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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

26
Ago20

Nogueira da Montanha - Chaves - Portugal


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NOGUEIRA DA MONTANHA

 

Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia das Nogueira da Montanha.

 

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À procura de uma imagem para abrir o vídeo, que em geral abre também este post, procurei uma imagem que desse uma ideia geral da aldeia, mas foi de todo impossível, pois a localização/implantação de Nogueira da Montanha não proporciona locais desde onde essa imagem se possa conseguir, e se existe, nós ainda não o encontrámos.

 

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Na ausência da tal imagem da vista geral da aldeia, tínhamos de optar por uma imagem de marca. Poderia ser a sua igreja, bem interessante por sinal, mas não hesitei e escolhi a do largo principal da aldeia, onde está o tanque o coreto e o castanheiro milenário (segundo dizem)

 

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E como hoje estamos aqui pelo vídeo, pouco mais acrescento a este post, pois tudo que tinha a dizer sobre a aldeia já foi sendo dito ao longo dos posts que lhe fomos dedicando, para os quais fica link no final.

 

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E agora sim, o vídeo com todas as imagens da aldeia das Nogueira da Montanha que foram publicadas até hoje neste blog, mais algumas que estão no presente post e que escaparam às anteriores seleções. Espero que gostem.

 

 

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de Nogueira da Montanha:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/nogueira-da-montanha-chaves-1672712

https://chaves.blogs.sapo.pt/879121.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/458186.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/332461.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/29631.html

 

 

E quanto a aldeias de Chaves, despedimo-nos até ao próximo sábado em que teremos aqui a aldeia de Nogueirinhas.

 

 

01
Jul20

Gondar - Chaves - Portugal

Aldeias de Chaves


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Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos aqui hoje esse resumo para a aldeia das Gondar.

 

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Mais uma aldeia do alto planalto da serra do Brunheiro, da freguesia de Nogueira da Montanha, uma das freguesias que mais tem sofrido com o despovoamento e, por consequência, o envelhecimento da população.

 

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Gondar não foge à regra. Já por si era uma aldeia pequena, agora, a aldeia mantém-se, claro, mas as pessoas são muito menos, contudo, é uma aldeia onde encontramos sempre gente e onde até paramos para conversar um pouco, embora as pessoas sejam as mesmas.  

 

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Uma aldeia pequena mas onde há um bocadinho de tudo, nem que seja um só exemplar, o que não quero dizer que não haja mais… mas, e tal como se pode ver nas imagens que aqui deixo, e que escaparam às anteriores seleções, temos, ou tínhamos no tempo em que as fotos foram tomadas, pelo menos, um trator, uma caixa de correio, um homem que vem do campo, uma capela, um cruzeiro, uma caixa de correio com um sapo em cima e uma vaca a pastar. Casas há mais…

 

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E agora sim, o vídeo com todas as imagens da aldeia de gondar que foram publicadas até hoje neste blog. Espero que gostem e para rever aquilo que foi dito sobre Gondar ao longo do tempo de existência deste blog, a seguir ao vídeo, ficam links para esses posts.

 

Aqui fica o vídeo. Espero que gostem:

 

 

 

PostS do blog Chaves dedicados à aldeia de Gondar:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/gondar-chaves-portugal-1623727

https://chaves.blogs.sapo.pt/647392.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/565468.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/458186.html

https://chaves.blogs.sapo.pt/324242.html

 

E quanto a aldeias de Chaves, despedimo-nos até ao próximo sábado em que teremos aqui a Granjinha.

 

 

 

16
Jun19

Sobrado - Chaves - Portugal


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Há uns bons anos que é hábito neste blog, os sábados serem reservados para as nossas aldeias do concelho de Chaves. Nesta nova ronda decidimos fazê-lo por ordem alfabética com fotografias que escaparam à seleção dos anteriores post’s. Assim, hoje toca a vez à aldeia do Sobrado.

