S. Gonçalo para refletir
Hoje é dia de reflexão e cada um lá terá os seus modos de melhor refletir. Cá por mim gosto de refletir sozinho e de preferência em contato com a natureza, onde pasmo mais que reflito, isto é, entro em meditação de meditar coisa nenhuma e, mesmo que depois de longa reflexão e meditação não se chegue a nenhuma conclusão, pelo menos valeu pela paz, pela renovação do espírito e saímos desse estado de êxtase, como formatados para uma nova entrada na vida social das obrigações e deveres.
Dizia aqui no último fim-de-semana que a Granjinha tinha sido uma das minhas felizes descobertas e que tinha um lugar especial no coração. Disse-o e não retiro uma palavra, mas estava a referir-me a lugares com gente, com casas, ruas e esquinas, com vida humana, com estórias e história, mas há outros lugares que não os troco por coisa alguma, aqueles onde nós somos apenas nós e, por estarmos na croa da montanha de uma das do mar de montanhas, estamos mais próximos do céu, menos alcançáveis, mais elevados, grandes. Só nós e a natureza, e, podem crer, que não há beleza igual. Claro que isto só se aplica a quem se aplica, pois nem todos encontram nessa beleza, a beleza que os meus olhos erguem. Gostam doutras belezas e com todo o direito de gostar, pois não temos de ser todos iguais e assim, também as nossas belezas são mais nossas.
Pois esse lugar de que vos falo, aqui por perto, só acontece em terras de São Vicente da Raia, em vários locais, mas o meu preferido é mesmo aquele que se eleva sobre o São Gonçalo, visto do lado de Parada a certas horas do dia, ou mais do lado de Orjais noutras horas, e se depois da elevação mergulharmos nas entranhas das montanhas, até onde as águas do Mousse ou do Mente desbravam os seus destinos, então saímos de lá completamente extasiados.