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CHAVES

Olhares sobre o "Reino Maravilhoso"

17
Dez15

O Factor Humano - Mais uma vez os nossos rios


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Mais uma vez os nossos rios

 

Aproxima-se mais um inverno. O calendário diz que chega na próxima semana, mas não parece nada. Não há praticamente geadas, ainda não nevou no Norte, nem sequer houve grandes chuvadas, muito menos cheias.

 

Dizem que o clima está a mudar. Menos diferenças entre as estações do ano, menos precipitação, pelo menos na nossa região.

 

Aquecimento global. Parece nítida a relação com a actividade do “homem poluidor”. Conferências internacionais, consensos mínimos.

 

Compra-se e vende-se o “direito de poluir”, tudo é um negócio.

 

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As novas energias limpas, renováveis, também são muitas vezes um negócio. Veja-se o caso da “cascata de barragens do Tâmega”. Em nome das energias limpas e renováveis, querem construir sequencialmente várias barragens, sendo que a que fica mais a montante irá descarregar na seguinte e assim sucessivamente, durante o dia, produzindo energia no período de maior consumo. Durante a noite, um sistema de bombagem fará a água retornar das barragens a jusante para as barragens a montante, aproveitando a energia das eólicas que nesse período nocturno tem um valor comercial irrelevante, pois o consumo de energia é mínimo. No dia seguinte, recomeçaria este ciclo “eterno” da água perdida no seu caminho natural para o mar.

 

1600-(43372)

 

Bom negócio económico, péssimo negócio ecológico. Mas os accionistas da EDP e da Iberdrola assim o tentam impor. Um desastre ecológico diz o bom senso.

 

Os autarcas da região, com pouca visão ecológica e uma visão económico-financeira de curto prazo, aplaudem.

 

Felizmente parece haver, no acordo estabelecido entre o Partido Socialista (PS) e o Partido Ecologista os Verdes (PEV), um ponto que define o fim deste processo. Bom para o futuro da região e do país.

 

Fica por resolver a séria questão do encaixe económico já planificado pelas autarquias mas seguramente será encontrado uma solução.

 

Fica a contradição entre um Governo Socialista que no passado lançou o projecto e outro Governo Socialista que o interrompe. Mas é sempre positivo corrigir os erros.

 

Um aplauso para o PEV.

 

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Já escrevi nesta coluna que me oponho há construção de mais barragens na região. Causam uma destruição definitiva de extensas áreas do território. As vantagens, em termos de produção energéticas, são diminutas com prejuízos ecológicos enormes.

 

Não desisto de acreditar que uma das grandes riquezas da nossa região é o nosso meio ambiente. Mesmo que em muitos aspectos já esteja parcialmente degradado, é na sua recuperação que está o futuro. É na recuperação dos cursos de água, dos moinhos, dos caminhos, da pesca, que se podem encontrar vias para o desenvolvimento. Pena, os autarcas ainda não terem percebido.

Manuel Cunha (Pité)

 

 

17
Jul10

Reciclagens, reutilizações e o fio Azul


Um dos problemas sérios da actualidade e modernidade, é a poluição. Um problema para o qual todos somos obrigados a contribuir porque, a maior parte das vezes,  não há maneira de o evitar. Há todo um grande negócio envolvido com o que polui, um negócio perfeito, porque há consumidores para todo esse negócio. Se não fossem os interesses, grandes interesses ao nível dos estados e governos, era fácil não poluir e acabar de vez com a poluição. Depois há toda uma treta, outro grande negócio, associado à poluição e que dá pelo nome do combate à poluição… faz-me lembrar a recente gripe A, que tudo leva a crer ter sido um grande negócio em que, para hipoteticamente se combater, se criaram grandes negócios.

 

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Atravessamos uma crise financeira que já é também económica. Todos estamos a senti-las na bolsa e já começamos, todos, governos e governados a tomar medidas (obrigados ou não) para sair delas. Coisa que dói a todos mas que não vai ser difícil, é só uma questão de tempo. Já com a poluição as coisas são bem diferentes, pois como a poluição não se sente directamente e de imediato, todos tendem a menospreza-la e no entanto, o assunto é bem mais sério e grave do que as actuais crises financeiras e económicas, porque para os malefícios da poluição não há cura nem saída… mas isso são problemas que só sentirão a sério daqui a 50, 100 ou mais anos, não é!? Para quê estarmos agora preocupados!?...

