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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

31
Jan20

O Barroso aqui tão perto - Cela

Aldeias de Barroso (Com Vídeo)


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CELA - MONTALEGRE

 

Continuando a cumprir a nossa falta para com as aldeias que, aquando do seu post neste blog,  não tiveram o resumo fotográfico em vídeo, trazemos hoje aqui esse resumo da aldeia de Cela, concelho de Montalegre.

 

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Aldeia da Cela do concelho de Montalegre, uma aldeia de Barroso mas também do Parque Nacional da Peneda-Gerês

 

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E quando se fala da Cela aldeia, temos também que referir as cascatas de Cela-Cavalos que alguém também batizou como as cascatas da Dulce Pontes, pelo que consta, porque na visita da mesma às Cascatas, teria dado lá uma banhoca.

 

 

Hoje, excecionalmente, vamos ter um segundo vídeo, com uma descida às cascatas de Cela-Cavalos:

 

 

Post do blog Chaves dedicados à aldeia de Carvalho:

 

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-cela-1602755

https://chaves.blogs.sapo.pt/o-barroso-aqui-tao-perto-uma-volta-1736021

 

 

 

15
Abr19

O Barroso aqui tão perto - Cabril


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Nesta rubrica do Barroso aqui tão perto,  estamos a chegar à reta final das abordagens às localidades do Barroso do Concelho de Montalegre. Das 136 localidades do Concelho de Montalegre, apenas nos falta abordar 18 localidades. Começámos as abordagens sem qualquer tipo de critério de seleção, recorríamos a uma espécie de sorteio e a que calhava, era a localidade que abordávamos. Mas havia sempre uma ou outra que embora calhasse em sortes, nós fomos adiando a abordagem, nesta reta final estamos a entrar nessas aldeias.

 

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À exceção da Portela da Vila de Montalegre à qual temos ligações sentimentais por parte da família materna,  às restantes localidades não temos qualquer ligação e a grande maioria nem sequer as conhecíamos, daí termos feito sempre uma abordagem isenta de qualquer sentimento que fosse além daqueles que sentimos quando fizemos a nossa visita e levantamento fotográfico.

 

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Sendo filho de mãe barrosã é natural que as estórias de lareira que me habituei a ouvir em criança estivessem ligadas a algumas localidades do Barroso, ainda para mais eram estórias contadas por uma geração que passou por períodos críticos da vida portuguesa, como a guerra civil espanhola e posteriormente a guerrilha, a 2ª grande guerra e os tempos de ditadura.

 

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Assim, embora eu nunca tivesse vivido no Barroso havia nomes de pessoas e localidades que sempre me foram familiares, isto para além daquelas localidades por onde amiúde tinha de passar nas minhas também frequentes deslocações a Montalegre, primeiro quando eram feitas  pela EN 103, localidades tais como o Alto Fontão, o Barracão, Gralhós e Gorda , depois via S.Vicente e mais tarde via Meixide, já pela ou depois pela M508, ou seja, todas as aldeias desses trajetos já eram minhas conhecidas.

 

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Mas ia eu dizendo que embora algumas aldeias me tivessem calhado em sorte para publicação, eu fui adiando para o final, tudo porque essas aldeias tinham qualquer coisa de especial que mereciam uma abordagem mais cuidada e mais aprofundada, uma dessas aldeias era Cabril, e digo era, porque a partir de hoje deixa de ser, pois é a nossa aldeia convidade.

 

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E qual a razão porque Cabril foi ficando para o final!?. Pois se há localidades que sei bem qual é a razão, para Cabril não tinha nenhuma razão em especial, a não ser um topónimo que me era sonante e que calhava ser mencionado em muitas das estórias que ia ouvindo em criança. Assim, a primeira vez que fui a Cabril, fui mesmo à descoberta de Cabril e desse porquê.

 

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Ora, vou ser sincero, da primeira vez que lá fui estava à espera que Cabril fosse de maiores dimensões, mas desde logo me marcou a sua localização e a presença da imponência do enorme rochedo da Serra do Gerês, da água, do verde e do calor, aliás este último tenho-o associado a todas as minhas passagens por Cabril, o que também não é de admirar por calhou passar por lá sempre nos meses de julho e agosto.

 

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Mas depois dessa primeira vez, passei por umas tantas vezes e comecei a dar-me conta que para além da marcante presença da Serra do Gerês, da água do verde e do calor, Cabril era também o centro de uma pequena região (dentro do Barroso)  com características muito singulares e que fazem da aldeia um ponto de passagem obrigatório e uma espécie de entroncamento, não só de estradas, mas também de rios e montanhas e com ponte, na apenas a de hoje, mas a de “sempre” a antiga ponte romana sobre o Rio Cabril, lindíssima, por sinal e que tive a sorte de a ver quase por completo logo na minha primeira visita a Cabril, isto em julho de 2014.

 

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Pois Cabril é o centro dessa pequena região muito singular do Barroso, não só pelas razões que já atrás deixei mas também pelos seus contrastes, senão vejamos, tal como dizia atrás é notória uma forte presença da Serra do Gerês, que atinge os 1575 metros de altitude, o que nos levará a pensar que as terras e freguesia de Cabril é território de terras altas, mas longe disso, são as terras mais baixas do Barroso, como veremos já a seguir.

 

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Cabril é sede de Freguesia constituída por 15 aldeias, a saber: Azevedo, Bostochão, Cabril, Cavalos, Chãos, Chelo, Fafião, Fontaínho, Lapela, Pincães, São Ane, São Lourenço Vila Boa, Xertelo e Chã de Moínho. Entre elas apenas Xertelo fica acima dos 700 metros de altitude, seguida por Lapela e Pincães acima dos 600m, depois São Lourenço, Chewlo Fafioão e Azevedo acimas dos 500m, Bostochão e Vila Boa acima dos 400 metros e as restantes não vão além dos 300m.

 

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E foi preciso chegar aqui a Cabril para verificar que afinal ainda me falta descobrir uma aldeia do Barroso, pois Chã do Moinho não consta dos meus levantamentos e sinceramente só hoje é que dei pela sua existência, e não constava da minha listagem de localidades do Concelho de Montalegre. La terei que ir mais uma vez por terras de Cabril, o que não será nenhum sacrifício, antes pelo contrário.

 

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Cascatas e Minas

Embora não propriamente na localidade de Cabril, mas sim no território da freguesia de Cabril, temos pelo menos três das cascatas mais interessantes do Barroso, as cascatas das 7 Lagoas, as Cascatas de Pincães e as de Cela Cavalos, estas mesmo no limite da freguesia. Também de interesse no território da freguesia temos as Minas de Carris, ou o que resta delas, mas atenção que as minas estão em território de proteção parcial tipo I e proteção total do PNPG-Parque Nacional da Peneda-Gerês que impõe limites ao número de pessoas e para as zonas de proteção total é necessária autorização do PNPG. Atenção que as cascatas das 7 lagoas estão em zona de proteção parcial (limitada a 10 pessoas). No entanto como as regras estão sempre a mudar, se for para um destes locais convém primeiro informa-se junto do PNPG (consulte a brochura do parque no final do post).

 

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Ainda antes de entrar naquilo que encontrámos nas nossas pesquisas e itinerário para lá chegar, queríamos deixar aqui ainda uma nota sobre a igreja de Cabril, que sem lhe tirar o interesse que tem, em beleza, também é contrastante, quando de perto não se confunde um pouco com o resto do casario mas ao longe ganha grande visibilidade.

 

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Passemos então ao nosso itinerário para se chegar até Cabril, por sinal um dos itinerários mais interessantes e que atravessa quase todo o Barroso de lés a lés, basta dizer que quase metade do percurso faz-se dentro do Parque Nacional da Peneda Gerês, no qual Cabril também está inserida. Pois para o nosso Itinerário optamos mais uma vez pela estrada do São Caetano até Montalegre, depois seguimos sempre junto ao Cávado até à Barragem de Paradela a qual devemos atravessar o paredão para depois continuarmos até Cabril. Fica o nosso habitual mapa para melhor localização.

 

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Então passemos às nossas pesquisas, hoje facilitadas pelo conteúdo da página na internet da Junta de freguesia de onde transcrevemos:

 

Cabril no passado e no presente...

A Freguesia de Cabril é actualmente constituída por 15 aldeias, de povoamento concentrado onde habitam aproximadamente 900 habitantes. É uma das mais belas inserida no parque nacional do Gerês. Fica situada nas margens do cávado, albufeira de verde azul de Salamonde e no sopé das fragosas penedias da serra do Gerês. Freguesia  antiga, mediaval, com pequenas aldeias de uma vida pastoril sossegada, tem também uma riqueza multifacetada. A paisagem oferece aos olhos os mais belos quadros...

