O nosso destino de hoje é feito de dois destinos, um é a aldeia de Parada e o outro é o São Gonçalo, um pequeno santuário na foz do rio Mousse, santuário esse que é partilhado com a aldeia de Orjais, pelo menos nas celebrações dos atos religiosos que lá se praticam, isto pela sua localização geográfica de ficar equidistante das duas povoações.
Contando com o Santuário de São Gonçalo, onde existe uma pequena capela e um nicho de construção mais recente, hoje podemos contabilizar cinco representações religiosas, contando o santuário como uma delas, mais duas representações em Parada, um cruzeiro descoberto no largo da aldeia, com uma coluna de granito assente num cilindro e encimado por uma cruz simples, sem qualquer imagem. Também sem imagens se encontra um pequeno nicho de granito, incrustado numa parede, aparentemente de uma antiga construção, e que tudo indica terem sido umas antigas alminhas pintadas na própria pedra ou em madeira, mas não existem quaisquer vestígios de tal.
A simplicidade impera em todas estas representações religiosas, incluindo no santuário que outrora se resumia à pequena capela, mas que consta ser muito concorrido pelo pessoal das redondezas e outros forasteiros quando tem a sua festa. Embora localizado num lugar ermo, onde hoje, penso, que não vive ninguém, pelo menos da última vez que passei por lá assim acontecia, vai recebendo durante o ano algumas visitas e residentes temporários, pescadores, mas também outro pessoal que vai para lá, sobretudo de verão, para desfrutar do parque de merendas e das águas do rio Mente, onde desagua o rio Mousse.
Fica também a referência que este santuário está mesmo no limite do concelho de Chaves (Rio Mente) mas também no limite do distrito de Vila Real, pois do outro lado do rio Mente já são terras do concelho de Vinhais, distrito de Bragança. Por sua vez o território da aldeia de Parada também confronta com o concelho de Valpaços.
Para terminar, ficam uma palavrinhas para o pessoal de Orjais, pois eu sei que o São Gonçalo fica no vosso território administrativo da freguesia, como também sei que a partilha com o pessoal de Parada é apenas de celebração, de fé e festa do santo, daí que fica prometido que na passagem desta rubrica pela aldeia de Orjais, o santuário do São Gonçalo não será esquecido.
Por último fica o nosso mapa/inventário devidamente atualizado.
Há pecado leves, sem importância nenhuma, que se cometermos um, ninguém leva a mal, quanto aos graves, esses, são imperdoáveis, de levar mesmo a mal, e quem sentir isso, têm toda a razão, mesmo que o pecado seja cometido sem premeditação, é na mesma pecado. Pois eu ia cometendo um, felizmente que dei conta ainda a tempo, ainda dentro de prazo, mesmo que um pouco deslocado, mas o que interessa, é não ter cometido esse pecado, e este, seria mesmo imperdoável, pois quem seria lesado, não o merece, antes pelo contrário.
Aquando da publicação do post das aldeias dos colonos do Barroso, dei como encerrada a abordagem das aldeias do Barroso de Montalegre, ficaria apenas a vila sem post, para em tempo oportuno vir por aqui. No entanto há dias, á procura de uma foto no meu arquivo das aldeias de Montalegre, entrei na aldeia de Parada, e para espanto meu, dei-me conta que tinha passado por cima desta aldeia sem a abordar.
Não sei como aconteceu, tanto mais que levava a abordagem das aldeias por ordem alfabética, mas a verdade é que aconteceu, e seria pena não termos aqui Parada, pois lá paradinha no seu sítio, é uma das aldeias mais bonitas de Montalegre, não só que em vê na sua intimidade, mas também que a vê à distância, mas também e ainda há a acrescentar a beleza dos olhares que desde lá se podem lançar, quer para a barragem de Paradela, quer para a Serra do Gerês, e até as aldeias vizinhas ganham em beleza quando vistas de Parada, tal como acontece com a aldeia de Outeiro.
Agora sim, o concelho de Montalegre, quanto ás suas aldeias, fica completo, com todas as aldeias com espaço neste blog. Claro que vamos continuar pelo concelho, não só com a vila de Montalegre, mas também com alguns lugares e pormenores que ainda queremos visitar e registar, além dos dias de neve que sempre nos atraem até lá, algumas sextas-feiras 13, etc. Motivos nas nos faltam, muitas vezes, ou quase sempre, falta é o tempo.
