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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

08
Jan23

O Barroso aqui tão perto...

O Barroso minhoto


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Serra da Cabreira – Cabana dos Poços

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Nesta rubrica de “O Barroso aqui tão perto” hoje vamos fazer apenas a introdução ao Barroso que nos fica mais longínquo e que sai fora das fronteiras dos concelhos de Montalegre e Boticas, bem como sai das fronteiras do distrito de Vila Real e da província de Trás-os-Montes, pois na realidade trata-se do Barroso que entra no Alto Minho, no distrito de Braga e no Concelho de Vieira do Minho, mas em apenas duas das suas antigas freguesias, que por sinal, com a última reorganização administrativa passou a ser uma freguesia, a freguesia de Ruivães e Campos.

 

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Ruivães em primeiro plano vista desde a Serra da Cabreira, ao fundo a Serra do Gerês

 

A inclusão desta freguesia no Barroso, aparentemente, parece não ter muita lógica, no entanto esta pertença ao Barroso tem as suas razões históricas e culturais, mas também geográficas. As razões históricas conhecidas são as de que o antigo concelho de Vilar de Vacas, hoje Campos e Ruivães, é mencionado nos documentos mais antigos como sendo território do Barroso. As coisas começam a baralhar-se um pouco com a Reforma Administrativa de Silva Passos, decretada em 6 de Novembro de 1836, e mesmo que essa reforma não tivesse sido definitiva nem foi no seu todo bem sucedida, promoveu mesmo assim a extinção de uns concelhos e a criação de outros, havendo concelhos que viram o seu território diminuido, enquanto outros viram o seu território aumentado, sofrendo diferentes alterações até 1853 e no que diz respeito às Terras de Barroso prolongou-se mesmo até 1898.

 

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Em primeiro plano aldeias e montanhas de Montalegre, ao fundo a Serra da Cabreira, a meio o rio Cávado e do lado direito a Serra do Gerês

 

Ainda conforme reza a história o antigo concelho de Vilar de Vacas (Ruivães) pertenceu à Casa de Bragança e à província de Trás-os-Montes, era uma das «Sete Honras de Barroso» e constituiu, em conjunto com a freguesia de Campos, o Couto de Ruivães, tendo sido vila e sede de concelho até 31 de Dezembro de 1853, data em que foi extinto. Em 1836 pertencia à comarca de Chaves e, em 1842, como julgado e concelho, reunia as freguesias de Cabril, Campos, Covelo do Gerês, Ferral, Pondras, Reigoso, Ruivães, Salto, Venda Nova e Vila da Ponte. Com a extinção do concelho em 1853, as freguesias foram divididas pelos concelhos de Montalegre e Vieira do Minho, ficando Campos e Ruivães a pertencer a Vieira do Minho e as restantes a Montalegre.

 

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Frades de Vieira do Minho em primeiro plano, rio Cávado ao centro e ao fundo a Serra do Gerês.

 

Para melhor se perceber administrativamente qual o território original  do Barroso e a sua evolução até o estado atual,  ficam os nossos mapas, que já em tempo foram aqui utilizados aquando de um post dedicado à origem do Barroso para o qual deixamos link no final deste post.

 

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Como se a História não bastasse, podemos ainda apontar as razões geográficas para incluir esta(s) freguesias do concelho de Vieira do Minho no Barroso. Como é sabido. em geral, as fronteiras são delimitadas recorrendo-se a elementos naturais para fazerem as divisões/separações administrativas dos territórios de regiões, províncias, países e continentes, elementos tais como rios, serras, lagos, mares e oceanos. Ora o território do Barroso também deitou mãos destes elementos naturais, encontrando-se bem delimitado desde a sua origem por serras e um rio, ou seja, a Norte e Poente pelas Serras do Larouco e a Serra do Gerês, a Sul pela Serra da Cabreira e a Nascente pelo Rio Tâmega, e no meio disto tudo, a serra do Barroso, quase como tendo o ponto, bem no meio dos cornos do Barroso, para espetar a ponta do compasso para fazer a circunferência que delimita todo o Barroso.

 

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Vista parcial do Barroso vista desde a Serra da Cabreira

 

Pois então é precisamente com base nestes limites que a freguesia de Campos e Ruivães, bem como as suas aldeias, são incluídas no Barroso, isto porque quando se recorre à divisão de fronteiras nas montanhas, também em geral e para não haver conflitos entre vizinhos com problemas relacionados com a água, as divisões/fronteiras administrativas fazem-se nos seus pontos mais altos das montanhas onde iniciam as suas vertentes, é o caso desta freguesia do concelho de Vieira do Minho que se localiza na vertente Norte da Serra da Cabreira, ou seja, na vertente para o Rio Cávado, enquanto que a vertente Sul dá origem ao Rio Ave, em que, o mais correto teria sido que o antigo concelho de Vilar de Vacas, todo ele, fosse integrado no concelho de Montalegre. Mas não foi, outros interesses se impuseram, no entanto nem por isso deixa de pertencer ao Barroso, pelas razões já apontadas, culturalmente e também pelo romanticamente, aliás todo este tema do Barroso é assim que tem de ser visto, porque na realidade oficial do Portugal atual, nem sequer temos regiões administrativas, ainda, nem sequer as antigas províncias existem, estando, segundo a Constituição Portuguesa em vigor, apenas as regiões autónomas e o continente, este último dividido em distritos, estes em concelhos e estes últimos em freguesias, e mais nada, ou seja, o Barroso, oficialmente,  não existe, nem sequer nas NUTS consta, NUTS que são a coisa mais parecida com as regiões administrativas, embora não tenham qualquer valor administrativo. Um imbróglio que os senhores da política criaram e não sabem, ou não querem, resolver.

 

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Dois garranos na Serra da Cabreira. Ao fundo a Serra do Gerês (concelho de Montalegre)

 

Ora bolas, então o Barroso não existe!?

Existe sim senhor, e existirá sempre. Estas coisas administrativas e o seu território até são coisas menores, pois o que mais interessa é mesmo o ser do Barroso, o ser barrosão e a cultura barrosã, esses sim é que podem ou estão mesmo em perigo, com o êxodo e despovoamento rural, com a perda de saberes e tradições e com a globalização em que os diferentes se tornam cada vez iguais, e ainda, tal como dizia Torga a respeito da falta de respeito pelas aldeias do Barroso:

Entro nestas aldeias sagradas a tremer de vergonha. Não por mim, que venho cheio de boas intenções, mas por uma civilização de má-fé que nem ao menos lhe dá a simples proteção de as respeitar.

Miguel Torga, In Diário VIII

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Soutelos (Vieira do Minho) em primeiro plano, em baixo o Rio Cávado e ao fundo São Lourenço, Montalegre.

 

Mas para já ainda vai existindo o Barroso e é para lá que este blog continuará a ir aos domingos durante as próximas semanas, para já abordando algumas aldeias do concelho de Vieira do Mino e depois de Ribeira de Pena e ainda estou a pensar se irei incluir, ou não, as freguesias do concelho de Chaves que ficam na margem direita do rio Tâmega, isto em defesa do raciocínio feito atrás em relação às fronteiras geográficas do Barroso.

 

Assim, no próximo domingo entraremos nas aldeias da atual União das Freguesias de Ruivães e Campos.

 

                                                                                                         

 

Para quem interessar aqui fica o link de um post antigo dedicado ao Barroso e as suas origens:

Barroso - Origem, história e território

 

13
Nov22

O Barroso aqui tão perto - Sangunhedo - Boticas

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sangunhedo

 

Continuamos na freguesia de Boticas/Granja,  com a terceira das suas cinco povoações – Sangunhedo, ficando por abordar apenas a aldeia de Ventuzelos, uma vez que e a vila de Boticas, será abordada em tempo oportuno, quando todas as aldeias do Barroso tiverem passado por aqui.

 

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Tal como aconteceu com a povoação de Eiró, também Sangunhedo foi absorvida pelo crescimento da Vila de Boticas, sendo hoje um todo, no entanto ainda existem algumas das antigas construções deixando ver um pouco daquilo que era a sua identidade original.

 

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Vamos então até Sangunhedo, iniciando pelo itinerário para chegar até lá, como sempre a partir da cidade de Chaves e a sua localização, que como já atrás dissemos, hoje em dia, já fica dentro da vila de Boticas.

 

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Quanto ao itinerário basta seguir em direção a Boticas, como quem diz, saída de Chaves pela N103 (estrada de Braga) até Sapiãos, aí deixa-se a N103 em direção a Boticas que será um pouco mais à frente, a menos de 3Km e imediatamente a seguir à Granja

 

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Já em Boticas, o melhor é seguir até a R311, estrada que nos leva até a Carreira da Lebre, Carvalhelhos, Salto, Ribeira de Pena, entre outras, e após a rotunda localizada junto ao Centro de Artes Nadir Afonso, sair na 3ª saída à direita da R311, ou seja pela Rua João de Deus até passar as instalações da Santa Casa da Misericórdia, aí já estará em Sangunhedo. É um bocado confuso conseguir distinguir a povoação da vila de Boticas, mas o casario mais antigo pode ajudar, tal como a capela de Santo Aleixo, cuja imagem ficou atrás, bem como as restantes imagens que aqui deixamos.

 

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Dadas as circunstâncias, de Sangunhedo atual pouco há a dizer, mas mesmo assim podemos realçar o casario antigo sobrevivente, com alguns exemplares ainda dignos de registo, como uma casa mais senhorial com jardins anexos e uma outra recuperada para alojamento local

 

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Outra construção a realçar, esta de cariz religioso, é a capela de Santo aleixo, que segundo reza em alguns documentos, foi construída nos princípios do século XVII e restaurada em 1758, estando esta última data inscrita na padieira da porta de entrada.

 

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Mais dois edifícios a merecerem destaque, um com uma inscrição de 1792 na padieira de uma porta carral e o destaque não é pela sua arquitetura exterior ( a única que vimos) mas pelo que a construção contém no seu interior, a julgar pela placa colocada junto à entrada, uma “Adega de Vinho dos Mortos”.

 

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A segunda construção a merecer destaque, este sim pela sua arquitetura mas também pela sua utilização como EcoMuseu do Barroso – Museu Rural, que não visitámos o seu interior porque na altura do nosso levantamento fotográfico estava fechado, mas a visitar numa próxima oportunidade.

 

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Não conhecemos a história deste edifício que hoje se destina ao EcoMuseu do Barroso, notoriamente uma construção antiga que em tempos nos parece-nos ter tido outras funções, provavelmente de habitação, mas não temos qualquer documento que o comprovem, embora não deva ser difícil apurar qual o seu passado. Quando formo por lá de visita vamos tentar saber.

 

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E é tudo que podemos dizer sobre Sangunhedo embora seja uma povoação secular, tal como o testemunham alguns inscrições de datas nas padieiras das portas de algumas construções, incluindo a da capela que como já atrás de mencionou foi construída nos inícios do século XVII, mas também porque a povoação é também mencionada como no inquérito paroquial de 1758 como sendo uma povoação da freguesia de Eiró.

 

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E estamos mesmo no final deste post, só falta mesmo o vídeo final com todas as imagens hoje aqui publicadas, ao qual passamos de seguida. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no…

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No próximo domingo teremos aqui a aldeia da Ventuzelos.

 

 

23
Out22

O Barroso aqui tão perto - Granja

Aldeias do Concelho de Boticas


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Tal como prometido cá estamos com mais uma aldeia de “O Barroso aqui tão perto”, no caso com a aldeia da Granja, a 21 km da cidade de Chaves e praticamente colada à sua sede de concelho, a vila de Boticas.

 

Aldeia da Granja que até à última reorganização administrativa de freguesias era sede de freguesia à qual, além da própria aldeia, pertencia também a aldeia de Ventuzelos.

 

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Iniciemos então este post dedicado à Granja com a sua localização e itinerário para lá chegar, como sempre a partir da cidade de Chaves. Quanto ao itinerário, é muito fácil. Saída de Chaves pela N103 (estrada de Braga) até Sapiãos, aí sai-se da N103 em direção a Boticas e a próxima aldeia é a Granja, imediatamente antes da Vila de Boticas, cuja rotunda de entrada fica a apenas 500 metros, ou seja, está praticamente colada a Boticas. Mas ficam os nossos mapas para ilustrar o itinerário e localização. Fica só uma nota, para quem não sair de Chaves e venha do Sul pela autoestrada que poderá sair no nó de Vidago ( e depois N311 até Boticas) ou nó de Chaves Sul, neste a saída é para o itinerário que recomendamos (N103) mas já a meio do caminho.

