Hoje vamos até Moreiras, concelho de Chaves, para o seu largo principal onde se localiza o cruzeiro, tanque, fonte e bebedouro, uma cruz e a igreja, aparentemente tudo da mesma época.
Um conjunto precioso que vale a pena ser visto, sendo um dos mais interessantes do concelho de Chaves.
Fica também o nosso mapa temático atualizado com a localização de Moreiras.
Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia das Moreiras.
Moreiras que é uma das aldeias de Chaves de visita obrigatória, não só pela sua história, principalmente a que está ligada à religião católica, mas também pela aldeia em si e principalmente por algumas obras de arquitetura públicas e privadas.
Das obras de arquitetura públicas ou destinadas a todos, destacam-se a igreja românica, o cruzeiro e o conjunto da fonte coberta, tanque e bebedouro, tudo em granito. Também toda em granito e confrontante com o mesmo largo da igreja, cruzeiro e fonte, a chaminé de uma casa agrícola destaca-se pela sua beleza e pormenores da arte dos mestres canteiros. Também a casa do pároco, anexa à igreja, se destaca pela sua arquitetura, toda em perpianho de granito com molduras nos vãos, beirais e cunhais também trabalhados pelos mestres canteiros, e ainda jardim. Curiosamente, à exceção da casa do pároco, nenhuma das imagens que hoje vos deixo poderão ilustrar estas palavras, no entanto todas elas estão no vídeo final, pois hoje, apenas metemos algumas imagens que escaparam nas seleções anteriores para ilustrar os posts dedicados a aldeia de Moreiras, posts esses para os quais fica um link no final deste post
E agora sim, o vídeo, a razão de estarmos aqui mais uma vez com aldeia das Moreiras, onde deixamos todas as imagens que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem .
Posts do blog Chaves dedicados à aldeia de Moreiras:
Depois da Torre de Ervededo, vamos até à segunda Torre do concelho de Chaves, vamos até Torre de Moreiras, pertencente à freguesia de Moreiras, conjuntamente com a própria aldeia de Moreiras, France e Almorfe.
É uma das aldeias de montanha cujo acesso se faz pela estrada municipal 314. Aldeia de montanha, aparentemente lá para os confins da serra e embora a freguesia até faça fronteira com o concelho de Valpaços (apenas num niquinho) está também, apenas, a 16 km da cidade de Chaves.
Aldeia de montanha que para se visitar temos forçosamente que ir propositadamente até ela, quero com isto dizer que é uma aldeia de fim de estrada, pela qual não se passa para ir até outras aldeias. Aliás, à exceção de France, por onde todos têm de passar para ir para vários destinos, pois é atravessada pela M 314, as restantes aldeias da freguesia são de fim de estrada.
O mesmo se passando com a sede de freguesia, Moreiras, que embora dê passagem para a Torre de Moreiras, apenas distam 200m uma da outra. Contudo estamos a falar de distâncias muito pequenas, pois de Almorfe à M314 são cerca de 600m e de Moreiras à mesma M314 são cerca de 1,1km. Seja como for, temos de sair da estrada principal para as conhecermos, e vale a pena sair da estrada, principalmente por este conjunto de Moreiras e Torre de Moreiras.
Torre de Moreiras e restante freguesia toda ela localizada nas terras altas da Serra do Brunheiro, entre os 800 e 900 metros de altitude, com invernos rigorosos e sempre num completo contraste climatérico com a veiga de Chaves, principalmente em termos de nevoeiros, ou seja, quando a veiga está mergulhada em nevoeiro, estas terras altas gozam de um sol de fazer inveja, já o contrário também é verdade, pois quando o nevoeiro deixa o vale e sobe as encostas da Serra do Brunheiro, estaciona no seu planalto e fica por lá até que desce novamente ao vale. Um fenómeno engraçado de observar, mas que tem menos graça quando estamos mergulhados nesse nevoeiro, principalmente pelo frio húmido que se entranha nos corpos até aos ossos, daquele frio mesmo frio que se sente mais frio do que aquilo que na realidade é. Quem costuma andar mergulhado neste nevoeiro, sabe do que estou a falar.
Nevoeiro frio que chega a doer, mas que tem tanto de rigor como de mistério e encanto, aliás, eu costumo dizer que parte do sangue que corre nas veias dos flavienses é feito de nevoeiro.
Quanto à Torre de Moreiras, embora tenha todas as características de uma aldeia, por tão próxima que está de Moreiras, mais parece um bairro da sede de freguesia, e afinal de contas é a Torre de Moreiras. Mas o contrário também poderia ser verdade, pois as dimensões da aldeia da Torre de Moreiras é idêntica ou até maior que Moreiras, embora historicamente falando, principalmente em termos de Igreja (instituição) e época medieval, Moreiras marque mais pontos.
De facto, e segundo reza a história e Arquivo Distrital de Vila Real:
A freguesia de Moreiras foi reitoria da apresentação da Casa de Bragança, e comenda da Ordem de Cristo, da Casa de Cadaval, no termo de Chaves.