Mas hoje o tempo do blog é para a aldeia de Parada, ainda para mais que tem o mesmo topónimo da aldeia de toda a minha família paterna, o que agravava ainda mais o pecado de não a trazer aqui.
Vamos então até Parada de Montalegre, com partida, como sempre, da cidade de Chaves e pelas estradas que mais gostamos de percorrer, ou seja a nossa estrada do S. Caetano, com passagem por Soutelinho da Raia para logo de seguida fazermos a entrada no concelho de Montalegre, com Meixide a surgir-nos no horizonte mais próximo, embora a nossa atenção vá sempre para o horizonte um pouco mais distantes, para a serra do Larouco, desde onde se vê com toda a sua imponência e que desde que passaram por aqui as crónicas de António Granjo, passei a ver também a imagem que ele via no Larouco, a de um grande lagarto com a cabeça virada para Montalegre e a longa cauda a entrar pela Galiza adentro. Quando forem de Chaves por este trajeto, mesmo na entrada do concelho de Montalegre, deitem um olhar para o Larouco e vejam se realmente está lá o lagarto ou não, sem ser necessária muita imaginação, desde que não seja e dia de neve, que aí, camuflado de branco, ninguém dá por ele…
Atrás ficámos em Meixide onde, para chegar a Montalegre, pode optar ir por Pedrário, Sarraquinos… oui então por Vilar de Perdizes, Solveira, etc. Este último trajeto tem melhor estrada, no entanto o outro troço, como se tem de fazer com menor velocidade, aprecia-se melhor a paisagem, e as suas aldeias.
Chegado a Montalegre, continua-se para o Baixo Barroso, em direção ao campo de futebol/Sr. da Piedade, sempre sem enganar até Sezelhe, onde o cruzamento poderá suscitar algumas dúvidas, mas basta seguir em frente, as placas ajudam, e lá aparece uma a indicar Parada, conjuntamente com Tourém, Pitões, Outeiro, Paredes, Covelães e Travassos, apenas alguns dos muitos destinos do Barroso que ainda há pela frente.
Logo a seguir a Sezelhe, temos que atravessar o ribeiro de Lamachã, muito discreto e perdido entre lameiros, mas a marcar a entrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês, estamos a entrar noutro mundo, embora ainda Barroso, mas com uma forte presença da Serra do Gerês, por um lado a impor-se como uma barreira natural que por sua vez impõe outros modos de vida e até algumas regras a cumprir, regras de conservação e preservação da natureza, algumas delas de interdição a determinadas áreas ou limitadas a número de pessoas, sendo nalguns casos necessária autorização prévia para aceder a elas, mas não é o caso do acesso às aldeias do Parque Nacional, na qual também está incluída a aldeia de Parada, as regras mais restritas, vão aumentando conforme se sobe em altura na Serra do Gerês.
Isto das regras de circulação e acessos à Serra do Gerês, é uma coisa a ter em conta, pois corre o risco de ver frustrado um passeio pela serra, ou se transgredir, a ser multado por andar onde não deve, assim, se o seu destino for para ir pela serra acima, convém informar-se previamente num posto de informação do parque, em Montalegre, há um no Ecomuseu de Barroso, ou então na internet na página oficial do parque. Digo isto porque estando em Parada, ou noutra aldeia das faldas da Serra do Gerês, há caminhos para subir a serra, e às vezes podem ser uma tentação para entrar neles e subir à descoberta, tanto mais que a paisagem convida.
Regressemos ao nosso itinerário, depois de Sezelhe e de fazermos a entrada no Parque Nacional, temos pela frente as aldeias de Travassos do Rio, Covelães, Paredes do Rio e Outeiro, logo a seguir, a menos de 1Km, temos a nossa aldeia de hoje – Parada. Atenção em Outeiro, no cruzamento de entrada desta aldeia, devemos seguir em frente e passar-lhe ao lado. Parada é fim de linha, a estrada termina na aldeia, a partir de aí só o caminho para a Serra do Gerês, ou seja, depois de visitar a aldeia, terá que voltar para trás. Mas para ter uma ideia e melhor localização, ficam os nossos mapas:
Quem acompanha o blog e estes nossos destinos do Barroso, sabe que em geral nunca voltamos a casa pelo mesmo caminho, assim, depois de visitar Parada, regresse a Outeiro e aqui, agora sim, abandone a estrada e entre na entrada da aldeia, numa descida um pouco acentuada e em curva contra curva e em frente à igreja, siga com destino a Paradela do Rio, numa estrada sempre sobranceira à barragem. Em Paradela, no cruzamento de entrada da aldeia, siga em direção a Loivos, Fiães do Rio, Vilaça e São Pedro. Já estamos no regresso a casa pela M514. Em São Pedro vamos entrar no CM1011, nesta devemos seguir à direita, para a esquerda regressaríamos a Sezelhe e Montalegre, mas nós voltamos à direita, em direção Contim e Brandim, logo a seguir entramos na N103 (estrada de Braga-Chaves), mesmo em frente à Barragem dos Pisões, a partir de aí, todos os caminhos vão dar a Roma, mas se quiser regressar a Chaves mais direto, basta seguir à esquerda pela N103 até Chaves.
