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Neste Chaves de ontem Chaves de hoje vamos até àquela que foi “impropriamente alterada para Praça de Camões”[i] e fazer uma bocadinho da sua história com as imagens possíveis, deixando-as aqui pela sua ordem cronológica, tendo-nos baseado para definir essa ordem nalgumas referências que essas imagens possuem e que foram aparecendo ou desaparecendo conforme o passar do tempo. Pois então temos nestas imagens de hoje várias referências, que são autênticos documentos temporais, a saber:
1ª – O desenho da praça
2ª – O edifício da atual Câmara Municipal de Chaves
3ª – O edifício do atual Museu da Região Flaviense
4ª – O Casario da Praça
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Imagem 1
Imagem 1 - Para nós a mais antiga das que hoje aqui deixamos e que nos datamos como sendo anterior a 1909, em que nos aparece-nos com uma praça ampla, não pavimentada, com duas linhas de árvores e um único poste de iluminação, o edifício da Câmara Municipal com porta principal em madeira e sem relógio, e o edifício do lado esquerdo encostado à capela da Stª Cabeça ainda alinhado com a capela.
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Imagem 2
Imagem 2 – Estive tentado a dizer que esta segunda imagem era a mais antiga, que, sem qualquer dúvida é do ano de 1909, por se tratar de uma imagem das comemorações do 1º Centenário da Guerra Peninsular que se celebraram nesse ano. A imagem é em tudo idêntica à anterior, a não ser as duas linhas de árvores que já não existem, as mesma que me levaram a datar esta imagem como a 2ª na nossa cronologia.
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Imagem 3
Imagem 3 – Uma imagem que podemos localizar entre o ano de 1911 e 1914 por duas referências que a imagem nos dá, uma a do Pelourinho já aparecer nesta imagem, pelourinho esse que foi proposto aí ser colocado pelo vereador Padre Cerimónias, conforme consta em ata da CMC de 27-10-1910 – “O Vereador Padre Serimónias propõe e a Câmara aprova, “Que sejam restaurados os cruzeiro e pelourinho d’esta villa e posto nos locaes que dantes ocupavam – largo de Camões e do Anjo respectivamente””, que em princípio, logo nesse ano ter-se-ia iniciado a colocação do pelourinho, pois em ata da CMC de 16-2-1911 refere-se – “por promoção do Sr. Administrador do Concelho foi deliberado mandar concluir a reconstrução do Pelourinho no Largo de Camões, desta Vila”. E outra deliberação ou decisão da CMC teria havido, pois o Pelourinho foi erguido na Praça de Camões e não no Largo do Anjo, conforme proposta do Padre Cerimónias. Quando ao cruzeiro, nada se sabe, embora num documento da Direção-Geral dos Edifício e Monumentos Nacionais se diga que para a base do Pelourinho se foram buscar elementos de um antigo cruzeiro que existia à entrada do caminho da Dapela do Pópulo.. A outra referência que nos faz localizar esta imagem antes do ano de 1914 tem a ver com o relógio do edifício da Câmara Municipal, que ainda não aparece nesta imagem.
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Imagem 4
Imagem 4 – Imagem muito semelhante à anterior e que nós datamos do ano de 1915 e podendo argumentar para tal que o relógio só foi montado no primeiro semestre deste ano, isto porque em meados de dezembro de 1914, embora pronto o relógio ainda não estava em Chaves, pois o fabricante ´”Morez do Jura” em meados desse mês informa que o relógio já está pronto, porém que havia impossibilidade do seu envio, em virtude da supressão de transportes em caminho de ferro para o estrangeiro, por grandes rumores da guerra entre a Alemanha e França. Contudo em 3-6-1915 já havia relógio no telhado da Câmara, pois numa ata da CMC desse dia decide-se efetuar pagamento de 14$28 (que na moeda de hoje seriam 7 cêntimos) a Vitorino Pereira Vidago, de Chaves, para reparação do telhado dos Paços do Concelho, causados pela montagem do relógio. Outra referência para esta imagem ser de 1915 é o facto da mesma ter sido publicada no Guia-Album de Chaves que foi também publicado nesse mesmo ano. A título de curiosidade, este relógio só durou até 1921, ano em que foi adquirido um novo relógio para substituição do existente, que foi vendido em hasta pública, tendo sido fixado em 600$00 a base para a sua licitação.