 

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Sobrado que se localiza no planalto da Serra do Brunheiro, pertence à freguesia de Nogueira da Montanha, a pouco mais de 1 Km do limite do Concelho de Chaves/Valpaços, tendo como aldeias mais próximas a sede de freguesia (Nogueira da Montanha) e Gondar a Nascente, Alanhosa a Norte, Capeludos e Sandomil a Poente e Amoinha Velha a Sul. A aldeias mais próximas estão entre os 400 e os 600 metros de distância (Nogueira e Gondar) e as restantes a cerca de 1Km. A título de curiosidade, Sobrado fica num cruzamento de estradas mais ou menos orientadas conforme os pontos cardeais que ligam às aldeias atrás mencionadas.

 

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É uma das nossas aldeias de montanha e também das mais altas do concelho (como quase toda a freguesia), localizada a uma altitude de 825m, onde é bem real aquele dito que se aplica por cá, o dos 9 meses de inverno e 3 de inferno, mas por lá, o inverno é mesmo rigoroso, mas se tem este dói, também alguma coisa se aproveita deste rigor, principalmente do frio, bom para curar as carnes de porco e, também, conjuntamente com a terra, um clima ideal para nele se produzir batata de qualidade, mas não só.

 

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Olhem só para estas cebolas, até parecem de oiro, e são-no, principalmente nas mãos de uma boa cozinheira ou bom cozinheiro. Aliás no Sobrado calhou numa visita feita a pedido a um dos seus habitantes, ter encontrado e fotografado os ingredientes necessários para um manjar dos deuses, e se não é de todos os deuses, é pelo menos dos deuses transmontanos e de todos os transmontanos fiéis.

 

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Só não fotografei o azeite e o vinho, mas esses já todos sabemos que são condimentos ou companhia obrigatória na nossa cozinha e de uma boa mesa, aliás se todos os cozinheiros forem como eu, sem azeite, cebola e alho, não faço nada.

 

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Então já temos as cebolas, o feijão seco, umas carnes na salgadeira e a seguir vai ficar a imagem de uma cabeça de porco com todos os seus pertences e uns pezinhos. Ora que é que isto sugere!? – Uma palhada à transmontana, claro!

 

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Invejosos por não terem desta coisas!? não há problema, por cá, pelo menos os que acreditam, enxotam a inveja, os maus olhados, as bruxas, espíritos e outros males com uma   Ruta graveolens à porta ou no jardim. Esta da Ruta graveolens foi só para o armanço, o nome científico, pois por cá o que põem mesmo à porta é uma planta de arruda (que é a mesma coisa), e também denominada como arruda-fedida, arruda-doméstica, arruda-dos-jardins, ruta-de-cheiro-forte. A arruda é uma planta da família das Rutáceas. E podem crer que o cheiro da arruda é mesmo fedido (podem trocar o “e” por um “o”, porque o é mesmo.

 

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Embora a arruda também seja por alguns considerada uma erva medicinal, não é das ervas mais recomendadas, pois é muito forte e tóxica em todas as suas formas, e pode matar. Se a vir, deixe-a em paz com a sua função de enxotar invejas, maus olhados e outros, pois a medicina, mesmo a das ervas, é só para quem sabe, especialistas, pois se não for na dose certa, pode ir mesmo desta para melhor, passar férias para a terra, mas definitivas, por baixo dela! A mim basta-me o cheiro fedido para não me aproximar dela.

 

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Quanto à aldeia de Sobrado e ao seu topónimo, pode ter origem muito antiga dos tempos da Gallaécia, e afirmo isto porque ainda hoje na Galiza este topónimo é muito comum e tendo em conta a sua origem, encaixa perfeitamente na nossa aldeia, pois em português comum, sobrado é um pavimento de madeira, e não me parece ter aí a sua origem. Os nossos irmãos galegos explicam assim os seus “Sobrados”:

 

O topónimo Sobrado, para o que cómpre reconstruir un antigo superatu ou superato, “altura”, “que está sobre ou enriba”

 

Penso que não será necessária a tradução, pois o galego e o português, são quase a mesma coisa.