Sobre a aldeia, daquilo que vimos, gostámos. Logo na entrada e num dos pontos mais altos da aldeia, existe um largo/miradouro desde onde se podem lançar olhares para a aldeia, mas também para a barragem de Paradela e para a Serra do Gerês. O casario da aldeia é de povoamento concentrado num antigo núcleo, com casas tipicamente barrosãs, de granito à vista assente com junta seca e os telhados ainda com o murete de pedra que servia amparo às antigas coberturas de colmo. Também existem alguns canastros (espigueiros se preferirem) e latadas de videiras sobre algumas ruas, o que, para além de nos indicar um dos modos de vida da aldeia, a agricultura, dá um mais castiço a estas aldeias Barrosãs, que as diferencia das aldeias do Alto-Barroso.
Estamos no Baixo-Barroso, mas que ao contrário do Alto-Barroso com características bem definidas, quer no tipo de aldeamento quer na paisagem, o Baixo-Barroso vai-se alterando conforme as serras que tem na proximidade. Esta aldeia de Parada já está naquele Barroso bem singular da Serra do Gerês que se vai estendendo desde Pitões das Júnias até Fafião, aldeias implantadas mesmo ao lado do grande rochedo despido e bruto do Gerês, mas aproveitando o aconchego entre montanhas, nas vertentes das terras mais baixas onde as manchas pintadas com o verde dos campos cultivados e das pastagens se torna mais intenso, dando uma beleza única a todo este Barroso. É por isso que o Barroso apaixona todos os que gostam da natureza, não só da selvagem e natural, mas também da natureza humana que o povoa.
E fico-me por aqui na descrição daquilo que vi na aldeia e nas redondezas, pois por mais que insista em procurar palavras para descrever todo este pequeno mundo, ficarei sempre aquém da realidade, e depois aquilo que os meus olhos veem, são indiscritíveis em palavras e pela certa, diferentes dos olhares de cada um.
Para além daquilo que os nossos olhos veem, há também aquilo que eles não veem, não por estarem distraídos com outros olhares, mas porque só se vê aquilo que é visível, e para ser visível temos que ir aos locais de onde se veem, e às vezes não vamos, acontece-nos frequentemente, isto porque gostamos de entrar nestas terras com o olhar virgem para deixar que a descoberta nos surpreenda, nos impressione. Nunca vamos à procura de nada, mas apenas daquilo que encontramos, deixando que a curiosidade do olhar conduza os nossos passos para a descoberta deste lugares e aldeias.
Claro que ser, estar e agir, tem as suas vantagens, mas também os seus inconvenientes e quando chegamos à hora da feitura destes posts e procuramos alguma informação sobre estes lugares e aldeias, às vezes apercebemo-nos de que algo de importante ou interessante nos escapou, que por não sabermos da sua existência não fomos a esses lugares, não lançamos o nosso olhar, não fizemos o registo. Aqui em Parada, pelo menos, sei-o agora, não estivemos num lugar que deveríamos ter visitado – O fojo do lobo.
Não fomos lá, mas fica aqui a descrição dele, tal qual a encontrámos na página oficial da Câmara Municipal de Montalegre, online na internet (consulta de hoje):
Monumento localizado a uma altitude média de 890 metros, no interior do Parque Nacional da Peneda-Gerês. A vegetação é densa, tendo o fojo ardido recentemente. Trata-se de um muro em granito, fechado em redor de um grande penedo, que forma um recinto apenas acessível pelo lado exterior. Tem uma porta, antigamente utilizada pelos populares para colocar o isco, proceder a operações de manutenção e limpeza, e para entrar no interior da área murada quando um lobo aí era encurralado. Com cerca de 60 metros de diâmetro médio, é o maior fojo deste tipo na península ibérica. Uma das suas particularidades estruturais é o reservatório de forma quadrangular escavado no afloramento rochoso no qual assenta o penedo central, que assumia a função de bebedouro para o animal, utilizado como isco. O chamariz utilizado podia também ser uma cabra viva, oferecida pelos moradores da freguesia de Outeiro interessados na captura.