Aqui também se verificou, inevitavelmente, o êxodo rural, umbilicalmente ligado à procura de melhores condições de vida.

No início desta freguesia, permanece o rasto histórico da existência de povoamentos pré-romanos como os Turodos, Esquesos e Nemetanos, povos que se dedicavam quase exclusivamente à pastorícia com a criação de cabras, o que daria o nome a Cabril.

 

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Assim sendo, e segundo os historiadores, era o gado que abastecia toda esta região, continuando ainda nos dias de hoje a existir.


Com a derrota dos Lusitanos (povos que habitavam a Península Ibérica sob o comando do pastor Viriato), Roma conseguiu o domínio total da Península Ibérica e de todos os povos e povoados Os habitantes das "tribos" derrotadas, foram escravizados e integrados no Império Romano, apesar de terem tentado resistir aos senhores do Universo. Cabril não foi excepção e podemos ainda encontrar um dos vestígios mais visíveis dessa data, "a ponte velha" agora de difícil visibilidade visto que se encontra a maior parte do tempo submersa pela barragem de Salamonde.A ponte foi construída com o intuito de permitir a passagem entre as duas margens que se encontravam separadas por um riacho, mas que em dias de Inverno chegava a não permitir a passagem dado o caudal gerado. Importa pois, realçar o facto de que foram os Romanos os primeiros a unir a Freguesia de Cabril, povo este que era exímio na construção de vias terrestres, ligando assim todo o seu império.

 

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A 8 Km de Cabril podemos encontrar um vestígio de grande importância, a "Ponte da Misarela", onde as tropas francesas de Napoleão em 1809, tiveram inúmeros problemas com os Barrosões. Encontra-se também neste local a estrada que ligava em tempos, Bracara Augusta a Áqua Flávia.


Com o fim do Império em 476 D.C., Cabril continuou a ser ocupado, pois existem marcos dessa ocupação, a "cilha dos ursos". Construção circular em pedra que servia para pôr a salvo as colmeias de abelhas do ataque dos ursos. Esta construção tem muitos séculos, pois os ursos foram extinguidos do Gerês há quase 800 anos.


Mais recentemente no século XVI, Cabril lançou para o mundo uma figura notável, João Rodrigues Cabrilho, natural do lugar de Lapela da casa do Americano que em 1542 ao serviço da armada Espanhola, comandou os navios "San Salvador" e "Victória", saindo do porto de Navidade em Espanha e descobrindo então a costa da Califórnia.


Presentemente a vida rural ainda permanece bem enraizada, as vezeiras e as manadas de vacas, a vegetação sempre verde dos medronhos, azevinhos e teixos, fetos, lírios do Gerês, as suas fragas enormes de figuras ciclópicas, desafiando aventuras de águias, os corços, javalis e os garranos, saltando e correndo, disputam o território sagrado de uma serra que jura perpétuar a sua pureza ecológica…


Cabril oferece-nos tudo isto, horas de regalar e comer com os olhos este misto de humano, animal e divinal da mãe natureza.

 

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Já na monografia “Montalegre” encontrámos várias referências a Cabril, algumas já mencionadas atrás nos conteúdos da página da Junta de Freguesia, assim ficámo-nos apenas por uma referência que tem a ver com o pastoreio:

 

O Pastoreio

A actividade pastoril e ganadeira, obrigatoriamente subsidiária da agricultura, é a base da economia local e deve-se a conceitos próprios de antiquíssimos regimes comunitários. A existência de ‘‘vezeiras’’ – gados apascentados sob regras democráticas próprias – indica como foi excelente a nossa coesão social, fruto duma organização jurídica específica e da qual, entre nós, restam documentos manuscritos, ainda que rudimentares, do Padre Diogo Martins Pereira, nascido em Pincães, em 1681. Esclarece-nos o reverendo sobre as fórmulas comunitárias adoptadas pelas populações cabrilenses no sentido de enriquecerem as suas casas e de melhorarem os seus termos territoriais, nomeadamente, os baldios. Entre outras coisas, descreve detidamente os diferentes lugares da freguesia de Cabril e o funcionamento das assembleias: o modo como resistiam a inimigos de fora parte, como apascentavam as suas vezeiras, como perseguiam os animais selvagens que consideravam prejudiciais, como faziam queimadas controladas para melhorar os pastos e como decidiram inçar alguns montes e corgas de outras árvores nobres e também de medronheiros com que evitavam os malefícios da erosão e de cujos frutos alimentavam os bichos e faziam aguardente.

 

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Quanto à “Toponímia de Barroso” temos o seguinte:

 

CABRIL VILA, agora, Cabril

 

Refira-se primeiro que Cabril nunca foi topónimo como agora o entendemos: não serviu de nome a qualquer lugar. Hoje começa a sê-lo, mas era o simples nome que indicava uma pequena região (de 76.6 há de extensão) através do geotopónimo “Cabril” de “Cabra+il” — região de muitas cabras, do nome latino capra, - que se compõe ainda de 15 pequenas localidades. Nos tempos que correm a “VILA” ou “ BAIXA”, como também lhe chamaram – centro cívico, administrativo e religioso da freguesia – já se vai chamando apenas Cabril!

Cabril é um corónimo (nome de região) como Chã, Vilar de Vacas ou Barroso.

 

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Quanto à “Toponímia Alegre”, parte integrante da “Toponímia de Barroso” temos:

 

Se fores a Cabril leva pão

Que vinho lá to darão

 

Vou-me Casar a Cabril,

O sítio do meu degredo:

É terra de muito padre

Canta lá o cuco cedo!

 

- Cabril (Memórias Paroquiais de 1758):

Colhem alguns frutos, “porém, como de tudo é pouco pela aspereza da terra para passarem a miserável vida a maior parte deles vivem de fazer carvão”.

Abade Domingos dos Santos

 

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E muito mais haveria para dizer sobre Cabril, a sua freguesia e região. Já o fomos dizendo nos vários posts dedicados a cada uma das aldeias da freguesia (exceção de Chã do Moinho que desconhecíamos a sua existência) e que poderá consultar na barra lateral deste blog ou no menu na parte superior do blog. Mas também a ideia destes post são deixar a nossa experiência pessoal na descoberta desta aldeias do Barroso e deixar um convite para visitar estas localidades onde poderão fazer outras descobertas, pois também estamos conscientes que houve coisas que nos passaram ao lado.

 

Só nos resta mesmo fazer a referência às nossas consultas.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

WEBGRAFIA (Consultas em 14-04-2019)

- https://www.cm-montalegre.pt/

- http://www.jf-cabril.pt/

- Brochura do PNPG: https://www.google.com/search?client=firefox-b-d&q=PNPG+zonas+de+prote%C3%A7%C3%A3o

 

 

12
Ago18

O Barroso aqui tão perto - Pelas serras com Torga


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Mais uma ida até ao Barroso aqui tão perto, mas mais uma vez sem termos por cá qualquer aldeia e até temos uma preparada em imagem, mas ainda lhe faltam as palavras para as quais não tivemos tempo de lhe alinhavar as letras. Assim, hoje vamos mais uma vez para o Barroso, sim, mas aquele que é feito de serras e montanhas e água que corre, que cai, que estaciona entre o penedio. Vamos fazer nossas as palavras de Miguel Torga, não só por também nós comungarmos da sua paixão telúrica, mas por serem também palavras inspiradas por imagens como as que deixamos hoje, aliás algumas delas foram tomadas enquanto se falava de Torga e de como tão bem entendíamos e sentíamos as suas palavras quando estamos no seu ambiente natural.

 

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É possível que esta paixão telúrica que me faz divinizar as fragas, os rios e os carvalhos signifique, afinal de contas, que não consegui desembaraçar-me da placenta de ovelha que o destino me atirou à figura, como certo inimigo fez a Maomé. Mas não me desagrada a hipótese.

 

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Estou sinceramente convencido de que a realidade campestre nem é inferior à outra, nem se lhe  opõe. Por detrás das pedras roladas e das ravinas, pulsa o mesmo coração inquieto a vida. A solução, portanto, consiste apenas em auscultá-lo com a finura de ouvido que é obrigatória nas consultas citadinas. E a mágoa que me punge não é ser montanhês por devoção: é de não ser capaz de revelar todos os mistérios que se escondem nas dobras da estamenha.

 

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Bem rústicas parecem as urzes, e a abelha tira das suas flores mel perfumado. Nada mais agressivo do que um silvedo, e o melro faz o ninho no meio dele.

