aspadinhos por este trabalho pois representava uma raríssima ocasião de ir à cidade, mas sobretudo de ver o camboio.
O Manuel Soqueiro - nomeada resultante do facto de ser artista a talhar tamancos de pau de amieiro foi crido lá da casa. Contraiu matrimónio e passou a cuidar da sua própria lavoura. Mas, sempre que fosse preciso, estava às ordens da casa do Morgado e lá botava uma mão nos trabalhos mais pesados. Corria Setembro, mês do arranque das batatas - a riqueza daquela casa - e não havia braço disponível que não se ocupasse nesta árdua tarefa. Acabavam as férias que os velhotes do Porto haviam passado
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Chegaram à estação seria meio-dia. Havia tempo, pois a partida era só lá para a uma da tarde. Comida a merenda, era hora de dar uma vista de olhos pelas novidades. O pai não perdeu a oportunidade de mostrar o camboio à sua Maria, explicando-lhe os mais Ínfimos pormenores.
- Esta casa é a estação do camboio. É aqui que as pessoas embarcam e que se despacham as encomendas. Maria, estes carriles de ferro são a estrada por onde o camboio anda. Aquela casinhota que bota fumo é a mánica que puxa as gaiolinhas que são as carruaijes. As que têm jinelas são para as pessoas, as fitchadas para as encomendas e para os animais. Aqueles homes engatam umas gaiolas às outras com a mánica na frente e o chefe da estação dá a ordem de partida. O camboio apita e arrenca!...
A rapariguita estava pasmada! A boca abria-se de espanto e os olhos esbugalhados brilhavam de felicidade. Era tudo ainda mais fascinante do que alguma vez havia sonhado! Quando casasse, havia de andar de camboio. - Pensava ela.
Mas tinha uma dúvida:
- Ó pai e quando o camboio arrenca a estação vai atrás dele ?!...
Em Janeiro de 1990, o troço de caminho de ferro entre Vila Real e Chaves foi encerrado.
Infelizmente os nossos governantes não perceberam que o prejuízo de suprimir esta maravilha será muito superior ao custo da sua manutenção!
Estou certo de que um aproveitamento turismo sustentado haveria de o justificar.
Bem, são as decisões dos inteligentes políticos da nossa praça!
Gil Santos, In Ecos do Planalto, Estórias – Edições Ecopy, Porto, 2007
E por hoje é tudo. Amanhã cá estarei de novo com mais uma aldeia do nosso concelho de Chaves.
Até amanhã!
Agrações.
Agrações, fica a cerca de
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Construções novas também não há. Tudo leva a crer que quando esta diminuta população e envelhecida morrer, a aldeia morrerá com eles, aliás grande parte das suas construções já estão moribundas.
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Agrações é um bom exemplo do mal que tomou as aldeias de montanha. Embora seja terra rica na cultura da castanha onde até se admiram imponentes exemplares de castanheiros seculares, em tudo o resto é a pobreza que reina na aldeia.
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A grande maioria das construções são um misto de pedra solta e madeira, com poucas aberturas e simples. A própria capelinha é de linhas muito simples e pequena. É de devoção a Nossa Senhora da Conceição, cuja celebração se faz no dia 8 de Dezembro apenas com a realização de uma missa. Já não há festa, pois também já não há gente para festejar ou com vontade de festejar.
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Já foi aldeia com gente, com crianças e até com escola. Ainda há poucos anos a escola tinha 5 alunos. Não eram muitos, mas iam fazendo a alegria do largo e da Rua, pois além da estrada de acesso à Povoa, aldeia resume-se a uma rua estreita apenas interrompida por breves instantes pelo único largo, o da capela.
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E que mais há para dizer sobre Agrações!? – Talvez falar das panorâmicas vistas que por entre os castanheiros alcançam montanhas e montanhas até às serras do Barroso, ou seja, vistas que atravessam todo o concelho de Chaves.
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Tudo o resto é triste e, mais que triste, revoltante.
Já atrás disse que Agrações eram um bom exemplo das aldeias de montanha desertificadas. É também um bom exemplo do Portugal profundo, esquecido, isolado e pobre, onde com certeza a electricidade e a estrada asfaltada chegaram tarde demais e nada são ou pouca força tiveram para reter a sua população. É uma pequena aldeia, quase um lugar, mas que sempre o foi, e que, com certeza também, é habitado desde há centenas de anos, senão milenar.