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Imagem 5
Imagem 5
Esta imagem diz-nos que já tem relógio na Câmara Municipal, que já não tem pelourinho que as árvores já estão entre lancis que definem arruamentos e passeios, ainda não pavimentados, que a porta da CMC ainda é em madeira, que o edifico do atual museu tem dois pisos, mas o 2º é recuado e que o velho olmo ainda existia, ora dá-nos duas indicações preciosas para a sua datação, a primeira o pelourinho e a segunda a porta de madeira da CMC, pois sabemos que o Pelourinho só morou 8 anos na Praça de Camões, tendo a Câmara mandado apeá-lo em 1919, quanto à porta de madeira, essa durou até 1938.
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Portão da entrada da CMC
Portão de Ferro da entrada principal da CMC
O portão começou a ser executado em 1938 por solicitação do então engenheiro da Câmara, o Engº Sá Fernandes. Demorou 2 anos a ser executado, e custou 5.000$00, importância que foi paga às prestações. As peças do portão foram cravadas, medronhadas e limadas, tudo trabalho manual que, simplificando, e após a obtenção das várias peças, consistia em fura-las com uma manivela, nos quais eram introduzidos cravos e posteriormente limados, peça a peça até se chegar ao portão final. Depois de pronto na oficina, foi contratada a diligência do correio do Porto para fazer o transporte até à Câmara Municipal, ao que parece era o único veículo com capacidade para o poder transportar.
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Imagem 6
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Imagem 6-1
Imagem 6 e 6-1
Ora pelo portão de ferro da Câmara Municipal esta imagem é posterior a 1938 mas pelo edifício dos Paços do Duque de Bragança (atual museu) podemos seguir até 1940, ano em que foi construído o 3 piso deste edifício e pouco mais dados temos, assim ficamo-nos poe esta imagem ser posterior a 1940.
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Imagem 7
Imagem 7
Sem muito a dizer em relação a esta imagem, pois é muito idêntica às anteriores, apenas que chegou até nós datada com o ano de 1952.
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Imagem 8
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Imagem 9
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Imagem 10
Imagem 8, 9 e 10
Imagens posteriores a 1962, não só pelos modelos dos carros mas também porque pelo edifício dos Paços do Duque de Bragança, já e só com dois pisos, estando as obras de apeamento do 3 piso datadas precisamente de 1962. Sabemos também que foi assim que a praça se manteve até 1970, anos em que se iniciaram as obras que deram origem à praça atual.
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Imagem 11
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Imagem 12
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Imagem 13
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Imagem 14
Imagem 11, 12 13 14
Imagens de 1970
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Imagem 15
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Imagem 16
Imagem 15 e 16
Imagens atuais, ou quase, pois ambas são de 2018.
E para voltemos ao início deste post, onde deixo a afirmação de Firmino Aires, ao qual desde já agradeço mesmo que a título póstumo pelas obras que deixou publicadas sobre a cidade de Chaves onde hoje fui beber alguma informação, nomeadamente à Toponímia Flaviense e às Incursões Autárquicas, mas ia dizendo, que no início deixei a afirmação de Firmino Aires que agora completo, pois dizia mais, aqui fica o resto: “è deveras interessante a penúltima designação que teve esta praça — O PRINCIPAL ou da GUARDA PRINCIPAL./Sendo nesta praça onde mais se condensam os valores históricos de Chaves, quer pelo seu tamanho quer pela sua dignidade, deveria continuar a chamar-se a Praça Principal ou da Guarda Principal./Tal como em Sevilha tem a magnífica Praça de Espanha ou Salamanca a Praça Maior, também esta cidade tem a sua praça, que sendo a Principal foi impropriamente alterada para Praça de Camões. Outra praça deveria ser dedicada ao nosso Príncipe dos Poetas.”.
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Composição - Vista geral de toda a praça, de 2019
Pois subscrevo quase tudo que Firmino Aires disse, mas não concordo com ele em retomar o nome de Praça Principal, que talvez ele tivesse defendido pelo seu passado como militar, pois eu, com os mesmo argumentos iria mais longe, não até ao primeiro nome conhecido desta praça que era o de “Toural das Ollas”, mas sim a tomar o nome daquele que mais foi mais nobre e em tudo tem a ver com ela, desde o Castelo aos Paços do Duque de Bragança, que tem, e muito bem, estátua nesta praça, que nela viveu, teve os seus filhos e nela foi sepultado (Igreja Matriz). Praça de D. Afonso I, Duque de Bragança, era esse o nome que esta praça deveria ter. É a minha opinião. Quanto ao Camões, bem poderia substituir o nome do Silveira, nas Freiras, e assim ficava junto à Biblioteca e ao Liceu, casas ligadas aos livros e às letras.
[i] In Toponímia Flaviense de autoria de Firmino Aires, 1990