 

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O mal é nosso e, neste caso, meu particularmente. Confundimos a casca com o sabugo. Talvez porque só temos casca e não merecemos a graça de comungar à mesa onde Collete recebia o corpo eucarístico da natureza. Ela, sim, podia exprimir o cataclismo de cada fecundação e decompor o arco-íris  de cada primavera. Através do sacramento do amor e da entrega, real e substancialmente, os seres e as coisas passavam a fazer parte da sua humanidade profunda e falavam depois pela sua boca.

 

Miguel Torga, In Diário VII

 

 

 

26
Jun18

O Barroso aqui tão perto - Outeiro


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O prometido é devido e cá estamos nós, após o empate/passagem de Portugal no campeonato do mundo de futebol, com mais uma aldeia do Barroso de Montalegre, que dá pelo nome de Outeiro.

 

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Outeiro à beirinha da Barragem de Paradela, à beirinha do gigante penedo da Serra do Gerês, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês e num Barroso que nem é alto nem é baixo Barroso, antes, isso sim, um Barroso diferente marcado pelas suas singularidades.

 

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E já que iniciámos com o estar à beirinha de, também eu passei algumas vezes à beirinha de Outeiro, sem nunca ter entrado na intimidade da aldeia, e de todas as vezes, já não recordo quantas, registei na memória as três imagens com a marca Outeiro, a saber: A sua igreja, as vistas para a barragem de Paradela e as vistas para o grande penedo do Gerês, e qual delas a mais bela!?, mas atrevo-me a dizer que a que mais marca é mesmo a sua igreja, não só pela sua beleza e a particularidade de ser uma das que tem  a torre sineira separada da igreja, mas também pela sua privilegiada localização, de fazer as honras de entrada na aldeia de Outeiro.

 

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E vamos aprofundar então mais um pouco da sua localização para podermos chegar até lá, com alguns dados, mas também com os nossos habituais itinerários para lá chegar, como sempre a partir da cidade de Chaves. E continuo a dizer e a insistir que se gasta tanto dinheiro em férias longínquas, onde para além de algumas mordomias do hotel não há mais nada, e deixamos esquecido um paraíso, uma pérola do Reino Maravilhoso, o Barroso, aqui tão perto, onde há de tudo e do melhor que há, coisas que podemos tomar com a nossa simplicidade de ser transmontanos, com pessoas com as suas singularidades, mas que, tal como nós, é simples, genuína e sempre hospitaleira, mesmo com as suas desconfianças, por precaução,  mas que logo sabem quem vai, ou não, por bem.

 

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Pois Outeiro, para além de ficar à beirinha da Barragem de Paradela, à beirinha do gigante penedo da Serra do Gerês, em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês em terras que nem são alto nem baixo Barroso, fica ali nas proximidades de uma das portas de entrada no Alto Minho, pois basta descer a Ferral ou Cabril, andar mais um pouco e já se respira o verde húmido do Minho, ares que já entram um bocadinho nestas terras.

 

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Pois para lá chegarmos, a partir da cidade de Chaves, temos de tomar um dos três itinerários principais de se entrar no Barroso, tendo como referência uma ou mais das suas barragens. Pois para Outeiro a barragem de referência é a de Paradela, mas para lá chegarmos teremos de passar pela barragem de Sezelhe ou à beira da barragem dos Pisões.

 

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Quanto ao itinerário que nós recomendamos, por ser o mais interessante, é o da estrada do S.Caetano/Soutelinho da Raia, Meixide, Montalegre (sede do concelho), continuar sempre pelo vale do Rio Cávado,  passar Sezelhe, Travassos do Rio, Covelães, Paredes e a seguir chega a Outeiro. Não há nada que enganar, pois a tal igreja faz as honras de entrada da aldeia.

 

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Tal como já antes tenho afirmado por aqui, para qualquer destes destinos do Barroso, embora aqui tão perto, convém levar todo um dia. Claro que há hora em que a barriguinha começa a pedir alimento, há que alimentá-la, convém, nem que seja e só para o nosso bem-estar e boa disposição.  Pois no Barroso, se não for dos que gosta de andar com o garrafão e farnel atrás, esteja onde estiver, a meia-dúzia de quilómetros tem sempre um bom restaurante onde comer, mas melhor, têm sempre bom vinho a acompanhar. Não o produzem, mas sabem o que é bom.

 

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Mas voltemos aos itinerários. Depois do itinerário que nós recomendamos via S. Caetano, temos sempre a alternativa da EN103 que atravessa a meio o Barroso e quando estivermos perto do destino, é só abandoná-la e tomar uma estrada secundária, que neste caso poderá ser a de S.Vicente da Chã a Montalegre e depois segue pelo primeiro itinerário que indicámos atrás, ou pode seguir mais um pouco pela EN103 quase até ao final da Barragem dos Pisões e a seguir ao desvio para Viade, toma-se a estrada que vai para Brandim e Contim até à barragem de Sezelhe. A partir de aí é igual ao primeiro itinerário por nós recomendado.

 

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Penso que é suficiente para lá chegar e se não for, faça como eu quando tenho dúvidas, vá parando e perguntando, pois haverá sempre uma alma que nos orientará no nosso caminho, mas mesmo assim, deixamos as coordenadas de Outeiro, bem com a sua altitude, pois convém saber sempre o quanto alto estamos:

     41º 47’ 16.64” N

     07º 56’ 46.62” O

     Altitude -  826m

 

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Todos sabemos que a paisagem pode ser moldada pelas pessoas, e por aqui não é exceção. Certo que às serras e relevo do terreno ninguém o molda, ou aliás, são moldes da própria natureza, às pessoas resta-lhes o dom de vestir os vales e embelezá-los (nem sempre) com as suas construções e as suas culturas no trabalhar da terra. Às vezes, mais ousados e ambiciosos contrariam a natureza, principalmente as dos rios, ribeiros, rigueiros e riachos, aprisionando a sua liberdade de correrem livremente, coisas que nunca chegarão a ser naturais, mas que com o tempo, passam a fazer parte da paisagem, e, sem querer fazer aqui a análise dos seus benefícios/malefícios, concordaremos todos que até embelezam a paisagem, mesmo porque a maioria de nós nunca chegámos a conhecer o que estes depósitos de água esconderam. Pela certa coisas igualmente belas, mas como nunca as conhecemos, delas não temos saudades. Claro que os mais idosos não poderão dizer a mesmo coisa, e pela certa, aquela água toda junta, afogou muita estória e pequenos paraísos (ou não) no qual debitaram parte do suor dos seus rostos. Mas como se costuma dizer, águas passadas não movem moinhos, embora estas também não os movam, mas movem coisas mais complexas e outros interesses.

 

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Mas voltemos às pessoas, que no Outeiro também as há, nas ruas e nas suas lides do dia a dia, pessoas com as quais até chegámos à conversa e conversámos, pena nestas recolhas não sermos dois, um para fazer a recolha de imagens e outro para conversar e dessas conversas apurar o saber, sabores e sentires deste nosso povo, o mesmo de sempre, sobretudo humilde, que se contenta com tudo, principalmente pelo sol nascer todos os dias e que se conformam com todas as agressões vindas do exterior, das quais são vítimas. Protestar também protestam, claro que protestam, mas neste mundo atual em que as pessoas não passam de números, eles valem o “quantos são”, infelizmente, agora, muito poucos.

 

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Passemos às nossas pesquisas sobre Outeiro, começando pelo seu topónimo Outeiro, muito comum entre nós, embora com apelidos à frente. Em Chaves, por exemplo temos dois, Outeiro Seco e Outeiro Jusão, todos eles outeiros que em linguagem comum significa “elevação de terreno”.

 

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Mas vamos ver o que nos diz a “Toponímia de Barroso”:

 

Outeiro

“Vem muito naturalmente do nome comum “outeiro” pelo latino <al-tarium — por sua vez derivado de “outo” — “alto” < ALTU, com sentido manifestamente topográfico. Deste mesmo adjectivo é parente próximo ALTARE, (altar) dos sacrifícios pagãos e não só, sempre alto e sempre em sítios altos como são os outeiros das nossas igrejas e capelas — locais onde nasceram as povoações primeiras e permanecem a maior parte das actuais.”

 

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Na “Toponímia Alegre” consta:

 

Ó santinho Santo Ouvido

Onde tens tua morada:

Entre Sela e Outeiro

Sirvoselo e Parada!

 

Adeus lugar de Parada

Ai Jesus, quem me lá dera!

A culpa tive-a eu

Se lá estava não viera

 

Menina se tem fastio

Apegue-se a Santo Ouvido

Se não apegue-se a mim

Que ao pé do Santo resido!

