Um regresso à cidade com fruta da época e passarinhos
Diospiros, pardais, gralhas e outros passarinhos
Um bocado confuso e desiludido com esta coisa da pandemia me privar de ir à caça de fotografias aos fins-de semana , feriados e dias de prisão domiciliária sem culpa no cartório, leva-nos a outras aventuras. Já farto de inventar e iluminar pinheirinhos de Natal, aliás já recebi ordens de que já chegam…tive que me virar para outras coisas, e fiz mais uma incursão pelo arquivo de fotografias antigas, para lhes dar alguma ordem e desfazer-me do lixo que por lá reinava. Já estava nisto há umas horas quando a insistência do granar de uma gralha (ou pega, nem sei bem) me fez levantar, pela certa estava a chamar pela companheira habitual para me ir aos diospiros, que têm servido de banquete à passarada, mesmo mirradinhos, que este ano não foi bom para a espécie e verdes por falta de geadas a sério, lá vai havendo um ou outro que vai amadurando, mas é só um ai que lhe dá, pois passado algumas horas só fica o toco que o prendia…
Ora graças à insistência do granar da gralha fiz um intervalo e fui ver, lá estava ela no diospireiro. Aproveitei, peguei na máquina fotográfica, mais para desenferrujar as lentes do que propriamente pelas fotos, que aliás já pouca luz tinha para tal, mas mesmo assim, dei ao gosto ao dedo e lá fiquei uns minutos a contemplar tao lauto banquete, e sem convite, só algumas regras, pois enquanto há gralhas não há pardais e enquanto há pardais, estes em bando, não há passarecos mais pequenos, alguns que nunca tinha visto nem sei o nome.
Os pardais demoram-se mais, mas como são poucos os diospiros maduros, vão-se engaliando por uma posição, quase parece a dança da vassoura, ora está um ora está outro com o diospiro, e tal como chegam em bando, assim partem.
Já os melros que às vezes também vêm aos pares, ou então sozinhos, são mais cuidadosos, primeiro pousam, analisam o ambiente, e só quando tudo parece estar calmo e seguro é que atacam o diospiro, eles sabem que há gato por perto, escondido num qualquer lugar e que estão debaixo de mira, talvez por isso, o único melro que poisou enquanto estive de serviço ao diospireiro, poisou mas por pouco tempo, e ainda por cima não se pós a jeito de uma fotografia… fica para a próxima prisão domiciliária…
E é tudo, pois hoje embora já a meio da semana lá temos que fazer outro regresso à cidade, ainda não sei por qual caminho, ou ponte, mas a caminho decidirei, dependerá do trânsito da manhã, que isto é uma cidade pequena mas nas horas de ponta só há popós na estrada, tomarei a alternativa mais calma, pois não gosto muito de confusões… desfrutem dos passarinhos, dos diospiros não, pois embora com boa cor ainda não estão maduros, estão naquele ponto em que deixam a língua grossa.
Esté último foi o diospiro que me permitiu alguns cliques, um dos dois que estavam prontinhos a comer...