Coordenadas GPS: 41.815289 e -7.953511
Altura: 886 m
Mas esta de não ir a estes lugares por os desconhecer é também uma tática nossa, embora não propositada, mas que nos serve de desculpa ou pretexto, para fazer uma nova visita a aldeia e registarmos aquilo que nos escapou.
E estamos quase a concluir este post, com um pedido de desculpas à aldeia de Parada por só agora a trazermos aqui, mas mais vale tarde que nunca, mas para compensar este atraso e o ter saído da “caixa” das restantes aldeias do concelho de Montalegre, prometemos que em breve e/ou logo que esta coisa da pandemia desapareça, voltamos a Parada para novos registos, para irmos ao fojo do lobo e se possível, pois não sei se é transitável e permitido, subir um bocadinho na Serra do Gerês para mais uma foto mais de perto, embora à distância, da capela do São João da Fraga. Fica prometido.
E agora para terminar, o nosso habitual vídeo com todas as imagens da aldeia de Parada que foram publicadas hoje neste blog. Vídeo que podem ver aqui, no meu canal do YouTube e agora também, este e outros vídeos no MEO KANAL Nº 895 607
Aqui fica o vídeo, espero que gostem:
Quanto às aldeias do Barroso de Montalegre, voltaremos aqui na próxima sexta-feira com mais um vídeo e algumas imagens da aldeia de Paradela do Rio.
Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando dos seus posts neste blog, não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje esse resumo para a aldeia de Parada, do concelho de Chaves..
Como sempre, aproveitamos este trazer do vídeo para deixar aqui mais algumas imagens que escaparam às seleções anteriores, nos posts que dedicámos à aldeia.
Imagens da aldeia mas também daquilo que se avista desde a aldeia, como o mar de montanhas e, às vezes, até miragens ou coisas fruto da nossa imaginação, como a de uma águia gigante pousada em terra, que depois de bem vista, não passava de uma rocha.
Mas hoje não estamos aqui para falarmos das Parada, do concelho de Chaves. isso, já o fomos fazendo ao longo dos vários posts que lhe dedicamos (com link no final). Hoje é mesmo pelo vídeo, que fica já de seguida. Espero que gostem.
Hoje é a vez de irmos até Parada, uma das nossas aldeias a queimar a Nascente o limite do concelho de Chaves, confrontando com o mar de montanhas dos concelhos de Vinhais e Valpaços, sendo Parada também uma das aldeias de montanha, mas nem por isso a muita altitude, pois a aldeia anda entre os 650 e os 700m de altitude.
É uma das aldeias à qual gosto sempre de ir, não só pela própria aldeia, principalmente pela forma como ela se localiza na encosta e lança vistas para as montanhas que se perdem no horizonte, mas também pelo seu casario e imagens de marca, como o Largo do Cruzeiro e o multifuncional abrigo de passageiros para um autocarro que julgo já não vai lá, para um “posto de correios” onde o carteiro raramente irá, se é que vai, e ainda para suporte da placa toponímica para lembrar os distraídos que lá vão, que aquele é o Largo do Cruzeiro.
Também gostamos de lá ir pelas pessoas, claro que sim, pois das vezes que lá fomos tivemos sempre oportunidade de trocar dois dedos de conversa com os seus poucos habitantes, às vezes conversas não muito esclarecedoras, mas pelo menos eram de amigo. Eu explico melhor para não haver mal entendidos, então foi assim: Uma das vezes que fui por lá, penso que a segunda vez, além de querer completar a recolha fotográfica da aldeia, levava também como destino o S.Gonçalo, pois diziam-me que um dos seus acessos se fazia via Parada. Confirmei nas cartas militares e assim era, mas por estradões e caminhos que eu desconhecia. Perguntei então a uma das pessoas com quem estava a conversar qual era o caminho. Indicou-mo com indicações suficientes para lá chegar. Mas nestas coisas pergunto sempre se o carro vai lá bem e ele foi pronto a responder — “vai-vai, os outros também lá vão!”, mas à surdina dizia-me — “ se não tiver amor ao carro…”. Bem, vai lá bem ou não vai? Insistia eu. — Vai, vai bem! E de novo à surdina repetia — “Se não tiver amor ao carro!”. Agradeci e desculpei-me que naquele dia até nem tinha tempo de lá ir, era só para saber, ou seja, uma forma de dizer que embora não tenha nenhuma relação amorosa com o meu carro, ele faz-me falta e é ele que me leva a descoberta do nosso mundo rural. Decidi poupá-lo, pois mesmo à surdina, quem te avisa, teu amigo é.
