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Depois de já termos passado pelas terras de todos os santos do concelho de Chaves, estamos agora a entrar na reta final das santas, hoje é a vez da Santa Marinha, sendo a santa que se segue, a Santa Ovaia. Mas hoje ficamos por Santa Marinha, uma das aldeias da freguesia de Nogueira da Montanha, do planalto da Serra do Brunheiro, deste nosso concelho de Chaves.
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Iniciemos por conhecer Santa Marinha, mesmo a santa que dá o seu nome a nossa aldeia de hoje e que por sinal até é um topónimo mais ou menos frequente em Portugal, sendo a mesma santa, por exemplo, que dá nome à freguesia de Vila Nova de Gaia onde se localizam as caves do Vinho de Porto.
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Íamos e vamos então conhecer a Santa Marinha que tem uma história curiosa com muitos traços da nossa lenda flaviense da Maria Mantela, só que aqui a história faz-se com raparigas e não com rapazes, como acontece com a Maria Mantela (lenda) e também o fim delas, que acabaram todas martirizadas e santas foi diferente das dos nossos rapazes, que apenas se ficaram por padres, quando ao resto, vejam já a seguir.
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Pois reza assim a história:
Santa Marinha, virgem e mártir. Diz a tradição que tinha oito irmãs gémeas: Basília; Eufémia; Genebra; Liberata (também conhecida como Vilgeforte); Marciana; Quitéria e Vitória.
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A lenda atribui-lhes a naturalidade na cidade de Braga, no ano 120. Seriam filhas de um casal de pagãos, Calcia e de um oficial romano, Lúcio Caio Atílio Severo, régulo de Braga, o qual, quando elas nasceram, estaria ausente da cidade. Entretanto, na cidade, não se acreditava que as gémeas pudessem ser filhas do mesmo pai. O acontecimento causou enorme embaraço à mãe que, teria encarregado a parteira Cita, de as afogar. Em vez disso a mulher, que era cristã, levou-as ao Arcebispo Santo Ovídio, para que as batizasse e lhes desse destino. Foram então entregues a amas cristãs, crescendo e vivendo perto umas das outras, até aos 10 anos de idade.
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E continua assim a história:
Por esse tempo, o César romano ordenou aos delegados imperiais para ativarem a perseguição aos cristãos na Península Ibérica. Nessa perseguição, os soldados viriam a descobrir as gémeas, que foram detidas mercê das suas crenças, sendo levadas à presença do régulo. Este, acabou por constatar que elas, afinal, eram suas filhas. Quis convencê-las a renunciar à sua fé e a abraçar o paganismo. Porém, em face da sua resistência, mandou detê-las e enclausurá-las no Palácio. Sucedeu que as prisioneiras durante a noite, por intervenção sobrenatural ou com a ajuda da própria mãe, lograram alcançar a liberdade. Correndo em várias direções chegaram a províncias espanholas, donde se dispersaram. Todavia, Santa Marinha, teria sido apanhada nas proximidades de Orense, em Águas Santas, e condenada à morte, sendo aí degolada em 18 de Julho do ano 130, vindo as suas irmãs a ser também martirizadas.
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Seja como for, Santa Marinha acabou por ser o topónimo da nossa aldeia de hoje. Uma pequena aldeia do Planalto do Brunheiro, implantada junto a um cruzamento que com estradas/caminhos que a ligam às aldeias mais próximas de France, Sandomil, Amoinha Velha e Amoinha Nova, esta última já do concelho de Valpaços, terra da famosa Bruxa da Amoinha.
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A aldeia de Santa Marinha implanta-se ao longo da estrada em dois pequenos núcleos, um mais antigo à volta da capela e um de construções recentes, mas ao todo são apenas cerca de 30 construções, contando habitações, armazéns, anexos e a capela, a caber tudo num círculo de 150m. Mesmo assim, não é a aldeia mais pequena do concelho, aliás todas estas aldeias da freguesia de Nogueira da Montanha, são muitas (11 no total) mas todas pequenas aldeias, talvez a exceção vá mesmo para Carvela já com dimensões médias.
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Imagem do Google Earth
Claro que não vou recomendar uma visita obrigatória e propositada a Santa Marinha, pois a aldeia vê-se em 5 minutos e pessoas também poucas há, pelo menos na rua, mas pode acontecer que haja e com quem até podemos conversar um bocadinho, mesmo assim, também não vamos ficar uma tarde ou uma manhã a conversar, mesmo porque as pessoas tem os seus afazeres e há que respeitar a vidinha deles. Sempre pode dar dois dedos de conversa com os gatos, pelo menos eu falo com eles e eles até parece que me ouvem, isto se acordarem...
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E poderão perguntar: - Então esta aldeia não é para visitar!? Claro que é, mas para aproveitar o tempo, que é sempre precioso (pelo menos para mim é) programe logo uma manhã ou uma tarde, ou até ambas, para visitar a toda a freguesia, e ai já terá 11 aldeias para visitar, e esta (visita) sim, recomendo, pois a freguesia tem por lá algumas coisas interessantes, como a igreja de Nogueira da Montanha e o seu castanheiro milenar (dizem!) capelas, cruzeiros, alminhas e sobretudo paisagens e muito casario tipicamente transmontano. Claro que algum desse casario está abandonado, outro em ruínas mas também as há de pé. Quanto ao povoamento, a palavra evoluiu para despovoamento, sendo Nogueira da Montanha uma das freguesias onde mais se faz sentir.
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Despovoamento, sim, não pelas terras que até são cultiváveis e dão produtos de qualidade, tal como a batata, mas são terras difíceis de viver, principalmente os Invernos rigorosos não são muito convidativos para se permanecer por lá, pelo menos ao ar livre e o seu rigor tanto se faz nas noites frias de geadas, como debaixo de nevoeiros que para nós, cá de baixo desde o vale o vemos como nuvens que se abatem sobre a serra.
Consultas:
http://www.memoriaportuguesa.pt/santa-marinha em 06/04/2019