 

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Vamos agora para o livro “Montalegre” que a respeito das paisagens do concelho também passa por Outeiro – os realces e sublinhados são nossos:

 

Paisagens

Barroso constitui um mosaico de paisagens edénicas. Podemos dizer que em cada canto há um novo encanto. Basta percorrer as nossas estradas municipais ou vicinais através do planalto para redescobrirmos mil recantos admiráveis. A título de exemplo referimos a estrada de Fafião a Cabril e daqui aos Padrões ou a Cela e Sirvoselo; o trajecto de Paradela do Rio a Outeiro e Parada; a travessia da Mourela com visita ao Mosteiro de Pitões e à extinta freguesia de São Vicente do Gerês ou ao São João da Fraga; (…)”

 

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Mas continua, agora a respeito da aldeia mas também freguesia de Outeiro:

 

Área: 54.4 Km²

Densidade Populacional: 3.9 hab/km²

População Presente: 202

 Orago: São Tomé

Pontos Turísticos: Castro (Outeiro); Fojo do Lobo (Parada); Lugares da freguesia: (4) Cela, Outeiro, Parada e Sirvoselo

 

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E ainda:

Em extensão territorial é a terceira freguesia de Barroso, contando apenas quatro aldeolas. Entra na conta das freguesias que bordejam a característica Mourela, além de Covelães, Paredes, Pitões, Tourém, e Randim (Galiza). Inicialmente a freguesia chamava-se Parada do Gerês, depois São Tomé de Parada, depois Parada de Outeiro e, finalmente, Outeiro, sempre sob o mesmo orago – que é e foi São Tomé. Merece referência o achado de Torques (jóias pré-históricas de oiro) encontradas na abertura da estrada de Outeiro a Paradela do Rio, no sopé do Castro que linda com o rio Cávado. É um tesouro de inestimável valor – um dos muitos que arrastam os turistas mais cultos para longe das nossas terras e assim nos levam à desertificação! Pensem nisso! Nunca fomos dignos de guardar o que é nosso!

 

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Na Etnografia Transmontana I, de Lourenço Fontes, a respeito das Nomeadas das Terras e Gentes, encontrámos:

Nomeadas das casa mais pequenas:

 

Figo na Peneda,

Mousinhos na Ponteira

Combas de Paradela,

Felizardos de Loivos,

Cletos de Outeiro,

Franciscos de Parada,

Robertos de Paredes,

Guichos de Covelães.

 

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Também na Etnografia Transmontana, mas agora a II, que aborda o Comunitarismo do Barroso, igualmente  de Lourenço Fontes, a respeito da tecelagem do linho, também Outeiro é referida:

 

Tanto se pode tecer linho, como lã. Há vários tecidos para vários fins. Desde o burel, para calças, mantas, capas etc., ao linho para leçóis, camisas, toalhas etc.. Há aldeias que vivem quase exclusivamente para este artesanato, tão pouco explorado e com tendências para morrer. (Outeiro, Fiães, Paredes do Rio).

 

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Refira-se que a Etnografia Transmontana foi publicada em 1977 e desde essa data até hoje muita coisa mudou, e quando atrás se referia que este tipo de artesanato tinha “tendência para morrer”, penso que nestas terras já morreu mesmo. Talvez os versos que virão já a seguir a foto seguinte ajudem a perceber o porquê. Estão igualmente na Etnografia Transmontana II.

 

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Da tecedeira dizem-se várias cantigas.

Coitada da tecedeira

Tem o Inferno em vida,

Pau na mão, pau nos pés,

Pau no cu, pau na barriga.

 

As boltas que o linho leba

Antes de ir p´ra tecedeira!

Eu ‘inda daba mais boltas

Para estar à tua beira.

 

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E ainda na Etnografia Transmontana II

 

Adivinha do tear:

 

Alçar a perna

Tirar e meter,

Dar à pentelheira,

Para ganhar para comer.

 

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Conta-nos ainda a Etnografia Transmontana II a respeito dos Carvoeiros:

 

O carvão faz-se mais de Inverno, que há mais vagar. Alguns que não têm outro ganha-pão, fazem-no todo o ano. Arrancam os torgos, já sem urze, com inxadões. Preferem arranca-los onde o monte tenha ardido, que deixou queimada a parte lenhosa. Em Oiteiro, Pitões e Tourém é raro o ano que o povo não queima parte da sua serra, dá boa e tenra erva, para o gado — a ucha. (…).

 

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Tecedeiras, carvoeiros e muitas mais profissões que são coisas do passado. A profissão atual da maioria dos habitantes da atuais aldeias é a de reformado resistente, reformado pela idade e resistente porque resistiu à partida. Jovens quase não há e os que há, maioritariamente emigraram ou trabalham fora e fazem dormitório da a sua aldeia, talvez porque ainda tenham por lá os pais resistentes a necessitar cuidados, e outros, ainda em menor quantidade, vão-se dedicando à pecuária, sobretudo de bovinos.

 

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Despovoamento das nossas aldeias que está bem documentado nos últimos resultados dos CENSOS da população. Outeiro não é exceção, aliás é um dos casos típicos onde a população tem decrescido abruptamente ao longo das últimas dezenas de anos, mais propriamente a partir de 1950 em que atingiu o pico da sua população com 567 habitantes (dados da freguesia), para agora (CENSOS de 2011) ter apenas 156 habitantes, aliás a partir de 1970 (377 habitantes) e desde que há CENSOS da população, tem batido sempre recordes negativos, pois o número mais baixo, até aí, que se tinha registado na população, foi mesmo no primeiro ano em que houve registos e isso já foi em 1864.

 

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E ficamos por aqui. Ficam ainda as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que a SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso ao vosso mail.

 

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BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana I – Crenças e Tradições de Barroso, edição do autor, Montalegre, 1974.

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana II - Comunitarismo de Barroso, edição do autor, Montalegre, 1977.

 

 

 

 

24
Jun18

O Barroso aqui tão perto - Um aperitivo


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Domingo é o nosso dia de irmos até ao Barroso que fica qui tão perto. Hoje também o queríamos fazer por inteiro, mas não tivemos tempo, no entanto queremos cumprir e uma vez que não o podemos fazer no seu todo, deixamos um aperitivo. O resto virá amanhã (segunda-feira) à noite, depois de Portugal ganhar ao Irão.

 

 

 

 

10
Jun18

O Barroso aqui tão perto - Sirvozelo


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O nosso destino de hoje no “Barroso aqui tão perto” é Sirvozelo, mais uma das aldeias barrosãs que vive e convive com o Parque Nacional da Peneda-Gerês, mesmo à beirinha da barragem de Paradela e do rio Cávado.

 

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Iniciemos já pelos itinerários para chegar até Sirvozelo, por sinal muito semelhantes aos itinerários da última aldeia que passou por aqui (Pincães), mas com uma interessante variante para quem gosta de sair dos caminhos mais comuns. Como sempre o início do nosso itinerário, optem por qual optarem, é sempre feito com partida da cidade de Chaves.

 

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Então o itinerário 1 de 59Km, é feito via estrada de S.Caetano/Soutelinho da Raia (EM 507), Meixide, Montalegre, aqui opta-se pela estrada M308 que passa pelo Campo de Futebol/Sr. da Piedade até Sezelhe onde se deverá estar com atenção às placas indicativas, onde se deve seguir pela entrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês em direção a Paradela. Aqui de novo atenção, pois estamos quase lá, é só atravessar o paredão da barragem e logo a seguir (1,5Km), à esquerda, temos o desvio para Sirvozelo. 

 

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O itinerário 2 de 64Km, é feito pela estrada de Braga (EN103) até ao Barracão, 2,5 Km à frente tem um desvio para Montalegre via Gralhós. A partir de Montalegre segue pelo itinerário 1. Em opção (traçado do mapa) em vez de apanhar a estrada de Gralhós para Montalegre, pode seguir pela EN 103 até S.Vicente da Chã, e aí apanhar o desvio para Montalegre.