 

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Quanto a este nosso Sobrado, tem o seu núcleo antigo bem identificado, com um aglomerado de construções antigas, maioritariamente construídas em granito de pedra solta. Trata-se de um pequeno núcleo com cerca de 10 casas. A restante aldeia é de construções novas, dispersas, que foram construídas ao longo das estradas que ligam às aldeias vizinhas.

 

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Quanto ao seu povoamento atual, sendo uma aldeia de montanha, tem todas as condições para ser uma aldeia despovoada e com população envelhecida. Já assim o era em 2006 quanto tomei a maioria das fotografias que hoje vos deixo e como a tendência do despovoamento se tem mantido e nada, nem ninguém a contraria, hoje deve estar bem pior.

 

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Mas esteja com estiver nada nos impede de a deixar aqui, nem que seja e só para memória futura, mas sabemos que ainda há pessoas com fortes ligações a esta aldeia, e daí estar aqui com todo o direito e também ter direito àquele que começa a ser o nosso habitual vídeo de encerramento, como de costume, com todas as fotografias (ou quase todas, pois confesso que perdemos algumas) que foram postadas neste blog. Fica também o link para o caso de quererem aceder ao vídeo diretamente a partir do youtube:

 

https://youtu.be/8jm7-twOeBY

 

 

 

 

06
Abr19

Santa Marinha - Chaves - Portugal


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Depois de já termos passado pelas terras de todos os santos do concelho de Chaves, estamos agora a entrar na reta final das santas, hoje é a vez da Santa Marinha, sendo a santa que se segue,  a Santa Ovaia. Mas hoje ficamos por Santa Marinha, uma das aldeias da freguesia de Nogueira da Montanha, do planalto da Serra do Brunheiro, deste nosso concelho de Chaves.

 

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Iniciemos por conhecer Santa Marinha, mesmo a santa que dá o seu nome a nossa aldeia de hoje e que por sinal até é um topónimo mais ou menos frequente em Portugal, sendo a mesma santa, por exemplo, que dá nome à freguesia de Vila Nova de Gaia onde se localizam as caves do Vinho de Porto.

 

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Íamos e vamos então conhecer a Santa Marinha que tem uma história curiosa com muitos traços da nossa lenda flaviense da Maria Mantela, só que aqui a história faz-se com raparigas e não com rapazes, como acontece com a Maria Mantela (lenda) e também o fim delas, que acabaram todas martirizadas e santas foi diferente das dos nossos rapazes, que apenas se ficaram por padres, quando ao resto, vejam já a seguir.

 

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Pois reza assim a história:

Santa Marinha, virgem e mártir. Diz a tradição que tinha oito irmãs gémeas: Basília; Eufémia; Genebra; Liberata (também conhecida como Vilgeforte); Marciana; Quitéria e Vitória.

 

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A lenda atribui-lhes a naturalidade na cidade de Braga, no ano 120. Seriam filhas de um casal de pagãos, Calcia e de um oficial romano, Lúcio Caio Atílio Severo, régulo de Braga, o qual, quando elas nasceram, estaria ausente da cidade. Entretanto, na cidade, não se acreditava que as gémeas pudessem ser filhas do mesmo pai. O acontecimento causou enorme embaraço à mãe que, teria encarregado a parteira Cita, de as afogar. Em vez disso a mulher, que era cristã, levou-as ao Arcebispo Santo Ovídio, para que as batizasse e lhes desse destino. Foram então entregues a amas cristãs, crescendo e vivendo perto umas das outras, até aos 10 anos de idade.

 

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E continua assim a história:

Por esse tempo, o César romano ordenou aos delegados imperiais para ativarem a perseguição aos cristãos na Península Ibérica. Nessa perseguição, os soldados viriam a descobrir as gémeas, que foram detidas mercê das suas crenças, sendo levadas à presença do régulo. Este, acabou por constatar que elas, afinal, eram suas filhas. Quis convencê-las a renunciar à sua fé e a abraçar o paganismo. Porém, em face da sua resistência, mandou detê-las e enclausurá-las no Palácio. Sucedeu que as prisioneiras durante a noite, por intervenção sobrenatural ou com a ajuda da própria mãe, lograram alcançar a liberdade. Correndo em várias direções chegaram a províncias espanholas, donde se dispersaram. Todavia, Santa Marinha, teria sido apanhada nas proximidades de Orense, em Águas Santas, e condenada à morte, sendo aí degolada em 18 de Julho do ano 130, vindo as suas irmãs a ser também martirizadas.