 

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Ao contrário da maioria das aldeias em que temos pouca documentação e informação disponível, no caso da Granja, graças a sua condição de ter sido sede de freguesia, existe alguma informação em documentos publicados, tal como na monografia “Preservação dos Hábitos Comunitário nas Aldeias do Concelho de Boticas” e na respetiva separata que é dedicada à antiga freguesia, que de seguida passaremos a transcrever o mais importante sobre a aldeia. Mas antes disso, apenas umas palavrinhas nossas sobre a aldeia, como o agradável que foi descobrir a aldeia, depois de tantas vezes lhe passar ao lado, pois de passagem não se pode respirar a sua intimidade e a sua vida, nem ver o largo da igreja com uma singular torre sineira, quase no meio do largo e separada da igreja e um pouco mais  abaixo uma belíssima fonte de 1932, com inscrição CMB – Construída Durante a Ditadura Nacional”, fonte esta de duas bicas e bebedouro que ainda dá de beber às vacas a caminho do pasto, tal como tivemos a sorte de testemunhar. Também sem entrar na Granja perdemos o andar nas suas rua, o calvário que se desenvolve em cima de um enorme rochedo, o cavalinho e a égua com que um puto fez para a fotografia,  e um antigo “palacete” com capela interessantíssima com servidão pela rua, que ao que parece se destina(ria) a um Núcleo Museológico Cistercience, apoiado pelo Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013, mas parece-me que com as obras paradas e por último, ter a honra de andar nas ruas e respirar os mesmos ares que o José Carlos Barros pisou e pisa, respirou e respira sempre que regressa à sua terrinha, o mesmo José Carlos Barros, Poeta e Escritor, o das “Pessoas Invisíveis” que foi prémio Leya 2021 e um autêntico embaixador do Barroso, e já agora, do Alto Tâmega… e com esta me bou até aquilo que se diz na separata “Preservação dos Hábitos Comunitário nas Aldeias do Concelho de Boticas”, com duas notas prévias, a primeira lembrar que o texto se refere à antiga freguesia da Granja (atualmente freguesia de Boticas e Granja) e a segunda a de o texto ser do ano de 2006, pelo que alguns dos dados daquilo que então era atual, hoje já estão naturalmente desatualizados. Vamos lá então, e passamos a citar (para descansar a vista da leitura, metemos umas imagens nossas pelo meio):

 

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Preservação dos Hábitos Comunitário nas Aldeias do Concelho de Boticas

 

A FREGUESIA DA GRANJA: GEOGRAFIA E PERSPECTIVA HISTÓRICA

A freguesia de Granja é uma das freguesias mais próximas de Boticas. Localizada a Este da vila de Boticas, confronta com várias freguesias: a Norte e a Este com Sapiãos, a Sul com Pinho e a Oeste com Boticas e Cervos do concelho de Montalegre.

É constituída pela aldeia de Granja, sede de freguesia, e anexo a ela tem o lugar de Ventuzelos, disposto paredes-meias com a vila de Boticas. O acesso viário faz-se pela EN 312. Dada a sua proximidade em relação à sede do concelho percorrem-se poucos metros até aparecer a indicação Granja.

As localidades de Granja e Ventuzelos encontram-se dispostas num vale, na parte sul da Serra do Leiranco. Protegidas a toda à volta por serras e montes, os seus pastos e campos de cultivo estendem-se ao longo da planície do Rio Terva. É a segunda freguesia mais pequena do concelho, ocupando uma área total de apenas 8,8 Km2.

 

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POPULAÇÃO, ECONOMIA E SOCIEDADE

O desenvolvimento da população da freguesia da Granja acompanhou o movimento demográfico que caracteriza toda a região de montanha no Norte de Portugal, tipificada por uma diminuição progressiva da população, com uma pirâmide etária invertida, onde os grupos etários mais baixos são diminutos e a população envelhecida aumenta.

 

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Atualmente, tem, aproximadamente, 266habitantes, sendo uma das freguesias com menos população, o que em parte se deve a sua pequena dimensão. Contrariando um pouco a tendência registada na maior parte das freguesias do concelho, até à década de 70 verificou-se um aumento significativo da população. No entanto, a partir dos anos 70, e à semelhança do que se verifica na generalidade das freguesias do concelho, também esta freguesia perdeu muita da sua população residente, aproximadamente 40,2%. Todavia, foi das freguesias do concelho, com excepção da freguesia de Boticas, aquela que menos população perdeu, facto que em parte se justifica pela proximidade da vila e sede do concelho, onde há uma maior oferta de emprego, não implicando a mudança de residência. O gradual decréscimo da população, que entretanto se registou, deveu-se, essencialmente, à intensificação dos fluxos migratórios que se verificaram desde os anos 70, para além dos factores gerais que caracterizam o actual movimento demográfico em Portugal. Muitos foram os que partiram para o estrangeiro, para países como França, Estados Unidos e Suíça, e para outras regiões do país, em busca de melhores condições de vida.

 

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Assim, quem permanece nas aldeias é, essencialmente, uma população marcadamente envelhecida, sendo que apenas um quarto dos 266 residentes têm menos de 25 anos e a grande maioria (55%) têm entre 25 e 64 anos.

 

Os níveis de alfabetização desta população residente são baixos, acompanhando o seu nível de envelhecimento, destacando-se o número elevado de pessoas sem nenhuma qualificação académica. Esta situação excepcional é suportada pelo elevado número de idosos, alguns deles regressados da (e)migração, em situação de aposentados.

 

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No que se refere à área de actividade, a maior parte da população local continua a dedicar-se à agricultura, essencialmente de subsistência, e à pecuária. Alguns trabalham na construção civil e no pequeno comércio e outros na área da indústria (Euronete) e Serviços em instituições do concelho (Município de Boticas, Santa Casa da Misericórdia, Resat, etc.).

 

Na freguesia existem três cafés com um pequeno salão de jogos onde os mais jovens se distraem.

 

Nas horas de ócio e sempre que o tempo permite, as pessoas, especialmente as mais idosas, juntam-se nos largos da aldeia a conversar.

 

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MARCAS DO SEU PASSADO

Não é fácil conhecer o dia primeiro da origem da maioria das paróquias e freguesias. Excluindo a ou outra que vem identificada nos documentos antigos, a maioria das aldeias têm origem desconhecida no tempo. Umas mais antigas, outras de origem mais recente, sabe-se que a maioria destas aldeias são formadas a partir do agrupamento de famílias, unidas por laços de parentesco ou afinidades económicas e profissionais, que se organizaram em comunidade. Muitas das aldeias de Barroso têm a sua origem histórica no movimento de reconquista e povoamento do território, iniciado com a formação do Reino de Portugal em 1143 e posterior fixação de uma ou mais famílias de povoadores. Teve particular desenvolvimento a partir dos finais do século XIII. Estes povoadores eram atraídos por contratos de aforamento cujos termos do contrato eram favoráveis à sua fixação, traduzidos em pagamentos de foros de valor acessível. Estes contratos são conhecidos como o processo de enfiteuse e eram promovidos indistintamente pela Coroa e/ou pelas Casas Nobres e Senhorios Eclesiásticos.

 

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São conhecidos alguns contratos de enfiteuse para as terras de Barroso o que nos permite pensar que a grande maioria das suas aldeias e povoados tiveram origem neste modo de povoamento[i].

 

Alguns contratos de aforamento são disso testemunho como é o caso do aforamento da "Póvoa" de Lavradas, feito nos finais do século XIII (1288 da Era Cristã), no tempo do Rei D. Dinis, e que, tudo o indica, está na origem da actual aldeia de Lavradas14, ou a carta de foral outorgada a Sapiãos dos meados do século XIII. Quer o primeiro, quer o segundo foram passados tendo em vista o desenvolvimento da terra, como prescreve a carta de Lavradas que diz: pobrem e lavem e fruteviguem, isto é, que povoas sem com mais gente, que lavrassem a terra e dela produzissem frutos para o seu sustento.

 

Em 1527 já Granja aparece identificada no "Numeramento" mandado fazer por D. João III, com 27 moradores ou fogos, o que perfaz um número aproximado de 120 pessoas[ii]. Ventuzelos não vem referido neste documento, mas já é identificado em 1758 como um lugarejo com oito fogos, isto é, com cerca de 30 a 40 pessoas, e Granja aparece já com 77 fogos e 254 habitantes.

 

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OS CASTROS DA GRANJA

No território desta freguesia encontram-se vestígios arqueológicos que testemunham a presença humana desde épocas remotas. Exemplo disso são o Castro do Cabeço e o Castro do Couto dos Mouros.

 

O Castro do Cabeço esta localizado num morro cónico, a cerca de 300m da EN 103, entre Sapiãos e o Alto do Fontão. O acesso a esse local faz-se seguindo por um carreiro através dos pinhais. Trata-se de um antigo povoado fortificado onde ainda são visíveis duas muralhas em ruínas, fossos e vestígios de casas circulares. Nas cercanias foram encontradas escórias (parecendo ser de ferro), partes de uma mó, pedaços de bronze e uma pequena moeda.

 

À esquerda da EN 311, que liga Boticas a Vidago, fica o Couto dos Mouros, cabeço pedregoso com grandes fragas de granito. Fica sobranceiro ao rio Terva, que a uns 200m lhe corre pelo Poente. Do lado Norte há um pequeno troço de muralha com 10m de comprimento, assinalado em parte por uma fiada de pedras em montão linear caótico. Há outro troço do lado poente com 12m de comprimento. No alto há uma casa circular com 2,7m de diâmetro, feita de pedra tosca, onde foi encontrada metade de uma mó circular de moinho.

 

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UM DOCUMENTO DE 1758

No ano de 1758 o Rei D. José, através de seu ministro Marquês de Pombal, desenvolveu um inquérito a todas as paróquias do Reino de Portugal continental que hoje se encontram no lAN/TT.

 

Este inquérito, que foi respondido pelos párocos das freguesias, era composto de três partes: a primeira respeitante à paróquia, onde se tratava de saber da sua história, produções agrícolas, população, instituições locais, igreja e capelas com suas devoções e romagens; a segunda tratava da serra e das suas características, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caça e árvores; a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem, assim como as levadas, represas, moinhos, pisões e culturas nas suas margens. É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa de como era a freguesia da Granja nos meados do século XVIII como a seguir se pode ver.

É a resposta dada pelo pároco da freguesia da Granja nesse ano, o Vigário João Gonçalves, que adiante apresentamos. Para uma melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuação e parágrafos.

"Como sempre foi o meu ânimo observar as ordens dos meus excelentíssimos e reverendíssimos Senhores Prelados e como no presente se me apresentasse uma do Muito Reverendo Senhor Doutor Vigário Geral desta comarca, reduzida por artigos que no caso deste transunto apresento e para resposta ofereço o seguinte:

 

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Granja vista desde Ventuzelos

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Terra

  1. É província de Trás-os-Montes, termo de Montalegre, comarca de Chaves, do Arcebispado de Braga Primaz das Hespanhas.
  2. É igreja apresentada pelo Reverendíssimo padre Dom Abade do Real Mosteiro de Santa Maria de Bouro dos religiosos Bemardos que atualmente é Dom Abade Frei José de Melo.
  3. Tem esta freguesia setenta e sete fogos, e neles pessoas de maior idade duzentas e trinta e nove e de menor idade catorze. Acham-se absentas quarenta e três.
  4. Está situada quase toda em lajes bem firmes que várias vezes me tem ainda de dia batido. Nas costas dela se descobre tão somente parte de dois povos que são Quintas da freguesia de S. Bartolomeu de Beça e Boticas da freguesia de S. Salvador de Eiró. Este a uma distância de muito menos de meio quarto de légua e aquele será um quarto.
  5. Tem o seu termo bem demarcado a respeito dos dízimos e postos bem limitado parecido a um barco.

 

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  1. Está a igreja no meio do lugar e anexo a ela um lugarejo chamado Ventuzelos, que consta tão somente de oito fogos já supra numerados, e ficará a uma distância de um tiro de mosquete.
  2. É Santa Maria da Granja das Boticas de Barroso. Tem três altares: no altar-mor o orago Nossa Senhora da Assunção e dois colaterais, da parte direita Nossa Senhora do Rosário e da esquerda S. Sebastião. Não tem naves nem tem casa de Misericórdia.
  3. É vigaria colada apresentação, poderá render anualmente de setenta a oitenta mil réis, renderá algum anos cem mil reis.
  4. Tem uma ermida com a invocação da Senhora da Conceição e Santa Bárbara que fica no fim do povo para poente. É do Reverendo Domingos dos Santos Abade de S. Pedro de Gerez, Covelo. Como sua ele administrador não sei que para ela haja renda alguma, so que ele a paramenta.
  5. Não tenho visto que a ela acuda gente em romagem excepto dois anos primeiros que houve jubileu por breve de sete anos que se tem já findou e não se cuida em reforma.
  6. Os frutos que se colhem são: milho, vinho, castanhas e centeio, este em maior quantidade. Mas todos tem limitados que os mais dos fregueses quando chegam a meio do ano, já um bicho a que chama gorgulho não acha em que se dê vista em casa deles por mais que dele delegencie.

