Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

18
Jun23

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... Vilarinho das Paranheiras


1-1600-vil-paranheiras (29)-video-alm.jpg

1-cabecalho

 

O nosso destino de hoje é Vilarinho das Paranheiras para onde partimos à procura de elementos da arquitetura e símbolos religiosos por lá existentes, procura essa que, como temos vindo a referir nesta rubrica, a temos feito no nosso arquivo fotográfico resultante de anteriores visitas a esta aldeia localizada junto à EN2, entre Chaves e Vidago, mas bem mais próxima de Vila de Vidago. Temos deixado sempre esta nota de as imagens serem de arquivo porque aquando das nossas visitas à aldeias esta rubrica ainda não existia e assim fizemos os nossos registos fotográficos sem a preocupação de procurar elementos de arquitetura religiosa e daí haver a possibilidade de falhar algum, mas se existirem mais, na próxima visita à aldeia já iremos com a preocupação de fazer todos os registos e então, faremos a atualização deste post.

 

1-1600-vil-paranheiras (5)-alm.jpg

 

Pois então no nosso arquivo encontrámos imagens da Igreja Matriz, de um cruzeiro, de uma porta carral encimada por uma cruz e dois pináculos e um nicho, este último de construção mais recente.

 

1-1600-igreja-alm.jpg

 

 

Quanto à Igreja Matriz com devoção a S. Francisco, vamos deixar aqui aquilo que se diz na descrição quanto à tipologia da igreja que consta na Direção-Geral dos edifícios e monumentos nacionais:

 

“Arquitectura religiosa, maneirista, rococó e revivalista. Igreja seiscentista, de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor mais estreita, com sacristia adossada à fachada lateral esquerda. Fachada principal em empena truncada por dupla sineira, com vãos rasgados em eixo, composto pelo portal de verga recta, com frontão de volutas interrompido, e óculo quadrilobado Alçados com pilastras nos cunhais, firmados por pináculos, e remates em friso e cornija, sendo os laterais rasgados por portas travessas e janelas em capialço, confrontantes. Interior com coberturas em falsas abóbadas de berço, de estuque, a da capela-mor pintada com uma Adoração do Santíssimo. Coro-alto, púlpito no lado do Evangelho e pia baptismal no sub-coro. Retábulo-mor de estrutura e decoração rococó, sendo os laterais maneiristas e revivalistas, neorococós.”

 

1-1600-vil-paranheiras (24)-alm.jpg

 

Na fachada posterior da igreja existe um nicho com a inscrição “O nicho da fachada posterior tem a seguinte inscrição: " ANNO / N S DA S / DE 1808". Esta data assinala uma reedificação da capela mor. Neste nicho está colocada uma imagem em granito de São Francisco que pela cor e envelhecimento do granito me parece ter sido colocada após a construção do nicho.

 

1-1600-vil-paranheiras (25)-video-alm.jpg

 

Quanto ao cruzeiro não é tão antigo como a igreja, mas teria sido erguido possivelmente durante o Século XVIII, localizado num pequeno largo que resulta de um encontro de arruamentos.

 

1-1600-vil-paranheiras (207)-video-alm.jpg

1-1600-vil-paranheiras (220)-video-alm.jpg

 

Quanto ao nicho localizado num pequeno largo é de construção recente, mas já existe pelo menos desde 2013, data em que fizemos o registo da imagem que deixamos aqui hoje, mas penso que nas anteriores visitas que tinha feito à aldeia, em 2006 e 2008, penso que ainda não existia, pois nessas datas não tenho qualquer registo em imagem do nicho, mas é bem visível no trabalho dos pilares, muretes, beiral e outros adornos em granito que o trabalho não foi manual, tal como acontecia nos nichos mais antigos.

 

E é tudo por hoje, apenas nos resta deixar aqui o nosso mapa de localização/inventário com estes novos elementos da arquitetura religiosa existente no nosso concelho de Chaves.

 

vil-paranheiras.png

 

Resto de um bom fim-de-semana.