 

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Embora nada tenha contra as campanhas de reciclagem e reutilização, acho-lhe uma certa piada…o não sei que vai para o amarelo, o outro para o azul, a pilha para o pilhão. Em casa não me preocupo com isso porque os putos fazem o trabalho bem feito. Ensinam-nos nas escolas a reciclar…e eu acho piada porque sou duma geração, que em miúdo, tudo era reciclado e reutilizado naturalmente e, sem qualquer campanha publicitária, não se poluía, principalmente no meio rural e nas aldeias, vila e pequenas cidades onde, em vez de termos de contribuir (pagar) para nos recolherem o lixo, a maior parte das vezes, as pessoas recebiam dinheiro pelo lixo que tinham. Ferro velho, alumínio  e cobre eram metais precisos que valiam dinheiro e davam muitos trocados aos putos, mas era na reutilização que as coisas funcionavam na perfeição, com livros de estudo que passavam de geração para geração, com roupas que passavam de irmãos para irmãos, com vasilhame em vidro sem tara perdida e um sem número de coisas e objectos que após a sua função original se lhe podiam atribuir milhentas funções,. Não havia lixo e até a merda (é verdade) tinha valor, principalmente a dos animais, que misturada com restos de comida, palha, tojos e tudo que fosse biodegradável fazia o precioso estrume que fertilizaria os campos de cultivo … e poucos sabiam o que era ser biodegradável ou compostagem – era estrume e prontos…

 

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Daí os meus constantes elogios ao fio azul que nas nossas aldeias abundam em diferentes funções após a sua função original. Ainda por lá, os resistentes, sabem como se reutiliza, porque reutilizar era um ensinamento que lhes estava na formação, sem campanhas de publicidade, sem televisões, sem ecopontos, vidrões ou papelões,  nem sequer contentores do lixo precisavam porque tudo tinha a sua utilidade e nada era perdido ou desaproveitado, contribuindo naturalmente para um planeta são e não poluído.

 

Eu hoje tenho orgulho nessa geração dos meus avôs e dos meus pais. Gostaria que os meus netos e bisnetos também tivessem orgulho na minha geração e dizer-lhes que eu não fui poluidor, mas infelizmente sei que assim não vai ser e, mesmo sem culpa porque a tal sou obrigado, não vou ter desculpas…

11
Nov09

Além das castanhas, hoje há feijoada, poesia, musica e até bagaço


Hoje em Chaves é dia de feijoada, mas para quem não gosta, arranja-se sempre uma vitela assada, cabrito ou até leitão e, já se sabe, bacalhau há sempre, mesmo que demore mais um bocadinho… comeres à parte, vamos lá ao post de hoje, também para dois gostos, mas aqui a música já é outra e, até pode ser servida em andamentos.

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Primeiro andamento, Allegro, presto e/mas poético

 

Sempre que posso, dou uma espreitadela aos jornais antigos cá da terrinha, por simples curiosidade ou ao encontro de alguma história de Chaves e, de vez em quando, tropeço com autênticas preciosidades vertidas em prosa, em publicidade e em poesia.

Hoje deixo-vos com um poema que encontrei na edição do “O Comércio de Chaves”, de Sábado, 5 de Setembro de 1942, de autoria de Maria Clara:

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Da minha janela

 

Da minha janela,

Vejo rios, vejo fontes,

Vejo campos, vejo montes,

Numa doce confusão;

E de manhãzinha,

Vejo, no céu, muitas aves,

A cantar hinos a Chaves,

Quási numa confissão

 

Vejo o sol e vejo a lua,

Deslizando quási nua,

Lá no seu mar prateado;

Vejo um cantinho singelo

E lá longe há um castelo,

Que nos fala do passado.

Durante as tardes serenas,

Passam loiras e morenas

De semblante risonho;

Chaves, terra encantadora,

És rainha, és senhora

Dum incomparável sonho.

 

Da minha janela,

Vejo um parque e uma taça,

Para dizer a quem passa

Que Chaves é o ideal;

E sem hesitar,

Eu afirmo ao Mundo inteiro

Que és o mais lindo canteiro

Dos jardins de Portugal

Maria Clara

  

Como sempre, estes andamentos são breves.

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Segundo  andamento, Grave, gravíssimo

 

Portugal sempre teve jeito para as anedotas e, seja qual for a situação ou o acontecimento, há sempre uma anedota para a/o descrever que em jeito de notícia, e actual,  corre à velocidade da luz. Mas a anedota é também o meio disfarçado de o povo a brincar, ir dizendo algumas verdades da actualidade.

 

Hoje, na minha caixa de correio electrónico, como todos os dias, tinha uma que demonstra bem o Portugal da anedota, do Chico-esperto e do nacional porreirismo…

 

Empreitada – proposta honesta

 

Um autarca queria construir uma ponte e chamou três engenheiros:
                       
                        Um alemão, um americano e um português.
                       
                        - Faço por  3 milhões - disse o alemão :
                        - Um pela mão-de-obra,
                        - Um pelo material e
                        - Um para meu lucro.
                       
                        - Faço por  6 milhões - propôs o americano :
                        - Dois pela mão-de-obra,
                        - Dois pelo material e
                        - Dois para mim.
                        - Mas o serviço é de primeira.
                       
                        - Faço por  9 milhões - disse o português.
                        - Nove?!? - Espantou-se o autarca:
                        - É demais!!! Por quê?!?
                        - Três para mim,
                        - Três para si,
                        - E três para o alemão fazer a obra...
                       