 

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  1. Tem esta freguesia o seu juiz, a que chamam espadanio, que rege os mais e está sujeito ao juiz de fora da vila de Montalegre.
  2. Por não haver correio, valemo-nos do de Chaves que fica pouco mais ou menos a uma distância de três léguas.
  3. Dista esta freguesia da cidade de Braga, capital deste Arcebispado, doze léguas, e da cidade de Lisboa, capital deste Reino, setenta e duas.
  4. Está nos tombos antigos que esta freguesia foi nos seus princípios Abadia e ouvi dizer que fora Couto privilegiado.
  5. Há neste lugar da Granja duas fontes públicas excepto algumas particulares. Neles se não tem experimentado virtude mais que a de se beber e para os usos necessários. E provaram de fontes que nos anos antecedentes de esterelidades ainda que alguma coisa temerata, sempre conservaram as suas torrentes.
  6. Não é porto marítimo por Viana ficar a uma distância de dezassete légua e o Porto a vinte. E por isso as mais das vezes temos peixe só na aptencia e quando chega a todos tira a vontade.
  7. Não padeceu ruína alguma durante o terramoto de mil setecentos e cinquenta e cinco, só o grande tremor e zunido.

 

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Respectiva à Serra

Não tem o termo desta freguesia mais do que um pedaço dessa (serra) da parte do norte chamada Chão Longo, que parte com Santa Cristina de Cervos e do nascente com São Pedro de Sapiãos e do poente com o Salvador de Eiró e vem acabar onde chamam o Outeiro do Cabeço onde se vêem vestígios de muros que dizem que foram casas de mouros.

Tem outro pedaço dela por ficar a freguesia no meio a onde chamam Pedrica e Val de Giestoso que parte com Valdegas, freguesia de Pinho, ao nascente com S. Pedro de Sapiãos e do poente com o Salvador do Eiró. Há entre ela alguns castanheiros. E não há mais coisas que possa relatar aos artigos que da serra tratam, Só o podem fazer os meus vizinhos de Sapiãos e Eiró por terem largos distritos e cobrirem o termo desta freguesia.

 

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Rio

  1. Pelo distrito desta freguesia passa, à distância de quase meio quarto de légua, de norte para sul, um regato a que chamam Terva. Tem a sua origem na freguesia de Calvão onde se divide a do Couto de Ervededo da Mitra Primaz.
  2. Desde o seu nascimento até se meter no rio Tâmega haverá uma distância de quatro léguas. O seu nascente são só umas fontezinhas pequenas. Corre todo o ano, ainda que no Estio em muito pouca quantidade. Não entram nele rios que se possam mencionar.
  3. Criam-se no seu (leito) pequenas trutas e algumas de bom tamanho, essas nem os fregueses quando as apanham gostam que os párocos o saibam pelo gosto que lhe acham. Criam-se mais bogas que estas por mais miúda que seja a rede passam sem lesão alguma e destas em maior abundância.
  4. Como seja diminuto não tem margens. Estão em pastos à beira dele alguns castanheiros se no destrito desta freguesia é bem provido de lagens.
  5. Não tenho notícia que desde o seu princípio tivesse outro nome.
  6. Tinha a sua corrente no rio Tâmega já confrontado no lugar de Mosteirão, que o mesmo Tâmega divide a comarca de Chaves da de Vila Real.
  7. Encontram-se no tal regato um pontilhão dito de pedra e outra de cantaria, que está na estrada que do Porto, Viana e praças do Minho vai para Chaves, ambas no distrito de Sapelos, freguesia de S. Pedro de Sapiãos. Tem mais outra ponte de pau e pedra bruta no sítio a que chamam Requeixo, freguesia de S. Salvador do Eiró.
  8. Tem no distrito desta freguesia oito moinhos para moer pão.

Não faça dúvida o não falar a todos os artigos que não apontei é que não achei, nem havia o que a eles dizer, e por essa razão os deixei. Tudo o mais vai conforme a verdade, o que juro in sachris e comigo assinaram o Reverendo Domingos Gonçalves, Reitor de S. Pedro de Sapiãos e Manuel Dias, Vigário do Salvador do Eiró.

 

Granja, vinte e quatro de Março ano de mil setecentos e cinquenta e oito.

Vigário se São Salvador do Eiró, Manuel Dias.

Reitor, Domingos Gonçalves

O Vigário, João Gonçalves

 

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E estamos quase a chegar ao fim da abordagem de mais uma aldeia do concelho de Boticas e do Barroso, só falta mesmo deixar aqui o vídeo com todas as imagens hoje aqui publicadas. Espero que gostem.

 

Aqui fica:

 

 

 

Também podem ver este e outros vídeos do Barroso no MEO KANAL Nº 895 607

e

no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Podem passar por lá e subscrevê-lo aqui 

 

No próximo domingo, dado estarmos em plena Feira dos Santos, não vai haver aldeias do Barroso, mas fica prometido para o domingo seguinte com a aldeia de Sanguinhedo, ainda na freguesia de Boticas e Granja.

 

 

[i] (13) BORRALHEIRO, Rogério, 2005, Montalegre, Memórias e História, Ed. Câmara Municipal de Montalegre, pp. 80-87.

[ii] Tendo por base o índice de 4 a 5 pessoas por fogo. Arquivo Histórico Português, Vol. VII, n° 7, Julho de 1909, p. 272

 

 

02
Out22

O Barroso aqui tão perto - Montalegre

Um trecho da vila


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Aos domingos vem sendo hábito neste blog dar uma volta, nem que seja virtual ou em imagens, por localidades que nos são próximas. Temos andado pelo Barroso e embora já tivéssemos trazido aqui umas dezenas de aldeias barrosãs, entre as quais todas as aldeias do concelho de Montalegre e quase a totalidade de Boticas, e ainda nos falta abordar tantinhas do concelho de Vieira do Minho e de Ribeira de Pena que também fazem parte do território barrosão, mas para hoje tínhamos prometido trazer aqui mais uma aldeia de Boticas, a Granja, que é uma das três aldeias de Boticas que nos falta abordar, mas não tivemos tempo de selecionar e preparar as imagens e reunir a documentação sobre a aldeia, acontece que também há vida para lá deste blog e às vezes termos outros afazeres urgentes e inadiáveis que ocupam o nosso tempo, no entanto arranja-se sempre algum para uma imagem deste Barroso que nos fica aqui tão perto e que bem merece um passeio, nem que seja feito num pulinho até Montalegre, por exemplo, onde não faltam motivos interessantes, como alguns que hoje ficam em imagem, com a igreja da misericórdia em primeiro plano e o castelo lá ao fundo, onde ao lado poderá apreciar outra igreja bem interessante e lançar vistas privilegiadas sobre o Larouco. Se hoje não tem nada que fazer hoje à tarde e lhe apetece dar um passeio, pode ir até lá, principalmente se ainda não conhecer. Verá que não se vai arrepender.

 

Resto de um bom domingo e até amanhã, de regresso à cidade.

25
Set22

O Barroso aqui tão perto - Eiró

Aldeias do Concelho de Boticas


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Eiró - Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem da última freguesia de Boticas, a freguesia de Boticas/Granja composta pela Vila de Boticas e sede de concelho, e as aldeias de Eiró, Granja, Sangunhedo e Ventuzelos.

 

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Seguindo a metodologia que temos utilizado até aqui, ou seja fazer a abordagem das povoações pela ordem alfabética, hoje deveríamos abordar a Vila de Boticas, no entanto vamos passar à frente e seguimos para a que se perfila em segundo lugar, Eiró, isto porque para as sedes de concelho teremos uma abordagem final quando terminarmos a abordagem de todas as aldeias do Barroso, mas para isso ainda falta abordar a presente freguesia e uma freguesia do concelho de Ribeira de Pena e outra de Vieira do Minho.

 

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Ora vamos lá até Eiró, a qual, para a trazemos aqui tivemos que pedir ajuda a um amigo e colaborador do nosso blog, natural de Boticas, o Luís de Boticas, sem a colaboração do qual não teríamos este post, bem como o que iremos dedicar a Sangunhedo, tudo porque após algumas tentativas de identificarmos o povoado de Eiró e Sanguinhedo, não conseguimos perceber onde terminava a Vila de Boticas e onde se iniciavam estas duas povoações, e vamos ser sinceros, estivemos até para as ignorar, ou melhor, apenas mencionar a sua existência no post que irá ser dedicado a Boticas, o que, como veremos à frente, seria de uma grande injustiça.

 

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Aparentemente e na realidade atual também assim acontece, estas duas povoações foram absorvidas pelo crescimento da Vila de Boticas, sendo hoje um só aglomerado, isto a nível físico, pois ambas as povoações ainda mantêm um bocadinho da sua identidade inicial, principalmente a aldeia de Eiró, o problema estava mesmo em saber onde começava e terminava cada uma delas, mas tudo deveria ser ao contrário.

 

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Então é assim, no diz que diz do dizem que…, já tinha ouvido dizer que a existência do Eiró era muito anterior a Boticas, mas uma coisa é o que se diz e outra, é haver documentos para a confirmar, e no caso existem, mas também falta deles, isto é, nos documentos mais antigos Boticas nunca é mencionada, apenas o Eiró e Sangunhedo, ou seja, por dedução, se não é mencionada é porque não existia. Na separata da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” dedicada à antiga freguesia de Boticas isso mesmo se confirma, senão vejamos o que se diz por lá:

 

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“Boticas ou Boticas do Barroso, era no passado, até pelo menos 150 anos atrás, uma humilde povoação da paróquia de Eiró. Em 1530, no numeramento de D.João III, o seu topónimo não aparece, talvez porque a aldeia ainda não existisse como tal (…)”

 

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Já num documento de 1758, um inquérito que Marques de Pombal envia para todas as paróquias a mando do Rei D. José, cujas respostas eram dadas pelos párocos das freguesias, o Reitor de Sapiãos Domingos Gonçalves, o Vigário João Gonçalves e o Vigário padre Manuel Diogo, respondem ao mesmo inquérito, à 3ª questão do inquérito respondem: “Tem cento e dois fogos ou vizinhos e trezentas e trinta e três pessoas pouco mais ou menos”. à 6ª questão reponde que: “A paróquia está dentro do mesmo lugar de Eiró. Tem esta freguesia mais dois lugares que lhe pertencem: o lugar de Sangunhedo e o das Boticas do Barroso”

 

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Ainda na mesma separata da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” e referido o documento anterior de 1758 diz-se o seguinte:

“Ao tempo, a paróquia era conhecida por Eiró ou São Salvador de Eiró. Efectivamente, a igreja matriz encontrava-se dentro do lugar de Eiró, constituindo por isso a paróquia e dando nome ao conjunto das três povoações que a compunham – Eiró, Sangunhedo e Boticas do Barroso. A partir de 1836, com a constituição do concelho de Boticas a partir da desanexação de freguesias do concelho de Montalegre, da extinção do Couto de Dornelas e ainda de uma freguesia do concelho de Chaves a freguesia de Eiró passou a designar-se por freguesia de Boticas, que deu nome ao concelho, passando por isso a ser vila e sede do concelho de Boticas."

 

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Este caso de Eiró/Boticas e da “importância” de uma povoação passar para outra com desenvolvimento assimétrico, repete-se um pouco por muitas localidades. No concelho de Chaves, por exemplo, aconteceu o mesmo com Arcossó e atual Vila de Vidago, às vezes é só uma questão de “sorte” na sua localização, e de infraestruturas que chamam a esses lugares mais população, como a passagem de uma estrada principal, de se um cruzamento de estradas ou caminhos ou de uma riqueza natural local tornar-se necessária ou pegar em moda, tal como aconteceu em Vidago nos finais do Século XIX/inícios do Século XX com a exploração das suas águas minerais naturais e o termalismo.   

