PEDRAS – DOIS EM UM – DEVANEIOS E REALIDADE
Seara Velha
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Ontem nos meus devaneios, e cada um lá tem os seus, falava da pedra, daquela que era a minha pedra. Ia dizendo que gosto dela simples, bruta, rachada ou aparelhada, lado-a-lado, uma em cima da outra, nas ruas, nas calçadas, na aldeia ou na urbanidade da cidade. Pedra, simplesmente pedra, apenas, mais nada.
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Soutelinho da Raia
Claro que isto foi nos meus devaneios diários que até prometem durar toda uma semana. Mas uma coisa é andar para aí com devaneios e outra é a realidade. No entanto, às vezes, devaneios e realidades estão tão próximos que se confundem, misturam, parecem ser uma e a mesma coisa. Às vezes até o são.
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Roriz.
Pois no caso da pedra, da minha pedra, devaneios e realidade passeiam de mão dada. Mas não é apenas pela pedra simples e bruta, mas sim, isso sim, pela pedra, pelas pedras que têm história ou - melhor que isso - muitas estórias, segredos, confissões, testemunhas, paixões, solidão…tudo isto pode caber numa pedra, nas pedras, nas minhas pedras que têm vida dentro, em cima delas, ao seu lado. É nestas pedras que andam todos os meus devaneios e realidades, de pedra em pedra até à pedra final, aquela que um dia será a contradição de todo o discurso…ou talvez não, talvez seja mesmo ai que começa todo o discurso de uma vida…
Cada um tem a sua pedra, as minhas, são estas!