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Em 27 de Setembro de 2007 deixava aqui um post sobre Noval (http://chaves.blogs.sapo.pt/212137.html) onde além de uma fotografia eu ia dizendo:
«Já há algum tempo que não ia por Noval. Aliás acho que nunca lá fui com olhos de ver (de ver para blog), mas na última visita, levei esses tais olhinhos e fiquei espantado com tanta beleza e contraste.»
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Era ainda no tempo em que aqui no blog se publicava uma fotografia por aldeia e, embora as palavras tentassem descrever um pouco da vida e das belezas da aldeia, em imagem, apenas uma foto, era quase nada. Assim, havia que de novo ir a Noval para tentar recolher fotograficamente um pouco do seu aspecto geral, e fui, uma, duas, três vezes… de verão com muito sol e calor, de inverno com muito frio e neve. Penso que agora sim, já por aqui pode ficar uma imagem feita de imagens de Noval. Mas claro que nunca se consegue transmitir a aldeia no seu todo, por isso, se gostarem das imagens que vos deixo, nem há como ir lá, e ver Noval ao vivo, pois é sempre outra coisa.
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Dizia eu em 2007 ter ficado «Espantado por ser uma aldeia que apenas a tão poucos quilómetros de Chaves veste tanta ruralidade, no mais puro e rural que uma aldeia tipicamente rural e transmontana pode vestir. Nem parece que a cidade é ali ao lado» felizmente tudo no bom sentido, dizia então e continuo a dizer. Pelo menos aparentemente, assim o parece, pois é uma aldeia ainda com gente que trata dos férteis campos e culturas, tem crianças, água pura, cristalina e corrente, ainda a correr livremente nas bicas, imagem que já não é muito comum hoje em dia.
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Dizia também no post anterior: - «enfim, uma aldeia que ainda é aldeia, embora a nossa interlocutora de serviço, enquanto esperava à entrada do “pobo”pela “beternária” para lhe “bêr” a égua que já não comia há quatro dias, se lamentasse que os filhos da terra se casavam e iam para a terra das mulheres… mas aqui o “mal”, até nem está na aldeia, pois já se sabe que as ”molheres” puxam sempre prá terra delas”. Claro que sim, todos nós homens já há muito que sabemos disso!.».
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Mas como Noval ainda tem gente, também devo partir do princípio que as mulheres da aldeia, casaram e por lá ficaram. Suposições minhas, mas seja como for, aparentemente Noval é uma das nossas aldeias típicas, comparada até às de montanha, mas com a diferença de viver ao lado do vale, de Chaves e que tem gente.
Já quanto ao seu casario, é mesmo uma das nossas aldeias mais típicas, ou seja, com as suas velhas casas, algumas abandonadas e a caminho da ruína e também as inevitáveis intervenções novas, algumas com algum gosto enquanto que outras… enfim o típico das nossas aldeias onde não houve medidas de salvaguarda, sensibilização, incentivos, empenho e um planeamento atempado onde o núcleo da antiga aldeia pudesse ser preservado e uma nova aldeia pudesse nascer à volta do seu “centro Histórico”. Medidas que deveriam ter sido tomadas na altura certa a par de outras que deveriam ter travado o êxodo rural. Pecados do passado (ainda recente) que hoje já não têm solução.
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Vamo-nos congratulando com algumas recuperações exemplares, como a de uma que acontece em Noval, de uma casa senhorial e, é exemplar nem que seja e só por estar a ser recuperada, pois a grande maioria das nossas casas senhoriais e solarengas do concelho, estão dotadas ao abandono e a caminho da ruína e, nalgumas delas, nem a pedra de armas das grandes famílias de antigamente chega para manter de pé a sua dignidade. Nem para essas grandes casas que fazem parte da história do nosso concelho há medidas para a sua salvaguarda. Assim, é sempre de elogiar qualquer recuperação que se faça, pois também elas prolongam no tempo a nossa história.
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Pois esta casa senhorial de Noval ligada à quinta da Quinta da Família Pereira, foi pertença da família do Padre Adolfo Magalhães, que pela sua erudição (professor primário e de liceu, sócio correspondente do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia, amante da Arqueologia e Poeta. Foi professor no seminário, abade da Sé Catedral de Vila Real e pároco de Fornelos, Arcossó e Vidago) dá nome a uma Rua de Chaves em pleno Centro Histórico.
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Padre Adolfo de Magalhães que sem qualquer dúvida é um dos nossos ilustres flavienses e que futuramente merecerá aqui um post no blog, com a sua vida e obra e que como H.Pombo referia num comentário do post de 2007 dedicado a Noval, o Padre Adolfo de Magalhães tinha a «humildade de um sábio, aberto ao mundo e à sua maravilhosa diversidade. Terá deixado um património cultural e reflexivo que importa dar a conhecer»
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Mas voltemos a Noval, que se encontra situada na encosta da serra, virada a nascente, recebendo todo o bom sol da manhã que os seus terrenos férteis agradecem e respondem com a produção de boa batata, centeio, fruta e vinho mas também toda a gama dos produtos típicos das hortas de proximidade das aldeias (cebola, alhos, couves, naval, cenouras, alface, etc.).
Noval que fica naquele tal vale alto que eu já várias vezes referi aqui, o tal que começa lá para os lados de Bustelo e se prolonga até Curalha e Pastoria, o mesmo que hoje a auto-estrada corta quase ao meio e de onde a nossa aldeia convidada de hoje mostra o seu ar simpático que se vai confundido com o arvoredo e a serra.
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Noval pertence à freguesia de Soutelo e (teoricamente) a distância até à cidade é de 8 quilómetros, ou melhor, até ao centro da cidade, pois como hoje ela já rebentou pelas costuras e até Valdanta é sempre cidade, bem poderemos dizer que Noval se encontra apenas a três ou quatro quilómetros da cidade.
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O acesso à aldeia, tal como já se percebeu, é feito a partir da cidade por Casas dos Montes, Valdanta e Soutelo, sempre pela Estrada Municipal 535. Vizinhos com ligações importantes, além da sede de freguesia, são os da Pastoria onde «as raparigas casam todas com os rapazes da terra» segundo a nossa interlocutora de serviço. Mas nem todas, digo eu.
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Quanto ao seu passado e história, há pouca documentação ao respeito. Um pequena capelinha de devoção ao Divino Espírito Santo, dizem existir dos romanos uma epígrafe na rocha no lugar do Cavalo do Mouro. Também, de época não determinada, existem nas proximidades duas sepulturas antropomórficas cavadas numa rocha.
Quanto ao seu topónimo não descobri nenhum escrito que adiantasse uma possível origem. Como tal aventuro-me eu, ou seja, é aldeia que fica naquele tal vale alto e paralelo ao famoso vale de Chaves. Porque não então vir daí o seu topónimo ou seja a de uma povoação no vale
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E agora sim, penso que Noval já tem o seu post completo, com algumas imagens de verão e de nevão e a escrita possível, pois sobre a aldeia não há praticamente nenhuma documentação, valendo-me como sempre nestes casos, pelo conhecimento que tenho da aldeia e da conversa com os seus residentes e, também neste caso, resistentes.
Até amanhã!