 

 

03
Dez22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... Dorna


1-1600-dorna (204)-alm.jpg

1-cabecalho

 

Nesta ronda pelas nossas aldeias de Chaves à procura da arquitetura religiosa e outros símbolos religiosos, hoje vamos até a aldeia da Dorna, uma das aldeias flavienses da Serra da Padrela.

 

1-1600-dorna (199)-alm.jpg

 

Também nunca é demais repetir aqui que algumas das imagens que vamos deixar aqui são de arquivo, e algumas já não são muito recentes, embora também não sejam antigas, pois as mais distantes (em tempo) são de 2006 e 2008, isto para vos dizer que a realidade de hoje pode estar um bocadinho diferente.

 

1-1600-dorna (20)-alm.jpg

 

Outro aviso que também deixamos é o de que esta rubrica, no que respeita a cada aldeia, não se encerra com esta ronda, pois na altura em que recolhemos estas imagens não tínhamos a preocupação de fazer estes registos da arquitetura religiosa e outros símbolos, daí poder haver alguma falta de umas alminhas, nichos ou até mesmo de capelas e outros, mas se faltarem, cá estarão de futuro, pois na próxima ronda já estaremos atentos às possíveis faltas.

 

1-1600-dorna (179)-alm.jpg

1-1600-dorna (66)-alm.jpg

 

Vamos então até à Dorna, onde no nosso arquivo encontrámos imagens da igreja nova e da capela velha que por sinal se veem e não passam despercebidas a ninguém, pois encontram-se logo numa das entradas da aldeia.

 

1-1040-dorna-go-1-alm.jpg

 

A acrescentar à capela e igreja, temos ainda um nicho num entroncamento de caminhos e um “quadro” de azulejos embutidos na parede de uma construção particular, por baixo de um terraço. Tal como já dissemos atrás, se houver mais, fica para a próxima passagem pela aldeia, com a certeza de que o que encontrarmos o deixaremos aqui num novo post.

 

1-1040-dorna-go-alm.jpg

 

E por último só nos falta mesmo deixar aqui o nosso mapa/inventário atualizado onde ficam já sinalizada a aldeia da Dorna.

 

1-dorna-alminhas.png

 

Até amanhã!

 

 

 

 

 

 

 

 

27
Ago22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... France

Capela, Cruzeiro e Nicho


1-1600-france (25)-al.jpg

1-cabecalho

 

Nesta ronda pelo concelho de Chaves, com a temática dos símbolos religiosos, algumas das imagens já as fomos deixando aqui nos posts dedicados a cada uma das aldeias. Assim a ideia desta rubrica tem a finalidade de reunirmos nela todas as imagens e a respetiva localização, das nossas igrejas, capelas, cruzeiros, alminhas, nichos, etc... Em suma, não passa de um inventário de todos os nossos símbolos religiosos espalhado pelo concelho.

 

1-1600-france (13)-al.jpg

 

Hoje vamos até a aldeia de France que nos surge na passagem pela E314, que liga a cidade de Chaves ao concelho de Valpaços (Carrazedo de Montenegro), onde podemos encontrar uma capela, um cruzeiro descoberto e um nicho dedicado ao Senhor dos Milagres.

 

1-1600-france (8)-video-al.jpg

Imagem do nicho

O nicho e cruzeiro encontram-se logo na entrada da aldeia, de fronte ao largo que nasceu após a construção da variante à E314, logo ali no início, do lado direito. Um pouco mais acima, a cerca de 80m, num pequeno largo que surge após as primeiras construções, temos a capela, também do lado direito. Hoje fica ainda uma imagem extra, que não vai constar do inventário, mas que também merece estar aqui, trata-se um de presépio que, na altura da recolha de algumas imagens, estava montado ma base do cruzeiro e só não fica no inventário, porque este tipo de instalações são temporárias, ligadas à época natalícia.

