Chaves Património da Humanidade - Estamos nessa!
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Como já compreenderam estive ausente da terrinha durante uns dias, pois eu também tenho férias (ainda), e durante esse período embora a intenção seja deixar tudo para trás, esquecer a rotina dos dias e fazer gozo pleno das férias, nunca o conseguimos, pois temos o nosso mundinho sempre no coração e por mais que não queiramos, damos sempre uma vista de olhos à notícias da imprensa, que cada vez relata mais o que é sensação do momento, mas no meio delas, em pequenos espaços, sempre há uma ou outra de interesse, pelo menos sé é para anunciar que a Ponte Romana de Chaves fecha definitivamente ao trânsito automóvel. Viva, eia lá…sempre valeu a pena dar uma vista de olhos às notícias.
De volta, há que pôr em dia as novidades. Algumas mortes, que sempre se lamentam, incêndios este ano não há, e de resto tudo igual, ou quase, pois a novidade das novidades é que Chaves é candidata, a candidata, a Património da Humanidade e isto é coisa importante demais para se ignorar.
Estamos de volta então à cidade que começa a deixar de ser da névoa para entrar na cidade dos sonhos….
Chaves, Património da Humanidade – sim senhor, estou nessa, aliás temos tudo para que a nossa histórica e milenar urbe seja Património da Humanidade e talvez o nosso único senão (para tal candidatura) seja mesmo o tempo e a demasia, passo a explicar:
- O tempo, porque esta candidatura tinha todo o sentido se fosse pensada há pelo menos trinta e tal ou quarenta anos atrás ou, o ideal seria mesmo, há pelo menos cento e tal anos, quando ainda existiam a maioria das muralhas seiscentistas. Mas fiquemo-nos pelos quarenta anos, quando ainda era possível planear uma cidade nova sem interferir com a antiga cidade, precisamente antes do grande boom do betão interferir com a cidade e, claro, $em qualquer interesse(s).
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- A demasia dos disparates e betão que foram introduzidos no Centro Histórico nos últimos quarenta anos, principalmente o betão onde há um montão de maus exemplos que concerteza irão pôr qualquer boa intenção (se a há) de Chaves ser uma candidatura séria a Património da Humanidade. Em maus exemplos fico-me só pelo que está dentro do centro histórico e começando pelos exemplos mais antigos, como o são o edifício do Banco (antigo Pinto de Magalhães) na Rua de Stº António, o edifício conhecido por obelisco na Rua Santa Maria, todos os edifício construídos pela ACIOP no antigo mercado e antiga Quinta dos Machados (mais conhecidos por mamarrachos), o edifício (também da ACIOP/ACISAT) construído na Rua Coronel Bento Roma, as intervenções dos anos 80 e os novos edifícios do Jardim do Bacalhau (Edifício Boega, edifício onde o Bilbau Vizcaya tem instalações, o mamarracho do “turismo” e ainda o pavilhão do GATAT e o próprio edifício). Recorde-se que neste último caso se destruíram parte das muralhas seiscentistas aí existentes além de um edifício militar. Isto para falar de alguns casos de edifícios (os mais flagrantes) dentro do centro histórico.
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E deixando para trás o tempo e a demasia dos disparates, há a considerar a vida e saúde do Centro Histórico. Por um lado a maioria dos edifícios já há muito que entraram na sua terceira idade e, meia dúzia deles, ainda estou para saber como conseguem manter-se de pé, tal é o seu estado de degradação (edifícios da antiga casa Sarmento na Rua do Tabolado/25 de Abril – por exemplo), mas o que mais aflige, é a falta de vida e de famílias nos andares superiores e habitacionais de quase todas as construções do Centro Histórico, despovoamento este que faz com que a cidade à noite mais pareça um centro comercial que fechou as suas portas às 7 da tarde.
Depois há a considerar toda a poluição visual que começa nos reclames de todos os (bons e maus) gostos, tamanhos, cores e feitios das casas comerciais, aos cabos de electricidade, telecomunicações e agora até da TV cabo e cabos de dados que insistem em andar dependurados nas fachadas dos edifícios, além dos telhados povoados de antenas de TV, a maioria já fora de uso, pois já não há gente nas casas para ver televisão.
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Deixando para trás todos os mas e considerandos, acho que a nossa candidatura da cidade a candidata de Património da Humanidade (a ser levada a sério) é positiva e de apoiar, pelo menos valerá para corrigir alguns dos males que tanto afligem o nosso Centro Histórico. Talvez se pudesse mesmo (para demonstrar que a candidatura é séria) começar por implodir os mamarrachos da ACIOP construídos no antigo mercado e na Quinta dos Machados) que embora possível, não passa de um sonho. Mas talvez (e isto é bem a sério e bem possível) começar por pôr a descoberto a totalidade dos antigos balneários termais romanos onde estão a decorrer escavações arqueológicas, sacrificando temporariamente parte do Largo do Arrabalde e da praça de táxis, mesmo que depois se retomasse a actual e antiga configuração do largo, pois a diferença de cotas permitiriam isso e a engenharia tem solução para tudo – dizem, pelo menos se os engenheiros forem dos “bôs”. É a minha opinião, claro está.
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Quanto a Chaves, Património da Humanidade – força. Este blog estará nessa luta e contribuirá com tudo que for possível para que esse sonho engrandeça!
Estamos de volta à realidade de Chaves.
Até amanhã, com mais coleccionismo de temática flaviense.