 

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O itinerário 3 de 67Km, o mais longo, é para mim o mais interessante, pois sai das estradas para nós mais comuns, embora seja também via estrada de Braga (EN103) até Sapiãos. Aí deixa-se a EN103 em direção a Boticas. Aqui segue-se pela N311 em direção a Salto,  mas só até à Carreira da Lebre que se terá de atravessar e continuar até logo à frente passar o Rio Beça e logo a seguir vira-se para Carvalhelhos pela EM520, sem entrar em Carvalhelhos, pois imediatamente antes temos de virar à esquerda em direção a Lavradas/Atilhó/Alturas do Barroso, imediatamente antes das Alturas do Barroso temos de desviar à direita, subir a Serra do Barroso, atravessar entre os seus cornos e logo a seguir desce-se para a Barragem dos Pisões, atravessa-se o paredão da barragem e apanha-se a EN103 em direção a Chaves, mas apenas durante 1,5KM, pois logo a seguir temos de deixar a EN103, virar à esquerda em direção a Brandim, Contim, S.Pedro e Sezelhe, a partir desta última estamos na entrada do Parque Nacional da Peneda-Gerês, seguindo-se a partir de aqui pelo itinerário 1. Sem qualquer dúvida que é um itinerário diferente e muito interessante, com estradas secundárias, mas em bom estado e onde se rola bem, uma pequena exceção para a ligação entre Alturas do Barroso e a Barragem dos Pisões em que a estrada fica mais estreita, mas é também o troço mais interessante com passagem pela “cabeça” da Serra do Barroso mesmo pelo meio dos seus cornos.

 

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Embora Sirvozelo já esteja bem localizada nas palavras e no nosso mapa que atrás ficaram, vamos deixar também as coordenadas da aldeia e a sua altitude para ficarmos a saber quão alto estamos:

41º 46’ 12.70” N

07º 57’ 57.08” O

Altitude: 730m

 

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Entremos agora na intimidade da aldeia, considerada por muitos uma das mais bonitas do Barroso e do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e é bonita sim senhor, com características únicas. Vejamos a opinião de alguns que por lá passaram e vão fazendo uma referência à aldeia com este texto[i]:

“A aldeia de Sirvozelo fica no concelho de Montalegre, e insere-se no plano das aldeias típicas de Portugal e de turismo de habitação, sendo muito procurado por gentes das cidades, para desfrutarem a Natureza e o modus vivendus de outros tempos e naturalmente outras gentes. Uma boa experiência, para quem quer fugir do turbilhão agitado da cidade. Perto daqui, fica toda uma região de aldeias tradicionais cheias de rusticidade e interesse turístico com tradições que ainda são o que eram.”

 

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Pois sim senhor, somos testemunha que Sirvozelo é uma das aldeias típicas do Barroso que mantém toda a sua integridade como tal e que é possuidora de uma beleza singular onde se destacam os grandes penedos a conviver paredes meias com as casas, não tantos como na aldeia próxima de Ponteira, mas talvez com mais imponência. Também as ramadas de videiras, sobretudo de morangueiro lhe dão um toque singular, além de frescura para os dias de “inferno” do Verão. Já a fotografia não agradece sombras tão duras, mas perdoa-se a dureza da sombra pelos momentos de frescura e beleza que proporcionam a quem está ou passa por baixo das ramadas.

 

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Fomos por lá duas vezes, a primeira em julho de 2014 e a segunda, também em julho, mas de 2016. Da segunda vez fomos por lá para completar o nosso levantamento de fotografias, pois da vez anterior o muito calor e hora imprópria para andar à caça de fotografias, não nos deixou satisfeitos. Pois da segunda aconteceu o mesmo. O calor repetiu-se e a hora também não foi a melhor, mesmo assim fizemos mais uns registos. No entanto hoje, na feitura deste post, dei-me conta que Sirvozelo pede e merece uma visita mais atenta e demorada, para fazer de preferência numa hora e dia com melhores condições para a fotografia. Pela certa que iremos por lá outra vez, sem esforço e com agrado.

 

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Quanto ao topónimo Sirvozelo, vamos ao que diz a “Toponímia de Barroso”:

 

Sirvoselo

Conquanto não se encontrem referências na documentação, o topónimo revela-se com grande evidência: SILVOSU + ELLO.  É o adjectivo que indica a terra silvosa, de silvas, pelo diminutivo. Tinha de dar Silvoselo. O facto de o Povo dizer Sirvoselo, trocando o R e o L, é um fenómeno corrente por se tratar de consoantes líquidas.

 

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E na Toponímia Alegre, temos:

 

Ó Santinho Santo Ouvido

Onde tens tua morada:

Entre Sela e Outeiro

Sirvoselo e Parada

 

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Pela certa repararam que até entrar neste capítulo da toponímia me fui referindo à aldeia como sendo Sirvozelo, no entanto na toponímia aparece grafada como Sirvoselo. Mas não é só aqui neste texto que tal acontece, pois a aldeia vai aparecendo grafada de ambas as formas. Incluindo na página oficial e livro “Montalegre” assim acontece. No entanto na maioria das vezes é grafada com Z , incluindo nos mapas turísticos de autoria da C.M.Montalegre. Por curiosidade fiz uma pesquisa no Google por “Sirvoselo, Montalegre” e a resposta automática do Google foi: Será que quis dizer: Sirvozelo, Montalegre. Como a maioria vai por Sirvozelo com Z, nós também vamos continuar a tratá-la assim, exceto nas citações de outros autores, que aí grafaremos como lá está.

 

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Vamos ao livro “Montalegre”, no tal onde encontrámos a aldeia grafada com o tal S e o tal Z da diferença, vamos à primeira, com Z:

As barragens do Parque Nacional da Peneda Gerês

Está-se assim na periferia do Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG), cuja entrada acontece um pouco mais à frente, junto à central hidroeléctrica de Vila Nova de onde  se pode contemplar o majestoso panorama da barragem de Salamonde. Curva após curva, ao longo da EN 308, surgem vistas de sonho. Cabril, Santo Ane e Fafião são nomes de aldeias a não esquecer. Em Fafião visite o Fojo do Lobo, os lagares de azeite, aprecie a gastronomia de montanha (o javali), contemple os penhascos da majestática Serra do Gerês, delicie-se com a panorâmica do Vale do Cávado e repouse à sombra dos pinheirais. De Cabril subimos pelo Miradouro da surreira do meio-dia, passamos na terra do navegador Cabrilho – Lapela. Se estiver calor dê um mergulho nas cascatas de Cela de cavalos e siga até Sirvozelo, aldeia integrada na “ rocha”.

 

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Continuemos no livro “Montalegre” agora Sirvoselo, com S:

Barroso constitui um mosaico de paisagens edénicas. Podemos dizer que em cada canto há um novo encanto. Basta percorrer as nossas estradas municipais ou vicinais através do planalto para redescobrirmos mil recantos admiráveis. A título de exemplo referimos a estrada de Fafião a Cabril e daqui aos Padrões ou a Cela e Sirvoselo; o trajecto de Paradela do Rio a Outeiro e Parada; a travessia da Mourela com visita ao Mosteiro de Pitões e à extinta freguesia de São Vicente do Gerês ou ao São João da Fraga; a visita a Tourém que tanta importância teve durante a Idade Média no seu relacionamento com o castelo da Piconha e o Couto Misto através do caminho neutral; uma viagem a Cervos, Arcos e ao célebre e celebrado Pindo – mau passo do inevitável acesso à ribeira-tâmega que foi valhacouto de ladrões e malfeitores; uma passagem, ainda que breve, por capelinhas carregadas de história e lenda, do sagrado e do profano, de mistério e dogma, de misticismo e magia:

 

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E ainda no livro “Montalegre”

Há várias povoações com núcleos de construções tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de ajuda para a melhor preservação do património construído. Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e Sirvoselo. Em todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende.

 

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Num estudo “Diagnóstico Social do Concelho de Montalegre”, penso que de autoria da Segurança Social,  também aparece referida Sirvozelo, por ser uma das aldeias com menos habitantes, e são dados de 2001. Como a tendência tem sido perder população, é natural que hoje sejam bem menos:

“Salienta-se ainda o facto de, em 2001, se registar um número considerável de lugares com menos de 20 residentes. Os casos mais críticos são os dos lugares da Cruz da Estrada, 9 residentes, Sirvozelo, 12, Pai Afonso, 12, Minas de Carvalhais, 10, Chãos, 14, Covêlo do Gerês, 14, Bosto Chão, Vidoeiro e São Mateus  com 17 habitantes cada.”

 

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E vai sendo tudo por hoje, pois mais referências sobre a aldeia não encontrámos e na aldeia também não registámos qualquer estória para aqui contar, mas tivemos tempo de fazer um amigo com o qual partilhámos um pouco da sombra de um canastro. Não era de grandes conversas e nem sequer apurámos qual era o seu nome, pois nitidamente preferia a paz da sombra, mas não se opôs a uma foto para aqui partilharmos. Aqui fica ela, ainda antes das referências às nossas consultas:

 

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Ficam então as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog, mas também nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que a SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso ao vosso mail.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

 

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

WEBGRAFIA

 

http://www.cm-montalegre.pt/

 

http://carris-geres.blogspot.com/2015/12/sirvozelo-uma-aldeia-geresiana-em-tras.html

 

[i] Esta vi-a no Blog Carris, dedicado às minas de Carris na Serra do Gerês, não muito longe da nossa aldeia de hoje (Sirvozelo), mas do outro lado da serra. O link para o blog está nas referências

 

 

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04
Jun18

O Barroso aqui tão perto - Pincães


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Pincães em três andamentos

 

Ora cá estamos com mais uma aldeia do Barroso, que deveria ter ficado por cá ontem, domingo, mas não tivemos tempo. Assim, fica hoje.

