O Barroso aqui tão perto - Um elogio à exuberância da Primavera
Vamos mais uma vez até ao Barroso aqui tão perto, com imagens fresquinhas, de ontem, de um Barroso onde a Primavera já se manifesta com a exuberância das suas cores, para já, da carqueja, da giesta e da urze.
Hoje apenas com as cores da Primavera, com algumas paisagens e pormenores, acontece que quando saímos para o terreno não podemos estar aqui deste lado a preparar mais uma aldeia. O tempo dos relógios é implacável, não para, mesmo quando o relógio para, o tempo continua. Assim, se ainda está à espera que a sua aldeia apareça por aqui, vai ter de esperar mais um bocadinho, mas chegará o seu dia.
E dizíamos atrás, imagens de um Barroso onde a Primavera já se manifesta, isto porque ainda não acontece em todo o seu território. É, o Barroso é assim, enquanto as suas terras mais baixas já estão cobertas da exuberância dos verdes, amarelos, magentas e brancos, nas terras mais altas, o colorido ainda é mortiço, quando muito, um pouco de azul do céu e lá bem no alto das montanhas mais altas, um pouco de branco da neve que ainda não derreteu, ou mesmo fresca, como acontecia ontem na Serra do Gerês.
Temos assim mais um elogio ao Barroso, hoje sem casario, apenas com a natureza e também um elogio à primavera mas também à flora autóctone que vamos vendo florir nas encostas das montanhas ou junto aos caminhos onde segundo retenho de uma leitura que fiz em tempos sobre estas coisas se dizia que “cerca de los caminos no hay mala hierba” e de facto lá está a carqueja, a urze e a giesta, pelo menos três espécies de cuja flor se faz chá para várias maleitas, daí serem muito apreciados pela tradição popular, pois nas aldeias, rara será a casa que não tem ervas para um chá das maleitas mais comuns.
Mas nisto das plantas e ervas há que as conhecer, pois tal como acontece com os cogumelos, com as ervas é a mesma coisa, e se as há que podem curar, também as há que matam, mas penso que estas três de que vos falei (carqueja, urze e giesta) toda a gente (de cá) conhece e se não conhecerem, perguntem aos mais idosos, principalmente aos das aldeias que nestas coisas e muito mais, são um autêntico poço de sabedoria.
E esta última imagem é só para fazer inveja mas também fazer-nos corar de vergonha pela falta de respeito com que tratamos a natureza, é uma imagem do Rio Beça com água tão transparente e cristalina. É assim em todo o seu percurso, mas não pensem que tem um final feliz, depois de manter toda a sua integridade ao longo do seu percurso, acaba por desaguar num rio opaco, maltratado, poluído e que agora lhe ditaram a sentença final com a construção de barragens.