 

1-1600-france (26).jpg

 

Para quem gosta deste tipo de coisas da arquitetura religiosa, no trajeto da E314 ou próximo desta estrada, no troço entre Chaves e o final do concelho, quase todas as aldeias têm qualquer coisa de interesse para mostrar, mas com realce para a arquitetura religiosa do românico com duas aldeias de visita obrigatória pelas suas igrejas românicas  e cruzeiros, uma delas logo a seguir à France, a aldeia de Moreiras e outra, já quase no limite do concelho, Santa Leocádia, que estando em Chaves, poderá visitar numa manhã ou tarde de passeio, num trajeto todo ele interessante e com pontos de boas vistas para o vale de Chaves ou da Ribeira de oura.

 

1-1600-france (20)-al.jpg

 

Para finalizar, fica o nosso mapa/inventário atualizado com mais um nicho, um cruzeiro descoberto e uma capela.

 

france.png

 

Resto de um bom fim-de-semana!

 

 

 

13
Ago22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins... - Parada

Aldeias do Concelho de Chaves


1600-parada (15)-al.jpg

1-cabecalho

 

O nosso destino de hoje é feito de dois destinos, um é a aldeia de Parada e o outro é o São Gonçalo, um pequeno santuário na foz do rio Mousse, santuário esse que é partilhado com a aldeia de Orjais, pelo menos nas celebrações dos atos religiosos que lá se praticam, isto pela sua localização geográfica de ficar equidistante das duas povoações.

 

1600-parada (91)-al.jpg

1600-parada (156)-al.jpg

 

Contando com o Santuário de São Gonçalo, onde existe uma pequena capela e um nicho de construção mais recente, hoje podemos contabilizar cinco representações religiosas, contando o santuário como uma delas, mais duas representações em Parada, um cruzeiro descoberto no largo da aldeia, com uma coluna de granito assente num cilindro e encimado por uma cruz simples, sem qualquer imagem. Também sem imagens se encontra um pequeno nicho de granito, incrustado numa parede, aparentemente de uma antiga construção, e que tudo indica terem sido umas antigas alminhas pintadas na própria pedra ou em madeira, mas não existem quaisquer vestígios de tal.

 

1600-parada (159)-al.jpg

 

A simplicidade impera em todas estas representações religiosas, incluindo no santuário que outrora se resumia à pequena capela, mas que consta ser muito concorrido pelo pessoal das redondezas e outros forasteiros quando tem a sua festa. Embora localizado num lugar ermo, onde hoje, penso, que não vive ninguém, pelo menos da última vez que passei por lá assim acontecia, vai recebendo durante o ano algumas visitas e residentes temporários, pescadores, mas também outro pessoal que vai para lá, sobretudo de verão, para desfrutar do parque de merendas e das águas do rio Mente, onde desagua o rio Mousse.

 

1600-s-goncalo (73)-al.jpg

1600-s-goncalo (162)-al.jpg

1600-s-goncalo (147)-al.jpg

 

Fica também a referência que este santuário está mesmo no limite do concelho de Chaves (Rio Mente) mas também no limite do distrito de Vila Real, pois do outro lado do rio Mente já são terras do concelho de Vinhais, distrito de Bragança. Por sua vez o território da aldeia de Parada também confronta com o concelho de Valpaços.

 

1600-s-goncalo (163)-al.jpg

1600-s-goncalo (164)-al.jpg

 

Para terminar, ficam uma palavrinhas para o pessoal de Orjais, pois eu sei que o São Gonçalo fica no vosso território administrativo da freguesia, como também sei que a partilha com o pessoal de Parada é apenas de celebração, de fé e festa do santo, daí que fica prometido que na passagem desta rubrica pela aldeia de Orjais, o santuário do São Gonçalo não será esquecido.

 

Por último fica o nosso mapa/inventário devidamente atualizado.

 

parada.png

 

Resto de um bom fim-de-semana!

 

 

06
Ago22

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...

