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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

13
Fev11

Pecados e Picardias - Por Isabel Seixas


 

 

 

Da gula

 

 


 

-Sabe D. Flávia querem tirar o colesterol aos

pastéis de Chaves…

 

-O quê?!!!

-É verdade

 

-Era só o que nos faltava

-Olhe ouvi dizer que é por causa da arteriosclerose e da tensão…

-Isso é como quererem tirar-nos os modos, o sotaque, a necessidade de beber água das caldas, o nosso sabor…

-Pois…

_ Pois a mim “bem mou finto”, como-os como são com colesterol, na minha vida…

-Mas olhe que tem muitas vantagens D. Flávia , nem engordam tanto, nem fazem mal

_ Oh! Valha-a Deus, tem cada uma e eu ralada e consumida com isso, temos que morrer e temos.

_ Está bem mas fazem menos mal ao fígado e até aos rins

_Essa é boa ,e sabem menos bem principalmente a pastéis de chaves…

- Olhe que não, é quase a mesma coisa

-É é, atão não é , façam como quiserem…

-Oh! D. Flávia a sra. Tem que ser mais moderna, agora estão mais na moda coisas sem colesterol…

 

 

 

 

 

-ó Mulher do Diabo você não me enerve, olhe “queu”até já estou desconfiada se você não andará aí com algum fecha a roda, sabe que mais vá mas é pra casa lavar a loiça e esses pastéis coma-os você…Ah1 …..Quem não se sente não é filha de Boa gente…

Eu quero lá Ser escanzelada como Ela que figura!!!

 

Ele há cada Uma…

 

Isabel Seixas Martins

 


 

08
Jan10

Discursos Sobre a Cidade, por José Carlos Barros


 

.

 

A propósito dos desastres

 

um poema de José Carlos Barros

 

http://casa-de-cacela.blogspot.com

 

 

i.

em dezembro de dois mil e nove o que procuramos

na rua de santa maria ao fim da tarde além do perpianho à vista

e das varandas verdes das casas recuperadas que não seja

o poço fundo de passar o tempo por nós

como sob as pontes

a água?

 

ii.

em mil novecentos e trinta e nove já a administração central

sob vigência de sua excelência o marechal carmona 

e em plena ditadura nacional

se gabava de desconcentrar os serviços. hoje o debate

sobre a regionalização não deveria ser contaminado

pela discussão da proficiência de ccdr’s ou arh’s

e não sei que transferências de competências centralizadas

sob pena de tomarmos a nuvem por juno

e apanhar-nos a chuva enquanto nos distraímos

a encanar a pata ao anfíbio.

 

iii.

agarramo-nos à memória e vivemos dela

ou procuramos viver a jogar às escondidas nas veredas

ou nos bosques de caducifólias

a partir do momento em que os imprevistos

telefonemas dos amigos

o mais certo é darem notícias de perdas sucessivas

ou acarrearem inventários de irreparáveis danos em

vez do relato das sombras das árvores

erguidas nas margens dos rios

onde todos os anos jurámos

regressar.

 

iv.

dona teresa de jesus teixeira rumou de chaves a mirandela

nesse preciso ano de mil novecentos e trinta e nove

e aí apondo-se retrato carimbado e

dilucidados dados pessoais

no fim da jornada trouxe consigo o cartão profissional

indispensável a que o tribunal dos

géneros alimentícios (assim uma espécie de primeva asae)

não começasse antes ainda de averiguar

corruptela nos comercializados produtos alimentares

a caçá-la logo por falta de licença.

 

v.

de uns senhores sabemos que devem topar uma grande

novidade no facto tão prosaico de já em

mil novecentos e trinta e um

a reorganização do ministério da agricultura

nos seus pressupostos realçar a necessidade imperiosa

de descentralizar os serviços: e por isso a

dona teresa de jesus teixeira do antigo pasteleiro

com sede em chaves na rua de santa maria

lhe bastou rumar a mirandela ao invés

de perder-se nos corredores em lisboa da inspecção

técnica das indústrias e comércio agrícolas.

 

vi.

num fim de tarde de dezembro de dois mil e nove

o que procuramos na rua de santa maria

é já o que perdemos: o antigo

pasteleiro com recortes velhos de jornais pendurados nas paredes

e uma sombra que o mais certo é começar no mais

fundo do coração de cada um de nós

a acompanhar-nos em redor de um prato de pastéis aquecidos

e de uns bucólicos e insípidos finos

com que persistimos em enganar-nos

a nós mesmos.

 

vii.

isto tudo descobri há bocado

(preparando-me para escrever em verso rimado

o relato inédito dessa manhã de domingo

de mil novecentos e quarenta e dois

em que dona teresa de jesus teixeira contou pormenorizadamente

a maria do carmo ferreira da silva fragoso carmona

o segredo verdadeiro dos pasteis de chaves)

ao receber o telefonema de um amigo

que se resumiu a versar os desastres

a que nos começamos vagarosamente a habituar

e a acomodar.

 

 

 

 

 

Nota: Agora os discursos também são publicados em http://chavesdiscursos.blogs.sapo.pt/

 

 

 

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