 

Tal como se costuma dizer, não há duas sem três, pois foram essas as vezes (três) as que fomos até Pincães para a ter aqui hoje como a nossa aldeia de “O Barroso aqui tão perto”.

 

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De cada vez que abordamos o Barroso, previamente fazemos o estudo do nosso itinerário que, diga-se a verdade, raramente é cumprido. Penso que só uma vez, por sinal a última, é que conseguimos cumprir. Há sempre imprevistos que nos levam a demorar mais numa ou outra aldeia, ou porque ela apresenta motivos que merecem mais atenção, por uma boa conversa com as pessoas da aldeia, ou porque o tempo é escasso, hora de satisfazer as barriguinhas ou mesmo abandono por cansaço.

 

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A Pincães fizemos três abordagens, espaçadas de um ano cada. A primeira vez que formos por lá foi há 2 anos, no mês de julho. Recordo ter sido um dia muito quente e chegámos lá já para o fim da tarde, depois de um longo dia e ainda com Fafião na mente. Eram as últimas aldeias do itinerário, e pela distância, mas também pela localização, queríamos fazê-las no mesmo dia, embora o cansaço já estivesse a pedir o regresso a casa. Neste estado é sempre má decisão continuar, principalmente porque sabemos que começa a faltar a atenção para alguns pormenores, mas também a inspiração.

 

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Mas já que estávamos lá, fizemos o nosso registo. Na partida para Fafião sentimos logo que não estaria completo, no entanto tínhamos deixado para trás uma coisa que nos ia fazer voltar e que então não estávamos em condições de fazer – a visita às cascatas. Assim partimos mais descansados em direção a Fafião, onde veio a acontecer o mesmo.

 

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Na segunda abordagem a Pincães para completar a recolha, novamente calhou em má hora. Aconteceu no ano passado em agosto, de novo muito calor, já com muito dia andado embora ainda só fossem as 13 horas quando lá chegámos. Era mais hora de ir para a mesa, que aconteceria em Fafião, do que tratar de recolhas fotográficas. Mas mais uma vez, já que lá estávamos, aproveitámos para fazer mais uns registos, mas também sabíamos que iríamos lá de novo, com destino às cascatas para as quais já tínhamos decidido que haveria um dia exclusivo para elas, não só as de Pincães mas também as restantes, que dados os acessos à maioria delas, estávamos a reservá-las para um dia de todo o terreno, que não era o caso daquele dia de agosto.

E de novo partimos sem o espírito de missão cumprida.

 

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E tal como se costuma dizer, não há duas sem três, e à terceira foi de vez. Fomos às cascatas e ainda tivemos tempo de completar a nossa recolha fotográfica, pensava eu então, mas as coisas não correram bem como eu pensava. Quanto à aldeia, tudo bem, a coisa ficou resolvida, quanto às cascatas, não fiquei satisfeito, um problema técnico com o equipamento e só detetado em casa, pede-me para lá voltar, pois as cascatas são preciosas em demasia para ficar satisfeito com os tristes registos que lá fiz, mesmo assim ainda dão para deixar aqui uma amostra. Lá para o fim do post.

 

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Já começa a ser um lugar comum dizer que a aldeia do Barroso que trazemos aqui nos agradou e surpreendeu. Pincães não foi exceção, mas à partida já tinha todos os predicados para assim ser. Faz parte do Parque Nacional da Peneda-Gerês, e só por isso já sabíamos que não estávamos numa aldeia qualquer, depois o costume daquilo que gostamos. O casario agradou, as vistas também, os matizes dos verdes já começa a ser uma constante além do Alto-Barroso, e quanto a pormenores também houve alguns que gostámos de registar, mas o destaque vai mesmo para a beleza das cascatas, pena o acesso ser para quem gosta de caminhar, o que não é propriamente o nosso caso, mas o esforço compensa e assim a descoberta até sabe melhor.

 

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Mas ainda antes de irmos novamente até Pincães e às suas cascatas, vamos aos habituais preliminares dos caminhos a percorrer para lá chegar e à localização da aldeia e cascatas.

 

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Pois já sabem que os nossos itinerários são feitos sempre com partida da cidade de Chaves. Desde o último fim de semana passámos a ter aqui três itinerários possíveis que ficarão à vossa escolha, daí, não liguem à nossa ordem de apresentação dos mesmos, pois é aleatória.

 

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Assim o itinerário 1 de 79,2Km, é feito via estrada de S.Caetano/Soutelinho da Raia (EM 507), Meixide, Montalegre, aqui opta-se pela estrada M308 que passa pelo Campo de Futebol/Sr. da Piedade até Sezelhe onde se deverá estar com atenção às placas indicativas onde se deve seguir pela entrada no Parque Nacional da Peneda-Gerês em direção a Paradela. Aqui de novo atenção às placas, o nosso destino é Pincães com passagem obrigatória por Cabril e termos de passar por Sirvozelo, Cela, Lapela, Azevedo, Xetelo, etc, antes de chegar a Cabril. Mas estando em Paradela o melhor é ter a referência que temos de atravessar pelo paredão da Barragem, e a partir de aí é sempre em frente até Cabril. Em Cabril de novo atenção às placas, mas a referência é termos de atravessar a ponte sobre o rio que ali até já é início da barragem de Salamonde. Atravessada a ponte, é só seguir pela estrada que Pincães aparece um pouco mais à frente.

 

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O itinerário 2 de 78Km é via estrada de Braga (EN103) até Sapiãos. Aí deixa-se a EN103 em direção a Boticas. Aqui segue-se pela N311 em direção a Salto, sem estrar nesta, pois mesmo antes de Salto há que virar em direção à Venda Nova e tomar de novo a EN103 em direção a Braga. Um pouco mais à frente no final da Barragem, atravessa-se pelo paredão desta em direção a Ferral e depois Cabril. Aqui chegados seguimos pelo itinerário 1 até Pincães.

 

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O itinerário 3 de 89.3Km, o mais longo, é um misto de itinerários 1 e 2, ou seja, até Sapiãos segue-se pelo itinerário 2, mas aí continua-se pela EN103 até S.Vicente da Chã, ou seja, quando começarmos a avistar a Barragem dos Pisões, já depois de passarmos pelo Barracão, vira-se em direção a Montalegre. A partir daqui entramos no itinerário 1. Agora é só escolher quais dos três itinerários querem seguir, entretanto deixamos o nosso habitual mapa, a partir de hoje também com um pormenor dos três itinerários.

 

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Penso que com os três itinerários já ficou esclarecida a questão da localização, mesmo assim, para o pessoal que gosta mais de coordenadas, aqui ficam elas, e também a altitude, para ficarmos localizados em altura, ou quão tão no alto fica Pincães:

41º 42’ 27.52” N

08º 03’ 07.76” O

Altitude: Entre os 470 e os 531 metros

 

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E o que nos diz a “Toponímia de Barroso” sobre Pincães? Vamos ver:

 

Pincães

 

A origem deste topónimo há-de ser o pingo ou pinga que também está na origem de Pinguel, Pinguelo e Pingais. Pois se a água faz tanta falta aqueles terrenos abertiços do Vale das Traves e da Veiga Grande! Se os de Pincães até preservam a sua Fecha e a Pedra de Água, verdadeiros monumentos para esta gente!

De pinga, derivado regular de pingar, chegamos a Pingais e, com o reforço para a oclusiva gutural surda g/c e a vulgar nasalação ais > ães, temos Pingães-Pincães, o topónimo e hidrónimo ou hidrotoponómico. É uma hipótese de estudo muito atida às circinstâncias hidrológicas e orográficas do sítio.

Porém, existindo a forma seguinte:

- 1258 «Picanes» INQ 1527, talvez devamos atribuir-lhe a raíz pic que, como pit é de sentido topográfico  (significando pico, elevação) e se pode associar a expressivos sufixos: ouro, ão, eira, ura, alho, anço, onha, aça, oto, ouço, etc. Ficaria assim Picouro, Piconha, Picanço, etc. Na mesma localidade há o Picoto, onde sobressai a capelinha do Paulino Costa. A nasalação parece-me óbvia.