Aldeias de Chaves - Santiago do Monte


1600-santiago (97)-a

 

Para o nosso destino de hoje vamos tomar a E314, estrada que nos liga ao concelho de Valpaços, como quem vai para Carrazedo de Montenegro, subimos a Serra do Brunheiro e logo após Lagarelhos, deixamos a E314, virando à esquerda, na estrada municipal que nos levará até Santiago do Monte, sempre a subir quase até o ponto mais alto da serra do Brunheiro. Logo à entrada da aldeia, temos um dos motivos que hoje nos levam até lá, ou seja, um cruzeiro (?) coberto, recente, pois apenas tem cerca de 20 anos, mas que “abriga” umas alminhas com a figura de São Miguel, estas datadas de 1788, que até há coisa de 20 anos atrás tinham outro poiso, próximo do local onde hoje se encontram. Assim sendo, talvez seja mais correto dizer que são alminhas e não cruzeiro, embora por cima delas o remate seja feito com uma pequena cruz com cristo pintado, embora possa ter sido colocada após a construção das alminhas, mas isto sou eu a supor, pois não tenho qualquer documento que o comprove.

 

1600-santiago (122)-a

 

Este, da imagem que fica atrás, poderá não ser cruzeiro, mas aldeia tem um cruzeiro, já noutra estrada que passa pelo centro histórico da aldeia e que nos leva até a Alanhosa. Aí sim, à saída da aldeia (no sentido da Alanhosa) temos então o cruzeiro da aldeia, também coberto, com cristo pintado na cruz, uma pintura também recente, mas penso que com mais de 20 anos, já quanto ao cruzeiro em si, não consegui apurar qual a data da sua construção. Este cruzeiro é vedado com um gradeamento de ferro fundido com um pequeno portão para acesso à cruz, que está assente sobre um bloco de granito, com um pequeno nicho, sem qualquer pintura ou imagem, mas que em tempos também poderia ter tido umas alminhas pintadas. Mais uma vez sou eu a supor, pois também não tenho nenhum documento que o prove.

 

1600-santiago (126)-a

 

No centro da aldeia temos uma pequena capela em granito à vista, a confrontar com a estrada que atravessa a aldeia, mas ligeiramente elevada sendo necessário subir 4 degraus para lhe ter acesso e mesmo ao lado da entrada um pequeno púlpito exterior. Fica a imagem.

 

1600-santiago (157)-a.jpg

 

Numa das nossas visitas à aldeia, alguém nos chamou a atenção para as ruínas de uma das construções, bem próxima da capela e igualmente a confrontar com a estrada, onde numa das paredes exteriores, mas virada para o interior da antiga habitação, se podia ver um nicho com a concha de santiago a fazer o remate superior. Apenas o nicho, sem imagens ou figuras, fazendo o nicho parte da parede e sua estrutura.

 

1600-santiago (103)-a.jpg

 

E por último o nosso habitual mapa/inventário com a localização da aldeia e a devida atualização do inventário das alminhas e afins.

 

santiago do m.png

 

Um bom fim de semana!  

 

 

 

14
Mai22

Aldeias de Chaves - Abobeleira

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...


1600-abobeleira (40)

1-cabecalho

 

Para além dos mosteiros, catedrais, igrejas, capelas e capelinhas, os cruzeiros, alminhas, cruzes, calvários, nichos, cruzes dos mortos e santuários, fazem parte das culturas cristãs e católicas, como a nossa, onde quer sejamos mais ou menos religiosos, crentes, menos crentes ou não crentes, vivemos essa e nessa cultura, com as suas celebrações, festas e tradições às quais nos associamos e também celebramos.

 

1600-abobeleira (13)

 

Assim, em todo o nosso Portugal, existem estes elementos religiosos construídos pelo homem que desde há mais, ou menos, centenas de anos ou mesmo mais recentes, fazem a arquitetura religiosa que vais desde os grandes mosteiros, catedrais, igrejas, etc que existem em maior ou menor quantidade em todas as localidades, mas também em elementos mais simples, espalhados por todo o nosso território, erguidos ao longo dos caminhos, encruzilhadas, muros, numa curva da estrada ou mesmo em lugares ermos onde ninguém passa ou raramente se vai, como aqui bem perto, no barroso, o São João da fraga erguido lá bem em cima de um pico dos picos da serra do Gerês.