 

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E sobre o Eiró pouco mais há a dizer, mantém a sua belíssima igreja, com a grandeza de uma igreja de freguesia, um cruzeiro, um interessante calvário todo em cima de um rochedo e algumas construções antigas, mas a modernidade também já lá chegou, era inevitável dada a proximidade da que passou a ser sede de freguesia, que na realidade entre o centro histórico de Eiró e o “menos” histórico de Boticas distam apenas cerca de 800 metros.

 

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Vista parcial de Boticas e Sangunhedo desde Eiró

Só nos resta deixar aqui o mapa com a localização de Eiró e os mapa com o itinerário para lá chegar, que resumido, a partir de Chaves é Chaves-Sapiãos via N103, em Sapiãos vira-se em direção a Boticas e mesmo na entrada de Boticas, imediatamente antes da primeira rotunda e logo a seguir à placa de trânsito indicativa da entrada em Boticas, vira-se à direita e 500 metros à frente, encontrará um núcleo de casas mais antigas – aí já estará em Eiró.

 

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E agora chegamos àquela altura em que nos despedimos e anunciamos o vídeo resumo com todas as imagens que hoje aqui foram publicadas, vídeo que também podem ver no MeoKanal e no nosso canal do YouTube.

Aqui fica:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no…

 

MEO KANAL Nº 895 607

 

… e no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Pode passar por lá e subscrevê-lo aqui 

 

No próximo domingo teremos aqui a aldeia da Granja.

 

 

28
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Freguesia de Sapiãos

Freguesias do Barroso - Concelho de Boticas


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Freguesia de Sapiãos - Boticas

 

Como vem sendo habitual, a seguir à abordagem das aldeias de uma freguesia do concelhio de Boticas, deixamos aqui um resumo da freguesia, com alguns dados respeitantes à freguesia que não foram abordados nas suas aldeias. Assim como as duas últimas publicações diziam respeito às aldeias de Sapiãos e Sapelos, cuja sede de freguesia é a aldeia de Sapiãos, aqui fica o resumo dessa freguesia.

 

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Neste resumo, as imagens já foram todas publicadas nos artigos dedicados a cada uma das aldeias. Hoje fica apenas uma seleção com imagens das duas aldeias, Já os mapas, embora também tivessem sido publicados, têm algumas alterações de modo a adaptá-los à freguesia, nomeadamente o itinerário para chegar até à freguesia de Sapiãos, sempre a partir da cidade de Chaves, que, uma vez que Sapelos fica a caminho de Sapiãos, será apenas um.

 

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Claro que quando abordamos uma aldeia, em geral, deixamos aqui imagens das paisagens das aldeias/freguesia, do seu casario, de alguns pormenores de ruas e alguns dos seus motivos de interesse, mas as aldeias são feitas à imagem das pessoas que a habitam, a sua população. Mas hoje em dia essa imagem está um bocadinho deturpada, pois quase sempre a imagem da aldeia no seu conjunto, não corresponde à da sua população, isto é, ao contrário do que acontecia há umas dezenas de anos atrás, em que havia menos habitações, mas muitos habitantes, hoje, relativamente, acontece o contrário, há mais habitações, mas menos habitantes.

 

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E esta freguesia de Sapiãos até tem sido um bocadinho atípica em relação ao comportamento da população das restantes freguesias, isto porque entre os anos de 1864 e 1950 manteve mais ou menos a mesma população residente, mesmo nos Censos de 1920 em que quase todas as freguesias viram a sua população residente a diminuir consideravelmente, isto devido a três fatores, I Grande Guerra, emigração e a pandemia da gripe espanhola ou pandemónica, na freguesia de Sapiãos apenas perdeu 100 habitantes. No único Censos em que o comportamento é idêntico ao das restantes freguesias, é no de 1960, em que a população cresce em mais de 300 habitantes em relação aos Censos de 1950, atingindo um total de 1.286 habitantes. Já o comportamento pós 1960, embora com uma descida de população considerável, visto que atualmente a população da freguesia é de apenas 488 habitantes, graficamente desceu a pique de 1960 para 1970, mas a partir de aí a descida tem sido suave, ao contrário da maioria das freguesias (do concelho, do Barroso e da região) em que a descida é constante e muito mais acentuada, exceção para as sedes de concelho, vilas e cidades e, um ou outro caso isolado. Os porquês desta descida constante nos últimos 50 anos são conhecidos de todos, primeiro pela emigração para o estrangeiro ou migração das populações rurais para as sedes do concelho e outros grandes centros. Segundo, ainda a ver com a emigração, porque grande parte dos nossos emigrantes atuais já não regressam à sua aldeia de origem, ou simplesmente não regressam, terceiro, o não regresso da maioria dos nossos jovens, e não jovens, com formação académica superior, por não encontrarem na sua aldeia ou mesmo na sede de concelho trabalho compatível com a sua formação. Por último a redução drástica da taxa de natalidade. E sobre o assunto, ficamo-nos por aqui, pois hoje o tema é a freguesia de Sapiãos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Quanto às nossas considerações pessoais sobre Sapiãos e Sapelos, bem como outras características próprias de cada uma das aldeias, já as fomos deixando nas publicações que fizemos para cada uma das aldeias, daí, chegamos àquela parte em que passamos a transcrever o que se diz na “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” - separata da freguesia de Sapiãos. Desde já fica o aviso que se trata de uma edição da Câmara Municipal de Boticas do ano do mês de maio de 2006, pelo que há informação que poderá não estar atualizada, nomeadamente no que respeita a associações existentes e população atual. Só uma nota explicativa para a localização/itinerário que se vai fazer para as duas aldeias, pois enquanto que a nossa (que ficou atrás) é feita com o ponto de partida desde a cidade de Chaves, no texto que se vai seguir, o ponto de partida é a feito desde a vila de Boticas.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Freguesia de Sapiãos

 

A freguesia de Sapiãos, localizada a Este da vila de Boticas, confronta com várias freguesias: a Norte com Bobadela e Ardãos, a Este com Redondelo do concelho de Chaves, a Sul com Pinho e a Oeste com Granja e Cervos do concelho de Montalegre.

 

É constituída pelas aldeias de Sapiãos, sede de freguesia, e Sapelos, o acesso viário faz-se seguindo pela EN 312 até aparecer a indicação Sapiãos, por seu lado, para Sapelos segue-se pela EN 103 em direcção a Chaves.

 

A aldeia de Sapiãos encontra-se disposta na encosta Sul da Serra do Leiranco e a aldeia de Sapelos junto à encosta Norte da Serra do Facho. Protegidas a toda à volta por serras e montes, os seus pastos e campos de cultivo estendem-se ao longo da planície do Terva.

 

A freguesia ocupa uma área total de 21,1 Km2.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O desenvolvimento da população desta freguesia de Sapiãos acompanhou o movimento demográfico que caracteriza toda a região de montanha no Norte de Portugal tipificada por uma diminuição progressiva da população, com uma pirâmide etária invertida, onde os grupos etários mais baixos são diminutos e a população envelhecida aumenta.

 

Actualmente, tem aproximadamente 526 habitantes, sendo uma das freguesias com mais população o que em parte se explica dada a proximidade relativamente à sede do concelho. Todavia, seguindo a tendência que se verifica na generalidade das freguesias do concelho, esta freguesia tem vindo a assistir ao decréscimo da sua população, sendo que nos últimos 40 anos perdeu aproximadamente 59,1% da sua população residente. O gradual decréscimo da população que se registou, deve-se essencialmente à intensificação dos fluxos migratórios que se verificaram a partir os anos 60. Muitos foram os que partiram para o estrangeiro, para países como os Estados Unidos, Brasil, França e para outras regiões do país, em busca de melhores condições de vida. (E) migrar continua a ser uma opção para a população mais jovem dada a limitação local de ofertas de emprego.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Assim, quem permanece nas aldeias é essencialmente uma população marcadamente envelhecida, apenas um quarto dos 526 residentes tem menos de 25 anos.

 

Os níveis de alfabetização desta população residente são baixos, acompanhando o seu nível de envelhecimento, destacando-se o número elevado de pessoas sem nenhuma qualificação académica. Esta situação excepcional é suportada pelo elevado número de idosos, alguns deles regressados da (e)migração, em situação de aposentados.

 

No que se refere à área de actividade, a maior parte da população local, continua a dedicar-se à agricultura, essencialmente te de subsistência e à pecuária. Alguns trabalham na construção civil e no pequeno comércio local e outros na área dos serviços em instituições do concelho (Município de Boticas, Euronet, Santa Casa da Misericórdia etc.).

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Na freguesia existem vários restaurantes, mini-mercados, cafés e pequenos salões de jogos onde os mais jovens se distraem.

 

Nas horas de ócio e sempre que o tempo permite as pessoas, especialmente os mais idosos, ainda têm o hábito de se juntarem nos principais largos das aldeias e junto aos cafés a conversar.

 

Em termos associativos existem na freguesia a Associação Cultural, Recreativa e Desportiva da Serra do Leiranco - Sapiãos, o Sporting Club de Sapiãos, a Associação Filarmónica, Cultural e Recreativa de Sapiãos e o Motoclube Unidos do Barroso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

MARCAS DO SEU PASSADO

 

Não é fácil conhecer o dia primeiro da origem da maioria das paróquias e freguesias. Excluindo uma ou outra que vem identificada nos documentos antigos, a maioria das aldeias têm origem desconhecida no tempo. Umas mais antigas outras de origem mais recente, sabe-se que a maioria destas aldeias são formadas a partir do agrupamento de famílias unidas por laços de parentesco ou afinidades económicas e profissionais que se organizaram em comunidade. Muitas das aldeias de Barroso têm a sua origem histórica no movimento de reconquista e povoamento do território iniciado com a formação do Reino de Portugal em 1143 e posterior fixação de uma ou mais famílias de povoadores. Teve particular desenvolvimento a partir dos finais do século XIII. Estes povoadores eram atraídos por contratos de aforamento cujos termos eram favoráveis à sua fixação, traduzidos em pagamentos de foros de valor acessível. Estes contratos são conhecidos como o processo de enfiteuse e eram promovidos indistinta mente pela Coroa e/ou pelas Casas Nobres e Senhorios Eclesiásticos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

São conhecidos alguns contratos de aforamento para as terras de Barroso o que nos permite pensar que a grande maioria das suas aldeias e povoados tiveram origem neste modo de povoamento[i]. Alguns contratos de aforamento são disso testemunho como é o caso do aforamento da "Póvoa" de Lavradas, feito nos finais do século XIII (1288 da era Cristā), no tempo do Rei D. Dinis, e que, tudo o indica, está na origem da actual aldeia de Lavradas[ii].

 

Sapiãos parece enquadrar-se neste modelo de ocupação e povoamento do território embora haja vestígios de ocupação civilizacional mais remota. Perto de Sapelos, entre esta aldeia e a de Nogueira, da freguesia de Bobadela existem vestígios de uma extensa escavacão mineira de ouro levada a cabo pelos povos árabes e romanos - O Poço das Freitas - que, certamente, deu lugar a determinadas formas de povoamento entretanto extintas. A doação do foral de Sapiãos em 1251 configura uma região. então despovoada, que era preciso ocupar e desenvolver como nele determina: que vós e toda a vossa posteridade tenhais a dita herdade e a povoeis[iii].

 

Em 1527 aparecem identificadas no “Numeramento” mandado fazer por D. João III, as povoações de Sapelos com 13 moradores, isto é fogos, e a de Sapiãos com 42 o que dá um número aproxima do de duzentas pessoas[iv].

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

OS CASTROS DE SAPIÃOS E OUTROS VESTÍGIOS ARQUEOLÓGICOS

 

No termo da freguesia de Sapiãos existem monumentos proto-históricos, romanos e medievais.

 

Os Castros do Muro (Casas dos Mouros) junto à EN 103 (Chaves-Braga) e o Castro da Cerca (Sapelos) com as mu ralhas ainda bem visíveis, são um testemunho da ancestralidade daquela aldeia. Dos romanos chegam-nos as pequenas vias de acesso à grande Via Romana, que ligava Bracara Augusta a Aquae Flaviae, seguindo depois para Asturica Augusta, em Espanha.

 

A atestar a antiguidade da povoação estão ainda as várias sepulturas antropomórficas escavadas na rocha e a sua igreja românica datada do século XIII.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

O FORAL DE SAPIÃOS

 

Algumas comunidades rurais tinham o reconhecimento régio ou senhorial de escolherem os seus próprios governantes através da carta de foral que lhes concedia o privilégio de constituírem os órgãos do seu governo. Daí sobrevieram várias formas de autonomia mais ou menos amplas. Eram expressas em cartas de foral ou outras formas de reconhecimento como os concelhos, que tomavam o nome de honras, coutos, concelhos, vilas e cidades, correspondendo a cada uma destas designações uma determinada dignidade municipal normalmente expressa na composição dos órgãos e corpos municipais. Mais simples nas primeiras e mais complexos nas últimas embora com estrutura e organização diversifica da de concelho para concelho[v].