                        - Adjudicada !!!

Continuando o andamento, deixemos a anedota-anedota de parte e passemos para algumas anedotas a sério, em jeito de Repórter de Serviço:

 

A Estrada Nacional 212, Chaves – Valpaços

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Li em tempos que a nova ligação entre Valpaços e Mirandela foi mais barata que as obras da estrada entre Chaves e Valpaços e com a agravante de entre Valpaços e Mirandela se ter feito uma ligação digna e moderna enquanto que na ligação entre Chaves e Valpaços tudo continuou na mesma ou pior, sem qualquer melhoramento significativo.

 

Vergonhosamente levantaram-se passeios e lancis ainda em muito bom estado para  colocar outros novos, mas iguais. Com a sinalização o mesmo. Retirou-se toda a sinalização existente, em muito bom estado e com bons materiais, para colocar uma nova, mais frágil e deficientemente suportada, de tal forma, que a maioria vai virando conforme sopram os ventos.

 

Também esta obra merecia uma fiscalização de fundo, não à obra em si, mas ao porquê dela ter sido feita nas condições em que foi, aos valores reais nela envolvida, quem foram os actores da obra e no final, colocar nos pratos da balança, num o valor investido e no outro, os benefícios que resultaram desse investimento… Uma vergonha e descarada. Mas isso já é coisa do passado, não é!?

Outra das anedotas nacionais,  é tudo aquilo que se prende com as preocupações com ambiente. Ainda há dias uma reportagem da SIC denunciava vários aterros de resíduos perigosos que o jornalista, mesmo com todas as portas fechadas à sua descoberta, descobriu. A pergunta impunha-se: Então se o jornalista com todas as barreiras descobriu esses aterros, as autoridades, mesmo com denúncias, não as descobrem. Mas mais grave ainda é o que se prende com o licenciamento e a fiscalização da origem desses resíduos, que aí, pela certa, não se trata de empresas clandestinas.

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Ainda ontem, também nas notícias de uma das televisões, vinha à baila as barragens que vão ser construídas no Douro e no Tâmega, para serem construídas em nome do ambiente, quando os próprios ambientalistas põem em causa o ambiente com a sua construção. O ambiente e a qualidade da água, do Tâmega.

 

Do ponto de vista económico, essas barragens vão com certeza dar muito jeito, quer a quem as constrói, quer a quem vai ficar a gerir (leia-se criação de bons empregos que em linguagem comum se conhece por “tachos”  para meia dúzia de políticos reformados ou especialistas em gestão do dinheiro público.

Para já, também ainda só saiu à rua os benefícios dessas barragens, pois ainda não vi por aí os malefícios que essas barragens vão causar…mas é tudo em nome do progresso e da modernidade e depois, para quê nos preocuparmos com a saúde e qualidade das águas do Tâmega se elas já hoje estão doentes e são poluídas diariamente à vista de todos. Não tarda aí, com a barragem de Vidago, deixamos de ter um rio para ter um charco de águas apodrecidas, onde Trás-os-Montes, finalmente, vai começar a cheirar naquilo em que o estão a transformar, desde Lisboa e desde os altos gabinetes…

 

Onde está afinal o Tâmega da minha geração, da galinheira, do tronco, do açude, da praia de Vidago, da águas limpas, transparentes e cristalinas… e qual a razão porque hoje está como está!? Doente!

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Todos o sabem, mas pouco se faz pelo Tâmega, começando logo do lado de lá, em Espanha, e por aí abaixo, está à vista.

 

Ao longo do tempo de existência deste blog, fui recebendo alguns mail’s anónimos a denunciar aterros junto ao rio e descargas poluentes e mal cheirosas, todas a montante de Chaves. Quis ver com os meus olhos e vi. Certo que não serão resíduos industrias muito perigosos, mas certo também que são resíduos industriais perigosos que poluem e que contribuem para a falta de qualidade da água do Tâmega e que fazem dele um colector residual

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a céu aberto e, a procissão ainda não saiu do adro, pois algumas dessas descargas estão a ser feitas precisamente no novo parque industrial, onde só agora se começaram a instalar as primeiras indústrias. Curiosamente, uma delas é feita e produz em nome da reciclagem e do ambiente, com o chamado bio-diesel, a outra, trata-se de uma destilaria que já era conhecida do rio e

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que agora está instalada no novo parque industrial, apenas com uma diferença que resulta da sua deslocação para montante, agora tem um “tanque de decantação público”, mesmo junto à entrada do parque industrial e junto ao novo nó da auto-estrada, ou melhor, entre os dois. Sem dúvida alguma um bom cartão-de-visita e boas-vindas para a vista e para os cheiros de quem por aí entrar em Chaves. Não é invenção minha, está lá, à vista e ao cheiro de todos.

Até amanhã!

 

 

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