 

1600-abobeleira (180)

 

Qual ou quantas(os) das nossas aldeias, caminhos rurais, encruzilhadas, uma curva ou reta de estrada não têm um destes elementos da arquitetura religiosa, como alminhas, cruzeiros ou uma simples cruz que seja a assinalar o lugar da morte de em ente querido.

 

1600-abobeleira (5)

 

Elementos de arquitetura religiosa que fazem também parte do nosso património cultural e arquitetónico e que nem sempre é tratado ou preservado como deve ou deveria ser, e que me conste, nem sequer inventariado está, pelo menos na sua totalidade. Coisa que já não é de hoje e ao longo dos tempos, lá vai havendo quem se lembre da sua preservação, pelo menos a julgar por alguns documentos.

 

1600-abobeleira (130)

 

Esbarramos sem querer com um desses documentos datado dos inícios do século passado, mais precisamente com a 4ª Série — Tomo X, Nº9 do Boletim da Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes, que sobre os pelourinhos e cruzeiros  dirigem uma missiva ao Sua Majestade o Rei de Portugal onde se pode ler:

“«Senhor:

«Não tem o governo de Vossa Majestade descurado da conservação e restauração dos monumentos de maior importancia historica, ou archeologica; existem, porém, dispersos em todo o paiz uns pequenos monumentos, que tambem devem merecer os cuidados do mesmo governo; referimo-nos aos pelourinhos e cruzeiros, muitos dos quaes são de subido merecimento.

«.As camaras municipaes, as juntas de parochia e irmandades fabriqueiras por diversas circumstancias não teem curado delles, como convinha, e por isso muitos se encontram mutilados, e alguns já foram destruidos.

«Para obstar á mutilação ou destruição completa de taes monumentos foi apresentada nesta Associação pelo seu consocio Sebastião da Silva Leal urna. proposta relativa a pelourinhos, a qual se tornou extensiva a cruzeiros por proposta do consocio Monsenhor Alfredo Elviro dos Santos.”

 

1600-abobeleira (56)

Tal pedido teve os seus efeitos e a Real Associação dos Architectos Civis e Archeologos Portuguezes enviou uma circulara a todas as Câmaras Municipais a pedir o empenho das mesmas para que cuidassem e recuperassem os seus monumentos religiosos e em especial os pelourinhos e cruzeiros.

 

Circular à qual a Câmara Municipal de Chaves de então responde assim:

 

“Chaves, 12 (de janeiro de 1906).— «Accusando a recepção do officio Circular . ... tenho a honra de participar a V. Ex.a que esta Camara o tomou na devida consideração e vae fazer os possiveis esforços no sentido de alguma coisa conseguir, restaurando alguns dos monumentos a que V. Ex." se refere. «Em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos. Se se obtiverem os elementos necessarios para a desejada restauração, esta Camara o noticiará a V. Ex.·»

 

1600-abobeleira (45)

 

E a então Câmara Municipal informou e bem (o negrito e sublinhado é nosso “…em Chaves existiram, pelo menos, 4 pelourinhos”. Do mal o menos, pelo menos um desses quatro, ainda o podemos apreciar na praça da República, em Chaves, quanto aos outros, não sei qual o seu paradeiro.  

 

1600-abobeleira-mapa.jpg

 

As imagens de hoje são todas da aldeia da Abobeleira, onde deixamos 2 cruzeiros, um nicho e um santuário, este último não é em honra de uma aparição, milagre ou santo, mas antes fruto do trabalho de um homem que, suponho,  queria um santuário à porta de casa, e como tal não existia, construiu-o.

 

 

31
Jul21

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins...

Calvão, São Cornélio e Seara Velha


1600-calvao (9)

Calvão - 2009

1-cabecalho

 

Continuemos então pelas nossas aldeias do concelho de Chaves com alguns pormenores que também fazem parte, ou são traços da cultura portuguesa, fortemente ligada à religião católica e cristã, onde a cruz de cristo vai estando patente um pouco por todo o lado.

 

1600-calvao (109)

Calvão - 2009

 

Hoje vamos deixar aqui alguns pormenores que se vão repetindo em todas as nossas aldeias, tal como as entradas carrais em construções mais antigas, encimadas além padieira da porta com adornos a terminar ao centro com a cruz de cristo mais elevada, principalmente nas construções mais nobres, pertença de lavradores mais abastados.