 

Por concelho deve entender-se uma comunidade de moradores vizinhos dotados de autonomia administrativa, uma identidade colectiva de população e território. Uma ou mais aldeias e freguesias que juntas se governam por um conjunto de acórdãos, que comprometem e integram toda a actividade da população nos dominios económico, judicial, religioso e administrativo.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Ainda que tenhamos feito uma pesquisa não exaustiva do foral de Sapiãos não parece ter resultado uma autonomia municipal como vulgarmente se julga em relação à outorga de uma carta de foral. A verdade é que o Foral de Sapiãos tem o título de "foral que el rei D. Afonso concedeu ao concelho de Sapiães" o que prefigura a existência de concelho. Os documentos posteriores é que não confirmam a existência de uma comunidade com governo próprio e órgãos municipais constituídos. O referido Numeramento de 1527 é disso testemunho pois na descrição do “titulo da vila de Mõte Alegre de Barroso não refere a existência do concelho de Sapiãos ainda que o faça para os então existentes concelhos de Vilar de Vacas ( que mais tarde toma o nome de Ruivães), e o couto de Dornelas[vi]. Situação que se verifica também nos meados do século XVIII quando Sapiãos é referida como estando sob a autoridade do juiz de fora de Montalegre..

 

Alexandre Herculano verificou efetivamente que muitas cartas de aforamento de herdades reais a um ou mais foreiros, passadas por D. Afonso III, se transformaram em povoações. Parece ser o caso de Sapiãos que, como o foral prescreve, consta de uma herdade que o rei doa a um casal com a obrigação de a conservar e a povoar tendo por recompensa a protecção real[vii].

 

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

UM DOCUMENTO DE 1758

 

No ano de 1758 o Rei D. José através do seu ministro Marquês de Pombal desenvolveu um inquérito a todas as paróquias do Reino de Portugal continental que hoje se encontram no IAN/TT.  Este inquérito que foi respondido pelos párocos das freguesias era composto de três partes. A primeira respeitante à paróquia onde se tratava de saber da sua história, produções agrícolas, população, instituições locais, igreja e capelas com suas devoções e romagens, a segunda tratava da serra e das suas características, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caça e a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem assim como das levadas, represas, moinhos, pisões e culturas nas suas margens. É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa de como era a freguesia de Sapiãos nos meados do século XVIII como abaixo se pode ver. Esta memória paroquial é particularmente rica de informação o que nos permite até imaginar como seria a vida desta comunidade paroquial.

É a resposta dada pelo pároco da freguesia de Sapiãos nesse ano o Padre Domingos Gonçalves que adiante apresentamos. Para melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuação e parágrafos.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Padre Domingos Gonçalves, Reitor da Paroquial Igreja de São Pedro de Sapiãos, termo da vila de Montalegre.comarca de Chaves, Arcebispado de Braga Primaz. Em virtude de uma ordem correr que do Reverendo Senhor - Doutor Bento Carvalho de Faria, Vigário Geral desta comarca de Chaves, - me foi apresentada com o edital dos - interrogatórios juntos, para lhes responder.

 

Faço certo constar esta freguesia de - São Pedro de Sapiãos de dois lugares: Sapiãos um e Sapelos outro, situados ambos num vale. Conta toda esta freguesia, de cento e sessenta e cinco fogos e pessoas nela existentes quinhentas e oitenta e três pessoas mais ou menos.

 

É do termo de Montalegre e sujeita à justiça do juiz de fora dessa vila e da Sereníssima Casa de Bragança, Provincia de Trás-os-Montes.

 

A paróquia desta freguesia, cujo orago e e o Apóstolo São Pedro, está situada na  estrada da Veiga que fica entre os ditos dois lugares. Tem três altares: um na capela-mor do dito Santo Apóstolo e dois colaterais, um da Senhora do Rosário e  outro do Santissimo Nome de Deus. No altar da Senhora do Rosário está a irmandade da mesma Senhora. Não tem naves- algumas.

 

 O pároco desta igreja é Reitor e de colação ordinária provida por concurso.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Poderá render de um ano para o outro cento e quarenta mil réis de certos e incertos, pouco mais ou menos. Não há conventos, beneficiados, hospitais, nem casa de Misericórdia nesta freguesia.

 

Nesta freguesia há quatro capelas. Uma no lugar de Sapelos, da invocação de Santo Amaro, fabricada pelos moradores do mesmo lugar. Tem a mesma capela três altares: um de Santo Amaro, da Senhora do Amparo um e de S. João Batista outro. No lugar de Sapiãos há três capelas. Uma do Senhor, onde está o tabernáculo do Santíssimo Sacramento, é fabricada pelos fregueses excepto o azeite para a lâmpada que alumia o sacrário, que se dá pelos frutos da comenda, de que é comendador o ilustrissimo e excelentissimo senhor Marquês de Marialva. Tem a dita capela três altares: um do Senhor, outro do São Caetano e outro das Almas. Nesta há irmandade das mesmas almas, instituída autoridade ordinária. Há outra capela da invocação da Senho ra dos Anjos e de São Domingos, com um só altar, administrada pelo Reverendo António Alves Monteiro, Reitor da igreja de São Miguel de Bobadela. A outra capela, com um só altar, é da invocação da Nossa Senhora da Conceição, é administrada pelos herdeiros de Gonçalo Monteiro deste mesmo lugar e freguesia. Não há romagens nesta freguesia nem outras coisas dignas de especial memória.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Os frutos que nesta freguesia se colhem em mais abundância são o centeio, milho, castanha e algum vinho. Fica distante da cidade de Braga, capital do Arcebispado, doze léguas e meia, e da de Lisboa, capital do Reino, setenta e duas léguas. Utiliza o correio de Chaves distante desta freguesia duas léguas e meia.

 

 Até ao vigésimo sétimo interrogatório não há nesta mais que responder por já estar respondido.

 

No distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos há a norte uma serra chamada Leiranco, que terá duas léguas de comprido e, em algumas partes, uma de largo. Confina a norte com a freguesia de Santa Cristina de Cervos. Não há nela coisa alguma digna de memória das que se perguntam nos treze interrogatórios. Como apenas tem muitos penedos e pedras com algum mato de carqueja, ervideiros e urzes; é muito agreste, nela se criam alguns coelhos e perdizes.

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

Pelo distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiãos corre um rio do nascente para o poente, um rio que nasce na freguesia de Santa Maria de Calvão, desta comarca de Chaves e se chama rio Terva. Não corre caudaloso, por ser a terra plana, e pequeno, quase seca no Verão. Vai desaguar no rio Tâmega por baixo de Mosteirão, freguesia de Santa Maria de Curros. Há no dito rio uma ponte de pedra de cantaria que fica na estrada pública que vem da província do Minho para a praça de Chaves, desta província de Trás-os-Montes, essa ponte fica entre Sapiãos e Sapelos, lugares que compõem esta freguesia de Sapiãos.

 

No termo desta freguesia não há moinhos no dito rio. Os peixes que cria são algumas bogas pequenas. Ao que se pergunta nos vinte interrogatórios não tenho mais que responder por não haver no tal rio coisa notável de que se possa dar notícia.

 

Por ser verdade passei esta que assinei com os Reverendos António Dias Monteiro, vigário da paroquial igreja de Santa Marta de Pinho, e Manuel Dias, Vigário da paroquial igreja de São Salvador do Eiró. Ambas anexas desta matriz de São Pedro de Sapiãos e na forma dita a juro in verbo sacerdotis.

 

Sapiãos, 9 de Março de 1758.

Domingos Gonçalves

O Vigário de Santa Marta de Pinho António Dias Monteiro

O Vigário de São Salvador do Eiró Manuel Dias

 

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Sapiãos

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Sapelos

 

E por hoje é tudo, apenas nos falta deixar o vídeo que também será resumo, com as imagens de hoje e os links para os posts dedicados a Sapiãos e Sapelos.

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

 

E já sabe que agora também pode ver este e outros vídeos no:

 

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Ficam então os links para:

- Sapiãos 

- Sapelos 

 

 

 

 

 

 

[i] BORRALHEIRO, Rogério, 2005, Montalegre. Memórias e História, Ed. Câmara Municipal de Montalegre, pp. 80-87.

[ii] Ver Separata da Freguesia de Beça.

[iii] COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património hisrico de uma aldeia transmontana, Boticas, p. 32.

[iv] Tendo por base o índice de 4 a 5 pessoas por fogo. Arquivo Histórico Português. Vol. nº7, Julho de 1909, p. 272

[v] A título de exemplo veia-se que até 1834 a Câmara de Montalegre era composta por 3 vereadores e um procurador já a câmara de Tourém era composta por um juiz ordinário e 2 vereadores a do Couto de Dornelas por um juiz ordinário por 1 vereador e 1 procurador.

[vi] Arquivo Histórico Português, Vol. VII, no 7, Julho de 1909, p. 272.

[vii] Este foral esta publicado por COUTO, Artur Monteiro do, 1998, Património histórico de uma aldeia transmontana. Sapiãos Ed. Câmara Municipal de Boticas, pp 31-33.  

 

21
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapelos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapelos - Boticas

 

No último domingo iniciámos a abordagem da freguesia de Sapiãos, precisamente com a aldeia do mesmo nome. Assim hoje passamos para a segunda e última aldeia da freguesia, a aldeia de Sapelos.

 

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Sapelos que por sinal é a aldeia barrosã mais próxima da cidade de Chaves, a apena 9km da cidade, isto em linha reta, mas por estrada (N103) pouco mais é, pois fica logo a seguir a casas Novas/S. Domingos, ou seja a 14,4Km, 15 minutos de viagem, esta vai mesmo de encontro a esta rubrica de “O Barroso aqui tão perto” e também de encontro àquilo que muitos dizem, e eu também defendo, quanto aos limites do Barroso, um em particular, o rio Tâmega. Mas isso são contas de outro rosário, pois hoje o que interessa é a aldeia de Sapelos, aqui tão perto. Ficam os nossos habituais mapas e hoje também uma foto tomada desde a Serra do Leiranco.

 

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Não sei se repararam nas primeiras imagens que são de uma capela, um nicho e umas alminhas, que estão no recinto da capela. Todas elas estão na entrada de Sapelos, de ambos os lados da N103. Descendo à aldeia, temos uma igreja e um cruzeiro no centro da aldeia, um conjunto de cruzes do calvário e na saída para as minas romanas do Poça das Freitas/aldeia de Bobadela temos mais três alminhas à beira da estrada, distanciadas por umas centenas de metros.

 

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Não deixa de impressionar que na freguesia, apenas com duas aldeias, haja 6 igrejas/capelas, 4 cruzeiros, 8 alminhas, 2 calvários e um nicho, isto que eu tivesse visto, pois pode ser que ainda falte mais qualquer coisa, mas só por isto, vale a pena uma visita à freguesia, pois todas são interessantes e dignas de serem apreciadas.

 

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Mas voltemos a Sapelos, por onde passamos muitas vezes na estrada, mas que para se conhecer, tal como acontece em Sapiãos, é preciso descer até à intimidade da aldeia, e esta ainda tem muita vida e pessoas que gostam de conversar, pelo menos na nossa primeira passagem por lá para recolha de imagens, estivemos mais tempo a conversar do que a fotografar, e nunca é uma perda de tempo, antes pelo contrário, pois estamos sempre a aprender, principalmente com os mais idosos e com eles, vale mais uma conversa que uma imagem.

 

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Quanto à aldeia de Sapelos, mais uma do vale do rio Terva com bons terrenos agrícolas e já longe, ou melhor, já fora dos frios rigorosos das terras mais altas do Barroso, mesmo porque o vale do rio Terva está mais ou menos numa cota a rondar os 500m de altitude, tem dois núcleos de construções, o mais antigo na parte de baixo da N103, a cerca de 600 metros desta, onde as casas mais antigas se vão misturando com alguma mais recentes e recuperadas, num tipo de aldeamento concentrado, e um segundo núcleo, de construções mais recentes, compostas de moradias isoladas junto à N103 e ao nicho da entrada da aldeia.

