Homenagem Póstuma ao Padre Manuel Pita
Alguma distracção e muitos afazeres fazem com que este post chegue aqui com um dia de atraso, mas ainda chega a tempo, além de chegar num dia cheio de significados, não fosse o dia do Trabalhador e o dia da Mãe, que condiz na perfeição com o trabalho de amparo dos “actores” que hoje vão estar aqui.
Dentro das Comemorações dos 75 anos da Casa de Santa Marta em Chaves inaugurou-se ontem no Arquivo Municipal de Chaves uma Exposição Documental em Homenagem Póstuma ao Padre Manuel José Pita.
Embora já muitas vezes foi aqui mencionado o seu nome, pois o Padre José Pita além de um Ilustre Flaviense é um benemérito, vamos aprofundar mais um bocadinho sobre o seu ser e vida.
Padre Manuel José Pita Lages
O Boletim Eclesiástico diz que nasceu na Vila de Chaves, freguesia de Santa Maria Maior, em 4.6.1874 e aí faleceu, em 30.10.1951. No entanto, uma sua prima sua afirma que ele nasceu em Carvela, onde jaz em campa rasa. Mais tarde foi colocada sobre a campa uma laje rectangular, sem qualquer inscrição.
Numa das suas vindas a Portugal, o Bispo D. António Joaquim de Medeiros (natural de Vilar de Nantes, Chaves) e prelado em Macau, levou consigo três jovens da região: Manuel José Pita Lages, Victorino Domingues dos Reis (de Vilarelho da Raia, onde nasceu em 27.4.1873 e faleceu em 26.11.1950) e um outro jovem de apelido Videira, natural de Monsalvarga, concelho de Valpaços. Todos entraram no seminário de S. José, em Macau, tendo-se ordenado sacerdotes os dois primeiros, como missionários. O Padre Lages foi ordenado em 9.7.1899 na Capela Episcopal e logo foi enviado para a ilha de Hainan (China),como missionário. Por razões de saúde, veio várias vezes a Portugal, voltando a Macau e dali a Hainan.
Em 3.9.1924 foi a Roma representar a Diocese de Macau, na Exposição Missionária do Vaticano. Em 21.12.1927, a seu pedido, foi desligado do serviço da diocese, regressando a Portugal em 14.1.1928.
Deixou uma obra notável em Hainan, quer no aspecto apostólico, quer económico, pois ele próprio contribuiu para a instalação de teares caseiros para ocupar as mulheres que viviam com muitas dificuldades. Fez diversos estudos que publicou em jornais e revistas sobre aquela ilha e sobre Macau.
Instalações actuais da Casa de Santa Marta
No regresso a Chaves, não acomodado à sua aposentadoria, fundou um Asilo na Quinta da Nora que comprara quando ainda estava em Macau. Como o dinheiro de que dispunha não chegava para concluir a obra, vendeu a própria casa familiar que possuía na Madalena, na altura por 170 contos, para levar a bom termo, a sua obra. Infelizmente morreu antes de ver concretizado o seu sonho, no entanto o asilo fez-se uma realidade com a ajuda preciosa das Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados, que o Padre Pita anos antes tinha colhido e apoiado na sua missão aquando elas chegaram a Chaves fugidas das perseguições de que eram alvo durante a Guerra Civil de Espanha.
O Padre Pita acolheu Irmãzinhas dos Anciãos Desamparados desde a sua chegada a Chaves em 1936, estabelecendo-as inicialmente na Madalena e mais tarde convida-as para colaborar com a Santa Casa da Misericórdia de Chaves, que, já então tinha um asilo para velhinhos. Embora tivessem aceitado, a sua passagem pela Santa Casa foi breve. Ao que consta, divergências com a Direcção da Santa Casa da Misericórdia levaram à decisão da construção do Asilo dos Velhinhos no Bairro do Telhado nos moldes das Casa de Santa Marta fundada em Espanha pelo Padre Saturnino Lopes Nova e por Santa Teresa de Jesus Jornet e Ibars, no ano de 1873.
É neste contexto que agora o Padre Pita recebe esta homenagem póstuma coincidindo com as Comemorações dos 75 anos da Casa de Santa Marta em Chaves.
Padre Manuel Pita ao qual a Câmara Municipal de Chaves há mais de 20 anos já tinha consagrado o seu esforço atribuído o seu nome a uma rua da cidade no zona do Campelado.
Instalações actuais da Casa de Santa Marta
À Casa de Santa Marta este blog já dedicou alguns post’s, onde num deles, aquando do seu 70º Aniversário, se fez uma breve abordagem da sua obra em Chaves que poderá consutar aqui: http://chaves.blogs.sapo.pt/7467.html
Ainda dentro das comemorações dos 75 anos da Casa de Santa Marta, no dia 7 de Maio, pelas 10H30 no salão polivalente da Casa de Santa Marta, será apresentado o livro monográfico sobre a Instituição, estando essa apresentação a cargo de Dom Amândio Tomaz, Bispo Coadjutor de Vila Real.