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Não há politicas, nem qualquer interesse por parte de quem pode e manda para manter estas aldeias de montanha. Para Lisboa, e refiro-me sempre a Lisboa porque infelizmente é desde lá que se vê todo o país e que se decidem todas as política para Portugal, aldeias destas não existem e já há muito que são a apregoada paisagem. Há outras preocupações e prioridades que todas estão relacionadas com números e estatísticas daqueles que sempre puderam e mandaram. Querem ser igual à Europa dos TGV’s, dos grandes aeroportos, das pontes maiores da Europa, dos grandes eventos como as Expo’s, Europeus de futebol, agora já se fala no Mundial e, não tarda nada, são candidatos a uns Jogos Olímpicos. Afinal ainda somos o Portugal das grandes descobertas, o Portugal dos grandes feitos, onde toda a gente estuda até à licenciatura com disponibilidade até da alta tecnologia ou de pelo menos um PC portátil por aluno. Inventam-se até licenciaturas que muitas delas nem se percebem muito bem para que servem, além de irem servindo para engrossar os números dos desempregados e se não somos os maiores, queremos fazer figura como os grandes.
Entretanto e enquanto os de Lisboa andam entretidos com os grandes feitos e com as figuras que fazem nas televisões com as aldrabices que nos tentam impingir, há todo um povo, uma cultura e tradições centenárias que vão morrendo como os poucos velhos das aldeias e com as próprias aldeias.
Como diria O’Neil, “Velhos, meus queridos velhos” que são humildes e vivem até felizes e contentes nos seus velhos lugares, porque os de Lisboa lhe dão uma reforma com a qual não chegam a viver, mas apenas sobreviver e que nem se quer lhes chegar para pagar um táxi das suas doenças. Uma reforma que para muitos dos senhores de Lisboa apenas chegaria para pagar um jantar com dois ou três gajos porreiros.
“Velhos, meus queridos velhos” que estão eternamente agradecidos às reformas que lhe caem de Lisboa, reformas que nem sequer esmolas são.
Falo dos de Lisboa, mas os de cá também não estão isentos das culpas e dos males das nossas aldeias. Às vezes a electricidade, o alcatrão, a água nos canos ou a merda nas fossas, não chegam para manter as nossas aldeias abertas e vivas, enquanto que na cidade também se vai fazendo figura (à escala provinciana) do grande que somos ou pretendemos ser (ou aparentar).
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Claro que mais uma vez me estou a meter em coisas para as quais não fui chamado e das quais até nem percebo nada. Os iluminados de Lisboa (ou não) é que sabem e, até nem gostam de ser contrariados. Depois, claro que também há os que vão atrás do homenzinho da frente e ficam contentes com apenas dizerem méeeeeeeee! Enquanto vão deixando o chão sarapintado de bolinhas.
Claro que hoje até é para para falar de Agrações. Agrações que em vez de Agraciada é Agredida...
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Até amanhã noutra aldeia do nosso concelho, entretanto se estiver pela cidade, não pecar mais um grande evento a acontecer hoje e amanhã no Espaço Adrat, a Feira de stok's, onde irão participar, varias lojas do Centro Histórico da Cidade de Chaves tal como: LOOK OPTICA, SISLEY, BENETTON, PATELA, TRIMPH, PARFOIS, MIKEDAVIS, CASA, DECOR, MUNDIAL SPORT, BOM PÉ, ENTRE OUTRAS…
A vida na cidade sempre foi mais colorida!
Diz a Procentro para não perder esta oportunidade, e aproveitar os 'PREÇOS' fantásticos.
Infelizmente os “nossos queridos velhos” estão encerrados para balanço nas suas aldeias, mas pela certa lamentam não poder vir à cidade gastar algum, Óh! Se lamentam!
Claro que, não sei se perceberam, que todo o texto deste post foi inventado para apenas arranjar lugar para as fotos de hoje. Pois tudo vai bem por aqui… nada disto é real…Olá então como vais!?
Eu, definitivamente, fico-me por aqui, mas apenas por hoje!
Até amanhã!