 

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Quanto aos motivos mais interessantes da aldeia, alguns, os religiosos já os mencionámos atrás, mas a aldeia também é rica na sua história mais antiga, pelos menos assim os testemunham as marcas que ainda por lá existem, para isso e para não estarmos para aqui a inventar, vamos àquilo que nos dizem os documentos existentes, que, como já vem sendo hábito, lançamos mão ao que vem na publicação da “Preservação dos Hábitos Comunitários nas Aldeias do Concelho de Boticas” que passamos a citar:

 

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Marcas da História Antiga

 

Castro do Muro ou da Cerca

Designação: Castro do Muro ou da Cerca

Localização: Sapelos (Sapiãos)

Descrição: O castro da Cerca ou Muro localiza-se a Nordeste de Sapelos, freguesia de Sapiãos. É um castro de situação baixa assente na encosta pendente pelo lado poente sobre o rio Terva, que lhe corre na base, ao fundo da encosta, e a cerca de 100 m da muralha fundeira. O castro é elíptico de eixo SW/NE, com um comprimento de 122 m e largura máxima de 47 m. Tem duas muralhas. A muralha cimeira tem patente e relativamente conservado o seu paramento interno, mas do lado do fosso a maior parte do paramento foi derruído. O paramento interno é de pequenas pedras de granito e o externo de pedras de quartzo, também pequenas. A segunda muralha está praticamente toda derruída, no entanto no topo do lado Sudeste e num comprimento de cerca de 60 m, ainda se patenteiam algumas pedras de granito da base dos paramentos, sobretudo do interno. Do lado Nascente há dois fossos, com largo lombo de separação, que seguem na base do talude e depois afastam-se da base da muralha e vão direitos à ribeira que desce a encosta e vai desaguar no Terva. Os castrejos podiam abastecer-se de água quer da ribeira, quer do rio Terva.

 

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Castro de Sapelos

Designação: Castro de Sapelos (Sapiãos)

Localização: Sapelos

Descrição: o castro de Sapelos fica junto à EN 103, ao km 151, no alinhamento da ponte pedrinha, assenta na crista do monte que lhe fica fronteiro pelo Nascente. Subindo pelo lado Norte deparamo-nos com um fosso com 3m de boca a rodear a fraga, que marca o início de um longo patamar com 155 m de comprimento e 40 a 45 metros de largura.

O patamar, ligeiramente ascendente, estende-se até ao cabeço onde assenta propriamente o castro, rodeado da muralha e fossos. O topo Sul do terreiro tem um combro de terra com o comprimento de 10 m e em média com 1 m de altura, que será resto da muralha de terra. O castro deve ter sido muralhado a toda a volta, do lado Nascente vê-se pedaços de muralha com 1 m e com apenas 3 fiadas de pedra de granito; do lado Poente, há uma fiada de pedra de granito em montão caótico, numa extensão de 50 a 70 metros, fiada que deve corresponder à segunda muralha. Muitas das pedras da muralha foram retiradas pelas pessoas para a construção de casas na aldeia. Não foram descobertos restos de construções no local, apenas dois pedaços de cerâmica.

 

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Quanto a festas e romarias temos sinalizadas:

Santo Amaro, 15 de Janeiro, e o Senhor dos Milagres, no 1º domingo de Setembro.

Como Património arqueológico, para além dos castros atrás mencionados, há a referência à ara de Sapelos e às minas, que supomos serem as romanas do Poço das Freitas. Quanto ao património edificado as referências vão para o cruzeiro (já mencionado), para a Capela de Santo Amaro (na aldeia junto ao cemitério), Santuário de Santo Amaro (junto à N103) e para o Forno do Povo, no centro da aldeia.

 

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Ainda em relação aos castros, que têm sempre o seu interesse arqueológico, mas que, quando existem apenas vestígios, já não são tão interessantes para a fotografia, mas o Castro de Sapelos, por cima da N103, vale a pena visitar, não apenas pelo castro mas também pela “varanda” miradouro que lá foi construído desde onde se pode lançar um olhar para todo o vale do Terva e para as suas aldeias, bem como para a Serra do Leiranco, embora esta se possa avistar desde a estrada e ao longe, até da cidade de Chaves se pode avistar (e o contrário também é verdade), a mesma que nos anuncia sempre as primeiras e restantes nevadas da temporada barrosã.

 

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E agora chegamos àquela altura em que nos despedimos e anunciamos o vídeo resumo com todas as imagens que hoje aqui foram publicadas, vídeo que também podem ver no MeoKanal e no nosso canal do YouTube.

 

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no:

 

MEO KANAL Nº 895 607

E no YouTube, onde podem subscrever o nosso canal para serem avisados de todas as publicações que lá fizermos, e nós agradecemos. Pode passar por lá e subscrevê-lo aqui 

 

E quanto às aldeias da freguesia de Sapiãos é tudo, pois não há mais, assim, no próximo domingo,  teremos aqui o resumo da freguesia de Sapiãos.

 

 

14
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Sapiãos

Aldeias do Concelho de Boticas


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Sapiãos - Boticas

 

Iniciamos hoje a abordagem de mais uma freguesia do concelho de Boticas, a freguesia de Sapiãos, constituída por duas aldeias, a de Sapiãos que é sede de freguesia e a de Sapelos, ambas localizadas no vale do Rio Terva, a primeira na sua margem direita e a segunda na sua margem esquerda do rio que no vale vai descendo a caminho do Rio Tâmega, entre as serras do Leiranco à qual Sapiãos se encosta, e a serra do Facho encostada a Sapelos.

 

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Iniciemos já pelo resto da localização de Sapiãos e o melhor itinerário para lá chegar. E tal como vai sendo habitual para irmos à descoberta de terras de Boticas, exceto paras as freguesias de Ardãos/Bobadela e Pinho, a estrada a seguir para sair de Chaves é a EN103 (Estrada de Braga), e no presente caso não há nada a saber, pois a freguesia de Sapiãos é atravessada a meio por esta estrada, tendo logo à saída do concelho de Chaves (entrada no de Boticas) a aldeia de Sapelos, sendo a aldeia seguinte a de Sapiãos, o nosso destino de hoje. Sapiãos que fica precisamente no entroncamento da N103 com a N312, ou seja onde se saí da N103 para ir em direção a Boticas. Em contas redondas, de Chaves até Sapiãos são 20 Km ou, se preferir, 20 minutos de viagem. Fica o nosso mapa e os da goolge para melhor se entenderem as palavras.

 

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E agora chegamos àquela parte em que os flavienses estão a dizer – "Ah! Sapiãos, conheço, já passei por lá…”. Pois, também eu passei por lá muitas vezes e também conhecia assim Sapiãos, ou seja, conhecia a aldeia, apenas pela sua aparência, por aquilo que se via da estrada, e também pensava conhecê-la, mas estava bem longe de a conhecer e só dei conta disso quando desci à sua intimidade, aí sim, posso dizer que a conheci e que fiquei agradavelmente agradado com o que, mas já lá vamos.

 

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Vamos então até Sapiãos que podemos dividir em três partes:

 

- Uma com um núcleo antigo composto de casario concentrado, ganhando uma forma arredondada, atravessado por uma rua principal para onde convergem as ruas secundárias, que foi crescendo naturalmente do centro para a periferia conforme as necessidades de crescimento.

 

- Outra parte com um povoamento disperso, mais recente, que nasceu ao longo das estradas N103 e N312 e também entre elas, é a aldeia que ficamos a conhecer quando passamos nessas duas estradas.

 

- Por último, uma parte nova, aparentemente loteada e infraestruturada, com vivendas unifamiliares construídas em lotes, esta parte toda acima da N103, já na encosta da serra.

 

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Pois sem desprezarmos a aldeia mais recente, vamos realçar em imagens a aldeia mais antiga, aquela com o casario mais antigo, onde temos a igreja paroquial e as capelas, os cruzeiros e a alma da aldeia, ficando de fora deste conjunto apenas três apontamentos dignos de realce, como o é a Igreja do Cemitério, o Calvário e as sepulturas Antropomórficas, estas três fora do perímetro da aldeia mais antiga.

 

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Os dois cruzeiros da aldeia, o do largo do cruzeiro mais imponente e o outro um pouco menos e muito mal-acompanhado. Aliás já é costume as companhias de eletricidade e telecomunicações não terem nenhum respeito por aquilo que as rodeia, às vezes era só um jeitinho em afastar os seus postes destes motivos de interesse, mas pelo que nós pagamos e pelos lucos que essas companhias têm, vem podiam nestes núcleos históricos das aldeias com interesse público e turístico, fazer estas infraestruturas enterradas. Fica uma imagem com o que temos e, com um pouco de Photoshop, como deveria ser e gostaria de ver.

 

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Claro que os nossos olhos ficaram deliciados com as duas capelas, a capela de Nossa Senhora dos Anjos e ainda mais com a da Nossa Senhora da Conceição, pena esta última estar tão degradada. A Igreja Paroquial de São Pedro também mereceu a nossa atenção, não só pela própria igreja e torre sineira, mas também pelo arranjo feliz do largo onde se encontra implantada. Também o casario em geral e algum em particular mereceu a nossa atenção, tal como aconteceu com Casa dos Queirogas.

 

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Assim, e ainda antes de passarmos ao que se diz na documentação disponível dobre a aldeia, fica a nossa apreciação geral sobre a mesma. Uma aldeia que manteve o seu núcleo antigo sem grandes disparates pelo meio, e com muitos pormenores e motivos de interesse, com as partes novas que cresceram para onde tinham de crescer, sem interferir com o núcleo antigo. Uma aldeia ainda com muita vida e movimento e que, sem qualquer dúvida, é de visita obrigatória porque é uma das mais interessantes do concelho de Boticas.

  

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E agora vamos ao que nos dizem os documentos sobre a aldeia de Sapiãos, nomeadamente os que vêm na “Preservação doa Hábitos Comunitários das Aldeias do Concelho de Boticas”, uma edição da Câmara Municipal de Boticas de 2006, e aqui a data é importante porque passados 16 anos da sua edição, embora seja pouco tempo, pode significar muito em termos de perdas de hábitos comunitários e outras tradições, principalmente devido ao sucessivo despovoamento das nossas aldeias por parte da população mais jovem, que afinal são os que cumprem hábitos e tradições e lhes dão continuidade. Daí, que alguns dos hábitos comunitários de Sapiãos que a seguir serão transcritos, poderão não existir atualmente.

 

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Assim, segundo o que consta no documento atrás referenciado temos quanto a:

 

Património Arqueológico

- Castro do Muro ou Casas dos Mouros (Sapiãos)

- Povoado do Cemitério de Sapiãos

- Sepulturas Antropomórficas

- Sepulturas de Pássaros (Necrópole)

 

Património Edificado

- Alminhas

- Cruzeiros (Sapiãos)

- Forno do Povo de Sapiãos

- Igreja Paroquial de São Pedro

- Igreja Românica de Sapiãos - Património Classificado

- Capela particular do séc. XVIII

 

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Marcas da História Antiga

Castro do Muro ou Casas dos Mouros

 

Designação: Castro do Muro / Casas dos Mouros/ Muro

Localização: Sapiãos

Descrição: o Castro do Muro fica ao lado e acima da EN 103, sentido Braga a Chaves, cerca de 400 m adiante de Sapiãos.

O “Muro” de Sapiãos é um castro de encosta, quase assente na base da ladeira do monte fundeiro do Leiranco. O perímetro da muralha é de 270 m. Nalguns sítios vêem-se os paramentos externo e interno da muralha que tem 3,50 m de largura. Na sua maior parte está derruida e é assinalada por fiada de pedras em amontoado caótico. A maior parte do recinto intra muralha é, por assim dizer, penedia. Distinguem-se dois pequenos terreiros sem penedia, um na base e outro a meio. A eira dos mouros é um espaço quadrilátero com quase 40 m de comprimento na linha E/W, e de contorno subtrapeziodal, que vai alargando de cima para baixo. No alto tem 16 m de largura, a meio 21 m e quase no fundo 26 m de largura. No local do castro foram encontrados restos de cerâmica.

 

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Em geral, a população rural ainda é muito religiosa e crente, e a julgar pelo número de capelas, igrejas, cruzeiros e calvário que existe em Sapiãos, esta aldeia não será uma exceção e é na fé e as crenças que muitas vezes se apoiam na sua proteção mas também para a proteção das suas colheitas agrícolas e animais, assim acontece com o  Porquinho de Santo António, que em Sapiãos é (ou era), alimentado por toda a aldeia, inicialmente andava de casa em casa, mais tarde passou a ter uma corte própria e era alimentado por todos os agregados familiares, num sistema de rotatividade pelas casas da aldeia. Por altura das matanças, era vendido e o dinheiro revertia para a Igreja, a favor do Santo António, para que protegesse os gados da aldeia.