 

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Seja como for, Santa Marinha acabou por ser o topónimo da nossa aldeia de hoje. Uma pequena aldeia do Planalto do Brunheiro, implantada junto a um cruzamento que com estradas/caminhos que a ligam às aldeias mais próximas de France, Sandomil, Amoinha Velha e Amoinha Nova, esta última já do concelho de Valpaços, terra da famosa Bruxa da Amoinha.

 

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A aldeia de Santa Marinha implanta-se ao longo da estrada em dois pequenos núcleos, um mais antigo à volta da capela e um de construções recentes, mas ao todo são apenas cerca de 30 construções, contando habitações, armazéns, anexos e a capela, a caber tudo num círculo de 150m. Mesmo assim, não é a aldeia mais pequena do concelho, aliás todas estas aldeias da freguesia de Nogueira da Montanha, são muitas (11 no total) mas todas pequenas aldeias, talvez a exceção vá mesmo para Carvela já com dimensões médias.

 

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Imagem do Google Earth

Claro que não vou recomendar uma visita obrigatória e propositada a Santa Marinha, pois a aldeia vê-se em 5 minutos e pessoas também poucas há, pelo menos na rua, mas pode acontecer que haja e com quem até podemos conversar um bocadinho, mesmo assim, também não vamos ficar uma tarde ou uma manhã a conversar, mesmo porque as pessoas tem os seus afazeres e há que respeitar a vidinha deles. Sempre pode dar dois dedos de conversa com os gatos, pelo menos eu falo com eles e eles até parece que me ouvem, isto se acordarem...

 

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E poderão perguntar: - Então esta aldeia não é para visitar!? Claro que é, mas para aproveitar o tempo, que é sempre precioso (pelo menos para mim é) programe logo uma manhã ou uma tarde, ou até ambas, para visitar a toda a freguesia, e ai já terá 11 aldeias para visitar, e esta (visita) sim, recomendo, pois a freguesia tem por lá algumas coisas interessantes, como a igreja de Nogueira da Montanha e o seu castanheiro milenar (dizem!) capelas, cruzeiros, alminhas e sobretudo paisagens e muito casario tipicamente transmontano. Claro que algum desse casario está abandonado, outro em ruínas mas também as há de pé. Quanto ao povoamento, a palavra evoluiu para despovoamento, sendo Nogueira da Montanha uma das freguesias onde mais se faz sentir.

 

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Despovoamento, sim, não pelas terras que até são cultiváveis e dão produtos de qualidade, tal como a batata, mas são terras difíceis de viver, principalmente os Invernos rigorosos não são muito convidativos para se permanecer por lá, pelo menos ao ar livre e o seu rigor tanto se faz nas noites frias de geadas, como debaixo de nevoeiros que para nós, cá de baixo desde o vale o vemos como nuvens que se abatem sobre a serra.

 

Consultas:

http://www.memoriaportuguesa.pt/santa-marinha em 06/04/2019

 

21
Abr18

Nogueira da Montanha - Chaves - Portugal


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Esta primeira imagem é feita de pura ilusão. Real, sim senhor, é real, mas ilude e leva-nos a crer numa realidade que não existe lá no alto planalto da Serra do Brunheiro, em terras da freguesia de Nogueira da Montanha, freguesia e aldeia para onde vamos hoje, mais uma vez com o mesmo discurso, o do despovoamento rural.