Pertenceu à arquidiocese de Braga até à criação da diocese de Vila Real.
Encontra-se eclesiasticamente anexa à freguesia de Santa Leocádia. A paróquia de Anelhe foi anexa à de Moreiras.
E continua:
Vilarinho das Paranheiras surge como paróquia independente a partir da desagregação da vasta paróquia medieval de Santa Maria de Moreiras.
Freguesia do concelho de Chaves composta pelos lugares de Almorfe, France, Moreiras e Torre.
A paróquia de Moreiras pertence ao arciprestado de Chaves e à diocese de Vila Real, desde 22 de Abril de 1922. O seu orago é Santa Maria
Quanto às imagens que hoje vos deixo são as resultantes das 3 visitas que fiz à aldeia, a primeira em 2006, a segunda em 2007 e a última vez em 2013, sendo 2006 a primeira vez que fui à aldeia, embora já a conhecesse as suas vistas desde Moreiras, pois a esta última a primeira vez que lá fui já foi há mais de trinta anos, mas só mesmo em 2006 é que fiquei a saber que a Torre de Moreiras era uma aldeia à parte de Moreiras.
Assim, é natural que as fotografias já não estejam muito atualizadas, pois a maioria já têm pelo menos 12 ou 13 anos, já pode haver algumas diferenças, é que o tempo não é igual em todas as épocas, principalmente o desta nova época que atravessamos em que o despovoamento rural foi acelerado tragicamente. Daqui a 20 ou menos anos, veremos como estará a nosso mundo rural.
E vai sendo tudo. Ficam algumas imagens que escaparam às anteriores seleções de publicações neste blog e aquele que já vai sendo habitual nos posts das aldeias, um pequeno vídeo com todas as imagens que até hoje foram publicadas sobre a aldeia.
Para a próxima semana, se tudo correr bem, cá estarei de novo com mais uma adeia do concelho de Chaves, que pela ordem alfabética que temos seguido nesta ronda, será a aldeia de Travancas, ou seja, continuaremos a andar por terras altas da montanha, terras da melhor batata que acompanha sempre as melhores iguarias que chegam às nossas mesas.
Fica então o vídeo e o link direto para o youtube ou partilhas
Nas nossas voltinhas pelas aldeias de Chaves, hoje vamos passar por Moreiras, mais uma das aldeias que é servida pela EN314 ou estrada de Carrazedo, mas só até France, pois logo a seguir a esta vira-se (à direita) para Moreiras.
Com exceção para as aldeias de passagem, isto é, aquelas que ficam junto às estradas principais do concelho e pelas quais fomos sendo obrigados a passar durante os nossos itinerários ou viagens para fora do concelho, Moreiras é das aldeias de Chaves que conheço há mais tempo, tudo graças a uma família amiga que tinha lá o seu berço, mas sinceramente, desse dia, apenas recordo a passagem pelo largo principal da aldeia, a rua casa dos meus amigos e pouco mais. Na altura era ainda um teenager, ainda com a cabeça na lua e sem olhares para lançar a pormenores.
Mas a partir dos anos oitenta, Moreiras calhou no meu destino muitas vezes, inicialmente por por motivos profissionais e nos últimos anos para recolha de imagens, pois é uma das aldeias que tem vários motivos de interesse, mas dos quais destaco cinco.
O primeiro, por ser mais generalista, vai para o conjunto da aldeia, a mais antiga, que ainda mantém a sua integridade de casario tradicional, embora com alguns atentados pelo meio, principalmente um que não passa despercebido a ninguém, onde a modernidade não se concilia em nada com a arte da cantaria nobre, mas do mal o menos, esta última não foi destruída.
O segundo motivo de interesse, também por ser generalista, vai para as vistas que desde lá se podem lançar, principalmente para o mar de montanhas já de terras de Aguiar de Pena.
O Terceiro motivo vai para o conjunto da Igreja Românica, adro e Casa Paroquial, só por este belíssimo conjunto já valia a pena lá irmos, pois é digno de ser apreciado e ainda por cima é um conjunto fotogénico. Já lá fomos algumas vezes de propósito só para o fotografar.
O quarto motivo de interesse é logo a seguir a igreja, ou seja, o largo principal da aldeia onde podemos encontrar uma cruz no meio do largo, e um pouco ao lado em local mais recatado um belíssimo cruzeiro e logo ao lado um conjunto de fonte coberta, bebedouro e tanques de lavar roupa, tudo em perfeita harmonia.
Por último a casa da chaminé, um belíssimo exemplar de casa típica transmontana mais abastada, com pátio semi-interior rodeado de varandas cobertas que dão acesso à habitação, isto no primeiro andar, pois para o rés-do-chão os habituais compartimentos de arrumações, adega, despensa. Quanto ao pátio, da última vez que lé estive abandonado, tal como o restante, era vulgarmente destinado a animais, como galinhas, perus, porcos, etc. Coisas de outros tempos.