Em 16 de Dezembro de 2006 este blog passou por Escariz e dizia eu então:
“Escariz é uma das 10 aldeias da freguesia de S.Pedro de Agostém. Fica a
Quanto à aldeia em si, é mais uma aldeia de montanha que lhe segue todas as características e que tal como se pode ver na foto, se resume a meia dúzia de casas e talvez menos famílias.”
Se em relação ao primeiro parágrafo mantenho tudo o que disse então, em relação ao segundo tenho que fazer uma correcção.
Acontece que quando escrevi o post de 2006 não desci à aldeia e a última vez que o tinha feito teria sido há mais de 20 anos. Da estrada deu-me impressão que a aldeia seria uma das muitas que sofria do mal da desertificação das aldeias de montanha, muitas casas velhas em apenas três ou quatro se notava edificação recente ou tratada. Puro engano. Há que descer ou subir às aldeias, entrar por elas adentro, falar com as pessoas, assistir às suas vivências, beber da sua água das fontes…enfim, entranharmo-nos nas aldeias para a ficar minimamente a conhecer.
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Embora a proximidade da Estrada Nacional e da cidade, Escariz vive habituada a poucas visitas, pois não fica à mão para nada. Quando um estranho como eu entra aldeia adentro, ainda para mais de máquina fotográfica na mão, logo ali começa um inquérito aos nossos propósitos e, se não começa, sentimo-nos na obrigação de dizer ao que vamos. Geralmente os primeiros por quem somos recebidos é pelos cães. Primeiro ladram, depois aproximam-se, depois cheiram-nos e de seguida vão-se embora à sua vida ou então fazem questão de nos acompanhar na visita. Geralmente, cumprimento-os, falo com eles e logo compreendem que vamos por bem. Quanto às galinhas, essas, não nos ligam e lá seguem na sua vida do esgaravato à procura de qualquer coisa que lhes encha o papo. Os gatos são por natureza ariscos e geralmente também não são de grandes conversas. Preferem ver-nos de longe ou então são tudo o contrário e pegam-se a nós enquanto vão desenhando oitos entre as nossas pernas.
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Depois do inquérito do costume, lá fomos entrando na conversa e na aldeia. Surpreendeu-me, pois nunca esperei ver tanta gente jovem e tanta vida nas ruas, ou na rua, pois quase se resume a uma. Vida com crianças nas suas brincadeiras e vida própria dos trabalhos da aldeia e do campo. O rebanho, o tratar dos campos, a lenha… fez-me lembrar as antigas aldeias povoadas de gente em que cada qual vai aproveitando a luz do dia para os seus afazeres que só dão descanso ao corpo pela noite. Felizmente para o descanso que as noites de Inverno são longas, já para os afazeres os dias são curtos.
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Reponho então a verdade quanto a esta aldeia e não são meia dúzia de casas habitadas e outra tanta gente, mas segundo apurei ainda são à volta de dezassete as casas habitadas, outras tantas famílias, gente jovem e algumas crianças, mas não o suficiente para terem direito a escola na aldeia. Emigrantes, também os há.
Claro que esta vida de aldeia, do Sábado à tarde, não se repete durante a semana, pois as crianças têm que abalar para a escola de outra aldeia e os pais lá vão fazendo pela vida como podem, na cidade ou/e nas suas profissões por outras paragens, mas sempre fica o guardador de rebanhos e os resistentes. Claro que à noite todos regressam, pois há que dar descanso ao corpo para um novo dia.
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Na minha documentação e nas minhas pesquisas sobre a aldeia apenas encontrei o seguinte: “Escariz, topónimo de origem franco germânica, é uma pequena aldeia com algumas casas desabitadas. Tem uma capelinha da devoção a Santa Catarina”.
Além da devoção, Santa Catarina tem direito a festejos, claro que são festejos ajustados à “grandiosidade” da aldeia, que todos os anos lá se vai realizando no 25 de Novembro.
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E Escariz serviu-me de lição ou de muitas lições, e uma delas, talvez a mais importantes, foi a de nunca julgar as aldeias pela aparência e nunca às definir à distância.
Até amanhã, por aí, numa outra aldeia de Chaves.
