Mosaico da Freguesia de Ervedeo
Mosaico da Freguesia de Ervededo
Localização:
A 15 km da cidade de Chaves, a Noroeste da cidade de Chaves, no limite do concelho já a confrontar com a Galiza – Espanha.
Confrontações:
Confronta com as freguesias de Vilarelho da Raia, Vilela Seca, Bustelo, Sanjurge (num único ponto), Calvão e Soutelinho da Raia. Todo o Noroeste da freguesia confronta ainda com a vizinha Galiza - Espanha
Coordenadas: (Adro da Igreja do Couto)
41º 48’ 50.07”N
7º 30’ 41.01”W
Altitude:
Variável – acima dos 450m e Abaixo dos 700m
Orago da freguesia:
S.Martinho
Área:
21.63 km2.
Acessos (a partir de Chaves):
– Estrada Municipal 507 até à Lama da Campina e E.M. 507-1 no restante trajecto. Para quem vem de fora, via A24, há duas alternativas, a primeira com saída no nó de Chaves para de seguida apanhar a E.M 507 ou com saída no nó de Outeiro Seco para de seguida apanhar a EM 506 em direcção a Vilela Seca, apanhando nesta a EM 507-1. Estando na EM 507-1, não há nada a enganar, pois esta atravessa as três aldeias da freguesia de Ervededo.
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Aldeias da freguesia:
- Couto
- Agrela
- Torre
Comummente às três aldeias é acrescentado o topónimo (Ervededo) da freguesia – Couto de Ervededo, Agrela de Ervededo e Torre de Ervededo
População Residente:
Em 1890 – 1.584 hab.
Em 1900 – 1.245 hab.
Em 1920 – 1.240 hab.
Em 1940 – 1577 hab.
Em 1960 – 1801 hab.
Em 1981 – 1096 hab.
Em 2001 – 740 hab.
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Desde sempre foi uma das freguesias com mais população no concelho e que durante todo o Século XX manteve a sua fasquia acima dos 1000 habitantes, tendo atingido mesmo (em 1960) os 1800 habitantes, no entanto já não é excepção quanto aos problemas do despovoamento, e os números do último Censos são a prova disso, pois em 2001 a freguesia ficou reduzida a 740 habitantes, ou seja, nos últimos 50 anos a freguesia perdeu mais de 1000 habitantes. As razões, também são mais que conhecidas e todos os fins-de-semana falo aqui delas, mas continua-se sem adoptar medidas sustentáveis (ou qualquer tipo de medidas) para contrariar o despovoamento. Talvez quando se lembrarem, já seja tarde demais (o costume).
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Principal actividade:
- A agricultura.
Particularidades e Pontos de Interesse:
Quem abordar a freguesia via Estrada Municipal 507, e imediatamente antes da Lama da Campina, lá no alto, pode-se observar quase todo o território desta freguesia, numa paisagem que se prolonga até à Galiza e se perde onde as montanhas se confundem com o céu. Sem dúvida uma paisagem que deve ser apreciada e mastigada devagarinho para dela se tirar todo o seu sabor. Sabor que fica mais intenso quando descemos às aldeias da freguesia, percorremos as suas ruas e vamos conhecendo e adivinhando a sua história, pois se há terras com história, muita e da boa, as terras de Ervededo são uma delas, mas não só, pois também no campo religioso tem um dos Santuários mais importantes de peregrinação e devoção, o S.Caetano, que anualmente é visitado por milhares de devotos.
Quase toda a topografia da freguesia é acidentada, não muito, mas nota-se e tudo se deve à sua localização e território estar distribuído por áreas de montanha, no caso, duas montanhas e os seus altos, a Serra do Laspedo e da Panadeira.
O seu território é banhado por um pequeno curso de água, afluente do Rio Tâmega – O Rio Manganhosa, que embora pequeno, brinda-nos sempre com as suas águas cristalinas, como já há poucas.
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Quanto à sua história mais antiga, o coronel e arqueólogo Mário Cardozo referenciava em meados do século passado um povoado castrejo no alto das Coroas. Mas riqueza arqueológica a freguesia tem muito mais, pois no S.Caetano também existe uma importante estação arqueológica com registos de ocupações da Romanização e Alta Idade Média, onde há notícias, de ter sido encontrado um tesouro com 3.800 moedas romanas datas dos Séculos II a IV, cujo achado se deveu às obras levadas a efeito na Casa das Esmolas do Santuário. Não deixa de ser curioso a casa das esmolas estar em cima de um tesouro.