 

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Então vamos também à “Toponímia Alegre” com os:

 

“Apelidos” de Cabril

 

Moeda falsa de Lapela,

Vinho-azedo de Azevedo,

Cava-touças de Sertelo,

Escorricha-picheis de S. Lourenço,

Rabões de Chelo,

Bufos de Vila Boa,

Lagartos de Fontaínho,

Cinzentos de Chãos,

Carrapatos de Cavalos,

Paparoteiros da Vila

Dente-Grande da Ponte,

Pousa-fois na Chã de Moinho,

Raposos de Busto-Chão."

Esfola-vacas de São Ane,

Ferra-bestas de Pincães,

Putaria em Fafião.

 

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No livro “Montalegre “ também encontrámos algumas referências a Pincães:

 

Há várias povoações com núcleos de construções tradicionais, bem conservados, muitíssimo belos e dignos de ajuda para a melhor preservação do património construído. Estão neste caso Fafião, Pincães, Salto (diversos lugares de freguesia) Currais, Vila da Ponte, Viade, Carvalhais, Cervos, Donões, Gralhas, Tourém, Pitões, Parada e Sirvoselo. Em todas elas há núcleos construídos dignos de integrar os roteiros de visita ao património que o Ecomuseu defende.

 

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A respeito da listagem de aldeias que aparecem no parágrafo anterior, Já tive oportunidade de o dizer aqui no blog e repito-o outra vez, penso que a lista de aldeias aí mencionadas ficou muito curta, pois há muitas mais aldeias com núcleos de construções tradicionais e até toda a aldeia que são muito interessantes e mantêm toda a sua integridade sem atentados modernistas pelo meio. Contudo a feitura do livro “Montalegre” é anterior a 2006, pois só nesta data foi editado. Quero com isto dizer que entretanto,  em algumas das aldeias que atrás são mencionadas, principalmente nas mais conhecidas pelos turistas ou indicadas aos mesmos, surgiram construções novas e reconstruções que nem por isso respeitaram os tais núcleos de construções tradicionais, enquanto que outras, autênticas pérolas, vivem no anonimato turístico, e em parte, ainda bem. Pessoalmente, dentro desses núcleos e aldeias de construções tradicionais,  prefiro ver uma dessas construções tradicionais abandonada e em mau estado de conservação do que um mamarracho moderno ou uma má reconstrução, pois as primeiras ainda poderão vir a ser reconstruídas por alguém com bom senso e gosto pela tradição, mantendo assim a integridade arquitetónica tradicional da aldeia, as segundas, são um verdadeiro atentado a toda a aldeia e ao seu património, não só arquitetónico, mas também cultural. Desculpem o desabafo, mas tinha de dizer isto.

 

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Continuemos nas referências a Pincães do livro “Montalegre”

 

O Pastoreio

A actividade pastoril e ganadeira, obrigatoriamente subsidiária da agricultura, é a base da economia local e deve-se a conceitos próprios de antiquíssimos regimes comunitários. A existência de ‘‘vezeiras’’ – gados apascentados sob regras democráticas próprias – indica como foi excelente a nossa coesão social, fruto duma organização jurídica específica e da qual, entre nós, restam documentos manuscritos, ainda que rudimentares, do Padre Diogo Martins Pereira, nascido em Pincães, em 1681. Esclarece-nos o reverendo sobre as fórmulas comunitárias adoptadas pelas populações cabrilenses no sentido de enriquecerem as suas casas e de melhorarem os seus termos territoriais, nomeadamente, os baldios. Entre outras coisas, descreve detidamente os diferentes lugares da freguesia de Cabril e o funcionamento das assembleias: o modo como resistiam a inimigos de fora parte, como apascentavam as suas vezeiras, como perseguiam os animais selvagens que consideravam prejudiciais, como faziam queimadas controladas para melhorar os pastos e como decidiram inçar alguns montes e corgas de outras árvores nobres e também de medronheiros com que evitavam os malefícios da erosão e de cujos frutos alimentavam os bichos e faziam aguardente.

 

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Figuras

Há criaturas que pelas suas qualidades únicas servem de modelo aos comuns mortais e servem de título às diferentes páginas da História dos povos. Barroso também as tem. Dentre umas boas dezenas sobressaem os que aqui elencamos:

(…)

  1. Padre Diogo Martins Pereira (séc. XVII) nasceu em 25 de Julho de 1681 no lugar de Pincães, freguesia de São Lourenço de Cabril. Deixou um manuscrito, datado de 1744, sobre a sua freguesia a que deu o nome de “Epítome Familiar e Árvore de Gerações de algumas casas da freguesia de São Lourenço de Cabril” que é um excelente relatório de muitas famílias do Baixo Barroso, seus costumes, suas vidas e seus feitos – a história e a lenda locais, no século dezassete, escritas com muito saber e gosto.

 

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Riqueza fitológica Com efeito as variações de altitude determinam a existência de biodiversidade ecológica no que respeita ao coberto vegetal de que são exemplos admiráveis , o Carvalhal de Avelar e a Lomba de Pincães – Fafião, de sobreiro, arbustos variados e medronheiros.

 

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Pincães foi a primeira aldeia do concelho que teve honra de monografia publicada, da autoria de Jacinto de Magalhães. É a segunda mais extensa freguesia do concelho (76,6 km) e, provavelmente, a mais bucólica, a mais rica no plano das espécies arbóreas e avícolas e também a mais admirável no aspecto multifacetado das suas paisagens edénicas, sem dúvida, devido às condições orográficas e climatéricas que a cordilheira do Gerês apresenta.

 

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Na Etnografia Transmontana II – O Comunitarismo de Barroso, de António Lourenço Fontes,  encontrámos o seguinte:

 

7 – CÓDICE DOS CASAIS D PINCÃES DE 8-7-1793

 

Tratado segundo o lugar de S.Lourenço e o mais… da freguesia de Cabril.

2 — Formam-se duas vezeiras de bois e outras de vacas daqueles lugares próximos, na guarda e criação de seus gados grossos com muito justa execução pelas leis municipais a que ali chamam acordos; a principal pessoa que nisto governa é um homem que os mais elegem a votos e sempre escolhem o que melhor lhe parece, com um acusador e escrivão e lhes fazem de quinze em quinze dias e condenam e executam os culpados sem apelação nem agravo, mas mais que são doze homens a que chamam do acordo, elegidos por aquele que é juiz a quem eles chamam (Vigr.º) e como parecer dos votos dos doze se conta ou alevia da condenação se os culpados que acham contra os acórdãos que têm escritos em seu livro rubricado e numerado e se ali ordenam inviolável.

 

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E continua a Etnografia Transmontana II

3 — Tem o dito (Vigr.º) obrigação avisar ao povo do seu distrito a que se juntem com enxadas e fouces para irem fazer o caminho da serra do Gerês para serventia dos pastores e gados que ali pastam e é mais obrigado a mandar concertar as cabanas para pastores dormirem abrigados da inclemência dos tempos e esta obrigação de concertá-las compete aos homens das malhadas como lá chamam… Condena mais os pastores que não cheguem ao melhor pasto, ou chegam tarde ou recolhem cedo…

 

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Ainda na Etnografia Transmontana II

4 — Também têm condenações sobre os gastos de louça, ferramentas que os pastores devem entregar ao que se segue de guarda… bem como o número de gado da vezeira… A função de acusador é acusar os erros das leis…

 

5 — Têm mais obrigação de procurar um touro colhudo da cor que o povo quere para castriar na vezeira das vacas, querem que seja tal que possa defender as vacas de noite do lobo…

 

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As Cascatas

 

Como já vimos há motivos de sobra para Pincães merecer um visita de apreciação atenta, mas nem que fosse e só apenas pelas cascatas, já valia a pena ir por lá. Nós adivinhávamos isso mesmo, tanto assim foi, que reservámos um único dia para visitar as cascatas da freguesia de Cabril, e não fomos a todas, ficámo-nos apenas por três, todas elas lindíssimas a merecer cada uma delas que se passasse por lá todo o dia.

 

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Cada uma delas com o seu encanto, todas de acesso não muito fácil, como até convém, pelo menos faz com que a descoberta seja merecida. Mas a cascata de Pincães, pelas suas caraterísticas e localização, têm um toque especial, e não há fotografia ou imagem que lhes faça justiça, muito menos as nossas, que tal como já tivemos oportunidade de dizer, tivemos um problema técnico com a câmara fotográfica que só detetámos em casa na “revelação” as fotos. Mesmo assim, com a ajuda de muito Photoshop, conseguimos salvar algumas, pelo menos para podermos dar uma ideia do que são as cascatas de Pincães.