 

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Embora o planalto do Brunheiro até seja feito de terras maioritariamente cultiváveis,  onde até é conhecida a excelência da qualidade dos produtos que lá se produzem, como por exemplo a batata, sempre teve todas as condições para convidar as pessoas a partir para melhor vida. Terras altas de invernos rigorosos, a terra altamente repartida, falta de uma política agrícola, falta de infraestruturas básicas, sem perspetivas para o futuro, etc. Tudo convidava à partida e o seu povo partiu, e se aguentaram por lá alguns séculos, foi porque então, se partissem e fossem para onde fossem, a realidade era a mesma, exceto nas grandes cidades, que para nós se resumiam a duas e onde gente não qualificada era mais escrava que na terra mãe.

 

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Mas os tempos mudaram, felizmente, e desde que a educação passou a ser uma das nossas prioridades ou uma das nossas necessidades como a modernidade o exigia, os horizontes alargaram-se e passou a existir vida para além das leiras das aldeias, bem melhor,  e que ia além da subsistência. A emigração passou a ser um convite sério, num ano ou dois deixava-se de andar a conduzir carros de bois carregados com quase nada para passarem a conduzir um popó todo janota, bem melhor do que aquele que os bem remediados e alguns mais abastados tinham por cá. Em meia dúzia de anos construíram casas novas, com novos materiais, cozinhas todas xpto, etc. Certo que a vida de emigrante não era fácil, mas o suor que lhes corria nas faces era cambiado por dinheiro e não por batatas, centeio, nabos que em anos maus nem davam para as despesas e em anos bons, muitas das vezes apodreciam nos armazéns…

 

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Mas não foi só a emigração. De novo a educação teve um papel importante no abandono do mundo rural. Os mais remediados que não emigraram e não abandonaram as terra, mandaram os filhos descer ao vale para continuar os estudos além das primeiras letras e números aprendidos na escola da aldeia. Fizeram o secundário e mediante as possibilidades dos remediados, continuaram os estudos em cursos médios ou superiores, formaram-se, tudo com cursos virados para a cidade, para os grandes centros onde poderiam exercer as profissões para que estavam habilitados, e a aldeia passou a existir apenas no natal,  na páscoa, às vezes no carnaval, no dia da festa da aldeia, na morte de um familiar próximo, ou numa ou outra visita ocasional de fim de semana para visitar os seus, matar algumas saudades e meter uns sacos de batatas, umas chouriças e uns garrafões de vinho e azeite na mala do carro.

 

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Os mesmos iluminados de sempre, os de Lisboa, pensaram e bem numa educação para todos, se possível superior, mas esqueceram-se de vocacionar esses cursos e de pensar o mundo rural com políticas apropriadas para os novos formados poderem nele fazer o seu futuro se assim o desejassem, contribuindo assim para o nosso desenvolvimento e para um Portugal mais igual. Está tudo nos livros em que estudaram, senhores de Lisboa que muitos deles saíram destas aldeias,  mas que a sedução de outros interesses os levou à cegueira, para com facilmente esquecerem ou ignorarem uma realidade, que muito bem conhecem, onde deixarem nela os seus resistentes, que alguns até são avós, pais, irmãos, tios, primos…

 

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Quase todas as aldeias que em tempos foram das melhoras aldeias,  com gente maioritariamente remediada com o suficiente para estudarem os filhos, hoje estão à beira da falência e do total abandono. Nogueira da Montanha é uma delas. Há coisa de um ano, quando passei por lá para mais uma recolha de algumas imagens, vi de passagem apenas uma pessoa, que até poderia nem ser de lá. Na aldeia vizinha, também com apenas meia-dúzia de pessoas, disseram-me que em Nogueira apenas resistiam três pessoas... Vai sendo esta a triste realidade das nossas aldeias.

 

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Mas o que mais dói no meio de todo este abandono, não são as casas fechadas, degradadas ou em ruínas, nem as ruas sem gente, o tanque sem lavadeiras, os pátios sem animais. Tudo isso pode ser reposto num futuro próximo ou mais distante, o que mais dói é a cultura rural ainda com algum comunitarismo que se vivia nas aldeias, os saberes e sabores, folclore e tradições que ao longo de séculos existiram e que iam passando de geração em geração. Tudo isso se perdeu ou está em vias de se perder na maioria das nossas aldeias, e seja qual for o futuro das nossas aldeias, nunca mais voltarão a ser como eram.