Geralmente aqui no blog, quando vou até às aldeias, muitas vezes refiro-me às aldeias de montanha. Acontece que salvo raras excepções (meia dúzia de aldeias) todas as nossas aldeias do concelho são aldeias de montanha. Mas há montanha e montanha, planaltos e até pequenos vales de montanha.
Montanhas & montanhas, todas elas são iguais aparentemente, mas todas elas são diferentes.
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As montanhas que vão desde Parada, passam por São Vicente da Raia, descem até Aveleda e Segirei são completamente distintas das montanhas de Castelões, Soutelinho da Raia, Seara Velha e terras de Ervededo. Por sua vez as Montanhas e planalto da freguesia de Nogueira de Montanha, Moreiras e Stªa Leocádia já são distintas das de Rebordondo, Anelhe e Arcossó e de todas as outras…
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As aldeias moldam-se e colam-se às suas respectivas montanhas e, conforme a montanha assim é a aldeia.
Tudo isto para chegar à aldeia de montanha de Pereiro de Agrações, pois esta, além de se moldar e colar à montanha, entranha-se por ela adentro, confunde-se com ela, aconchega-se a ela, protege-se com ela. É tanta a intimidade e cumplicidade da montanha com a aldeia, que muitas das vezes a montanha entra com os seus grandes rochedos pelas casas adentro.
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Pereiro de Agrações é concerteza mais uma aldeia de montanha, mas com características singulares e únicas, com a intimidade das casas adossadas a gigantescos penedos e ao declive da montanha que dão à aldeia uma beleza singular.
Quanto às pessoas, que dizer!? Acho que são como a montanha e a aldeia, também eles vivem uma intimidade própria, afável, simpáticos, comunicativos e conversadores, humildes e hospitaleiros. Tal como a montanha e a aldeias, também eles transportam em si uma beleza singular.
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Mas vamos lá então até Pereiro de Agrações.
Póvoa é sede de freguesia, à qual pertencem as aldeias de Agrações, Dorna, Fernandinho e Pereiro. Póvoa e Pereiro, adoptam ainda o sobrenome de Agrações.
Pereiro fica a
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É terra de emigrantes e a razão da partida é sempre a mesma ou seja, desde que a agricultura deixou de render para as despesas, não há nada que prenda a gente jovem às aldeias. Já é comum este lamento e até já estamos habituados a ele, mas ainda há muita gente que não está conformada.
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Pereiro de Agrações, (freguesia), tem uma área total de 7,93 km2 e a sua principal produção é a castanha, dada a sua localização, nas encostas da serra da Padrela que a separa das terras de Aguiar. No seu espaço rural são vastos os soutos de castanheiros e nogueirais entremeados com algumas manchas de pinheiros. Pequenas vinhas, algumas oliveiras e as hortas circundam as aldeias da freguesia, mas o seu forte é mesmo a castanha dos seus centenários castanheiros, alguns com troncos que rondam pela certa entre os dois e três metros de diâmetro. Castanheiros de respeito.
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Pereiro de Agrações é muito antiga com uma situação junto a um povoado castrejo. Foi uma das pobras de que falam as Inquirições de D. Afonso III, que eram verdadeiros lugares de refúgio e de defesa na Reconquista Cristã.
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O orago é o S.Jorge cujas festas se celebram no dia 23 de Abril, mas festa, mesmo festa, essa acontece no verão, em Agosto, com a vinda dos emigrantes e o povoar da aldeia quase no seu todo, onde não faltam brilhantes máquinas e muita criança. Não admira que seja uma verdadeira festa que os resistentes povoadores esperam sempre com um brilhozinho nos olhos à espera dos seus.
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E que mais há a dizer sobre o Pereiro de Agrações!? Talvez mesmo só referir o rigor dos Invernos e as vistas que se projectam e alcançam todas as montanhas até à serra do Larouco.
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E do Pereiro de Agrações é tudo. Ficamos em divida para com Agrações e a Póvoa, pois Fernandinho e a Dorna já por aqui passaram, embora também fique prometido para estas o formato alargado.
Até amanhã de regresso à cidade de Chaves.
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*Jardim das Freiras*- De regresso à cidade-Faltam ...
Foto interessante e a preservar! Parabéns.
Muito obrigado pela gentileza.Forte abraço.João Ma...
O mundo que desejamos. O endereço sff.saúde!
Um excelente texto, amigo João Madureira. Os meus ...