Pois como já disse, gosto de ir a esta aldeia, nem que seja e só pelas vistas que desde ela se alcançam. Vá por lá e vai ver que eu tenho razão, mas tem mesmo de ir lá, pois a aldeia fica no final de estrada, a partir dela, só mesmo a penantes, num todo terreno ou não carro pelo qual não esteja perdido de amores. Mas vale a pena lá ir, sem pressas, entre no Largo do Cruzeiro (deve lá estar uma placa que indica o S.Gonçalo. A pé, siga essa placa e vá até ao fim da aldeia. Não é preciso andar muito, bastam uns 50 a 100 metros, e quando os seus olhos alcançarem o mar de montanhas, deixe-se ficar por aí, sem pressas, poise mesmo, demore-se na apreciação, é um bom revigorante para o corpo e a alma, acredite que é, sem químicos, apenas com aquilo que a natureza nos dá, ou nos brinda.
Quanto ao S.Gonçalo, também é merecedor de uma visita, sou testemunha disso, pois acabei por lá ir, de boleia, num todo o terreno. Pelo caminho deu para ver que afinal um carro normal até vai lá, chega lá bem, os outros também lá vão, se não tiver amor ao carro…
Como chegar até Parada!?
Simples, apanha a EN103 em direção a Bragança (Lebução ou Vinhais), passa Faiões, as três Assureiras, depois passa entre Águas Frias e o Castelo de Monforte, sobe prá Bolideia e aí abandona a EN103 virando à esquerda, passa pela Pedra do Bolideira, entra no início do planalto da batata, segue por aí um pouco até encontrar uma bifurcação na estrada onde aparecem dois conjuntos de placas, um que indica as aldeias à esquerda (S.Cornélio, Travancas, Argemil, S. Vicente, Orjais, Aveleda, Segirei e Roriz), não vá por esta estrada, vá pela outra que indica Dadim, Cimo de Vila Sanfins, Mosteiro, Polide, Santa Cruz, Parada e Roriz.
Depois de tomar a estrada à direita, passa-se por Dadim, entra-se em Cimo de Vila e sai-se em Sanfins, aqui atenção que é mesmo assim, pois entre Cimo de Vila e Sanfins não há separação física, ou seja entra em Cimo de Vila e quando chegar ao fundo da Rua já está em Sanfins. Aqui siga pela estrada principal em direção a Santa Cruz da Castanheira, se for pelas que dizem Mosteiro ou Polide, vai errado, volte para trás e se andar aos papeis, pare e pergunte a alguém. Se for pelo caminho certo, à frente de Sanfins tem logo Santa Cruz, siga sempre pela estrada principal, atravessa a aldeia e vai entrar num troço de estrada que parece não nos levar para lado nenhum, pois só se veem montanhas. Vá sempre por aí que vai bem, e quando menos esperar, a seguir a uma curva mais longa, aparece PARADA. Chegou!
O regresso vem pelo mesmo caminho, pois não há outro. E agora que os levámos até lá, está na altura de nós partirmos em direção contrária, altura de travessar o concelho de Chaves e entrar no Barroso, é para lá que vamos todos os domingos, aproveitando o facto de o Barroso ficar aqui tão perto, vamos completando a descoberta deste nosso Reino Maravilhoso. Até amanhã numa aldeia do Barroso, mas antes ainda deve vir aí o Herman JC com mais uma das suas crónicas. Até amanhã!
E hoje vamos mais uma vez até Parada, onde vamos sempre com gosto, não só pelos pormenores mas, e nem que fosse só por isso, para podermos espreitar o mar de montanhas.
Mar de montanhas que dão sempre imagens preciosas como a que vos deixo, mas que vistas in loco têm sempre outro sabor.