 

 

 

 

08
Fev15

Era uma vez Nogueira da Montanha...


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Hoje fazemos uma breve passagem por Nogueira da Montanha, que tal como o topónimo indica fica na montanha, ou melhor no planalto, bem lá em cima por trás da Serra do Brunheiro que se avista desde a cidade (de Chaves, claro).

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Pois embora até seja a aldeia que dá nome à freguesia, a uma das que mais aldeias tem — onze no total, é, segundo me dizem pois não tenho confirmação, a estar completamente despovoada, pelo menos de Inverno e, se não está para lá caminha. Verdade, verdadinha, é que das últimas vezes que lá fui não vi vivalma.

1600-nogueira (174)

É, é assim a triste realidade à qual as nossas aldeias, principalmente as de montanha, estão condenadas, e NINGUÉM FAZ NADA por contrariá-la.

 

 

 

04
Jan14

Pelo Planalto do Brunheiro


 Carambelo no Planalto do Brunheiro - imagem de arquivo

 

Tarde de 30 de dezembro do ano que recentemente nos deixou. Desde o vale, olhei para a coroa da Serra do Brunheiro e estava num daqueles dias de coroa coberta com nevoeiro quando às vezes acontece um fenómeno meteorológico, quando ar húmido do vale sobe pela encosta fora e quando chega à coroa da serra, em contacto com as temperaturas negativas, congela contra tudo que é obstáculo, criando um espetáculo de verdadeiras esculturas de gelo que por cá também se conhece por carambelo e/ou carambina. Pois é, às vezes acontece esse fenómeno, mas só às vezes, pois na maioria das vezes o nevoeiro que se vê na coroa da serra, não passa mesmo de nevoeiro. Foi o que aconteceu na tarde de 30 de dezembro.

 

 Entrada do adro da igreja de Carvela

Já não é a primeira vez que recorro ao pretexto do carambelo para subir a serra e pela certa que não foi a última vez. O que eu queria mesmo era ir à coroa da serra, monitorizar que o despovoamento é também um fenómeno que aconteceu ao longo destes últimos anos 30 anos, mas contrariamente às causas naturais dos fenómenos meteorológicos, este do despovoamento, é por outras causas des(humanas), politicas e económicas, e bem longe de serem naturais, antes resultado de perversidades de quem nada se interessa pelas pessoas, pelo povo, pela nossa cultura, pela nossa história.

 

Rua da aldeia de Maços  

Nogueira da Montanha é uma freguesia composta por 11 aldeias e os números não enganam, pois segundo os últimos Censos a população da freguesia (das 11 aldeias) pouco mais é do que 500 pessoas o que se estivessem repartidas equitativamente pelas aldeias da freguesia, daria pouco mais de 45 pessoas por aldeia, só que, algumas destas aldeias já hoje estão praticamente despovoadas na sua totalidade, como é o caso da sede de freguesia – Nogueira da Montanha.

 

Largo principal da aldeia de Nogueira da Montanha

 

Parece que também a natureza se quer associar a este fenómeno do despovoamento, mandando para lá o nevoeiro para compor o quadro da melancolia que já por si faz as horas melancólicas dos dias de quem resiste na montanha e no planalto do Brunheiro, nevoeiro que parece também toldar a visão e as mentes dos que se sentem iluminados pelas luzes da ribalta das cidades e do poder.

 

Rua principal da aldeia de Nogueira da Montanha

Enfim, como eu costumo dizer -  com uns bons estadulhos resolvia-se depressa isto tudo – mas infelizmente já não há que os faça e,  com o tempo, vai acontecer o mesmo que aconteceu ao engaço de outros tempos, nem sequer vão saber o que é um estadulho. E com esta vos deixo e com ela me vou.

 

As fotos, com exceção da primeira que é de arquivo, as restantes são do dia 30 de dezembro passado.

