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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

25
Abr19

Flavienses por outras terras - Nuno Afonso dos Santos


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Nuno Afonso dos Santos

 

Nesta crónica do espaço “Flavienses por outras terras” vamos até aos arredores de Lisboa, ao encontro do Nuno Afonso dos Santos, um Flaviense que deixou Chaves aos 18 anos, mas que sempre manteve (e continua a manter) uma forte ligação à sua terra.

 

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Onde nasceu, concretamente?

Nasci em Outeiro Seco, uma freguesia que dista menos de uma légua da cidade de Chaves. Por causa da curta distância que a separa da sede do concelho, Outeiro Seco tornou-se numa aldeia mais urbana que rural, onde estão localizadas muitas das infraestruturas da cidade, como a Escola Superior de Enfermagem e o Parque Empresarial de Chaves.

 

Nos tempos de estudante, em Chaves, que escolas frequentou?

Depois de ter feito o ensino primário na Escola Primária de Outeiro Seco, frequentei em Chaves a Escola Industrial e Comercial de Chaves onde tirei o Curso Geral de Administração e Comércio. Atualmente essa escola é denominada por Escola Secundária Dr. Júlio Martins e comemora neste ano letivo de 2018/2019 o seu primeiro centenário.

 

Em que ano e por que motivo saiu de Chaves?

Saí de Chaves em outubro de 1973 em busca do sonho da cidade grande. Em Lisboa tinha como grande expetativa trabalhar e continuar a estudar mas, infelizmente, fiquei-me só pela parte profissional, pese embora tivesse ainda frequentado o Liceu Pedro Nunes durante alguns meses.

 

Em que locais já viveu ou trabalhou?

Até aos meus 18 anos vivi em Outeiro Seco. Após a vinda para Lisboa, e até ao ano de 1978, o ano em que me casei, vivi num dos bairros mais emblemáticos da capital, o Bairro Alto, mais propriamente no Largo do Camões.

Por força da minha forte ligação à terra, um dos meus grandes objetivos de vida foi sempre não ter que passar noutro local as férias e as festas como o Natal, a Páscoa, os Santos ou a Festa da Nossa Sra. da Azinheira. Felizmente, pude concretizar esse sonho por ter casado com uma flaviense e outeiro secana.

 

Que profissão ou profissões desempenhou ao longo da vida?

Atualmente estou aposentado, mas exerci durante 45 anos a profissão de contabilista, uma profissão que ao longo dos anos teve várias nomenclaturas: guarda-livros, contabilista, técnico de contas, técnico oficial de contas e atualmente contabilista certificado.

 

Diga-nos duas recordações dos tempos passados em Chaves:

As minhas recordações de Chaves e de Outeiro Seco são tantas que se torna difícil enumerar apenas duas. Mas considerando que o Desportivo de Chaves é um dos ex-libris da cidade, talvez sejam os episódios ligados ao Desportivo aqueles que eu preservo mais na memória. Desde logo, os dérbis com o Vila Real, quando ainda disputávamos o campeonato regional, e as festas das subidas de divisão. Ainda neste domínio recordo-me também do movimento de contestação vivido durante o “caso Lourosa”, em que a cidade esteve a ferro e fogo durante quase uma semana.

 

Proponha duas sugestões para um turista de visita a Chaves:

Talvez pelo seu Rio Tâmega, Chaves é uma cidade que encanta todos os seus visitantes logo à primeira vista. Mas claro que recomendo o centro histórico, assim como o nosso centro termal.

 

Chaves está ligada a quase todas as épocas da nossa história, desde a romanização passando pelas diversas crises da nossa independência. Durante a crise de 1383 a cidade esteve durante 18 anos sob o domínio espanhol, por não reconhecer a soberania de D. João I.

 

A guerra da restauração também passou por Chaves, assim como as guerras entre os liberais e os absolutistas, sendo disso testemunho a Convenção de Chaves, assinada em 20 de setembro de 1837.

 

Foi em Chaves que se consolidou a República, razão pela qual em Lisboa a Avenida da República está ladeada pela Avenida 5 de outubro, de um lado, e a Avenida Defensores de Chaves, do outro, isto porque a República foi implantada em 5 de outubro de 1910, mas foi consolidada em Chaves, a 8 de julho de 1912, razão do nosso feriado municipal.

 

É pena que a cidade não tenha um serviço de visitas guiadas, porque há muita história em Chaves. Foram muitos os flavienses que participaram na 1ª Guerra Mundial. Mas houve dois cuja participação sobressaiu: o Coronel Bento Roma, imortalizado na rua que liga a Rua do Olival ao Largo das Freiras, e que teve o privilégio de comandar as tropas aliadas sob o Arco do Triunfo, e o General Ribeiro de Carvalho, um herói nas trincheiras que mereceu destaque numa série passada recentemente na RTP. 

 

Saliento ainda como visita obrigatória o Museu de Arte Contemporânea Nadir Afonso, porquanto essa vista é um dois em um, ou seja, para além das obras do pintor Nadir Afonso, pode-se ainda apreciar o excelente projeto arquitetónico do Arquiteto Siza Vieira.

 

Recomendo também uma visita aos arredores da cidade, nomeadamente a Vidago e ao seu Palace Hotel, mas também a Outeiro Seco, onde poderão apreciar a igreja românica da Nossa Sra. da Azinheira, assim como os seus frescos quinhentistas, frescos que também podem ser apreciados na capela da Nossa Senhora do Rosário descobertos recentemente.

 

Estando longe de Chaves, do que é que sente mais saudades?

Principalmente das pessoas que fizeram parte da minha vida e que infelizmente já partiram, dos aromas e dos sabores dos produtos da terra, mas também de um certo sentido de bairrismo e de comunidade que cada vez sinto mais ausente.

 

Com que frequência regressa a Chaves?

Ao longo destes 45 anos de residência em Lisboa mantive sempre uma relação muito próxima tanto com a cidade, sobretudo com o Desportivo de Chaves, do qual sou o sócio nº 404, como também com a minha aldeia, tendo feito parte dos órgãos sociais de várias associações locais, como a Casa da Cultura e a AMA – Associação Mãos Amigas. Atualmente, e devido à minha situação de disponibilidade, vou a Chaves ainda com maior regularidade, porquanto tenho lá a minha segunda habitação.

 

O que gostaria de encontrar de diferente na cidade?

Uma maior dinâmica empresarial, criando mais postos de trabalho para que os flavienses ali nascidos não tivessem necessidade de abandonar a sua terra, e ainda um polo universitário com maior importância, de modo a trazer para a cidade mais juventude.

 

Gostaria de voltar para Chaves para viver?

Confesso que durante algum tempo alimentei esse sonho romântico, e até o de poder participar mais na vida cívica da minha aldeia. Porém esse sonho tem vindo a desvanecer-se por várias razões. Primeiro, pelo facto de só ter um filho e de ele viver no estrangeiro. O aeroporto de Lisboa está apenas a dez minutos da minha casa e coisa diferente seria viver em Chaves. Depois, a perda de qualidade de vida, sobretudo ao nível da saúde, uma assimetria que se acentua cada vez mais no interior. Por tudo isso continuo a adorar ir a Chaves e irei enquanto a saúde o permitir, mas deixou de estar nos meus horizontes uma mudança definitiva.

 

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O espaço “Flavienses por outras terras” é feito por todos aqueles que um dia deixaram a sua cidade para prosseguir vida noutras terras, mas que não esqueceram as suas raízes.

 

Se está interessado em apresentar o seu testemunho ou contar a sua história envie um e-mail para flavienses@outlook.pt e será contactado.

 

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