 

1600-s-cornelio (74)

São cornélio - 2008

Hoje trazemos aqui mais duas alminhas, uma em São Cornélio, onde sobre um tanque já apenas existe o nicho sem imagem, pois supomos que em tempos passados tivesse existido.

 

1700-seara-velha (673).jpg

1600-seara-velha (676)

Seara Velha - 2011

 

As outras alminhas são de Seara Velha,  ma num conjunto de três em um, com as alminhas na base e encostado, por trás das alminhas, eleva-se um cruzeiro encimado por uma esfera e cruz. Embora não visível na imagem, do lado lateral esquerdo das alminhas existe também um peto de esmolas.

 

calvao-seara-scornelio.jpg

 

05
Fev19

Alminhas, nichos, cruzeiros e afins!


1-cabecalho

 

Alminhas, Nichos, Cruzeiros e Afins

 

O professor de História e investigador António Matias Coelho, afirma que  "As alminhas são uma criação genuinamente portuguesa e não há sinais de haver este tipo de representação das almas do Purgatório, pedindo para os vivos se lembrarem delas para poderem purificar e "subir" até ao Céu, em mais lado nenhum do mundo a não ser em Portugal". Daí, a par do bacalhau ou da sardinha, da Nossa Senhora de Fátima, do fado, do vinho do Porto, da saudade, do galo de Barcelos, do Zé Povinho, entre mais algumas coisas, as alminhas também serem consideradas um traço da cultura portuguesa, isto é, que tem a marca Portugal e que contribui para a definição do ser português, são coisas só nossas, genuinamente portuguesas.

 

1600-coimbro (192).jpg

 

Já há muito que sou um apaixonado pelas alminhas, primeiro, em criança, por uma certa dose de curiosidade, mistério, medo e respeito, talvez por aparecerem em locais onde menos se esperam, alguns mesmo insólitos.

 

Mas também as mensagens que por vezes aparecem ligadas às alminhas e o temor a Deus que nós era incutido desde criança, o ter de se sofrer na vida terrena para merecer o céu, coisas que mesmo não deixando marca, deixam mossa, avivaram ainda mais o meu interesse e curiosidade pelas alminhas, mesmo antes de saber o seu significado.

 

Ó VÓS QUE IDES PASSANDO, LEMBRAI-VOS DE NÓS, QUE ESTAMOS PENANDO.

 

As imagens das alminhas, representam almas de defuntos no purgatório a suplicarem a quem por elas passa, rezas e esmolas para as suas almas poderem chegar ao céu. Com todo o respeito, isto aliado a alguma imaginação e falta de cultura, arrepia e faz pensar quem passa por elas, principalmente quando às vezes, ainda inscrevem nas alminhas:

 

Ó tu mortal que me vês

Repara bem como estou

Eu já fui o que tu és

 E tu serás o que eu sou.

 

Estes pequenos monumentos começaram a ser construídos em Portugal na idade média, na sequência do Consílio de Trento (1545-1563).

 

1600-seara-velha (958).jpg

 

Segundo António Matias Coelho:

"No cristianismo primitivo só havia Céu e Inferno, a ideia do Purgatório só surgiu na Idade Média, quando a Igreja, na sequência do Concílio de Trento de 1563, o impõe como dogma, numa lógica de resposta católica à Reforma levada a cabo pelos protestantes. Passava assim a haver um estado intermédio para as almas das pessoas que faleciam. E em vez do dualismo do Céu, para os bons, e do Inferno, para os impuros, criou-se um estado intermédio, um local onde durante algum tempo as almas ficariam a purificar.