 

 

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Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente, quando alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha

 

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O Cantar dos Reis, dia 5 de janeiro à noite

 

Em Sapiãos, costumam cantar:

Aqui estão os Reis à porta

Dispostos p’ra se cantar

Se o Senhor nos der licença

Os Reis vamos começar

 

Aqui vimos, aqui estamos

Hoje é dia de alegria

Viva o senhor desta casa

E a sua companhia

 

Se nos querem dar os Reis

Venham-nos os dar com tempo

Estamos com os pés à geada

Corre um arzinho de vento

 

Se nos querem dar os Reis

Não nos mande a sua criada

Qu’ela tem a mão pequena

Parte pequena talhada

 

Se o presunto está duro

E a faca não quer cortar

Faça-lhe um frrum, frrum, frrum

Nas beiças do alguidar

 

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As Festas do Corpo de Deus

 

O Corpo de Deus em Sapiãos

Nesse dia, as mulheres enfeitam as principais ruas da aldeia, onde mais tarde irá passar a procissão, com um tapete formado por rosmaninho, giestas e pétalas de flores.

Assinala-se este dia com uma missa, sermão e procissão com o “Corpo de Deus”, acompanhada por uma banda de música.

Para além desta componente religiosa, a festa tem também uma componente profana com conjuntos que animam a noite num arraial popular, a que não falta também o tradicional festival de fogo de artifício.

 

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Casamento

Em Sapiãos, onde, no dia antes do casamento, o noivo ia com os seus amigos fazer uma serenata à noiva:

(…)

S’estás a dormir, acorda

Vem ouvir a serenata

Guitarras com cordas d’ouro

Trilhadas por mãos de prata

Dáva-te o meu coração

Se o pudesse arrancar

Arrancando sei que morro

Morto não te posso amar

 (…)

 

No dia do casamento as famílias iam ter a casa de cada um dos noivos. Depois, o noivo e a sua família iam a casa da noiva buscá-la para irem para a igreja. As raparigas que fossem ainda virgens para o casamento, consideradas pela comunidade como puras, levavam nesse dia um arco branco a acompanhá-las, os rapazes eram acompanhados por arcos de folhas verdes. Colocavam-se também arcos pela rua, desde a casa da noiva até à entrada da igreja. Depois, seguiam em cortejo pela rua até à igreja, como nos descreveu um informante: “À frente ia a noiva com o padrinho debaixo do arco de flores brancas. A seguir, ia o noivo com a madrinha debaixo de um arco verde feito de arbustos e flores e atrás iam os restantes convidados. Entravam na igreja também por essa ordem, a noiva primeiro.”

 

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E como não há casamentos sem namoro

 

O Namoro

 

Quando um rapaz de fora namorava com uma rapariga da aldeia tinha que pagar o vinho aos da terra, como indemnização simbólica por “roubar” a rapariga, considerada “propriedade” da aldeia. Se em algumas aldeias apenas pagavam remeias de vinho, noutras além do vinho tinham que pagar também o equivalente à sua altura em pão e bacalhau; ou então, em vez de pagar o vinho, levavam-no até junto de um tanque e obrigavam-no a beber sete chapéus de água. Quem se recusasse a pagar o vinho, metiam-no na corte com o Boi do Povo como castigo, ou atiravam-no a um tanque da aldeia.

 

 

 

E com estas de casamentos e namoros, vamos dando por terminado este post, apenas nos falta deixar aqui o vídeo com todas as imagens publicadas neste post.

Aqui fica, espero que gostem:

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

Ou se preferir diretamente no YouTube, onde,  se quiser ser avisado da publicação dos nossos vídeos, pode subscrever o nosso canal (no Youtube).

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui a aldeia de Sapelos.

07
Ago22

O Barroso aqui tão perto - Freguesia de Pinho

Aldeias do Barroso - Concelho de Boticas


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Freguesia de Pinho

 

Tal como vem sendo habitual nestas abordagens das aldeias do concelho de Boticas, após trazermos aqui todas as aldeias de uma freguesia, fazemos um post resumo dessa freguesia. Assim, abordadas que estão as três aldeias da freguesia de Pinho, passamos ao post da freguesia.

 

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Quanto às imagens de hoje, são também uma espécie de resumo das imagens que deixámos em cada post dedicado a cada uma das três aldeias da freguesia

 

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Localização geográfica: A freguesia de Pinho situa-se na parte Sudeste do concelho de Boticas.

Distância relativamente à sede do concelho: aproximadamente 5,5 km.

Acesso viário: Pela ER 311, a partir de Boticas ou Vidago.

 

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Área total da freguesia: 22,4 km2.

Localidades: Pinho, sede de freguesia, Sobradelo e Valdegas.

População: 600 habitantes

 

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Orago: Santa Marta

Festas e Romarias:

- Divino Espírito Santo, Maio, Valdegas

- Senhor do Monte, último domingo de Julho, Pinho

- Santo André, último domingo de Novembro, Sobradelo.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Património Arqueológico: Castro do Mouril Povoado da Lage / Prados

Património Cultural e Edificado:

- Calvário (Pinho)

- Calvário (Valdegas)

- Quinta de Santa Bárbara (Valdegas)

- Relógio de Sol (Valdegas)

- Santuário do Senhor do Monte

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

 

Outros locais de interesse turístico:

- Forno do Povo de Valdegas (construção recente)

- Parque de Lazer de Gomeiros

- Parque de Lazer de Valdegas

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Marcas da história antiga

Castro do Mouril

Designação: Castro do Mouril

Localização: Pinho

Descrição: Este castro encontra-se no extremo do lado Nascente da freguesia de Pinho, a confrontar com a povoação de Arcossó, da freguesia de Vidago, do concelho de Chaves. O monte do Mouril é rodeado a Nascente e a Sul pelo rio Tâmega e fica na confluência da ribeira de Sampaio com o Tâmega, ribeira que limita o castro pelo Poente. O castro tem duas linhas de muralhas. Quase no cimo do topo Sul há um pedaço da primeira muralha com 40m, feita de pedras de xisto e algumas pedras de granito, em forma de cunha e face do topo apicotado. A segunda muralha tem 2,6 m de largura e 50 a 60 cm acima da terra; tem um troço levemente arqueado a rodar para o topo do lado Poente do castro, com 30m de comprimento. Entre as duas muralhas há um patamar de 12 m de largura. Existem vestígios de três casas circulares e foi encontrada no local uma mó de um moinho manual. Existe também um penedo com gravuras e covinhas.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Festa do Senhor do Monte

Esta festa realiza-se anualmente no último domingo de Julho, no Santuário do Senhor do Monte em Pinho. Localizado na Serra do Facho, é um dos maiores santuários do Concelho, tem uma igreja com duas torres, a casa dos andores, e à volta uma vasta zona de pinheiros e um espaço para merendas.

 

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Conta a lenda, perpetuada pela tradição oral, que no tempo de antigamente não havia lá nada, apenas um caminho por onde passavam os almocreves que tudo comerciavam. O espaço onde hoje está localizado o Santuário era local de descanso onde costumavam parar e onde se encontrava um nicho onde os almocreves colocavam uma esmola apelando à protecção divina que os protegesse dos ladrões. Até que um dia, segundo a lenda, apareceu nesse sítio, em cima de um monte de pedras onde ainda hoje se podem ver as pegadas, o Senhor do Monte. As gentes da terra pegaram no Santo e levaram-no para a Igreja de Pinho, mas o Santo teimava em aparecer no mesmo lugar. Até que as pessoas se renderam à sua vontade e construíram uma capelinha junto ao lugar onde ele apareceu e no monte de pedras colocaram uma cruz. Com o passar do tempo o dinheiro das esmolas foi sendo cada vez mais. Tal fama de protector conquistou, que construíram uma igreja em pedra, carrada em carros de bois pelos lavradores das aldeias da freguesia.

 

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É considerado o protector dos animais e em sua honra realiza-se anualmente esta festa. Manda a tradição que no sábado, dia reservado à bênção dos animais, os lavradores levem o gado até ao Santuário e com ele dêem três voltas à igreja. Muitos são os percorrem longas distâncias, não só do concelho, mas também de concelhos vizinhos, outrora a pé, agora em carrinhas, para levarem os seus animais até ao santuário em busca da protecção do Santo. Nesse dia, dizem os fiéis, apesar da grande concentração de animais nesse espaço, não se vê uma mosca no pinhal. As esmolas das promessas ou agradecimentos pela protecção ou benesse recebida costumavam ser dadas em centeio, mas agora costumam dar dinheiro. No domingo o santuário enche-se de fiéis para assistirem à celebração religiosa e à majestosa procissão com diversos andores, que se realiza em volta do Santuário, acompanhada por várias bandas musicais. Depois, a festa prossegue, animada por um conjunto. Muitos são os que trazem merendas de casa e aproveitam para almoçar no recinto.

 

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A esta festa acorrem também muitos vendedores ambulantes com os mais diversos produtos.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

UM DOCUMENTO DE 1758

No ano de 1758 o Rei D. José através do seu ministro Marquês de Pombal desenvolveu um inquérito a todas as paroquias do Reino de Portugal continental, que hoje se encontram no IAN/TT.

Este inquérito que foi respondido pelos párocos das freguesias era composto de três partes: a primeira respeitante a paróquia onde se tratava de saber da sua historia, produções agrícolas, população, instituições locais, igreja e capelas com suas devoções e romagens, a segunda tratava da serra e das suas características, se tinha lagoas e nascentes, monumentos, capelas, caça e árvores e a terceira perguntava sobre os rios e ribeiros que nela existissem, assim como das levadas, represas, moinhos, pisões e culturas nas suas margens. É graças a este inquérito que se pode obter uma visão mais ou menos completa de como era a freguesia de Pinho nos meados do século XVIII, como abaixo se pode ver. Esta memória paroquial é particularmente rica de informação, o que nos permite até imaginar como seria a vida desta comunidade paroquial.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

É a resposta dada pelo pároco da freguesia de Pinho nesse ano o Vigário António Dias Monteiro que adiante apresentamos. Para melhor leitura foi actualizado o Português naquelas palavras que consideramos necessário, introduzindo-se-lhe pontuação e parágrafos.

 

É esta freguesia da província de Trás-os-Montes, do termo da vila de Montalegre donde dista quatro léguas. E regida pelo juiz de fora da dita vila, Ouvidoria de Bragança, Provedoria de Guimarães e é dos Estados da Sereníssima Casa de Bragança.

Está encostada a um monte mediano a que os naturais chamam Coto do Sol olhando para o meio-dia. É de ares temperado. Os seus habitantes são lavradores e homens de trabalho. Os seus frutos são o centeio, milho, igualmente bastante castanha, vinho de cepas e parreiras e também algum azeite.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Dela se avistam para o sul alguns montes e terras do concelho de Vila Pouca de Aguiar e mais para o nascente grande parte da Ribeira de Oura.

Tem cento e três fogos e quatrocentas pessoas tudo, pouco mais ou menos. Tem para o poente imediata uma serra de âmbito quase redondo, que atravessada terá meia légua, a que chamam a Seixa. E um monte áspero onde se encontram lobos e também javalis; com poucas árvores e muitos matos de urze de cuja cepa se faz muito carvão.

É esta freguesia do Arcebispado Primaz de Braga, donde dista treze léguas; comarca da vila de Chaves, de cujo correio se vale e donde dista três léguas e da corte de Lisboa está, na opinião comum, a setenta léguas.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

É Vigararia colada anexa a Reitoria de São Pedro de Sapiãos, cabeça da comenda de que é comendador o excelentíssimo Marquês de Manalva. Poderá render de oitenta até cem mil réis.

Consta de três lugares, a saber: Pinho, de cinquenta e quatro fogos, entre os quais esta a igreja matriz. É padroeira a Virgem Santa Marta, tem sacrário colocado no altar-mor e tem mais dois altares colaterais, um de Nossa Senhora do Rosário e o outro de Santo António com suas imagens. Há no mesmo povo outra capela com a imagem e invocação de São Roque, omada pelo mesmo povo.