 

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Mas tal como disse, uma coisas são as imagens das fotografias e outra é viver as cascatas in loco, principalmente a sua grandeza que em imagens se apresenta diminuída, tal como a beleza e encanto. A fotografia tem o dom de congelar um momento para a eternidade, mas uma cascata é feita de muitos momentos, emoções, sons, aromas, sensações, magia e até um certo mistério que a fotografia nunca conseguira reproduzir e transmitir, é por isso, que o melhor que a fotografia tem, é o momento em que estamos por trás da máquina a espreitar pela objetiva a preparar a composição para fazer o registo que vamos guardar para memória futura. Mas estar mesmo lá, isso é que é.  Se não entenderam nada disto que estou para aqui a dizer, vão lá, e compreenderão!  

 

E com esta me bou! Ou melhor, me fico por aqui.

 

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Só restam as habituais referências às nossas consultas e dizer-vos que as abordagens que já fizemos às aldeias e temas de Barroso estão agora no menu do topo do blog e nos links da barra lateral. Se a sua aldeia não está lá, em breve passará por aqui num domingo próximo, e se não tem muito tempo para verificar se o blog tem alguma coisa de interesse, basta deixar o seu mail na caixa lateral do blog onde diz “Subscrever por e-mail”, que a SAPO encarregar-se-á de lhe mandar um mail por dia com o resumo das publicações, com toda a confidencialidade possível, pois nem nós teremos acesso ao vosso mail.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Montalegre. Montalegre: Município de Montalegre, 2006.

 

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014.

 

FONTES, Lourenço, Etnografia Transmontana II - Comunitarismo do Barroso, edição do autor, Montalegre, 1977.

 

 

 

 

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29
Abr18

O Barroso aqui tão perto - Fontaínho


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montalegre (549)

 

Nesta rubrica de o Barroso aqui tão perto, hoje toca a vez a Fontaínho, que por acaso até é uma das aldeias que para nós flavienses fica no Barroso mais distante, já bem dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês e bem próxima do concelho de Vieira do Minho e de Terras de Bouro, embora entre Fontaínho e estas últimas exista a Serra do Gerês, ou seja, terras vizinhas, mas do outro lado da serra/muralha.

 

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Mas sejamos mais precisos na localização de Fontaínho que, como já perceberam, fica no Barroso verde, que só não é minhoto porque está no limite de Trás-os-Montes e administrativamente pertence ao concelho de Montalegre, de resto, já tem todas as características de terras do Alto Minho. São os tais contrastes e barrosos que existem dentro do todo barrosão.

 

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Pois Fontaínho pertence à freguesia de Cabril, a pouco mais de 1km da sede de freguesia, localiza-se na encosta da montanha com vertente para o Rio Cabril, este a apenas 500m, mas não muito distante do Rio Cávado, a cerca de 2km, aliás tinha de ser, pois ambos os rios se encontram nas proximidades de Cabril, embora não se dê por isso, pois a barragem de Salamonde disfarça este encontro.

 

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Passemos à altitude e coordenadas de Fontaínho.  Geralmente o Barroso é dividido em Alto Barroso e Baixo Barroso (terras altas e terras baixas), mas para mim é uma falsa divisão, principalmente se tivermos a altitude em conta, como por exemplo se passa com Fontaínho, na cota dos 300 metros, próxima dos 400, mas que a menos de 5km a cota já atinge os 1200m. Mas isto são pormenores ou noias minhas, pois no todo é o Barroso aquilo que interessa, e esse é único, mesmo com os seus contrastes, ou talvez por isso mesmo.

 

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Ficam então as coordenadas:

41º 43’ 24.32”N

08º 01’ 31.67”O

Altitude: 400m

E também fica o nosso habitual mapa que servirá de pretexto para passarmos aos itinerários a seguir para chegar a Fontaínho, com partida desde a cidade de Chaves, como sempre.

 

mapa-fontainho.jpg

 

Pois ficam dois itinerários, o primeiro aquele que recomendamos, hoje por ser o mais interessante e o de menor distância, e um segundo em alternativa, um pouco mais longo mas com melhor estrada.

 

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Então o primeiro itinerário é via EM507, ou seja, estrada de S.Caetano/Soutelinho da Raia, este embora maioritariamente por estradas secundárias, é o mais interessante, pois passa pela Vila de Montalegre e quase metade do percurso é feito dentro do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Ao todo são 81 km. Atenção que no mapa o traçado passa por Vilar de Perdizes, Solveira, etc. Mas esse troço continua cortado ao trânsito por motivos de obras. Assim, para já, ao chegar a Meixide terá mesmo de optar pela alternativa via Pedrário, Serraquinhos, Cepeda, aliás um troço também bem interessante.  A partir de Montalegre segue-se sempre ao longo do Rio Cávado pela M308 até Sezelhe, aqui entra no Parque Nacional da Peneda-Gerês e segue até à Barragem de Paradela, onde deverá atravessar o paredão da Barragem e seguir sempre pela estrada até encontrar o desvio para Fontaínho, mas primeiro terá de passar ao lado ou por Sirvozelo, Cela, Lapela, Azevedo, Xertelo e Chelo.

 

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A alternativa ao itinerário anterior é via Nacional 103 (estrada de Braga), sempre pela N103 até ao final da Barragem de Venda Nova, aí atravessa o paredão da barragem e segue em direção a Ferral e Cabril, logo a seguir é Fontaínho. Por aqui são mais 6km, 87 no total.

 

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E dos intinerários para o topónimo. Pois segundo a “Toponímia de Barroso” temos:

 

Fontaínho

Tal como tantos outros nomes e muitíssimos topónimos decorre do latino FONS/FONTIS, FONTE por FONTANU > FONTANINO > FONTAIO (com esse i nasalado) > FONTAÍNHO e assim chegou ao hidrotopónimo.

 

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E continua a “Toponímia de Barroso”:

Não se trata de sítio com uma fonte pequeina; é, pelo contrário, lugar de várias fontes. Ou seja, o “inho” não é diminutivo mas adjectivamente frequentativo.

Não cause admiração a forma masculina já que, no latim, as fontes também são masculinas como o deus delas – FONTANUS.

 

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Quanto à “Toponímia Alegre” temos:

 

Apelidos” de Cabril

 

"Moeda falsa de Lapela,

Vinho-azedo de Azevedo,

Cava-touças de Sertelo,

Escorricha-picheis de S. Lourenço,

Rabões de Chelo,

Bufos de Vila Boa,

Lagartos de Fontaínho,

Cinzentos de Chãos,

Carrapatos de Cavalos,

Paparoteiros da Vila

Dente-Grande da Ponte,

Pousa-fois na Chã de Moinho,

Raposos de Busto-Chão."

 

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Hoje temos menos imagens, mesmo porque Fontaínho é uma aldeia pequena, mas também como nada encontrámos nas nossas pesquisas ao seu respeito, exceção para a “Toponímia de Barroso”, que nessa sim, tem um pouco de todas as aldeias. Mas há ainda umas palavrinhas a dizer, as nossas, daquilo que mais gostámos de ver e nos vai surpreendendo.

 

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Pois a presença da Serra do Gerês surpreende sempre, pela sua imponência e ser uma serra de acessos difíceis ou mesmo impossíveis, e ela está bem presente em Fontaínho, pelo menos nas vistas, e como é bom descansar nelas os nossos olhos. A par da serra temos o verde, as paisagens de verde com os seus vários matizes. Terras férteis, parece, pelo menos a julgar pelos canastros, pois não existiriam se a terra não desse coisas para lá meter a secar. A nível de construções são o que mais se destaca, pois estas aldeias nesta zona do Barroso são muito diferentes das aldeias mais a norte, onde os povoados são maiores e mais concentrados em núcleos bem definidos. Digamos o que mais surpreende por aqui é a aspereza da serra de rochedos sem fim a erguerem-se para o céu a contrastarem com os matizes de verdes mais vivos ou menos vivos mas sempre brilhantes das terras mais baixas, onde vão aparecendo pequenos núcleos de casario, de vez em quando interrompidos por um rio ou uma albufeira, a combinação perfeita por onde dá gosto andar à descoberta.

 

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E na ausência de mais documentação ou dados para referir, ficamos por aqui, mas antes ainda deixamos, como sempre, as referências às nossas consultas, hoje apenas uma. Quanto aos links para as anteriores abordagens às aldeias e temas de Barroso, estão na barra lateral deste blog. Se a sua aldeia ou a aldeia que procura não está na listagem, é porque ainda não passou por aqui, mas em breve passará.

 

BIBLIOGRAFIA

 

BAPTISTA, José Dias, Toponímia de Barroso. Montalegre: Ecomuseu – Associação de Barroso, 2014

 

 

 

 

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