Não sei se foi por ter nascido nas faldas da Serra do Brunheiro que tenho um fascínio pelas serras e montanhas. Talvez esse fascínio só tivesse acontecido depois, nos meus primeiros anos de vida, quando já conseguia abeirar-me das janelas da minha casa e esgrilar lá para fora onde só via céu e Brunheiro, lá de onde o sol sempre nascia. Não sei! Mas sei que sempre que me detenho perante um mar de montanhas, há magia, há fascínio, há deslumbramento e, tudo isto poderá parecer bairrismo, por ter nascido aqui entre montanhas, mas não, não o é, pois seja aqui em Trás-os-Montes ou na China, o sentimento mantem-se.
Mas claro que os mares de montanhas de Trás-os-Montes tem outro sabor, são meus, nossos, de quem nasceu para cá do Marão ou do Douro, mas estas que se avistam cá, desde a terrinha, têm um sabor especial. É essa uma das razões porque gosto de andar por aí, pelo nosso mundo rural a surfar as nossas montanhas, e depois, há o resto, autênticos recifes de corais que, por este mar de montanhas ser feito de terra, granito e xisto, os corais são feitos de gente e casas que se aconchegam para formar aldeias que nos surpreendem sempre ao dobrar de uma curva ou na passagem de uma lomba, tal como os pequenos barcos do mar que se vão escondendo e aparecendo por trás das ondas.
E também por tudo isto que gosto de ir para os lados de Roriz, para terras da Castanheira, para Parada de onde são as imagens de hoje e de onde se podem avistar estes mares de montanhas que se perdem no horizonte e que escondem esses pequenos corais como Aveleda, Orjais, Segirei ou o S.Gonçalo. Podem crer que quando regressamos à cidade, vimos de lá outros! Pelo menos comigo, é assim que acontece.
Ainda hoje vamos ter mais uma imagem de “Outros Olhares” e os Lumbudus no Ecomuseu de Barroso – Espaço Padre Fontes.
Hoje vamos até Parada e vou-vos deixar aqui quatro razões pelas quais gosto sempre de lá ir.
Poderia ter terminado o palavreado na última frase, pois já ficava tudo dito, mas não gosto de ver as fotografias amontoadas umas em cima das outras, assim, há que dizer mais qualquer coisa para além das quatro razões que aqui deixo.
No post que dediquei a esta aleia ( http://chaves.blogs.sapo.pt/235596.html) dizia a certa altura, que a julgar pelo curioso apartado de correios que por lá existe no largo principal da aldeia, existiam pelo menos 29 casas, ou seja, seriam tantas quantas as caixas de correio do apartado. Claro que a dedução simples nesta contabilidade não corresponderá pela certa à realidade, pois muitas casas estão abandonadas e sem necessidade de ter caixa de correio no “apartado”, mas se não corresponde ao número de casas, corresponde ao número de pessoas que habitam a aldeia, e esta não foi por dedução, mas segundo testemunho das três pessoas (resistentes) que aparecem numa das imagens, e acrescentaram: - Há uns anos atrás havia 43 garotos na escola, hoje…
Hoje… é a realidade das nossas aldeias, principalmente nas de montanha e mais distantes de Chaves – despovoadas - e os que resistem são quase todos idosos. Podiam estar revoltados com as partidas e ausências dos mais novos, com os campos abandonados, mas não estão, conforma-se com a paz dos dias e os silêncios das ruas, pois sabem que os que partiram, foram obrigados a tal e, como os de Lisboa e os imitadores da província gostam sempre de arranjar bodes-expiatórios paras as asneiras que cometem, não me admira nada que um dia destes venham por aí culpar os que obrigaram a partir.
Pois aqui ficam as quatro razões, em ilustração, pelas quais gosto de ir sempre até Parada. Imagens para todos os gostos (espero) e pena, mesmo pena, só tenho pelas amoras não estarem maduras.
Como sempre aos Domingos temos de fazer uma passagem pelas nossas aldeias, ou por uma das nossas aldeias, como é o caso de hoje. Mas também a partir de hoje vamos ter por aqui mais um colaborador com e os seus contos feitos de muitas estórias do mundo que acabou…
Herculano Pombo abriu a gaveta aos seus contos para passarem aqui no blog Chaves, todos os Domingos ao meio dia. Até logo ao meio dia, hora do primeiro conto.