 

1600-morgade (44).jpg

 

"É na sequência do Concílio de Trento que são criadas as Confrarias das Almas, como forma de institucionalizar a crença no Purgatório e impor a convicção de que as almas dos mortos sairiam tanto mais cedo do Purgatório quanto mais orações e esmolas fossem feitas pelos vivos. Aliás, tudo dependia dos vivos, unicamente a eles competia sufragar as almas que esperavam pela purificação"

 

1600-viade-b (120).jpg

 

O povo português que até à primeira república viveu maioritariamente na ignorância, onde 76,1% da população era analfabeta sem saber ler ou escrever, orientados pela fé na Igreja Católica, penso eu que interpretou o resultante do Concílio de Trento à sua maneira, e na ânsia de ajudar os seus mortos a sair do purgatório, botou-se a construir estes pequenos monumentos junto aos caminhos rurais, nas encruzilhadas e por onde as pessoas tinham de passar, para as lembrar das almas penantes no purgatório.

 

1600-nogueirinhas (212).jpg

 

Hoje em dia as antigas alminhas vão continuando nos sítios onde as construíram, já raras são, pelo menos as mais isoladas,  as que recebem uma vela acesa, uma lamparina de azeite, umas jarras de flores ou simplesmente flores, um Pai Nosso e uma Ave Maria, o parar, o curvar-se perante elas, o tirar o chapéu, boina ou barrete quando se passa junto a elas, o benzer-se. Este tipo de alminhas, tal como os antigos cruzeiros nas encruzilhadas dos caminhos, há muito que deixaram  de se  construir, no entanto, continuam a erguer-se outro tipo de alminhas ou sinais religiosos, junto às estradas, caminhos ou onde ocorreram mortes vítimas de acidentes de viação, de mortes (homicídios)  por ajustes de contas, por ciúme ou amores mal resolvidos, por desaparecimentos. A par destes sinais, cada vez mais vão sendo mais populares pequenos “santuários” erguidos a Nossa Senhora de Fátima ou outras Santas e Santos da fé de cada um. São as novas alminhas de Portugal, agora não para rezar pelas almas penadas do purgatório, mas por cada um, pelos seus, às vezes pelos outros e por todos. É a fé, o que me traz mais uma vez uma passagem do Diário de Torga:

 

“Que povo este! Fazem-lhe tudo, tiram-lhe tudo, negam-lhe tudo, e continua a ajoelhar-se quando passa a procissão”.

 

1600-nogueirinhas (116).jpg

 

Pois por esta nova rubrica que nasce hoje aqui e que irá ter dia certo todas as sextas-feiras, irão passar os registos que vou fazendo de alminhas, cruzeiros, nichos e afins. Alguns mais interessantes que outros, alguns autênticas obras de arte, mas o contrário também a acontecer, alguns bem curiosos, outros nem tanto, mas apenas em imagem, ou com poucas palavras, será mais uma mostra do que vou encontrando por onde passo para a minha coleção de alminhas. Hoje ficam já alguns exemplos, pois oficialmente esta rúbrica só começará na próxima sexta-feira, talvez a par de um blog com o mesmo nome, só dedicado a alminhas, cruzeiros, nichos e afins.

 

 

Sobre mim

foto do autor

320-meokanal 895607.jpg

Pesquisar

Sigam-me

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

 

 

19-anos(34848)-1600

Links

As minhas páginas e blogs

  •  
  • FOTOGRAFIA

  •  
  • Flavienses Ilustres

  •  
  • Animação Sociocultural

  •  
  • Cidade de Chaves

  •  
  • De interesse

  •  
  • GALEGOS

  •  
  • Imprensa

  •  
  • Aldeias de Barroso

  •  
  • Páginas e Blogs

    A

    B

    C

    D

    E

    F

    G

    H

    I

    J

    L

    M

    N

    O

    P

    Q

    R

    S

    T

    U

    V

    X

    Z

    capa-livro-p-blog blog-logo

    Comentários recentes

    • Anónimo

      Obrigado. Forte abraço. João Madureira

    • cid simões

      Muito bonito.Saúde!

    • Rui Jorge

      Muito Bom Dia a todos. Encontrei este blog e decid...

    • Luiz Salgado

      Sou neto do abilio Salgado e Augusta de Faria Salg...

    • Luiz Salgado

      Meus tios Abilio e Abel Salgado , sou filho de Hen...

    FB