Também no S. Caetano e na mesma área do tesouro foi posto a descoberto uma importante necrópole alti-medieval com mais de três dezenas de sepulturas.
Miguel Torga, amante da nossa região e do nosso concelho e também da coisa antiga, fazia um apontamento nos seus diários de uma das suas visitas ao S.Caetano quando se referia à sua arqueologia:
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S.Caetano, Chaves, 10 de Setembro de 1983
Sempre que venho dar largas à imaginação neste recinto arqueológico, não deixo de me demorar algum tempo em meditação junto do cemitério visigótico que mãos avisadas telharam e acautelaram. Todas as campas estão abertas, sem vestígios mortais dentro. O que as torna ainda mais patéticas. O tempo, desde que tenha tempo, rói-nos tão completamente que não fica de nós cisco de humanidade. Nem os epitáfios lhe resistem. E, no entanto, o sepulcro onde um cadáver de desfez parece tocado de sacralidade. Habita-o não sei que transcendência. E é essa presença ausente que me fascina em cada túmulo vazio. É como se ele fosse registo fossilizado da eternidade.
Miguel Torga, in Diário XIV
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As origens da paróquia estão ligadas ao antigo Couto de Ervededo ainda da época pré-nacional, havendo referências em que a Condessa D.Teresa fez doação, em 1124, desta importante instituição ao arcebispado de Braga, sendo a Carta de Foral do Couto de Ervededo datada de 1232. Terras importantes que durante dois séculos (XIV e XV) levaram à disputa do senhorio deste couto com lutas judiciais e diversas sentenças e demandas reais por parte dos monarcas portugueses e leoneses bem como das autoridades eclesiásticas.
É também mencionado a existência de um castelo que teria sido derrubado por alturas da Restauração, na sequência da Revolução de 1640, mencionando-se no entanto, a Torre, pelo menos até 1740. Hoje do castelo nada resta, acreditando alguns historiadores locais que com a pedra do castelo se teriam construído muitas das actuais casas da aldeia da Torre de Ervededo, referindo mesmo, J.B.Martins, que existem numerosos silhares siglados da torre do castelo encaixados nos muros e paredes de muitas das actuais casas.
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Do antigo concelho de Ervededo, conserva-se ainda aquele que teria sido o edifício da Câmara, na aldeia da Torre. Diz-se ainda que outras casas estariam ligadas aos afazeres do antigo concelho.
Sem dúvida uma freguesia cheia de rica história mas da qual, hoje, só os escritos rezam e embora, qualquer uma das aldeias da freguesia sejam interessantes no que respeita ao seu casario tradicional e algum até solarengo, sofre dos mesmos males das restantes freguesias e aldeias do concelho de Chaves, ou seja o despovoamento e, a ele associado, o abandono dos campos e das casas, mostrando muitas delas os sinais desse abandono.
De recomendar e que parece melhorar de ano para ano, consolidando-se e reforçando-se a tradição, só mesmo o S.Caetano e o seu santuário que embora a devoção o frequente durante todo o ano, é em Agosto que atinge o seu auge e recebe milhares de devotos. É como alguém disse há tempo atrás neste blog, o S.Caetano é o nosso Santuário de Fátima.
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Resumindo. Embora a rica história já não seja visível, a freguesia e as suas aldeias merecem uma visita atenta e demorada, pois não faltam motivos, principalmente rurais, de interesse. Um olho para o casario tradicional e outro para o mais nobre e solarengo também deve ser deitado. Lá do alto, aprecie-se de demore-se o olhar que se perde em Espanha e que de inverno, tem sempre as suas montanhas cobertas de neve. Tudo isto é pretexto para uma visita à freguesia e suas aldeias. Outra visita, esta independente da anterior, é ao S.Caetano que deve ser feita acompanhada de devoção mas também de uma merenda e respectivos líquidos. Água não é necessário, pois por lá há muita e da boa, até milagrosa, como a da fonte das três bricas, da qual, dizem, que para o milagre acontecer tem que se beber das três bicas.
Quanto a outros pormenores das três aldeias, Agrela, Couto e Torre, todas de Ervededo, nem há como passar pelos posts que lhes dediquei neste blog e para os quais a seguir deixo link.
Linck para os posts neste blog dedicados às aldeias da freguesia:
- Agrela
- Couto
- Torre