 

 

13
Jan13

Nogueira da Montanha


 

Para quem está no vale de Chaves e olha para o maciço principal da Serra do Brunheiro, a partir da sua coroa são terras da freguesia de Nogueira da Montanha. 11 aldeias no total que comungam do planalto do Brunheiro e do rigor das suas terras e invernos. Mais perto do céu, mas apena em altura, pois de resto, e por muito que se amem aquelas terras, o convite tem sido de abandono. Hoje, são 529 (Censos 2011) os resistentes divididos pelas 11 aldeias, e a grande maioria são idosos.




Não admira assim que o casario esteja dotado ao abandono, as portas fechadas e as ruas desertas. É esta a realidade do nosso interior rural, esquecido, ostracizado. E com eles se vai perdendo a identidade de um povo.  


As imagens são da aldeia de Nogueira da Montanha, sede de freguesia.





28
Abr12

Santa Marinha - Nogueira da Montanha - Chaves - Portugal


Nos últimos fins-de-semana tenho dado preferência às aldeias que menos representadas estão aqui no blog em imagem, pelo menos em quantidade. Percorrendo o arquivo do blog dei-me conta que Santa Marinha era uma dessas aldeias pois até hoje apenas tinha tido direito a meia dúzia de imagens. Recorrendo ao meu arquivo fotográfico, dei também conta que de Santa Marinha tinha poucas imagens e motivos, muito menos. Havia que lá ir de novo à caça de imagens, e fui. No último fim-de-semana toca a ir pelo Brunheiro acima, pelo sítio do costume, ou seja Peto de Lagarelhos, Lagarelhos e depois a opção de ir por um lado e vir pelo outro. Optei por ir pelas bandas de Santiago.  

 

 

Lá em cima, já no planalto do brunheiro, gosto de andar às voltas e fazê-las ao contrário. Assim, em vez de ter ido direto a Santa Marinha, resolvi primeiro passar por Gondar e depois Nogueira da Montanha. Na montanha todas as aldeias são interessantes, mas é angustiante entrar nelas e não ver vivalma, não fosse aquilo a que parecia ser a hora do recreio na escola primária de Nogueira da Montanha, e pensaria ter entrado numa aldeia deserta, despovoada de vida, onde apenas o milenar (dizem que é) castanheiro do largo insiste em resistir e todos os anos dizer presente.

 

 

Como de Nogueira tenho fotos em arquivo de anteriores passagens e desde então nada mudou, rumei então a Santa Marinha. Lá chegado, compreendi a razão do meu arquivo estar tão despovoado de imagens na pasta de Santa Marinha, pois esta aldeia é uma das mais pequenas do concelho e por isso, por lá não abundam muitos motivos e, aqueles que despertavam para um clique, já as tinha registado em passagens anteriores.

 

 

Curiosamente há poucas casas mas há sempre vida na aldeia. Pouca porque gente também é pouca, mas há gente e à boa maneira antiga, também há sempre animais. Nos registos anteriores, eram mais gatos, desta vez a receção foi feita por um cão, daqueles que metem respeito e costumam guardar os rebanhos da montanha e que, têm cabedal suficiente para arrumar ou pelo menos afugentar um lobo. Olhou para nós, fez questão de se manifestar e dizer que estava presente, mas como entendeu que íamos por bem, resolveu deitar-se à beira da estrada a descansar o corpo, mas sempre de olho ou ouvido nos intrusos.

 

 

Voltando à aldeia, onde as casas novas ainda se erguem e onde também há novas recuperações de antigas construções. No entanto, como o casario novo não me atrai, pelo menos para trazer aqui em imagem, fui-me repetindo e ficado em olhares pelas construções mais antigas e nas recuperações da Rua do Rei que sempre vão mostrando o ar da graça do granito à vista nas paredes. Claro que a capela também é de registo obrigatório, nem que seja por estar lá aconchegadinha no meio das casas onde até a sua simplicidade lhe dá alguma graça.

 

E por terras de Santa Marinha é tudo, por hoje, pois dentro das imagens possíveis e olhares seletivos, pela certa que ainda passará por aqui mais vezes.

 

 

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