Tem para o nascente outro lugar de trinta e sete fogos, chamado Valdegas. Há nele uma capela com a invocação do Divino Espírito Santo onde se fazem os funerais dos que nela elegem sepultura, omada pelo mesmo povo. Há outra capela particular com a invocação de Nossa Senhora do Pilar a qual fundou junto das suas casas o Veríssimo Alvares de Quiroga, capitão de cavalos na praça de Chaves e hoje a administra o seu filho Veríssimo Alvares de Quiroga Machado, cavaleiro da Ordem de Cristo e alferes de cavalos na mesma praça.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Tem outro lugar descendo para o sul, distante meia légua, com doze fogos. Há nele uma capela com a imagem e invocação de Santo André, ornada pelo mesmo povo a que chamam Sobradelo, o qual fica imediato ao rio Tâmega que naquele sitio divide o concelho de Montalegre do da Vila Pouca de Aguiar e a comarca eclesiástica de Chaves da de Vila Real.

Tem o dito rio, naquele sítio e em muitos mais, algumas represas para moinhos de pão. Atravessa-se de barca, há alguns vestígios de que houve ponte ou se tentou fazer, o que seria bem porque suposto de Verão e vadiavel de Inverno é passagem perigosa e em muitas enchentes se não passa sendo a concurrencia frequente por ser a estrada directa de Vila Real para a Vila de Montalegre e todo o seu concelho e não ter ponte senão na vila de Chaves, distante três léguas. Corre neste sítio de nascente para poente, é caudaloso e fecundo em peixe miúdo, a saber: barbos, bogas e escalos. Não consta que com ele se fertilizam os campos, só serve para moagens principalmente no tempo do Verão. Dizem que começa no lugar de Meixedo, termo de Montalegre, correndo para nascente entra no Reino da Galiza e passa por um povo a que chamam Tamaguelos, há dúvidas se foi o rio que deu o nome ao lugar, ou o lugar ao rio.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

Já nesta freguesia trás sete, quase oito, léguas de corrente. Tem em todo o seu curso cinco pontes: a primeira na vila de Chaves, a segunda no lugar de Cavez onde divide a província de Trás-os-Montes da do Minho, a terceira junto da vila de Mondim de Basto, a quarta na vila de Amarante e a quinta na vila de Canavezes, comarca do Porto. São todas de pedra, obras de custo e perfeição. Desagua no Rio Douro onde chamam Entre ambos os Rios, seis léguas acima da cidade do Porto.

É esta freguesia cercada, na parte norte, por outro riacho chamado Terva por correr por uma ribeira com esse nome. Corre ao longo de légua e meia de corrente, inclinado para o Sul, e desagua no dito Tâmega, em terra escarpada com o nome de rio Seixa pela vizinhança que tem com a serra e monte do mesmo nome.

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

O que tenho dito é o que me consta e alcancei desta freguesia por algumas informações. É o que posso responder aos inquéritos que por ordem do Muito Reverendo Senhor Doutor Vigário Geral desta comarca me foram remetidos. E do modo que posso, passo e afirmo esta in verbo sacerdotis a qual irá também assinada pelo Reverendo Domingos Goncalves, Reitor de São Pedro de Sapiãos, padroeiro desta freguesia e pelo Reverendo Manuel Dias, Vigário do Salvador do Eiró, da mesma comenda.

Santa Marta de Pinho, 8 de Marco de 1758.

O Vigário António Dias Monteiro.

O Reitor de Sapiãos Domingos Goncalves

O Vigário de São Salvador do Eiró Manuel Dias

 

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Pinho

 

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Sobradelo

 

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Valdegas

 

E é tudo, ou quase tudo, apenas nos falta deixar um link para cada um dos posts das três aldeias da freguesia de Pinho, onde cada uma tem também um vídeo resumo com todas as fotografias do post, que também poderá ver no MEO KANAL Nº 895 607. Aqui ficam os links:

 

Pinho

Sobradelo 

Valdegas

 

Agora sim, vamos rematar este post deixando apenas aqui anunciada a próxima freguesia a abordar no concelho de Boticas, que será a de Sapiãos.

 

 

 

31
Jul22

O Barroso aqui tão perto - Valdegas

Aldeias do Concelho de Boticas


1600-Valdega (17 a 19)

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VALDEGAS

 

Continuamos na freguesia de Pinho, concelho de Boticas, hoje com VALDEGAS, a terceira e última aldeia da freguesia, que faltava abordar.

 

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Freguesia de Pinho que como já tivemos oportunidade de referir nos posts anteriores, é limite de concelho de Boticas a confrontar com o concelho de Vila Pouca de Aguiar, com o Rio Tâmega e com o concelho de Chaves. Valdegas é a aldeia da freguesia mais próxima do concelho de Chaves, tendo quase à sua frente, do outro lado do rio, na margem esquerda, a aldeia de Arcossó e na margem direita do Tâmega as aldeias de Souto Velho e Anelhe, todas a menos de 3km de distância, em linha reta, pois por estrada a distância aumenta um pouco.

 

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Continuemos com a localização da aldeia e com o melhor itinerário para lá chegar a partir da cidade de Chaves ou Vidago, itinerário que será idêntico ao que recomendámos anteriormente para Pinho e Sobradelo, as outras duas aldeias da freguesia. Assim, a estrada a utilizar a partir de Chaves, mas também de Vidago é a Nacional 2, embora em sentidos contrários, pois na ponte seca de Vidago temos de tomar a E311 em direção a Boticas, onde a cerca de 7 quilómetros teremos o início da aldeia de Pinho, é aí que deveremos sair, à direita da E311, em direção a Valdegas. Num total, a partir da cidade de Chaves, serão ao todo 22,8Km ou 20 minutos de viagem, ou seja, é aqui mesmo ao lado…

 

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Embora estando em Valdegas não se tenha muito a noção disso, a verdade é que a aldeia vista numa fotografia aérea parece estar dentro da cratera de um vulcão, mais ou menos circular, ocupado pelas terras verdes de cultivo. Fechadas, ou limitadas, pelas encostas das montanhas, estas cobertas de um verde mais escuro e menos vivo com que a copa dos pinheiros as pinta, em que Valdegas se encontra no limite desse círculo, já encostada à vertente de uma dessas montanhas, mais precisamente à encosta, onde no cimo, está implantado o santuário do Sr. do Monte, a apenas 800m da aldeia.

 

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Santuário do Senhor do Monte que, pela proximidade, se poderia dizer ser pertença de Valdegas, mas na realidade parece não ser bem assim, embora também lhe pertença, pois é considerado santuário da freguesia de Pinho, sendo assim o santuário das suas três aldeias.

 

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No que toca a festas e romarias, o Santuário do Sr. do Monte aparece ligado a Pinho, naturalmente por ser sede de freguesia e se os meus dados estiverem corretos, está neste momento em festa, pois a mesma acontece no último domingo de julho.

 

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Em Valdegas celebra-se e festeja-se o Divino Espírito Santo no mês de maio à qual está associado um dos hábitos comunitários das aldeias do Barroso no que respeita à utilização do Forno do Povo.

 

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Então, segundo consta na monografia “Preservação dos hábitos comunitários nas aldeias do concelho de Boticas”:

“Para além de cozer o pão, actualmente, os fornos do povo são também muito utilizados por ocasião de festas, casamentos e baptizados para fazer os assados, como por exemplo em Valdegas (Pinho), onde por altura da festa do Divino Espírito Santo, as pessoas colocam no forno a carne para assar, vão à missa e depois da procissão passam pelo forno e cada um leva a respectiva travessa de carne para o almoço. “

 

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Já que abordámos a monografia, e ainda a respeito dos hábitos comunitários ligados ao forno do povo, e ainda, a respeito de Valdegas, refere o seguinte:

“Noutros tempos, quando quase todas as casas das aldeias coziam no forno do povo, foram estabelecidas regras de forma a organizar a sua utilização.

(…)

Na maior parte das aldeias este uso acabou por desaparecer, são cada vez menos as pessoas que ainda utilizam estes espaços, muitas preferem comprar o pão já feito, a um dos inúmeros padeiros que diariamente percorrem as aldeias do concelho, do que terem que andar com trabalho para fazer a massa e cozer o pão. Assim, quem quer cozer aquece o forno e coze. Em Sapiãos, as pessoas ainda têm o hábito de colocar um lareiro junto à fornalha do forno, sinal que indica que alguém vai aquecer o forno e cozer. Normalmente, quando alguém coze, as outras pessoas aproveitam a quentura do forno e cozem a seguir, pois desta forma já não gastam tanta lenha. Em Valdegas (Pinho) apesar de já não existir a obrigação de quentar o forno, quem o acender é obrigado, pelo costume, a dar a vez aos que quiserem cozer a seguir a ele, durante essa semana.”

 

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Ainda a respeito dos hábitos comunitários e da cozedura do pão, há a considerar que nem todos têm jeito para serem padeiros e para além dos segredos de cozer um bom pão, segredos que não são mais que sabedoria na arte de cozer pão, que vão (ou iam) passando de geração em geração, segredos que vão desde aquecer o forno e deixá-lo no ponto para cozer, ao dosear as farinhas  (de centeio, milho, trigo ou mistura), a água e o sal, ao amassar e levedar do pão, e depois ao tempo de cozedura, há ainda uma série de rituais que se têm de cumprir e que vão variando um pouco de aldeia para aldeia ou de padeira para padeira. Rituais que têm de ser cumpridos para se ter um bom pão à mesa, ou na mão, com um naco de presunto em cima, por exemplo.

 

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Continuando no que se diz na monografia ao respeito da cozedura do pão, temos:

“Em algumas aldeias, como por exemplo, em Valdegas (Pinho), antes de se começar a preparar a massa para fazer o pão, é costume dizer-se: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo Amén. Deus m’ajude e às benditas almas.”. O processo de fazer o pão obedece a determinadas procedimentos. Coloca-se água a aquecer com sal, enquanto se peneira a farinha para dentro de uma masseira. A essa farinha junta-se a água, o fermento e amassa-se tudo muito bem. Uma vez feita a massa, coloca-se numa pilha dentro dum cesto para levedar, com a mão faz-se uma cruz na massa e costuma dizer-se uma pequena oração, de que encontramos diversas variantes, para esta levedar:

 

Deus que te levede

Deus que t’acrescente

Com a graça de Deus e da Virgem Maria

Um Pai-Nosso e uma Avé-Maria"

 

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A oração que ficou atrás é uma entre muitas das orações que se diziam para o pão amassado que ia a levedar. Em miúdo assisti muitas vezes a este ritual, mas nunca consegui ouvir direito as orações, pois elas eram, por assim dizer, “cochichadas” pela padeira para a massa a levedar, era assim uma espécie de coisa a tratar apenas entre os dois. Atrás disse padeira, porque em geral amassar e cozer o pão era uma tarefa que as mulheres assumiam, enquanto que a escolha da lenha, o acarretar da mesma e aquecer o forno já era tarefa de homens ou mista, isto acontecia também por uma questão do “timing” do processo de cozer o pão. Quanto ao estar pela boca do forno, não era para aprender, era mais pela bica redonda, espalmada e cheia de biquinhos dos furos, que a meio da cozedura do pão era retirada do forno, aberta ao meio, regada com azeite e polvilhada com um bocadinho de açúcar, para distribuir pelos presentes e comer quente… uma delícia! Ah!, e também gostava dos aromas do pão cozido.

 

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E para rematar esta tradição e hábito comunitário barrosão, atrás dizia-se que na hora da massa do pão ir a levedar, fazia-se com a mão uma cruz na massa. Pois embora este gesto faça parte do ritual, tem também um objetivo, a saber (também da monografia):

“Quando a cruz da massa desaparecer, é sinal de que está lêveda. Coloca-se no tendal, tende-se e deixa-se levedar novamente enquanto o forno acaba de aquecer. Uma vez quente o forno, varre-se com um matão, feito de urzeira ou giesta, e puxa-se o borralho para a entrada da fornalha. Com uma pá coloca-se o pão lá dentro e no final faz-se uma cruz à porta do forno e diz-se uma pequena oração, de que também encontramos inúmeras variantes:

 

Cresça o pão no forno, fora do forno,

E paz em casa do seu dono e por todo o mundo.

Pela graça de Deus e da Virgem Maria

Um Pai-Nosso e uma Avé-Maria.”

 

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E chegamos àquela parte em que vamos dando o post como terminado, não por falta do que mostrar e dizer sobre estas aldeias, mas por uma questão de não termos posts longos e maçudos, que mesmo assim como são, já são exagerados para aquilo que se recomenda. Assim, apenas nos falta o habitual vídeo com todas as imagens hoje  aqui publicadas.

 

Aqui fica, espero que gostem:

 

 

 

Agora também pode ver este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607

 

 

E quanto a aldeias de Boticas, despedimo-nos até ao próximo domingo em que teremos aqui o resumo da freguesia de Pinho.

 

 

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