— Essa não será minha. Será da bengala. Eu não sou homem para me apoiar senão em mim.
Miguel Torga, in Diário XVI
Chaves, 28 de Agosto de 1990
Subida penosa ao castro da Curalha. Descobri Portugal sofregamente, em pecado de gula. Agora, arrasto-me por ele em penitência.
Miguel Torga, in Diário XVI
Chaves, 30 de Agosto de 1990
É escusado teimar. A ser banal, a dizer banalidades e a pensar banalidades é que o português é português.
Miguel Torga, in Diário XVI
Moreira, Chaves, 3 de Setembro de 1990
Uma ara pagã romana acolhida à preservadora proteção católica da desfigurada igreja matriz, que foi românica nos bons tempos, e um velho e decrépito casal de lavradores desdentados a secar previdentemente milho na varanda de um solar desmantelado, ainda ufano da monumental chaminé que o coroa a testemunhar a opulência da cozinha senhorial de outrora, deram-me hoje o ensejo de recapitular a lição há muito decorada e às vezes lamentavelmente esquecida: que a perenidade da fé é indiferente à circunstância do sacrário, e o império da fome à natureza das bocas.
Vamos lá cumprir a promessa de trazer aqui as aldeias ao fim-de-semana, e mais uma vez toca a sorte a Moreiras, com um pouco da sua “sala” de entrada, onde o conjunto da igreja românica, o largo do cruzeiro e a fonte dão um toque especial a esta aldeia.
As imagens de hoje são precisamente alguns olhares que se podem tomar desde esse largo, com a exceção da vista geral sobre a aldeia, que essa, foi tomada desde a torre sineira da igreja.
É por imagens destas acontecerem que gosto de passar por Moreiras amiúde, pois por muitas imagens que já tenha tomado na aldeia, há sempre uma que escapa. Assim, vamos continuar a ir por lá. Para já ficam mais estes três olhares.
Mais logo teremos ainda por aqui os “Pecados e Picardias” de Isabel Seixas.
Deixando de parte as aldeias que se encontram na cintura de Chaves e as aldeias que se localizam junto das principais estradas do nosso concelho, Moreiras foi das primeiras aldeias que conheci, e já lá vão mais de trinta anos. Desde essa altura já lá fui umas boas dezenas de vezes e, nestes últimos anos, vou por lá meia dúzia de vezes por ano, e continuarei a ir...
É uma das aldeias que tenho mantido debaixo de olho, sem qualquer razão especial, mas porque gosto de ir por lá e sobretudo porque gosto de apreciar todo o conjunto que se desenvolve e envolve o largo principal da aldeia, com o cruzeiro, a fonte e os tanques (penso que o conjunto mais bonito do concelho), a casa da chaminé com as varandas lançadas sobre o pátio interior, a igreja românica e o casario afeto à igreja e as pessoas…
Claro que no que diz respeito às pessoas, a aldeia está longe daquela aldeia que conheci há trinta e tal anos atrás. Continuam a ser simpáticas e a receber bem quem vai por lá, gostam de nos mostrar os lugares bonitos da aldeia, as coisas de interesse, mas já não povoam as ruas com vida, nem o largo da aldeia, nem o tanque como antigamente.
Se não fosse esta ausência da abundância das pessoas e sobretudo a ausência da alegria das crianças e dos animais na rua e as casas de janelas e portas fechadas sem vida dentro, eu diria que Moreiras era a mesma Moreiras de há trinta e tal anos atrás, mas hoje sofre do mesmo mal que todas as outras e, só os resistentes teimam em ficar, com a boa teimosia de quem ama os seus lugares, mesmo que magoe, e magoa, mas não o suficiente para lhes retirar toda a felicidade de viver na terra em que querem viver.
Ainda não esqueci que por aqui as aldeias são senhoras e rainhas aos fins-de-semana, mas às vezes não dá mesmo para chegarem cá a tempo e horas, mas chegam, e isso é que interessa.
Hoje toca a Moreiras e Torre de Moreiras, ou a caminho de, ou vista desde. Seja como for são ambas Moreiras, com torre ou sem torre e tal como na realidade, também aqui uma a um passo da outra.
Pois hoje até o fio azul tem cá lugar. Fio azul há muito ausente por aqui mas que continua a abundar nas nossas aldeias e até na cidade e que, como sempre, continua com a sua polivalência de para tudo servir pelo que deduzo que continua a ser o melhor.
Mas se fios azuis há muitos já nem todas as aldeias se podem gabar de ter um largo de aldeia com tantas relíquias desde a fonte coberta e respetivos tanques, ao cruzeiro, à igreja românica e residência paroquial até à velha casa com pátio e imponente chaminé, que mesmo que haja outra no concelho mais bonita, nenhuma mete as vistas desta, talvez por fazer parte desse conjunto de relíquias do largo principal de Moreiras.